Por Hildegard Angel, em seu blog
Recebo diariamente comentários carregados de ódio contra José Genoíno, que me abstenho de publicar até por vergonha de seu teor, vergonha pelo desequilíbrio e o descontrole dos remetentes. A falta de discernimento, querendo atribuir a este homem combativo todos os males do país. Daí que a prisão não basta. É preciso a morte. A imolação final. A cruz.
É preciso a volta das torturas. Da ditadura. Este, o subtexto das tantas mensagens enviadas.
A que ponto essa mídia manipuladora, essa pseudo esquerda democrática, esse suposto “centrão” levaram o nosso país!
A que abismo a omissão daqueles que poderiam se posicionar, protestar e agir, está levando a nossa Nação.
A quanto estamos chegando com o silêncio dos nossos formadores de opinião influentes, nossos artistas politicamente conscientes e articulados. Os intelectuais, pensadores, jornalistas de porte.
São tão poucos os que ousam falar, se manifestar. Um, dois, três, quatro ou cinco. A pasmaceira, a imobilidade, o acomodamento prevalecem. O Brasil que pensa e raciocina está congelado, em estado de letargia.
Os com bagagem intelectual, política, de memória, conhecimento histórico e político para se manifestar se calam. Certamente envelhecidos, provavelmente acomodados, talvez acovardados, quem sabe desesperançados.
Os jovens de nada sabem. Não viveram a História recente do país. Não lhes deram a chance de saber. Lhes sonegaram o conhecimento nas escolas sobre os fatos. O patriotismo caiu em desuso. Os sonhos globalizaram. Soberania virou palavra empoeirada que se encontra no sótão – se é que ainda existe sótão -, dentro de algum baú – se é que há baú -, no interior de um papel amarelado, se houver ainda alguma folha de papel sobrevivente nessa era digital.
Os velhos sábios não falam. Se calam. Voam para Nova York, refugiam-se em Paris. Precisamos dos velhos, imploramos aos velhos. Falem, reajam!
Não é questão mais de uma posição partidária, trata-se de uma postura de Soberania brasileira, de Pátria, de Estado de Direito.
Triste ver crescer sobre nosso Céu, nossos tetos, nossa alma, nossos ambientes, nossa consciência, a mancha escura da obtusidade, do receio da livre manifestação, do silêncio, do embrutecimento coletivo. Do medo.
Quando eu me vejo, aqui, escolhendo palavras para não resvalar num erro, num equívoco, num excesso que me possa custar a liberdade ou que me valha antipatias graves, retaliações, sinto a gravidade do momento que estamos vivendo.
Quando uma única cidadã de bem não respira a liberdade, a Pátria não está mais livre.
Quem permitiu, por omissão, inoperância, ambições e conveniências políticas que o Brasil caminhasse para trás, chegando a tal retrocesso de consciência, a ponto de apagar os méritos de sua própria História e ao extremo de aclamar a vilania de seus opressores, ainda vai se arrepender demais. Pagará alto preço por isso. Estamos entrando num caminho sem volta. E que Paris tenha muitos apartamentos charmosos para acolher a todos os valorosos omissos.
Perdoai-os, Senhor, por sua omissão!
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Videoclip da música de protesto do século 21. "Si la prensa no habla, nosotros damos los detalles..."
(15nov2013)
(15nov2013)
Calle 13 e Assange lançam música sobre manipulação midiática
Publicado no sítio Diário Liberdade
Vermelho - O vocalista do grupo portorriquenho Calle 13, René Pérez, apresentou nesta quarta-feira (13) a letra e o vídeo do tema “Multi-viral”, que compôs em parceria com o diretor do WikiLeaks, Julian Assange, que encontra-se asilado na embaixada do Equador em Londres. A música, que denuncia a manipulação informativa dos meios de comunicação, teve também a colaboração do guitarrista dos “Rage Against The Machine”, Tom Morello.
A música-protesto conta com a voz da cantora árabe-israelita Kamilya Jubran. A letra foi feita em rede com a colaboração de milhares de internautas, a partir dos comentários publicados nas redes sociais sob a “hashtag” #JulianAssangeCalle13.
O resultado é a música de intervenção, em defesa da “informação livre”, mas também em apoio aos movimentos de revolta social como os “indignados” ou o movimento “ocupa Wall Street”.
