sábado, 24 de novembro de 2012

A laboriosa formação do brasileiro como
humilde mensageiro sobre a Nova Era
(24nov2012)


Continuação de postagem do livro "Brasil, Terra de Promissão", publicado em 1969, ditado pelo espírito de Ramatis e psicografado por América Paoliello Marques.

As postagens anteriores, na ordem em que aparecem no livro, mas com títulos propostos por mim, foram:
O Brasil sob um ponto de vista espiritualista (ver aqui)
As funções das etnias constituintes do povo brasileiro (ver aqui)
Breve análise da história do Brasil do ponto de vista da espiritualidade (ver aqui)
O papel da coletividade brasileira ante a derrocada dos valores materiais da Terra (ver aqui)
Amálgama e constituição de um novo patriotismo no Brasil (ver aqui)

I - Preparação psicológica


5 – Lutas de formação



PERGUNTA — Continuando a examinar paralelamente os aspectos materiais e espirituais da preparação psicológica do nosso povo, desejaríamos analisar convosco as suas lutas de formação como o "eco espiritual" ou mesmo de "bastidores" do desenvolvimento histórico.

RAMATIS — Organizamos as elucidações contidas nos capítulos desta obra de forma a conduzir vossos raciocínios naturalmente, tendo como ponto de partida os acontecimentos do mundo físico, cujo relato já vos é de certo modo familiar. Não podemos, porém, deixar de esclarecer-vos sobre a primazia que deve ser atribuída ao entrelaçamento de fatos sucedidos no Espaço, cujo valor não será menos concreto por não serem assinalados através dos sentidos físicos.

Consideramos adequada a imagem dos "bastidores" para classificar o âmbito espiritual, cenário das elucubrações provocadoras do desenrolar cotidiano na "boca de cena" do plano material. Realmente, o autor, o diretor de cena e os atores não alcançarão seu objetivo sem antes se entregarem a um cuidadoso trabalho de bastidores. É aí que se inicia a peça no que tem de mais importante, pois seu êxito ou fracasso ficará condicionado à inspiração do autor, à firmeza da direção nos ensaios e à escolha dos atores para cada um dos papéis da obra.


PERGUNTA — Poderíamos então considerar certos empreendimentos históricos fracassados como peças mal preparadas nos bastidores?

RAMATIS — O trabalho da Espiritualidade é um esforço de equipe. À semelhança do que sucede no âmbito terrestre, as incumbências são distribuídas, tendo em vista a descentralização capaz de fornecer a cada espírito os meios de exercitar suas aptidões.

Desta forma, só as deliberações de importância capital não permitem deslizes, estando esse setor afeito a espíritos de mais alta hierarquia. Eles, como supervisores de uma grande companhia composta de diversos elencos, traçam os planos gerais de ação, entregando aos de capacidade menos ampla a direção dos trabalhos junto aos atores.

Entretanto, como todos os espíritos de aptidões artísticas deverão exercitá-las, nem só os elementos de cúpula recebem papéis a desempenhar e pode suceder que haja cenas ou mesmo peças inteiras que não consigam agradar.


PERGUNTA — Desculpai-nos a curiosidade, mas a comparação adotada suscitou-nos uma série de interrogações. Pedimos que nos perdoeis se ultrapassarem o âmbito deste trabalho ou do objetivo deste capítulo. Desejaríamos saber se poderiam os "diretores de cena" na Espiritualidade ensaiar peças medíocres. Compreendemos que, por motivos vários, isso suceda entre nós; porém, julgamos os orientadores espirituais isentos dessas falhas tão comuns à humanidade encarnada.

RAMATIS — Estamos ao vosso dispor para o diálogo que nos propusemos sustentar e não cremos fora do âmbito de nosso trabalho uma pergunta encadeada ao assunto, mesmo que não represente a parte principal das considerações que desejamos tecer.

Na Espiritualidade também existem experimentações e são recebidas de braços abertos todos os colaboradores de boa-vontade.

Qual a causa de se encenarem peças medíocres? Excetuando o interesse comercial que não poderia vigorar no âmbito do espírito, a resposta encontra-se na impossibilidade de autores, diretores de cena e atores executarem trabalhos num grau de perfeição além de suas habilidades. Essa perfeição, não a atingem os espíritos da noite para o dia, no simples gesto de se dedicarem com amor ao serviço do Bem. Há necessidade de treinamento, até que se faça mais aprimorada sua colaboração. Existe largueza de ação suficiente para corrigir oportunamente os enganos, repondo em seus devidos lugares o entendimento e a ação menos adequada de cada qual. Mas, temporariamente, será insuperável a imperfeição dos planejamentos e da execução no cenário das tarefas humanas.


