quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Band ataca MST e Tarso Genro e cria novo código jurídico (13out2011)

Funeral de um lavrador (Chico Buarque / João Cabral de Melo Netto)
Chico Buarque


Por acaso, ouvi as "reportagens" da TV Bandeirantes, de que trata o texto abaixo, na segunda-feira e hoje. Fiquei pensando a que se prestam esses nossos jornalistas. Parece que todos envelheceram. Ou nunca foram jovens. Nem nunca acreditaram em algo melhor para o mundo. Ou na simples possibilidade de que o mundo poderia ser diferente.

Lamentável. Esse foi mais um dos meus esforços hercúleos para ver alguma coisa na mídia televisiva. Como a Globo foi "cortada", fui dar uma chancezinha para a Bandeirantes. Vou cortar também. Sabem como se corta? Retiro o canal (no meu caso, Globo, Globonews, Multishow e o outro, e agora a Bandeirantes) da minha lista de preferências. Assim, ao zapear a TV sequer passo por esses canais. No meu aparelho de TV eles "deixam de existir".

Charge de Carlos Latuff

Texto publicado hoje no blog Jornalismo B.

Por Alexandre Haubrich

Na edição desta quinta-feira, o Jornal da Band comentou nota do governo do Rio Grande do Sul que criticava reportagem veiculada na quarta, e reiterou sua posição de ataque ao governador Tarso Genro. Esse posicionamento da Band aparecera pela primeira vez na segunda-feira, com uma nota lida pelos apresentadores do jornal, na qual acusavam o governo de descumprir decisão judicial que determinou a reintegração de posse de uma área pública – da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária –ocupada pelo MST em Vacaria, no interior do Estado.

Para referendar a posição da emissora, foi enviada a Vacaria a repórter Luci Jorge, que construiu uma matéria nos mesmos termos que a editorializada nota da Band se expressara. Em dois minutos de reportagem, são ditas cinco vezes, sempre pela repórter, expressões como “invasores”, “invadiu” ou similares.

O foco é, do início ao fim, o que a Band chama de “descumprimento da decisão judicial” pelo governo gaúcho. Fala-se apenas de passagem que, na verdade, o mandado de reintegração de posse expedido não tem data para ser cumprido, o que confronta diretamente a tese do “descumprimento”. Como um mandado sem data para cumprimento pode ser descumprido? Só no cursinho Band de Justiça, no qual se aprende que é a mídia quem julga, de acordo com seus próprios interesses imediatos.

Também é rápida a referência ao fato de que a permanência do grupo no local, por mais 90 dias, está condicionada pelo governo à não-interferência nos trabalhos da Fundação. Sobre as reivindicações das famílias, a situação de concentração de terras no Brasil, a reforma agrária e a diferença do tratamento que Tarso dá aos movimentos sociais em relação à sua sucessora, nenhuma palavra.

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