Em recente entrevista, Rene Perez, declarou que Assange é um exemplo “contra toda esta manipulação e a forma como um punhado de pessoas controlam todos os meios de comunicação em muitos países e de como vários governos controlam igualmente os meios. Ele abriu a porta, com provas. Antes tínhamos alguns indícios, mas Assange revelou outras provas: vídeo, informações. Ele arriscou-se e agora está a pagar por isso, ali, dentro daquela embaixada”.
Veja o trailer com o processo de produção da música e confira abaixo a letra de Multi-viral:
Todo empieza con una llamarada
Cuando despedimos llamas de nuestras miradas
Quieren detener el incendio que se propaga
Pero hay fuegos que con agua no se apagan
Y se acerca la linea policíaca
Los músculos se tensan
Y aumenta la frecuencia cardíaca
Suben los niveles de testosterona
Y empieza ese momento
En el que se enfrentan las personas
Cuando somos amigos del coraje
Cuando gritar se convierte en nuestro único lenguaje…
A mi me ordena la razón, a ti te ordena un coronel
Si nuestra lucha es de cartón
La de ustedes es de papel!
Y no nos paran
Porque un mensaje contundente
Convierte a cualquier teniente
En un tiburón sin dientes
El estado nos teme
Porque al mismo tiempo que somos 132 y 15M
Si la prensa no habla
Nosotros damos los detalles
Pitando las paredes
Con aerosol en las calles
Levanto mi pancarta y la difundo
Con solo una persona que la lea
Ya empieza a cambiar el mundo!
(…)
Codo con codo
Paso con paso
(…)
Crece la ola
Crece la espuma
Cuando cada vez más gente se suma
El que controla
El que domina
Quiere enfermarte pa’ venderte medicina
Y nos endrogan
Nos embrutecen
Cualquier pregunta que tengamos
La adormecen
Son las mentiras recalentadas
Nos alimentan con carne procesada
Y la gente sigue desinformada
Una noticia mal contada
Es un asalto a mano armada!
Se infiltramos
Nos duplicamos
Como las células
Nos multiplicamos
Al que no quiere caldo
Se le dan dos tazas
Somos la levadura que levanta la masa
Nuestras ideas son libres y están despiertas
Porque pensamos con las puertas abiertas
Lo que no se ve
Lo estamos viendo
Nacimos sin saber hablar
Pero vamos a morir diciendo!
(…)
Codo con codo
Paso con paso
(…)
Crece la ola
Crece la espuma
Cuando cada vez más gente se suma
Julian Assange:
We live in the world that your propaganda made
But where you think you are strong you are weak
Your lies tell us the truth we will use against you
Your secrecy shows us where we will strike
Your weapons reveal your fear for all to see
From Cairo to Quito a new world is forming
The power of people armed with the truth
(…)
Codo con codo
Paso con paso
(…)
Crece la ola
Crece la espuma
Cuando cada vez más gente se suma
Fonte: Tal TV
domingo, 10 de novembro de 2013
Grupo Folha-UOL sob suspeita no esquema de corrupção dos auditores de SP
(10nov2013)
(10nov2013)
Por Renato Rovai no Blog do Rovai (Revista Forum)
Há um constrangimento entre repórteres e editores no grupo Folha-Uol com relação à cobertura que está sendo realizada por essas redações no caso do esquema da quadrilha formada por auditores da Prefeitura de São Paulo que pode ter desviado mais de 500 milhões de reais dos cofres públicos.
Desde ontem este blogue conversou com quatro jornalistas dessas redações e todos, com um ou outro detalhe diferente, confirmam a tese que me foi levantada por um deles. De que este é um “caso do Otávio Frias”. E de que ele teria dado a seguinte ordem: “não importa o que aconteceu antes, importa saber a corrupção nesta gestão”.
Três deles confirmam que há gente trabalhando para que a cabeça de ao menos de um petista seja cortada do governo antes do final do ano. Um disse que acha que há equívocos na cobertura, mas que considera isso parte “da teoria da conspiração”.