PERGUNTA — Podemos então concluir que os espíritos que orientam os acontecimentos no âmbito terreno estejam sujeitos às mesmas falhas apresentadas por nossa humanidade encarnada?

RAMATIS — Não podemos ir tão longe. Prepondera entre a maioria, no plano material, a cegueira que atua sem orientação firme, como se estivesse em cena um elenco numeroso, no qual somente alguns atores dispusessem realmente de dotes artísticos, sendo os outros capazes de esquecer seus papéis e perturbar o desenrolar do espetáculo. Entretanto, os que permanecem nos bastidores contam com uma cota mais ampla de fidelidade aos objetivos visados, mantendo-se mais conscientes da situação, por razões óbvias. Os planejamentos só são entregues aos que possuem uma capacidade mínima indispensável. Por conseguinte, mesmo que o espetáculo não esteja destinado a um sucesso estrondoso devido à habilidade mediana de seus planejadores, esses permanecerão suficientemente lúcidos para discernir qual a orientação aconselhável a cada ator.


PERGUNTA — Gostaríamos de saber se tendes algo em especial a relatar sobre as lutas de formação do povo brasileiro, no âmbito da Espiritualidade.

RAMATIS — Parece-nos ver ainda o gesto sereno do amoroso do Mestre quando, após examinar em maiores detalhes as possibilidades de âmbito material da terra brasileira, abençoando-a em sua exuberância generosa, deteve-se em ligeira concentração. Sua atenção voltou-se então para a imagem dos verdes campos onde outrora apascentara tantas ovelhas — a terra de Israel. E, como atendendo ao Seu chamado, destacou-se dentre numeroso rebanho uma das almas que amara verdadeiramente Seus ensinos e seria capaz de, por sua vez, tornar-se o pastor, o guardião do novo aprisco a se formar.

O eleito sentiu-se renovado em seus sentimentos de humildade  e,  como o pegureiro repentinamente guindado à situação de condutor e administrador de rebanhos, invocou sua condição ainda tão distanciada do Modelo que se gravara em sua retina espiritual.

O Mestre porém afirmou-lhe que Sua missão consistia em formar novos condutores de almas para garantia da expansão dos sagrados princípios do Amor Crístico. Afiançou-lhe que, como Seu emissário, seria sustentado pelo envolvimento do próprio Amor, que estaria encarregado de pregar por nobres exemplos de trabalho e dedicação. Ser-lhe-ia o Amigo e Consultor nos momentos trevosos, pois a Luz teria que se entregar a longos embates antes de conseguir implantar-se altaneira e sublime. O servo, possuidor dos requisitos indispensáveis à tarefa redentora para a Humanidade, também colheria novas luzes para seu espírito, na batalha em prol do bem coletivo.

Diante de tais arrazoados, característicos em situações idênticas, Mestre e discípulos encontram-se envoltos em reconfortante ligação magnética de sintonia com as forças superiores a impulsionar uma nova aquisição na luta gloriosa para o revigoramento espiritual do planeta.

E como tais acontecimentos têm o condão de despertar imediato amor pelas tarefas programadas, dispersou-se a assembleia para a investigação dos princípios em que se basearia a nova ofensiva da Luz em socorro à treva.


PERGUNTA — Podereis dizer-nos algo mais a respeito deste "anjo" em cujas mãos entregou o Senhor os destinos do Brasil?

RAMATIS — Melhor faríeis se o designásseis pela palavra "espírito", pois como tantos outros não deseja contribuir, nem de leve, para alimentar a diferenciação entre os seres criados.

Habituai-vos a considerar os líderes como almas submetidas a severa provação, cujo "sim" ou "não" pode gerar o conforto ou o mal-estar de um sem-número de irmãos seus. Embora sejam sempre credores de uma assistência proporcional ao empreendimento que lhes foi entregue, nem por isso encontram-se isentas das duras penas da decisão, onerada de graves responsabilidades.

