Primeiro Prêmio CBJM de Literatura – 2011
Do Curso Básico de Jornalismo Manipulativo.
Em sua estreia neste final de ano de 2011, o Prêmio CBJM de Literatura vai para um homenageado surpreendente. Nossos professores decidiram, não sem muito debate e alguns xingamentos, outorgar a primeira edição do Prêmio …
... ao ex-Presidente Lula.
Não, não se trata de mudança de lado, virada de casaca (ou de mesa) ou participação na onda de premiações que marcou o ano desse político, vide os títulos de doutor honoris causa concedidos no Brasil e no exterior.
Há um motivo racional e justo. Nenhum outro político, nos últimos anos, contribuiu tanto para produzir escritores ou para tirar escritores do ostracismo. Escritores do “nosso lado”, obviamente.
Sem Lula, Ipojuca Pontes seria lembrado apenas como o ministro que tentou destruir a cultura brasileira no Governo Collor.
Sem Lula, Reinaldo Azevedo seria um mero blogueiro exasperado por suas frustrações políticas.
Sem Lula, Diogo Mainardi não teria voltado do seu exílio editorial, imposto pelo fracasso na ficção.
Sem Lula, Arnaldo Jabor passaria à história política como o Clown do Jornal Nacional.
Sem Lula, Marcelo Tas jamais teria publicado um livro na vida.
Sem Lula, Ali Kamel seria apenas motivo de riso por seu panfleto “Não Somos Racistas”.
Sem Lula, José Nêumanne Pinto não teria saído do limbo literário.
Sem Lula, Dora Kramer não teria extrapolado as páginas dos jornais.
Sem Lula, não teríamos o maior clássico do humor político da nossa literatura.
Sem Lula, Lucia Hippolito não teria feito, no livro Por Dentro do Governo Lula, a análise mais brilhante deste início do século, em 2005:
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“Nunca mais as coisas serão as mesmas. O PT não é mais o mesmo partido que era até quinta-feira passada. O cristal se quebrou.” Com essa frase profética a cientista política Lucia Hippolito se dirigiu a seus ouvintes da Rádio CBN logo após o golpe letal sofrido pelo mais poderoso ministro do governo, num enredo escabroso que envolveu seu principal assessor, em fevereiro de 2004. José Dirceu não caiu naquele momento, mas desde então Lucia vem acompanhando de perto as manobras do Planalto para colar os cacos. Esforços frustrados que, somados a novas acusações de corrupção, perda do controle da agenda política, derrota em eleições municipais e implosão da base aliada, fazem a autora afirmar que o governo Lula, que tomou posse em janeiro de 2003, acabou “antes da hora“. Por Dentro do Governo Lula mostra ao leitor tudo o que ele quer saber sobre o que há por trás de uma crise política sem precedentes na história da democracia nacional
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Sem Lula, Merval não seria imortal – enorme perda para a Academia Brasileira de Letras.
Isso sem falar de escritores que conseguiram uma boquinha em jornais, somente para escrever sobre Lula: Ferreira Gullar, por exemplo, e Nelson Motta, mais conhecido como “o biógrafo das histórias ficcionais”.
O Prêmio reconhece, constrangidamente, que o ex-Presidente Lula foi o político que mais incentivou os escritores e a produção literária nos últimos anos, na área da Política, e que permitiu a muitos expoentes do “nosso lado” fazerem a sua estreia na nobre arte das palavras (para alguns, também a despedida).
Prêmio polêmico, sem dúvida, já que muitos desses recém-iniciados na literatura costumam criticar Lula justamente por não promover o hábito de leitura. Nesse ponto, e somente neste ponto, concordamos 100% com eles: praticamente ninguém comprou ou, se comprou, leu esses livros sobre o ex-Presidente*.
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* Créditos para Amaury Ribeiro Jr, autor de “A Privataria Tucana”, livro com vendagem lamentável.
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