O fato é que hoje o jornal Folha de S. Paulo traz como manchete de hoje a seguinte frase: “Prefeito sabia de tudo, diz fiscal preso, em gravação”. Quem é o prefeito de São Paulo? Haddad, claro. Kassab é ex-prefeito. E Kassab tem nome. E o nome dele poderia muito bem substituir a palavra prefeito. Ou se a folha fosse ao menos um pouco correta, a de ex-prefeito.
Quem apenas passou pelas bancas e viu a manchete, passará o dia com a certeza do envolvimento de Fernando Haddad no esquema de desvio do Imposto Sobre Serviços na Prefeitura de São Paulo.
Na versão online da notícia, a Folha mantém o tom. E até o terceiro parágrafo do texto o leitor não é sequer informado sobre quem é o “prefeito”.
Já o G1, das organizações Globo, deu o seguinte título: “Kassab sabia de tudo, diz acusado de chefiar fraude em telefonema gravado”.
O trecho transcrito da gravação do telefonema de Ronilson Bezerra Rodrigues, que seria um dos chefes da quadrilha, é o seguinte:
Paula, ao que tudo indica, também fazia parte do esquema. E foi à promotoria para tentar salvar Ronilson e seus parceiros. Por isso batucou o nome de Antonio Donato no depoimento. Na tática diversionista da quadrilha, era preciso achar alguém do PT para tirá-los do foco.
A relação de Paula e Ronilson é bastante comentada na sede da prefeitura de SP. Este telefonema revelado ontem não seria o único grampeado de conversas entre eles. Existiram outros que revelariam um nível bem mais alto de intimidade.
Mas quando Paula foi exonerada ontem, qual foi a cobertura do UOL? Tentou transformá-la em vítima e depois forçou uma manchete absurda para mostrar que o secretário de governo da Prefeitura perdera a confiança do prefeito.
O UOL manchetou que Haddad afirmara que a situação de Donato era delicada. E anunciava que isso seria uma mudança de posição. Ou seja, o ex-presidente do PT estaria na marca do pênalti. O que corroboraria a tese de que tudo não passaria de mais uma lambança petista. E de que Serra, Kassab e Mauro Ricardo Dias, que agora trabalha com ACM Neto, em Salvador, e que diretamente ou indiretamente comandou a pasta da Finanças de São Paulo nos últimos 8 anos, eram inocentes.
O grupo Folha-UOL decidiu que é preciso transformar o escandaloso caso de mais de 500 milhões de reais de desvio de ISS da prefeitura para o bolso de agentes públicos nos governos Serra-Kassab em um crime do PT. E isso coloca-o sob suspeita.
Por que a família Frias decidiu operar neste sentido? Quem quer preservar? O que pode surgir deste escândalo que os faz se comportar jornalisticamente de forma tão escandalosamente absurda? Por que o nome de Mauro Ricardo, o todo poderoso das Finanças de São Paulo nos últimos anos sequer é citado? Por que a Folha esconde Serra e Kassab?
O prefeito Haddad pode processar e pedir retratação para a Folha por tentar incriminá-lo de forma leviana na manchete de hoje. Injúria e difamação não fazem parte dos direitos de qualquer jornal ou jornalista. E deve se preparar para o que vem pela frente, porque a manchete de hoje deixa claro quem é o verdadeiro alvo da operação pega PT.
Há um constrangimento entre repórteres e editores no grupo Folha-Uol com relação à cobertura que está sendo realizada por essas redações no caso do esquema da quadrilha formada por auditores da Prefeitura de São Paulo que pode ter desviado mais de 500 milhões de reais dos cofres públicos.
Desde ontem este blogue conversou com quatro jornalistas dessas redações e todos, com um ou outro detalhe diferente, confirmam a tese que me foi levantada por um deles. De que este é um “caso do Otávio Frias”. E de que ele teria dado a seguinte ordem: “não importa o que aconteceu antes, importa saber a corrupção nesta gestão”.
Três deles confirmam que há gente trabalhando para que a cabeça de ao menos de um petista seja cortada do governo antes do final do ano. Um disse que acha que há equívocos na cobertura, mas que considera isso parte “da teoria da conspiração”.
O fato é que hoje o jornal Folha de S. Paulo traz como manchete de hoje a seguinte frase: “Prefeito sabia de tudo, diz fiscal preso, em gravação”. Quem é o prefeito de São Paulo? Haddad, claro. Kassab é ex-prefeito. E Kassab tem nome. E o nome dele poderia muito bem substituir a palavra prefeito. Ou se a folha fosse ao menos um pouco correta, a de ex-prefeito.