Envidai esforços a fim de evitar a tendência, muito comum aos seres liderados, de se transformarem em carga amorfa, incapaz de maior parcela de colaboração. A Humanidade caminha para sendas cada vez mais amplas, nas quais os líderes se irão multiplicando, extraídos da própria massa antes desprovida de qualquer possibilidade autodiretiva.

Sendo, pois, líderes em potencial, estudai desde já, sob seu aspecto verdadeiro, os problemas dos condutores. São almas provadas, submetidas a experiências cada vez mais aprimoradas. Todas, porém, sofrem, em maior ou menor grau, as agruras do teste psicológico em que a liderança sempre se constitui.


PERGUNTA — Houve alguma programação especial para a nova nacionalidade que surgiria?

RAMATIS — Há muitos milênios, o povo hebreu, embora conhecedor das verdades eternas, desviou-se, por motivos vários, de seu caminho como missionário do Bem. Levado pela vaidade e pelo orgulho, impressionou-se excessivamente com a própria missão, julgando-se privilegiado. Foi quando o domínio egípcio fê-lo curvar-se à escravidão. O sofrimento abateu-se sobre aquela raça vigorosa, cujos sonhos passaram a concentrar-se na "terra prometida", onde lhe seria possível cumprir a gloriosa tarefa que lhe fora destinada. Era preciso que se reagrupasse para consolidar o ambiente propício ao advento do Messias.

Enfrentando lutas inenarráveis, deslocou-se a massa humana através das mais cruentas situações para atingir o seu objetivo. Entretanto, apesar de todo o denodo de que deram prova, viram-se os hebreus vitimados pela exacerbação do seu valor e, novamente derrotados pelo orgulho, deixaram que se lhes escoasse das mãos a oportunidade de se mostrarem à altura da incumbência recebida do Alto. Como eternos frustrados, buscam através das eras o bem que não souberam identificar.

Atualmente, vive a Humanidade uma situação semelhante. Não mais se trata do povo de Israel, mas dela própria, que sofre por haver hipertrofiado o orgulho, desbaratando os valores que lhe foram confiados. A civilização cristã entronizou-se no altar dos missionários e não se constrange em cultivar os sentimentos de uma falsa superioridade sobre o semelhante, afastando-se cada vez mais da verdadeira fraternidade. Tornou-se então escrava, dispersa na confusão do materialismo e longas batalhas e áridos desertos terá que enfrentar, nos quais se repetirão os horrores da fuga do Egito. Sob o guante do sofrimento, muita dor lhe será exigida para a quebra dos grilhões milenares. Muitos sucumbirão por não conseguirem forças para alcançar o local sonhado, pois durante o "cativeiro" entregavam-se à ociosidade dos próprios "senhores".

Como já podeis imaginar, os planos especiais traçados para a nacionalidade brasileira assemelham-se às ordenações preparadas com a finalidade de garantir a longa jornada em busca da "terra da promissão".

Nessa batalha sem sangue, do Bem contra o Mal, sucede, muitas vezes, que o Mal se destrói a si mesmo e o cenário conturbado de sua autodestruição, a derrocada dos falsos ídolos, mortos pela própria incapacidade de sustentarem-se, provocará no panorama um aspecto semelhante à noite negra do rompimento do cativeiro hebreu.

Todavia, é preciso esclarecer que os planejamentos construtivos do Amor Crístico avançam dentro de princípios de pureza imaculada. A ruína e os destroços que restarão após essa nobre batalha serão causados pela inanidade dos processos negativos no anseio de subsistir. O "anjo" constrói ao lado do erro que desmorona.

Ismael traçou os rumos da longa caminhada dos homens terrenos em busca de sua "terra prometida". Há quatro séculos a grande caravana se desloca penosamente. Entretanto, devido ao cuidadoso planejamento inicial de seu condutor, chegará à meta na posse dos valores espirituais da humildade que não lhe permitirão desajustamentos deploráveis. E então o Messias poderá ser novamente ouvido sem ser imolado, agregando-se ao povo herdeiro de Sua palavra todas as almas fatigadas, oriundas das estradas empoeiradas dos milênios de trevas.

E o sol de uma nova era brilhará sobre a Terra onde será ouvido um novo Sermão da Montanha, feito sem palavras, pois o século será de comprovação dos princípios lançados na antiga terra da promissão.*

* Durante a transcrição desse trecho, foi lançada diante do médium a imagem do planalto onde se localiza Brasília, com o Palácio da Alvorada, do qual ondas de luz de um novo Sol da Espiritualidade jorravam sobre a Humanidade.


