domingo, 18 de novembro de 2012

O Brasil sob um ponto de vista espiritualista
(18nov2012)


Meus poucos, queridos e valorosos leitores habituais hão de estranhar esta postagem, mas não tenho o menor problema em me afirmar cristão e espiritualista. Muitos dirão que há incongruência entre o fato de eu ser um estudioso das Geociências, das ciências naturais, e me ater ao que, com um forte desdém, denominam de crendices. Mas tenho em mim algo mais do que uma visão armada apenas com óculos para as coisas materiais. Eu busco e sempre busquei saber mais sobre o que não pode ser pesado, não pode ser medido, não pode ser encaixado nos paradigmas vigentes da ciência oficial. Há intuições, sonhos, visões, percepções outras que não serão, tão cedo, medidas, pesadas ou enquadradas em teorias que nós, homens curiosos quanto ao equacionamento do universo, produzimos e aperfeiçoamos cotidianamente.

Assim, permito-me reproduzir aqui um texto ditado por um espírito. Em sua última encarnação, no século X, Ramatis "foi instrutor em um dos muitos santuários iniciáticos na Índia. Era muito inteligente e desencarnou bastante moço. Já se havia distinguido no século IV, tendo participado do ciclo ariano, nos acontecimentos que inspiraram o famoso poema hindu 'Ramaiana' (neste poema há um casal, Rama e Sita, que é símbolo iniciático de princípios masculino e feminino; unindo-se Rama e atis, Sita ao inverso, resulta Ramatis, como realmente se pronuncia em indochinês), um épico que contém todas as informações dos Vedas, que juntamente com os Upanishades foram as primeiras vozes da filosofia e da religião do mundo terrestre, informa Ramatis que após certa disciplina iniciática a que se submetera na China, fundou um pequeno templo nas terras sagradas da Índia onde os antigos Mahatmas criaram um ambiente de tamanha grandeza espiritual para seu povo, que ainda hoje nenhum estrangeiro visita aquelas terras sem de lá trazer as mais profundas impressões acerca de sua atmosfera psíquica.”

O livro “Brasil, Terra da Promissão” foi publicado em 1969, quando o país vivia o recrudescimento do autoritarismo e da violência da ditadura militar que nos foi imposta pelo golpe civil-militar de 1964.

Li esse livro há muitos anos e identifiquei-me com suas ideias, por eu ver nesse nosso país um potencial imenso de apresentar ao mundo uma nova concepção de vivência social. Um país explorado, espezinhado e maltratado pelas potências mundiais em toda a sua ainda curta história após a chegada dos europeus, possui, a despeito de tudo, um povo sempre pronto à solidariedade, que se admira das “maravilhas” que os estrangeiros produzem mas que, ao mesmo tempo sabe viver as alegrias das coisas comezinhas, do cotidiano familiar, das amizades, dos grupos. Nossos esportes preferidos são os que devem ser jogados coletivamente, por equipes. O brasileiro sabe sorrir como ninguém, mesmo que muitas das vezes não possa ilustrar esse sorriso com todos os dentes que um dia estiveram em suas bocas. Há muito que se pode dizer sobre alguma diferenciação entre o brasileiro e os demais  povos do mundo. Mas pretendo publicar uma série de postagens com os conceitos emitidos por Ramatis. Procurarei atualizar a linguagem, principalmente a escrita dentro das novas normas ortográficas. O livro, em pdf, eu o encontrei e pode ser acessado (junto com diversos outros do gênero) no sítio Escola da Luz.

Se a política e a atualidade me interessam deveras, sinto-me também impelido a apresentar leituras e contextualizações outras que não somente as produzidas por jornalistas e estudiosos especializados. Quero crer que há algo mais além das meras aparências em tudo o que temos vivido. E esse algo mais que vem ao encontro da lógica com que vejo o mundo ao meu redor eu encontrei em boas doses nas obras de Ramatis. Trata-se de um autor espiritual que afirma duramente nossas mazelas e nossas possibilidades, sem apelos meramente emocionais, mas sim com base um lógicas às quais nos são mais habituais – basicamente a lógica de ação e reação. Não há um Deus personalista ou passional regendo o universo. Há um conjunto de leis que iremos aprendendo à medida em que experimentamos o viver. Aprendemos com as respostas da vida aos nossos atos e pensamentos.

