Fui à assembleia da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-SSind). Para minha surpresa, o auditório estava cheio como há muito eu não via em assembleias.
Melhor ainda foi a qualidade da intervenção dos professores, com críticas bem fundamentada aos rumos que a universidade vem tomando, bem como com boas análises em contexto mais amplo. Houve clima até para se falar em luta de classes sem levar uma chuva de tomates podres (em sentido figurado, é claro).
Ficou patente o desejo de mobilização da categoria, dado que estamos sendo levados a limites seja da capacidade de trabalho, seja da salubridade no trabalho, seja, também, no quesito salarial. Outra fala que destaco foi sobre a "naturalização" dos comandos, do poder de mando das chefias, sendo que há anos a categoria lutou e conseguiu a implementação de âmbitos de deliberação democráticos em todos os níveis da administração.
Os espaços de deliberação vêm sendo continuamente desvalorizados ou desqualificados, sendo que o "poder" tende a ser concentrado nas mãos de chefes, coordenadores, supervisores etc.
Explicitou-se que há problemas nacionais e os há também em nível local. Ao fim, foi deliberado por esmagadora maioria que a Adufmat deve levar um indicativo de greve das universidades federais para a reunião do setor das federais do Sindicato Nacional (ANDES-SN), bem como deve ser construída uma pauta local, da UFMT, para um plano de lutas "dentro de casa". Caso o movimento nacional não avance para um indicativo de greve das federais, analisar-se, com base na pauta local, a necessidade de se ter um indicativo de greve na UFMT.
Entendo que se nós, professores, não apresentarmos nossa cara para o embate estaremos deixando o governo sem ferramentas de ação, sem força frente aos congressistas e, principalmente, à mídia corporativa, que em sua tacanha visão neoliberal defende a privatização de tudo e que todo o poder seja entregue ao mercado.
A pressão popular ajuda ao governante realmente interessado na melhoria da educação, da saúde etc. Os sindicatos têm que "pôr o bloco na rua" para mostrar que este povo não está inerte ou amortecido pelas redes globos e folhas da vida.
A elite americanista brasileira e a imprensa golpista, assim como o capital, não gostam de povo. Lá no fundo eles têm muito medo do povo. Não é à toa que diversas manifestações populares pelo país afora vêm sendo "massageadas" com cassetetes, "perfumadas" com spray pimenta, emocionadas por gás lacrimogêneo e, no limite, regiamente hospedadas em "hotéis" públicos diversos (até ginásio de esportes improvisados). Usam o povo somente para votar, legitimando os títeres dos interesses do capital no poder, quando não legitimando a posse do poder público por parte diretamente dos donos do capital.
Ou o mundo do trabalho se levanta em tempo ou ficaremos eternamente de joelhos ante os poderosos de sempre. O poder deles é ôco, ilegítimo, e precisamos com urgência mostrar que o rei está nu.
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