PERGUNTA — A descrição dessa nova era nos empolga o espírito, fazendo-o vibrar de entusiasmo. Poderíeis tecer maiores comentários sobre ela?

RAMATIS — Sois contagiados pela vibração do Amor que então descerá sobre o planeta a "cobrir a multidão dos pecados" da sua humanidade. Já tendes cm vosso Palácio da Alvorada o simbolismo que identifica essa intuição perfeita do papel representado pelo Brasil no raiar da nova era. Do alto da montanha em que se situa, rolarão os eflúvios constituídos pelo eco das palavras do Mestre há dois mil anos: — "Bem-aventurados os misericordiosos porque obterão misericórdia". E todos os que se dispuserem a cultivar sentimentos fraternos ingressarão no aconchego das almas evangelizadas.

Haverá, entretanto, os que se manterão à margem, surdos aos apelos, cujo tipo de frequência mais sutil não estarão ainda aptos a registrar. Continuarão a procurar o seu "messias", um enviado que se coadune com seus anseios de vangloria.

Será a era das grandes e irrevogáveis definições. Os dúbios ver-se-ão forçados a tomar uma decisão e cada qual ouvirá o apelo que lhe for afim. Ou o século da Nova Era ou o início de uma era nova nos primórdios de uma civilização cujas etapas se desenrolarão na obscuridade de um planeta rudimentar.

E o pão de alguns será multiplicado novamente. A Terra, como que estremecida em seus alicerces, fecundará o esforço miraculoso da coletividade brasileira, empolgada pelos sentimentos de fraternidade. E, onde o alimento hoje escasseia, surgirá um imenso caudal de fertilidade para erguer, sobre bases sólidas, o celeiro da humanidade ensandecida pela dor.

E assim como entre aqueles que foram à montanha ouvir o Sermão multiplicaram-se os peixes, além do pão, alimento do corpo, as almas colhidas pela grande provação do milênio verão multiplicados os bens espirituais, dos quais o peixe é um símbolo.*

*Ver Mensagens do Astral, obra de Ramatis, psicografada por Hercílio Mães.

Os brasileiros, à semelhança dos apóstolos, inicialmente se afligirão diante da grande multidão a  atender; porém, tocados pelo encantamento do Mestre, tornar-se-ão novos bem-aventurados a distribuir os dons que revelarão a Sua divina presença.


PERGUNTA — Tem Ismael encontrado grandes obstáculos na formação do povo brasileiro?

RAMATIS — O trabalho de síntese, embora seja o mais compensador, por isso mesmo exige atividades de coordenação dirigidas a setores diversos, cuja harmonização requer esforços intérminos e cuidadosa execução. Aqueles que facilmente sintetizam em qualquer setor de atividades humanas apresentam, aos olhos de seus contemporâneos, o resultado de intensas fadigas suportadas em etapas anteriores de evolução. A síntese é o produto de infindáveis análises; eis por que se afirma que a simplicidade dos ensinamentos de Jesus revela alto teor de espiritualidade.

A interpretação dos diferentes recursos espirituais necessários à formação do povo brasileiro exige ainda, no presente, vigilância permanente por parte de seus orientadores.

Em virtude do ambiente heterogêneo em que sobrenada o psiquismo brasileiro, tem-se a impressão de uma fornalha, na qual são introduzidas peças de origens diversas, carregadas de imperfeições capazes de dar ao observador superficial a ideia de uma sucata, valiosa apenas para o especialista na matéria.

O trabalho permanente dos responsáveis pela formação do povo brasileiro consiste em manter estável a temperatura da fornalha, a fim de que não sejam solidificados os valores indesejáveis.

Aqueles que se propuseram transformar retalhos de maquinismos poderosos em uma nova máquina preciosa e, se possível, mais eficiente do que as originais das quais provieram as peças, devem exercer uma observância fiel de todos os princípios sadios capazes de levar a bom termo essa tarefa "sui-generis".

Novos processos de trabalho são improvisados. Após a elevação do calor a um grau adequado à fusão das substâncias valiosas, uma delicada engrenagem encarrega-se de afastar as impurezas, para que os novos moldes recebam a matéria-prima liquefeita, em estado de produzir peças de qualidade superior.

