sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Arma-se o bote para calar as redes sociais (3fev2012)

Ao acessar o texto que reproduzo abaixo (com grifos meus), atraído pelo título, pensei tratar-se da "junção" Veja / Folha / TV Cultura que está ocorrendo em São Paulo. Uma nova estratégia da política demotucana paulista (e nacional), que está em plena guerra contra o governo federal - vide os lamentáveis fatos ocorridos no bairro Pinheirinhos, em São José dos Campos, quando um juiz determinou que a polícia militar impedisse qualquer ação da polícia federal no evento -, no desespero de sua falta de discurso e de propostas. A proposta agora é a da violência explícita, buscando manchar com sangue o período de governo de Dilma Rousseff. Entretanto, o texto trata de outro risco imenso, que envolve a todos nós, participantes das redes sociais, com o estabelecimento, por fim, da censura na internet, sem qualquer necessidade de ações judiciais. Querem, as elites em todo o mundo, calar o povo. E os Estados Unidos avança na demolição de sua democracia, cantada em verso e prosa há tanto tempo. Agora o que se quer é impor a democracia nos moldes dos 1%, calando qualquer tentativa de insurgência ou mesmo de contra-argumentação. Calando, essa sim, a liberdade de expressão dos cidadãos do mundo.

Quanto à aliança VejaFolhaCultura, ela somente vai reforçar os trabalhos de lavagem cerebral a que o povo paulista vem sendo submetido pelos Frias, Civittas e Marinhos há décadas. Ou seja, agora haverá mais um canal de TV que será retirado do meu receptor, pois recuso-me a testemunhar a consumação do desmantelamento da TV Cultura. Triste! Já foi uma emissora de qualidade, mas isso em tempos longínquos.


Velha mídia alia-se à indústria do entretenimento contra a liberdade

Por Bruna Andrade* | No sítio Jornalismo B em 2 de fevereiro de 2012

Enquanto começamos o ano em meio a polêmicas envolvendo a liberdade de expressão na internet, através dos projetos de lei norte-americanos Stop Online Piracy Act (SOPA) e Protect IP Act (PIPA), que visam controlar o compartilhamento de arquivos protegidos por direitos autorais na web, três das principais revistas semanais do país começam o mês de fevereiro fazendo vista grossa para a pauta e trazendo em suas capas temas superficiais, como é o caso da Veja e da Istoé com: “O melhor professor do mundo” e “A ciência do otimismo”, respectivamente; ou simplesmente deslocados das principais pautas do ano, como traz a revista Época “Anatomia da corrupção”. Apenas a semanal Carta Capital estampou em sua capa o tema controverso, sob o título “A guerra da internet”.


O primeiro mês do ano foi marcado pela guerra envolvendo grupos políticos norte-americanos, que apresentaram os projetos de lei que limitariam a liberdade online, e alguns dos principais sites da internet, além de ativistas do grupo de hackers Anonymous. Em protesto, como resposta ao parlamento, no dia 18 de janeiro, vários sites saíram do ar, como fez o Wikipédia, ou usaram tarjas pretas em suas páginas, como o Google. E depois que os donos do Megaupload foram presos e o site bloqueado, no mundo inteiro, ativistas do Anonymous vêm promovendo a derrubada de sites governamentais, de empresas da indústria fonográfica e cinematográfica e, como aconteceu essa semana no Brasil, bancos.

Os motivos do aparente desinteresse da mídia hegemônica no assunto são claros: os principais interessados na aprovação da lei (indústrias fono e cinematográfica) são, há muito tempo, seus aliados econômicos e políticos. Mais que isso, em 2011 foi evidente o protagonismo da internet nos levantes populares que aconteceram pelo mundo, desde a Ásia até as Américas essa foi a ferramenta usada para organizar e unir os indignados com tudo que a mídia burguesa defende, além de ser cada vez mais forte como fonte alternativa de informação. Se aprovadas, as leis permitiriam o bloqueio de qualquer site que possua de forma não autorizada algum conteúdo protegido por direitos autorais, incluindo os sites hospedados fora da jurisdição dos Estados Unidos. Além disso, o conteúdo que for considerado ilegal não precisará ter sito postado pelo dono do site para que ele seja tirado do ar. Por exemplo, basta que um usuário do WordPress compartilhe um link que infrinja a lei para que todos os usuários tenham seus blogs apagados, sem a necessidade de uma ordem judicial. Assim, os principais sites de compartilhamento de conteúdo e, principalmente, informação correriam o risco de sair do ar já nos primeiros dias de vigência das leis. Elas não beneficiariam apenas a indústria de entretenimento, mas todos os interessados em tolher a liberdade de expressão na internet, e a imprensa dos patrões é, claramente, um deles.

A discussão vai muito além da questão dos direitos autorais, é a liberdade de circulação da cultura, da informação e do conhecimento que está em jogo. Há algum tempo a internet vem sendo a pedra no sapato das elites e essa é visivelmente uma tentativa de inibir seu uso como fonte de organização, resistência e contra-informação.

*Bruna Andrade é estudante de Ciências Sociais.


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