quarta-feira, 22 de junho de 2011

Greve de servidores não é contra o governante necessariamente (22jun2011)

Permitam que eu expresse minha opinião sobre o tema da política, correndo (sempre) o risco de me mostrar ingênuo. Ingenuidade não é pureza. É falta de conhecimento adequado. Puro é aquele que passou pelos moinhos de ideias as mais diversas e se refinou. Purificou-se com as dores e as delícias dos embates intelectuais e da velha prática do viver.

O indivíduo eleito para ocupar um cargo executivo sofre pressões de todos os lados.

Quem é mais forte?

Quem tem poderio econômico pode pautar a mídia. O PiG (Partido da imprensa Golpista) tem se prestado à exaustão a esse papel de porta-voz dos interesses empresariais e conservadores.

Os legisladores que elegemos são, em sua maioria, empresários. Quando não o são, tiveram suas campanhas políticas financiadas por empresários. A quem eles acham que devem fidelidade? Ao pobre do cidadão que nele votou, mas não o financiou?

O judiciário é formado, em geral, por juristas expoentes. No geral, quem consegue cursar uma excelente escola de Direito provém de classes sociais mais abastadas. Nascidos, criados e vividos no bem-bom, sua perspectiva sobre o povão é de distância. São elitistas e normalmente conservadores. Coisas de raiz. No geral, nossas elites preservam muitos dos aspectos característicos dos senhores de escravos, que somente viam alguma civilidade nas metrópoles estrangeiras. Num tempo foi Paris. Depois Londres, Nova Iorque... Hoje, menos intelectualizada, suas aspirações de consumo concentram-se cada vez mais em Miami, onde se faz comprinhas ótimas, entre outras diversões. Disneylândia também é opção culturalmente interessante (!).

Quem é mais fraco?

Nós, que não somos parte dos setores citados acima, mas que elegemos os políticos nessa pseudo-democracia. Via de regra, temos que escolher, nas eleições, o candidato menos ruim. Dificilmente acreditamos naqueles candidatos com características mais próximas às nossas. Coisas de baixa auto-estima, suponho. Votamos nos candidatos vistosos, pomposos, com boa formação acadêmica ou aqueles que fizeram carreira de sucesso na vida empresarial. Fora os apresentadores de programas sobre crimes, que vivem gritando diariamente nas rádios e na televisão, "metendo o pau" nos governantes...

TUDO ISSO É APARÊNCIA!

Na verdade, são os nossos votos que definem tudo, exceto no poder judiciário (algo em que se deve pensar). Todos os demais dependem de nossos votos. Por isso, todos os segmentos citados como mais fortes atuam no sentido de nos manter anestesiados ante a realidade, ignorantes sobre o que de fato acontece, lobotomizados pelo futebol, pelas novelas (nada inocentes na ideologia que propagam), pelos BBBs, Fazendas etc., além de programas idiotizantes na programação diurna e nos shows de auditório. Até o CQC, que inicialmente parecia algo novo e crítico, transformou-se na mesma coisa que o restante.

Somente a mobilização de fato dos diversos setores populares organizados, com gente saindo para as ruas e mostrando sua insatisfação, poderá criar um vetor para pressionar ou para respaldar os prefeitos, governadores e a presidência da república em direção contrária aos desejos da elite e do poder econômico.

Mesmo o governante mais bem intencionado não terá respaldo suficiente somente com base em seu cargo. A força da mídia, como veículo do pensamento da elite, associada aos setores organizados da elite (OAB, CNI, FIESP, FIEMT e congêneres) pode se tornar, e tem se mostrado, hegemônica para definir os rumos da política.

O povo precisa amedrontar os políticos com sua presença e sua voz nas ruas, nos meios alternativos de comunicação, ocpando todos os espaços possíveis para se fazer ouvir. Uma vez que todos alimentam, de faz-de-conta, que a democracia é fundamental, nossa arma é nosso voto. Um povo que mostra que está sabendo das coisas e que não está gostando do que sabe constitui um arsenal de armas-votos formando um exército que pode alijar os caras do sossego do seu cargo eletivo. Se o jogo é o do voto, vamos jogar com categoria. Vamos formar uma seleção canarinha de craques votantes.

Nas últimas eleições, o povo decapitou poderosos como o Demóstenes Torres (do grampo sem áudio com o Gilmar Mendes), o Tasso Jereissati (do tenho jatinho porque posso!) e aquele que dizia em plenário no Congresso que iria dar uma surra no presidente da república (nunca me lembro nem do nome dele, mas lembro das grosserias e das políticas nefastas que defendia). Caíram os Bornhauses, os Maia... O Serra, coitado, já está perdendo nas pesquisas para a aleição a prefeito de São Paulo.

É assim. Não é simples nem fácil. Mas se quisermos governantes que andem na direção dos interesses reais do povo, temos que respaldá-lo, empurrá-lo com a manifestação de nossa indignação, da nossa vontade. Povo nas ruas, nas redes sociais, além da diminuição de audiência e de assinaturas do PiG para reduzir sua capacidade de infestação... Passo a passo, o povo deve ocupar o lugar que lhe é de direito na condução de seu destino.

Precisamos "malhar", ficar fortes e dizer, com voz tonitruante, o que queremos. Chega de enganação midiática e política. Não somos imbecis nem vacas de presépio que se deixem enlevar pelo canto da sereia de candidatos em época de eleições.

Nesse momento, os servidores públicos federais estão na mira das forças neoliberais, que buscam fragilizar e precarizar seus empregos, bem como reduzir a sua massa salarial. Esse vetor necessita de um vetor oposto, ou seja, os servidores públicos têm que manifestar sua preocupação, sua insatisfação ante os rumos que as coisas estão tomando. Eles forçam a presidência para esse lado. Se não fizermos o esfoço contrário, deixamos a presidência sozinha, isolada e à mercê desses usurpadores de diretos trabalhistas.

Vamos à luta e empurrar a presidenta em sentido contrário! Ela precisa de nossa mobilização. Assim eu prefiro crer, com base em sua prontidão para a luta num contexto em que a maioria se calou ou apoiou a ditadura e outros tantos fugiram (quer dizer, foram "exilados") para o exterior.

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