Como poderá perceber quem frequenta este blog com alguma constância, ando sem palavras. Parece-me que um recesso mental instalou-se em mim.
Há uma greve longa acontecendo, e pela primeira vez, estando eu em Cuiabá, não participo das atividades grevistas, apesar de estar em greve, é claro.
Observando "de fora" e conversando com muito poucas pessoas, vejo esvanecer-se de todo o que o Partido dos Trabalhadores já significou um dia. Um amigo meu comentou comigo que o empresário Eike Batista referiu-se à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como a Margareth Thatcher brasileira. Fê-lo a título de elogio, por certo.
A "nossa" Margareth Thatcher parece colar-se mais e mais à tenebrosa figura inglesa. Como pode uma liderança do Partido dos Trabalhadores tratar trabalhadores com tamanho descaso e prepotência? A opção do Partido dos Trabalhadores tem sido a de "distribuir renda" através do empresariado. É certo que boa parte do que deveria ser "distribuído" aglutinar-se-á às grandes fortunas, a título de lucro.
Servidor público não é empresário (via de regra). O servidor público é a ponta do governo que entra em contato direto com toda a população do país, prestando os cuidados e a atenção que essa população requer. Baixos salários levam à redução da qualidade dos interessados em concorrer a um emprego público. Salários baixos quebram a espinha de quem tem vontade de fazer mais e melhor sempre. Qualquer pessoa atarantada com suas contas pessoais poderá ter sua atividade laboral contaminada por seu estado de aturdimento frente às suas obrigações familiares, pessoais. Salário de servidor não engorda contas bancárias, mas sim é repassado imediatamente à economia em geral, gerando os benefícios que uma economia aquecida proporciona.
Dinheiro de servidor público não vai para contas bancárias em paraísos fiscais. As exceções devem ser casos de investigação e, se houver relação com atividades ilícitas, severa punição.
Lula é louvado em muitas partes do mundo, e fortemente pela mídia representativa dos interesses do capital. Por quê? Como disse Júlio, um amigo, Chávez é constantemente atacado por esses mesmos meios e, entretanto, a Venezuela apresenta os melhores índices sociais da América Latina, enquanto que no Brasil quem embolsou muita "renda" foram os empresários e banqueiros. É lógico que adoram o Lula. Uma parcela mais empobrecida dos brasileiros teve, de fato, melhorias em vários aspectos de suas vidas. Com eles consegue-se muito efeito com pouco gasto.
Mas se o Brasil quiser ser, de fato, uma potência mundial, como propalado pelo PT, há que se tomar esse propósito a sério, com pesados investimentos em educação e saúde públicas. São áreas que não existem se não houver bons professores e bons profissionais de saúde engajados no trabalho.
As escolas em todos os níveis de ensino deveriam ser um celeiro de cidadãos bem formados e informados. Celeiros de criatividade em todos os campos do conhecimento. Quantos brasileiros com grande potencial intelectual e criativo não se perderam nos meandros de uma educação pública deficiente? Brasileiros que acabam se somando a uma multidão de zumbis que põem a vida a girar em torno do futebol, do emprego que pouco lhes exige intelectualmente, ou, no pior dos casos, das drogas que os desumaniza.
Seria de se esperar que o Partido dos Trabalhadores atuasse para reformular estruturalmente o país, fortalecendo a atuação dos movimentos sociais, das entidades representativas dos trabalhadores urbanos e rurais, tendo-os como base de apoio, ao invés de buscar alianças perigosas com representantes da velha elite que sempre dominou e continua dominando este país. Seria de se esperar que os servidores públicos fossem valorizados e estimulados, de forma a dar estofo e mais qualidade ao serviço público que tem distribuição capilar em todos os espaços sociais.
Quais opções teremos se o Partido dos Trabalhadores não modificou, em dez anos de poder, a velha estrutura política sob a qual continuamos vivendo. É muito bonito criar universidades, escolas técnicas, hospitais, postos de atendimento etc., mas acontece que prédios, por si sós, não fazem educação, saúde e produção de conhecimento. Prédios não resolvem os problemas do cotidiano da população que recorre aos serviços públicos. Aliás, prédios fazem a alegria de empreiteiros...
Enfim, este é mais um texto desalinhavado. Talvez porque eu tenha ficado sem palavras...
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