Quem apenas passou pelas bancas e viu a manchete, passará o dia com a certeza do envolvimento de Fernando Haddad no esquema de desvio do Imposto Sobre Serviços na Prefeitura de São Paulo.
Na versão online da notícia, a Folha mantém o tom. E até o terceiro parágrafo do texto o leitor não é sequer informado sobre quem é o “prefeito”.
Já o G1, das organizações Globo, deu o seguinte título: “Kassab sabia de tudo, diz acusado de chefiar fraude em telefonema gravado”.
O trecho transcrito da gravação do telefonema de Ronilson Bezerra Rodrigues, que seria um dos chefes da quadrilha, é o seguinte:
“É um absurdo. Paula, tinha que chamar o secretário e o prefeito também, você não acha? Chama o secretário e o prefeito que eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo.”A Paula citada é Paula Sayuri Nagamati, que teve seu depoimento do dia 31 de outubro à promotoria revelado. Ela teria dito neste dia que só sabia que Ronilson teria dado dinheiro ao secretário Donato. Ou seja, não se recordava deste telefonema de Ronilson, onde ele provavelmente se referia a Mauro Ricardo, de quem ela foi chefe de gabinete. E ao ex-prefeito Kassab.
Paula, ao que tudo indica, também fazia parte do esquema. E foi à promotoria para tentar salvar Ronilson e seus parceiros. Por isso batucou o nome de Antonio Donato no depoimento. Na tática diversionista da quadrilha, era preciso achar alguém do PT para tirá-los do foco.
A relação de Paula e Ronilson é bastante comentada na sede da prefeitura de SP. Este telefonema revelado ontem não seria o único grampeado de conversas entre eles. Existiram outros que revelariam um nível bem mais alto de intimidade.
Mas quando Paula foi exonerada ontem, qual foi a cobertura do UOL? Tentou transformá-la em vítima e depois forçou uma manchete absurda para mostrar que o secretário de governo da Prefeitura perdera a confiança do prefeito.
O UOL manchetou que Haddad afirmara que a situação de Donato era delicada. E anunciava que isso seria uma mudança de posição. Ou seja, o ex-presidente do PT estaria na marca do pênalti. O que corroboraria a tese de que tudo não passaria de mais uma lambança petista. E de que Serra, Kassab e Mauro Ricardo Dias, que agora trabalha com ACM Neto, em Salvador, e que diretamente ou indiretamente comandou a pasta da Finanças de São Paulo nos últimos 8 anos, eram inocentes.
O grupo Folha-UOL decidiu que é preciso transformar o escandaloso caso de mais de 500 milhões de reais de desvio de ISS da prefeitura para o bolso de agentes públicos nos governos Serra-Kassab em um crime do PT. E isso coloca-o sob suspeita.
Por que a família Frias decidiu operar neste sentido? Quem quer preservar? O que pode surgir deste escândalo que os faz se comportar jornalisticamente de forma tão escandalosamente absurda? Por que o nome de Mauro Ricardo, o todo poderoso das Finanças de São Paulo nos últimos anos sequer é citado? Por que a Folha esconde Serra e Kassab?
O prefeito Haddad pode processar e pedir retratação para a Folha por tentar incriminá-lo de forma leviana na manchete de hoje. Injúria e difamação não fazem parte dos direitos de qualquer jornal ou jornalista. E deve se preparar para o que vem pela frente, porque a manchete de hoje deixa claro quem é o verdadeiro alvo da operação pega PT.
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Rodrigo Vianna: Ali Kamel processa o blogueiro que denunciou sonegação da TV Globo
(8nov2013)
(8nov2013)
Por Rodrigo Vianna em
seu sítio Escrevinhador
Ali Kamel, diretor da Globo, abriu processo contra o bravo blogueiro Miguel do Rosário – de “O Cafezinho”. Por uma coincidência lancinante, Miguel (foto) foi o blogueiro que denunciou a bilionária sonegação fiscal de que a Globo é acusada.
Hum… Vamos por partes. Ali Kamel tem, evidentemente, o direito inalienável de processar quem bem entender. E nós temos o dever de mostrar: os processos movidos por Kamel são uma forma de intimidação e vingança.
