quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Txá, por Deux! Co'esse cutxitxo de dgente batxa, sismininu vão acabá tirááno Cuiabá da tar da Copa! (29fev2012)

A escolha de Cuiabá para ser uma das cidades-sede da Copa 2014 representa uma oportunidade rara para a população desta cidade que, desde seu surgimento, fica à margem do desenvolvimento urbanístico da maioria das capitais brasileiras.

No entanto, uma campanha contrária a Cuiabá, bastante desagradável, vem sendo levada a cabo por jornalistas, comentaristas de TV do "sul maravilha" e, pasmem, pelo senador por Mato Grosso Pedro Taques (PDT).

Eu fui um dos eleitores do senador, e votei tendo em mente o que me parecia ser um combativo representante do Ministério Público em muitos anos de trabalho. Entendo que o senador possa ter desavenças políticas com os atuais governantes do Estado e do país. Mas há um limite para ataques, e esse limite é o bem-estar da população mato-grossense.

O VLT é um meio de transporte moderno, não poluidor, ágil, que independe do trânsito dos demais veículos para poder se mover, garantindo aos usuários qualidade em termos de tempo de deslocamento e de horários de suas viagens.

Quais são os interesses que movem jornalistas (como Juca Kfouri), personalidades do mundo do futebol (como Carlos Alberto Torres, que foi capitão da seleção de 1970) emissoras de tv especializadas em esportes (como a ESPN e a Sportv) ao ataque a Cuiabá? Ataque que por vezes beira o risível em termos de desinformação, ou ao grotesco na busca de desmerecer essa cidade.

Tratar desse tema é, para mim, pesaroso. Pesaroso porque trata-se de pessoas (Carlos Alberto, Juca Kfouri e Pedro Taques) pelas quais eu nutria admiração e respeito. Agora fica a repensar e a rever meus conceitos. Eles não estão respeitando, como eu acho que deveriam, o nosso Estado de Mato Grosso.

Juca Kfouri, lá de São Paulo, alguém que foi perseguido pelo regime militar, que me parecia alguém a ser ouvido com atenção por suas convicções libertárias, envolve-se nessa campanha anti-Cuiabá, esquecendo-se de que aqui, na periferia, há pessoas que sonham, que labutam, que persistem em atuar numa região que um dia já foi inóspita. Ir para o Mato Grosso já foi, há muito tempo, sinal de desterro, inclusive no campo profissional. Quando vim morar aqui, muita gente do eixo Rio-São Paulo, onde eu atuava, absolutamente não entendeu minha decisão. "O que você vai fazer lá no Mato Grosso? Vai dar aula para índios?"

Passaram-se 31 anos, e, finalmente, vou dar aula para índios, uma vez que a UFMT está abrindo vagas específicas para essa população tão representativa dos primeiros verdadeiros moradores do Brasil.

Já afirmei em postagens anteriores que Cuiabá merece todo o investimento que se possa fazer aqui, até mesmo para resgatar um pouco das longas décadas de descalabro em que foi se transformando sua infraestrutura urbanística. Quando penso nisso, não estou visualizando moradores dos bairros nobres, mas sim aqueles que moram nos extremos da cidade e que dependem do transporte público e de vias adequadas para acesso ao trabalho e aos bens culturais que a cidade pode proporcionar. São cidadãos a serem integrados com respeito e dignidade ao contexto da cidade para dela poderem usufruir, para ajudá-la a crescer culturalmente e, como consequência, economicamente.

Basta de menosprezo à nossa capital e ao nosso Estado. E, senador Taques, vamos devagar com o andor, que o santo é de barro. Seus ataques podem ser justificáveis no terreno político, mas podem levar até mesmo à exclusão de Cuiabá como uma das cidades-sede da Copa, e quero acreditar que não seja essa a sua intenção. Seu papel é o da vigilância quanto à lisura de todo o processo de preparação da cidade para o evento, não deixando que eventuais espertalhões façam mau uso das mesmas em proveito financeiro próprio. Quanto ao proveito político, esse será inevitável, pois quem está no governo foi eleito democraticamente para o atual mandato, que coincide com a Copa 2014, mesmo sem o seu ou o meu voto, e todos temos que respeitar essa decisão do coletivo.

Quanto à ESPN, eu, que pensava em reformular minha assinatura de TV paga para incluir essas emissoras em minha grade, já deixei a ideia de lado. Assim como não assisto Globo, SBT e Bandeirantes, acabo de incluir mais essa no meu rol de "não ver, não comprar, não divulgar". Eu não me vejo pela Globo. E agora nem pela ESPN.

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