Como podeis imaginar, o trabalho de buscar matéria-prima em origens diversas para adaptá-la a um novo tipo de produção implica em modificações radicais no setor da formação espiritual.


PERGUNTA — Para nós, esse problema se limitaria à convocação dos elementos interessados aproveitáveis para a nova missão. Não alcançamos quais sejam esses problemas a que vos referis. Que nos dizeis?

RAMATIS — Poderemos comparar a situação daqueles que orientam a preparação do Brasil para a missão que o espera, ao problema com que se defrontaram os especialistas da radiofonia quando começaram a vislumbrar a possibilidade de transmitir, simultaneamente, o som e a imagem para a televisão. O mecanismo baseava-se na transmissão de ondas pelo ar; porém uma variedade infinita de adaptações no controle dessas ondas exigia trabalhosas pesquisas e crescente aprimoramento da técnica.

Durante séculos, a civilização vem irradiando pensamentos relacionados com a Verdade, mas nunca se encorajou a representá-la ao vivo. Uma técnica especial precisaria ser desenvolvida, a fim de que essas verdades tomassem corpo e surgissem como mensagem viva aos olhos de todos no planeta. Uma equipe de técnicos foi então mobilizada para estudar os diversos ângulos da questão.

Em primeiro lugar, o material de que se dispunha precisaria ser renovado e, embora baseadas no mesmo princípio de transmissão, novas peças foram moldadas utilizando-se o instrumental disponível. Sobre um "chassi" semelhante ao do rádio, foi montada a engrenagem capaz de projetar a distância imagens convincentes. Para essa transmissão, o "faz de conta" não pode preponderar e mais habilidade artística é exigida de todos os componentes da representação. E tão empenhados deverão estar todos em levar a sério o espetáculo, que serão forçados a viver seus papéis com verdadeira convicção, identificando-se com eles. Poderão dessa forma contagiar os espectadores, impulsionando-os através da sugestão de ideias benfeitoras para toda a Humanidade, tal como sucede hoje em dia aos telespectadores que, atentos diante do vídeo, acabam, sem sentir, sutilmente sugestionados pela maioria das ideias projetadas em seus aparelhos.

Em se tratando de cenas que despertem realmente o interesse coletivo, podemos imaginar a repercussão profunda exercida por esse meio de comunicação.

Assim, almas que já trazem inerentes verdadeiros sentimentos de boa-vontade foram recrutadas como artistas aptos a representar "ao vivo" as mensagens do Bem diante da Humanidade. Todavia, para preparar-lhes a admissão no cenário da Terra foi necessária intensa vigília espiritual por parte dos encarregados da projeção do Brasil no cenário mundial. Uma intrincada técnica de transmissão e recepção foi aprimorada, a fim de introduzir os princípios da Espiritualidade nos bastidores do cenário em evidência.

PERGUNTA — Gostaríamos, se possível, de conhecer, em maiores detalhes, essa "técnica aprimorada de transmissão e recepção a fim de introduzir os princípios de Espiritualidade" na terra brasileira.

RAMATIS — Sempre que desejamos transmitir pensamentos relacionados com a Espiritualidade, para que possam ser mais bem assimilados pelos nossos irmãos encarnados, lançamos mão de comparações que estabeleçam a semelhança, facilitando-lhes assim a compreensão quanto ao critério peculiar de considerarmos os fatos "do lado de cá".

Como já dissemos antes, a missão reservada ao povo brasileiro, no âmbito terrestre, apresenta uma característica especial que pode ser comparada à situação em que se encontravam os homens ao passar da radiofonia para o processo aperfeiçoado da transmissão e recepção da imagem.

Para maior esclarecimento, devemos recordar que ambos esses processos de comunicação a distância baseiam-se no fenômeno, atualmente tão divulgado, da transmissão de ondas sonoras e sinais eletrônicos da imagem sobre ondas elétricas irradiadas através dum transmissor de frequência mais ou menos intensa, de acordo com a finalidade a que se destina.