Passada a eleição de 2010, ele abriu processos quase simultâneos contra 5 blogueiros: Cloaca, Nassif, Marco Aurélio Mello, Azenha e este escrevinhador. Paulo Henrique Amorim já era processado pelo diretor da Globo. Reparem: ele usou a Justiça numa tentativa de intimidar justamente aqueles que, durante a campanha de 2010, haviam ajudado a mostrar o golpe frustrado da “bolinha de papel”.
Os blogs desmontaram a farsa da bolinha. Kamel levara o perito Molina – que já servira como perito em ações particulares movidas por Kamel contra vizinhos dele, num prédio luxuoso do Leblon (sim, Kamel é dado a processar até vizinhos!!!) – para o JN. A tentativa era dar uma força ao Serra, na reta final da eleição. Aqui no Escrevinhador, você leu que até a Redação da Globo sentiu vergonha da ação perpetrada por Kamel: “O dia em que até a Globo vaiou Ali Kamel”.
Kamel perdeu em 2010. Como já perdera em 2006 (no episódio do delegado Bruno, que terminou levando à minha demissão da Globo). E como já perdera ao dizer que no Brasil “não há racismo”, ou ao atacar o Bolsa-Família. Kamel foi desmoralizado pelos fatos. Esses não podem ser processados.
Kamel foi derrotado pelos blogs, e contra esses – sim – ele decidiu reagir. Na Justiça.
Não foi coincidência. Foi vingança.
No processo contra mim, Kamel alega que eu o teria acusado (?!) de ser ator pornográfico. Francamente… Os meus textos estão todos aí, basta uma leitura primária: jamais disse que Kamel era (ou deixava de ser) ator pornográfico. O que fiz foi usar a aparente homonímia entre ele e um ator pornográfico dos anos 80 (o filme “Solar das Taras Proibidas” é estrelado por um tal de Ali Kamel) para criticar o jornalismo que ele comanda na Globo.
Disse, sim, que o jornalismo de Kamel é – muitas vezes – pornográfico. Fui condenado por uma metáfora. Arnaldo Jabor, ex-cineasta que trabalha para Kamel, usou a mesma metáfora (“Pornopolítica”) como título de um livro – recheado de ataques a Lula. Jabor pode fazer metáforas. Blogueiro que critica a Globo não pode. Ok. Fui condenado em primeira e segunda instâncias na Justiça do Rio. Os amiguinhos de Kamel na “Folha” e “na “Veja” comemoraram. Recorri a Brasília. Escrevi minha resposta aqui. E a vida seguiu…
O bravo blogueiro Miguel do Rosário, indignado com minha condenação, escreveu em janeiro de 2013 (atentem para essa data) um duro texto contra Kamel. Pois bem: o diretor da Globo levou dez meses para abrir o processo contra as supostas ofensas cometidas por Miguel. Não foi uma (suposta) ofensa que o fez babar na gravata imediatamente, nem ganir pela redação de ódio. Não. Chamado de “sacripanta” por Miguel do Rosário, Kamel esperou. Levou dez meses, talvez, para procurar no dicionário o significado de sacripanta.
Nesse meio tempo (entre o texto de Miguel do Rosário e a abertura do processo Kamel x Miguel), que fato novo surgiu? Ora, Miguel foi o autor dadenúncia bombástica da sonegação fiscal que teria sido cometida pela Globo. Foi Miguel quem publicou na internet as páginas originais do processo (páginas que – logo depois, este Escrevinhador revelaria – haviam sido surrupiadasde uma agência da Receita no Rio). Quem roubou o processo? A mando de quem?
Nos meses seguintes, a denúncia de Miguel (titular do blog “O Cafezinho”) espalhou-se pelas redes sociais, foi parar nas telas da TV Record, e virou mote para manifestações na porta da Globo.
“Globo sonega”, diziam os cartazes na porta da Globo. Roberto Requião, bravo senador, acaba de pedir explicações ao governo sobre a dívida da Globo. Dívida bilionária. E tudo começou lá, com a denúncia de “O Cafezinho”. Então, vocês imaginem o ódio da família Marinho contra o blogueiro Miguel.
