O blog O Terror do Nordeste manifesta solidariedade a Serys Slhessarenko.: "Que o PT expulse os corruptos e mantenha em seus quadros as pessoas de bem" (veja aqui).
De fato, o que o PT de Mato Grosso vem mostrando já há muitos anos é uma perda da característica inicial do partido, quando realmente os temas políticos eram tratados a partir da base, com grande participação de jovens engajados em diferentes correntes, com as teses vencedoras sendo levadas a níveis deliberativos superiores.
Eu sou de fora. Nunca fui filiado ao PT, mas acompanhava com interesse essa atividade por intermédio de diversos amigos que dela participavam com afinco. Ali se dava a formação de bons quadros políticos que foram muito atuantes nos movimentos docente e estudantil.
Foi ocorrendo uma transformação, quando grupos majoritários passavam a votar em bloco, e não dialogando, de fato, com quem propusesse teses diferentes das suas.
O mesmo se deu na organização da CUT. O que havia da riqueza da diversidade e da elaboração política a partir da base foi perdido para determinações que vinham de cima para baixo e eram "defendidas" sem contestação pelos delegados do bloco majoritário.
Como se vê na entrevista de Serys e na matéria publicada por Vera Magalhães no blog Presidente 40 (veja aqui), Carlos Abicalil detém 60% dos votos do Diretório Regional. Votos de cabresto?
Praticamente todos os meus amigos que foram petistas "daqueles bons tempos" já deixaram o partido ao perceberem que estavam dando murros em ponta de faca e legitimando um processo que deixou de ser verdadeiramente democrático, dialógico. Estão de há muito desiludidos com a militância.
Conhecço o professor Carlos Abicalil de eventos diversos a que tive oportunidade de assistir ou participar aqui em Cuiabá e em Brasília. Atualmente ele ocupa uma secretaria do MEC. Nunca consegui ver nele um pingo do carisma que um líder político precisa ter. Foi líder dos trabalhadores na Educação em Mato Grosso, e também em nível nacional. Mas sem carisma. As suas atuações como deputado federal em CPI que assisti pela TV Câmara me deixavam vexados. Me lembravam o Agripino Maia, juro!
A Serys é professora da UFMT e a conheci dentro do movimento docente, atuando em nossa seção sindical. Aposentada, elegeu-se vereadora, deputada estadual e senadora.
Houve num tempo em que nossa seção sindical entendia que todos os movimentos sociais precisavam ser apoiados para que todos os nossos movimentos ganhassem força e espaço. Assim, buscávamos estar junto às lideranças indígens, aos sem-terra, as desalojados pelas barragens, às vítimas de trabalho escravo etc. O sindicato dos professores do ensino superior se irmanava, em Mato Grosso, aos parceiros sociais na luta por seus, e nossos, direitos.
Onde ocorria algum tumulto envolvendo repressão aos movimentos sociais, nossos diretores partiam para o local, às vezes mais de um problema ocorriam simultanemamente em diferentes locais da cidade. E eu ficava intrigado de sempre, sempre, encontrar a Serys lá, ajudando, defendendo, e ao mesmo tempo preocupada em pegar seu carro para correr para o outro bairro onde outro problema estava ocorrendo. Essa disposição e essa disponibilidade me deixavam admirado. A Serys parrecia estar em todos os lugares, e na maioria das vezes em finais de tarde e noite adentro, depois de um dia todo de trabalhos parlamentares. Tornei-me um admirador de sua boa vontade, sua determinação e, principalmente, de sua simplicidade no trato com as pessoas simples. Simplicidade consciente do papel e da autoridade que lhe conferiam o cargo perante os repressores.
Serys não é minha amiga pessoal, é uma colega de trabalho, professora. Nunca nos sentamos para um bate-papo ou qualuqer coisa parecida. Sempre nos vimos, nos reconhecemos e nos cumprimentamos em reuniões, assembléias e eventos como os que citei acima. Mas seu trabalho, tanto como professora quanto como parlamentar atuante, cativou-me como eleitor.
Registro aqui, pois, meu respeito por ela, e minha expectativa de que sua trajetória política não seja truncada.
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