A Humanidade, desde as mais remotas eras, conhece o poder da palavra e vem utilizando esse dom com a finalidade de disseminar as mais diversas formas de pensamento. Podemos então comparar as ondas elétricas, emitidas com frequências diversas, ao poder de expansão que possui a alma humana, essa força íntima que a faz buscar as mais diversas formas de evolução. Sobre essa base vêm sendo lançadas as mais díspares doutrinas, comparáveis às ideias veiculadas pelas ondas sonoras da radiofonia. Educando ou retardando o progresso o homem vem, há séculos, exercendo o poder de convicção da palavra, como quem brinca de experimentar uma força que o inebria, sem, na maior parte das vezes, discernir sobre a responsabilidade que tal força de persuasão lhe traz.

E todos os povos chamados cristãos vêm procurando divulgar pela palavra, porém muito pouco pela ação, os princípios do Evangelho.

Cada nacionalidade tomou a si o dever de irradiar à sua volta esses princípios, embora na prática várias razões fossem alegadas para impossibilitar sua execução fiel.

Era a radiofonia sem imagens, sem atos comprobatórios. Desligava-se o rádio e a memória das palavras era quase totalmente amortecida, quando a vida real agitada exigia atuação eficaz junto aos problemas absorventes do dia. O ouvido calejava e habituava-se a absorver a parcela conveniente dos ensinamentos transmitidos pela força limitada de convicção que o som por si só possui. Os próprios atores das peças aí encenadas sentiam dificuldade de externar-se com maior autenticidade, num ambiente em que só o som é realidade e no qual os "truques" da sonoplastia substituem com vantagens os dispendiosos cenários e vestuários.

Desse modo a civilização acostumou-se a um verniz de Cristianismo mas nunca rompeu, a não ser em casos isolados, a dura crosta do egocentrismo para pôr em prática aquilo que pregava.

Porém o progresso proporciona inevitáveis aperfeiçoamentos e surgiu o momento em que os estudiosos dos problemas angustiosos da Humanidade viram abrir-se um novo campo de ação dentro do seu próprio setor de trabalho. Muitas almas insatisfeitas lutavam nos "laboratórios de pesquisas" para que a capacidade de expansão das verdades evangélicas fosse aumentada e pudessem elas ser "verdade e vida". Os corações de "boa-vontade" foram aumentando em número através das longas etapas da evolução humana.

Um verdadeiro "elenco" de almas capazes de representar ao vivo, de forma mais constante e perfeita as verdades eternas, foi sendo formado e o amadurecimento espiritual de uma parcela das criaturas humanas permitiu o aproveitamento sempre oportuno de mais uma nuance do progresso. Os meios sempre são proporcionados para a expansão de uma etapa a mais alcançada na evolução.

Essas almas, ansiosas pela implantação do reino do Senhor na Terra, receberam a incumbência de montar a engrenagem capaz de fornecer um testemunho concreto dos princípios evangélicos na Terra do Cruzeiro.


PERGUNTA — Poderíeis fornecer maiores detalhes sobre essa modificação no processo de expandir o Cristianismo?

RAMATIS — Para a representação "ao vivo" das verdades evangélicas houve necessidade de pesquisar as formas mais adequadas de lançar, sobre o impulso do progresso humano, como sobre a onda elétrica emitida no ar, os "sinais" capazes de produzir as "imagens luminosas" de uma atuação convincente.

Nos primeiros momentos da colonização brasileira, a matéria-prima existente constava de um "chassi" mais amplo, no qual se começaria a "montar a engrenagem nova". Os bons "pesquisadores de laboratório", em que os defensores da nova nacionalidade se constituíram no Espaço, propuseram-se à tarefa de iniciar a "montagem do aparelho" que renovaria os princípios da "radiofonia" com resultados imprevisíveis. Essa predisposição consolidou-se através do esforço dos jesuítas para integrar o silvícola de forma atuante na sociedade em formação e na ausência de barreiras racistas por parte dos colonizadores.

E sobre a Terra, como dentro de um estúdio, começou a ser encenada a representação de uma nova fase do Amor Evangélico.

Para que a "imagem luminosa" fosse acrescentada à onda sonora em um novo tipo de transmissão, uma intrincada engrenagem redutora de ondas começou a ser articulada. E nas experiências árduas do Amor Cristão a força nova de um sem-número de "válvulas" foi acrescentada para chegar, enfim, a lançar-se, como verdade e vida, na imagem projetada com a inegável clareza de uma exemplificação cristã admirável!


PERGUNTA — Como podemos compreender melhor essa "engrenagem seletora de ondas" a que vos referis?