Dia desses, encontrei com um velho amigo, funcionário da Globo, num evento em São Paulo. Por coincidência, Miguel do Rosário estava presente. Apresentei os dois: “fulano, esse é o Miguel do Rosário, blogueiro no Rio. Miguel, esse é o fulano, que trabalha na Globo”. Miguel riu e disse a meu amigo global: “bem, acho que lá na empresa onde você trabalha não devem gostar muito de mim”. Todos sorrimos, discretamente.
Perguntei ao amigo funcionário da Globo (mas que não é nenhum bozó, bem ao contrário) qual havia sido a reação, internamente, quando Miguel revelou o episódio da sonegação. E ele: “Rodrigo, foi uma bomba; você não tem ideia, uma bomba”.
Quem lançou a bomba foi Miguel do Rosário. Bomba contra a Globo, baseada em fatos.
Três meses depois da denúncia bombástica contra a Globo, Kamel resolve processar Miguel – por um texto escrito em janeiro.
Pura coincidência.
Que nome dar a isso? Vingança? Retaliação judicial?
O Miguel do Rosário respondeu ao processo de Kamel com a firmeza que se esperava. Caracterizou a ação como “ataque sórdido”; e disse mais:
Aqui, você lê a resposta do Miguel, na íntegra.
O Miguel tem força moral, e mostrou isso na resposta ao Ali Kamel. Mas precisa da nossa solidariedade. O Miguel não está enfrentando o Ali Kamel – que é uma espécie de capataz da família Marinho. Está enfrentando os mais poderosos barões da imprensa da América do Sul, de todos os tempos.
Os bilionários irmãos Marinho não aceitam ser desafiados por ninguém. Usam seus prepostos para dar o troco, sempre.
Por isso, dizemos bem alto: Miguel, conte com a gente!
E prepare-se para a dura batalha: na justiça do Rio, a Globo joga em casa.
Ali Kamel, diretor da Globo, abriu processo contra o bravo blogueiro Miguel do Rosário – de “O Cafezinho”. Por uma coincidência lancinante, Miguel (foto) foi o blogueiro que denunciou a bilionária sonegação fiscal de que a Globo é acusada.
Hum… Vamos por partes. Ali Kamel tem, evidentemente, o direito inalienável de processar quem bem entender. E nós temos o dever de mostrar: os processos movidos por Kamel são uma forma de intimidação e vingança.
Passada a eleição de 2010, ele abriu processos quase simultâneos contra 5 blogueiros: Cloaca, Nassif, Marco Aurélio Mello, Azenha e este escrevinhador. Paulo Henrique Amorim já era processado pelo diretor da Globo. Reparem: ele usou a Justiça numa tentativa de intimidar justamente aqueles que, durante a campanha de 2010, haviam ajudado a mostrar o golpe frustrado da “bolinha de papel”.
Os blogs desmontaram a farsa da bolinha. Kamel levara o perito Molina – que já servira como perito em ações particulares movidas por Kamel contra vizinhos dele, num prédio luxuoso do Leblon (sim, Kamel é dado a processar até vizinhos!!!) – para o JN. A tentativa era dar uma força ao Serra, na reta final da eleição. Aqui no Escrevinhador, você leu que até a Redação da Globo sentiu vergonha da ação perpetrada por Kamel: “O dia em que até a Globo vaiou Ali Kamel”.
Kamel perdeu em 2010. Como já perdera em 2006 (no episódio do delegado Bruno, que terminou levando à minha demissão da Globo). E como já perdera ao dizer que no Brasil “não há racismo”, ou ao atacar o Bolsa-Família. Kamel foi desmoralizado pelos fatos. Esses não podem ser processados.
Kamel foi derrotado pelos blogs, e contra esses – sim – ele decidiu reagir. Na Justiça.
Não foi coincidência. Foi vingança.
No processo contra mim, Kamel alega que eu o teria acusado (?!) de ser ator pornográfico. Francamente… Os meus textos estão todos aí, basta uma leitura primária: jamais disse que Kamel era (ou deixava de ser) ator pornográfico. O que fiz foi usar a aparente homonímia entre ele e um ator pornográfico dos anos 80 (o filme “Solar das Taras Proibidas” é estrelado por um tal de Ali Kamel) para criticar o jornalismo que ele comanda na Globo.
