Na sala da casa, uma imagem de São Gonçalo montada em um pequeno altar era o centro da festividade. Diante dela, os cururueiros tocavam e cantavam para o santo, com o público em volta cantando os refrões devotados a São Gonçalo.
Era uma sensação agradável para quem, como eu, chegava do eixo Rio-São Paulo e ignorava completamente essa manifestação viva da cultura popular mato-grossense. O evento exalava boa vontade, segurança, sossego. Nada dos agitos das metrópoles, cheios de sustos e desconfianças.
Hoje vi no Luis Nassif Online um vídeo do que acredito ser uma série denominada Documentação, em que a viola de cocho é mostrada em detalhe, assim como os mestres artesãos que as produzem, e a forma de sua confecção. Um detalhe que soa como música aos meus ouvidos, e que já está ficando escasso em Cuiabá, é o falar cuiabano desses artesãos.
Para os muitos moradores de Cuiabá que para cá vieram há pouco tempo, sugiro que afinem os ouvidos para esse modo de falar muito especial e saboroso. Lamento que isso esteja se perdendo no remoinho das múltiplas falas que para cá vieram e que vão soterrando paulatinamente esse patrimônio cultural, imaterial. A viola de cocho, junto com o falar cuiabano, vai aos poucos se esvanecendo do nosso cotidiano, de nossas festividades, do nosso imaginário.
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