RAMATIS — O trabalho do Amor exige uma acuidade psicológica resultante de longo aprendizado e do trabalho de comparar e discernir valores os mais diversos.

Quanto maior for essa acuidade, maiores serão as possibilidades do espírito para exemplificar as verdades eternas.

As lutas proporcionam à alma uma força renovada, como se as diferentes ocasiões em que esteve forçada a encontrar soluções adequadas para os problemas fossem momentos em que se acrescentassem novas válvulas, sob o efeito de cujo funcionamento "uma amplificação de sinal" fosse proporcionada ao conjunto de suas energias espirituais.

A "transmissão" dos valores movimentados pelo espírito é aprimorada, robustecida pelo acréscimo de situações bem orientadas, como se adicionasse novos elementos: válvulas, resistências, condensadores etc., no intuito de amplificar a voltagem, proporcionando ao seu aparelho a engrenagem receptora-transmissora das forças superiores.

Só um mecanismo assim preparado poderá captar e selecionar os sinais magnéticos especializados dando-lhes o emprego adequado.

Através das múltiplas experiências vividas ao contato de elementos aparentemente inconciliáveis a alma coletiva brasileira foi constrangida a desenvolver uma capacidade ainda desconhecida na Terra: a mansidão e a humildade cristãs como força preponderante na área nacional.

Essa vibração revela uma alta-tensão espiritual, capaz de desempenhar no panorama da vida material o papel do feixe eletrônico que varre a tela numa sintonia perfeita, possibilitando a projeção fiel da imagem.

A obtenção do fenômeno da projeção da imagem representa a capacidade de selecionar, através de elementos do mecanismo transmissor-receptor, o tipo de onda magnética adequada a cada finalidade, sendo essa aptidão o resultado de despertar de um mecanismo psíquico sutil, porém exato em seu funcionamento.

Ao contato do intrincado panorama psicológico implantado na Terra do Cruzeiro as almas que labutam em seu ambiente são testadas na capacidade de se ajustarem à produção de um fenômeno "sui-generis", ainda não apreciado pela maioria dos povos. O momento espiritual que viveis compara-se àquele em que se ouvia falar da possibilidade de serem lançadas imagens pelo ar, embora para a maioria isso constituísse ainda um fato de concretização remota.

Quando algumas vozes se levantam para anunciar diante da humanidade encarnada os efeitos que serão obtidos com as experiências inéditas que se realizam na Pátria Brasileira, as almas céticas recolhem-se à atitude mental de desconfiança, atribuindo talvez a esses arautos da Nova Era uma parcela considerável de sensacionalismo.

Porém, os grandes movimentos renovadores sofreram sempre esse assédio do descrédito e até mesmo da zombaria, pela audácia que caracteriza tudo aquilo que tende a renovar os rumos da vida no planeta.

Por isso suportaremos, nós também, com absoluta tranquilidade esses ataques, vendo neles mesmos a maior prova da veracidade do que afirmamos, pois é uma característica de autenticidade de uma ideia renovadora ser vituperada pelos que se sentirão prejudicados com a nova ordem a ser implantada.

A esses desejamos afirmar que ainda é tempo de aderir aos novos moldes da vida que vigorarão no planeta após a queda dos falsos valores do orgulho e da vaidade.

O Sol continua a nascer todos os dias possibilitando a obtenção de novas aptidões para o progresso.

O cuidado da Espiritualidade, pois, com relação às lutas de formação do povo brasileiro, tem sido introduzir maior soma de valores que, embora heterogêneos, permitam um efeito harmonioso para o objetivo final a que se destinam. Vêm sendo trabalhados, de forma gradativa, elementos ainda não apreciados devidamente, como se os povos contemporâneos fossem testemunhas oculares do serviço de oficina que se efetuou para o primeiro televisor montado e que sérias dúvidas deve ter lançado aos leigos que presenciaram sua confecção.

As raças negra, portuguesa e indígena, acrescentadas de todas as outras que contribuem para a formação do povo brasileiro, veiculam valores movimentados por espíritos incumbidos de consolidar uma experiência que resultará na coordenação de todo esse emaranhado de "fios, placas, parafusos, vidros" aparentemente em confusão, para projetar na atmosfera espiritual do planeta as imagens vivas do que pode ser obtido por efeito de uma coordenação irrestrita de esforços com vistas à evolução.

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