Disse, sim, que o jornalismo de Kamel é – muitas vezes – pornográfico. Fui condenado por uma metáfora. Arnaldo Jabor, ex-cineasta que trabalha para Kamel, usou a mesma metáfora (“Pornopolítica”) como título de um livro – recheado de ataques a Lula. Jabor pode fazer metáforas. Blogueiro que critica a Globo não pode. Ok. Fui condenado em primeira e segunda instâncias na Justiça do Rio. Os amiguinhos de Kamel na “Folha” e “na “Veja” comemoraram. Recorri a Brasília. Escrevi minha resposta aqui. E a vida seguiu…
O bravo blogueiro Miguel do Rosário, indignado com minha condenação, escreveu em janeiro de 2013 (atentem para essa data) um duro texto contra Kamel. Pois bem: o diretor da Globo levou dez meses para abrir o processo contra as supostas ofensas cometidas por Miguel. Não foi uma (suposta) ofensa que o fez babar na gravata imediatamente, nem ganir pela redação de ódio. Não. Chamado de “sacripanta” por Miguel do Rosário, Kamel esperou. Levou dez meses, talvez, para procurar no dicionário o significado de sacripanta.
Nesse meio tempo (entre o texto de Miguel do Rosário e a abertura do processo Kamel x Miguel), que fato novo surgiu? Ora, Miguel foi o autor dadenúncia bombástica da sonegação fiscal que teria sido cometida pela Globo. Foi Miguel quem publicou na internet as páginas originais do processo (páginas que – logo depois, este Escrevinhador revelaria – haviam sido surrupiadasde uma agência da Receita no Rio). Quem roubou o processo? A mando de quem?
Nos meses seguintes, a denúncia de Miguel (titular do blog “O Cafezinho”) espalhou-se pelas redes sociais, foi parar nas telas da TV Record, e virou mote para manifestações na porta da Globo.
“Globo sonega”, diziam os cartazes na porta da Globo. Roberto Requião, bravo senador, acaba de pedir explicações ao governo sobre a dívida da Globo. Dívida bilionária. E tudo começou lá, com a denúncia de “O Cafezinho”. Então, vocês imaginem o ódio da família Marinho contra o blogueiro Miguel.
Dia desses, encontrei com um velho amigo, funcionário da Globo, num evento em São Paulo. Por coincidência, Miguel do Rosário estava presente. Apresentei os dois: “fulano, esse é o Miguel do Rosário, blogueiro no Rio. Miguel, esse é o fulano, que trabalha na Globo”. Miguel riu e disse a meu amigo global: “bem, acho que lá na empresa onde você trabalha não devem gostar muito de mim”. Todos sorrimos, discretamente.
Perguntei ao amigo funcionário da Globo (mas que não é nenhum bozó, bem ao contrário) qual havia sido a reação, internamente, quando Miguel revelou o episódio da sonegação. E ele: “Rodrigo, foi uma bomba; você não tem ideia, uma bomba”.
Quem lançou a bomba foi Miguel do Rosário. Bomba contra a Globo, baseada em fatos.
Três meses depois da denúncia bombástica contra a Globo, Kamel resolve processar Miguel – por um texto escrito em janeiro.
Pura coincidência.
Que nome dar a isso? Vingança? Retaliação judicial?
O Miguel do Rosário respondeu ao processo de Kamel com a firmeza que se esperava. Caracterizou a ação como “ataque sórdido”; e disse mais:
“ele [Kamel] simplesmente pretende destruir o blog que noticiou um dos maiores crimes de sonegação da história da mídia brasileira, cometido pela empresa para a qual ele mesmo trabalha, porque o blogueiro lhe chamou de “sacripanta reacionário” e fez críticas à sua empresa?
Tenho esperança que o Judiciário não vai deixar barato esse ataque sórdido à liberdade de expressão, ainda mais grave porque cometido por uma pessoa que dirige uma concessão pública confessadamente golpista e, como tal, com obrigação de ser humilde e tolerante no trato com aquelas mesmas vozes que ela ajudou a calar nos anos de chumbo.
O advogado de Ali Kamel, João Carlos Miranda Garcia de Souza, é também advogado da Rede Globo. É pago, portanto, com recursos oriundos de uma concessão pública que se consolidou durante um regime totalitário, e com apoio de um governo estrangeiro (EUA).”
Aqui, você lê a resposta do Miguel, na íntegra.
O Miguel tem força moral, e mostrou isso na resposta ao Ali Kamel. Mas precisa da nossa solidariedade. O Miguel não está enfrentando o Ali Kamel – que é uma espécie de capataz da família Marinho. Está enfrentando os mais poderosos barões da imprensa da América do Sul, de todos os tempos.
Os bilionários irmãos Marinho não aceitam ser desafiados por ninguém. Usam seus prepostos para dar o troco, sempre.
Por isso, dizemos bem alto: Miguel, conte com a gente!
E prepare-se para a dura batalha: na justiça do Rio, a Globo joga em casa.
domingo, 3 de novembro de 2013
Rombo? Rombo são os juros que o mercado exige do Brasil
(3nov2013)
(3nov2013)
Por: Fernando Brito, no sítio Tijolaço
A matéria, hoje, na Folha, onde se aponta que o Brasil paga, anualmente, 5,7% – ou 4,9%, que seria o patamar atual – de seu PIB em juros deveria ser um escândalo nacional.
É curioso, porém, que a matéria não mencione quanto isso representa em dinheiro que o país entrega ao rentismo.
Isso significa algo em torno de R$ 250 bilhões.
É como se entregássemos, a cada ano, mais do que gastamos com a educação, ou com a saúde.
Isso não entra no discurso do pessoal que fala em um Brasil “padrão Fifa”.
Não é possível sonhar se não se olha a corrente no pé.
Um corrente que não é possível romper, o que é o pior dela, sem romper a própria estabilidade econômica e política do país.
Mas que não pode ser esquecida ou tratada como “normal” na vida do país.
Dilma não mereceu um aplauso dos “sonháticos” quando baixou os juros.
Mas a mídia e o conservadorismo urraram: “Intervencionista, interferindo no Banco Central!”
E desencadearam a campanha “inflacionista”.
Depois, a da explosão do dólar, mesmo que esta tivesse evidentes causas externas.
Agora, os idólatras do “tripé macroeconômico” vêm com a história do “rombo”, do superávit primário que não vai ser atingido – e será.
Os juros brasileiros são uma hemorragia, que mal e mal tentamos estancar com a sua redução e a do montante da dívida, que a década Itamar-FHC tornou gigantesca.
É curioso, para não dizer chocante, que os arautos do “equilíbrio” falem tanto em responsabilidades e controles, em dosar a torneira da despesa – a que paga serviços e obras públicas – sem jamais mencionar o ralo da dívida.
A matéria, hoje, na Folha, onde se aponta que o Brasil paga, anualmente, 5,7% – ou 4,9%, que seria o patamar atual – de seu PIB em juros deveria ser um escândalo nacional.
É curioso, porém, que a matéria não mencione quanto isso representa em dinheiro que o país entrega ao rentismo.
Isso significa algo em torno de R$ 250 bilhões.
É como se entregássemos, a cada ano, mais do que gastamos com a educação, ou com a saúde.
Isso não entra no discurso do pessoal que fala em um Brasil “padrão Fifa”.
Não é possível sonhar se não se olha a corrente no pé.
Um corrente que não é possível romper, o que é o pior dela, sem romper a própria estabilidade econômica e política do país.
Mas que não pode ser esquecida ou tratada como “normal” na vida do país.
Dilma não mereceu um aplauso dos “sonháticos” quando baixou os juros.
Mas a mídia e o conservadorismo urraram: “Intervencionista, interferindo no Banco Central!”
E desencadearam a campanha “inflacionista”.
Depois, a da explosão do dólar, mesmo que esta tivesse evidentes causas externas.
Agora, os idólatras do “tripé macroeconômico” vêm com a história do “rombo”, do superávit primário que não vai ser atingido – e será.
Os juros brasileiros são uma hemorragia, que mal e mal tentamos estancar com a sua redução e a do montante da dívida, que a década Itamar-FHC tornou gigantesca.
É curioso, para não dizer chocante, que os arautos do “equilíbrio” falem tanto em responsabilidades e controles, em dosar a torneira da despesa – a que paga serviços e obras públicas – sem jamais mencionar o ralo da dívida.