Mas chega de papo, e vamos à obra. Caso alguém se sinta legalmente prejudicado ou veja algum impedimento legal na publicação dessa obra em meu blog, peço o favor de me comunicar. Prontamente retirarei as postagens. Meu intento é divulgar ideias que possam dar aos leitores novas ou diferentes perspectivas. Só isso.


Brasil, Terra da Promissão

Prefácio

Paz e Amor!

Quem não se recordará de momentos da infância em que uma auréola de intensa felicidade se tenha feito sentir pela concretização de um sonho longamente acalentado? A posse de um objeto ou a realização de um desejo, naquela fase da vida, podem tomar características de euforia tão intensa que revelem à alma a plenitude de um prazer jamais igualado. Para o espírito que ainda não descortina a complexidade da existência terrestre, cujos horizontes ainda estreitos estão providos de objetivos imediatos, é possível vislumbrar o êxtase espiritual de uma satisfação completa, mesmo quando retido aos grilhões da matéria de um mundo de provas e expiações.

Entretanto, logo que o âmbito das cogitações espirituais se alarga, multiplicam-se os obstáculos à felicidade humana e perde-se a noção do que seja um sentimento de harmonia desfrutado em todo o seu esplendor. Limitações de todos os matizes transtornam os desejos de tranquilidade, não permitindo ao homem a ousadia de ambicionar mais do que uma existência em que sejam satisfeitas as necessidades básicas de sua subsistência, tanto física como emocional e psíquica.

Por conseguinte, ao nos reportarmos ao título desta obra, surge-nos, como termo de comparação para o verdadeiro significado que ele representa na vida do terreno do futuro, a emoção totalizadora e cabal que se apossa da alma infantil nos seus momentos de maior júbilo.

Ao terrícola do presente, cuja sensibilidade aguilhoada por vicissitudes diversas atravessa um período de hipertensão emocional negativista, só a recordação das mais intensas alegrias da pureza infantil pode dar uma ligeira impressão da paz espiritual que brindará o espírito da coletividade terrestre quando forem vencidas as provações dolorosas do final do ciclo. Somente no futuro poderá avaliar, em toda a sua extensão, a grandiosidade das bênçãos que o Eterno reserva há milênios aos filhos que se tornarem dignos de convalescer do grave mal que assola a Humanidade presente, a descrença em relação ao próprio porvir.

O homem acostuma-se a considerar as promessas de um futuro de paz como palavras dignas de figurar nos belos contos de fadas e não pretende se deixar iludir com a mesma facilidade dos espíritos que despertam para a vida. Só a lógica de uma argumentação segura será capaz de romper as barreiras formadas pelo ceticismo e não julgamos que as criaturas devam abdicar do direito de serem esclarecidas satisfatoriamente antes de se conformarem com esta ou aquela ideia.

Sempre que preciso, devemos lançar mão de forte casuística para servir às ideias defensoras do Bem sobre a Terra. Longe de reprovarmos tal proceder nós o louvamos, pois o grau de progresso da mente humana exige que toda construção se estabeleça sobre os alicerces duradouros da lógica.

Fortes serão aqueles que ornarem a Verdade em suas duas características: o saber e a bondade, que funcionam, respectivamente, como armação e argamassa para a construção das colunas de sustentação do templo em que a Verdade será universalmente venerada, no futuro, por uma Humanidade esclarecida.

Chegamos à época do Saber, que antecede à da Sabedoria, e estimulamos a ânsia de conhecimento como instrumento capaz de abrir novos horizontes na busca da Verdade e do Amor que, conjugados, formam, a Sabedora. Na era do Mentalismo, quando a Terra já houver ultrapassado suas mais rudes provas, haverá perfeita fusão entre os objetivos do entendimento e do coração. A mente humana pode ser comparada a uma semente que traz em potencial os germes de uma vida poderosa e bela. Como suas congêneres vegetais, porém, precisa do calor e do aconchego da terra dadivosa para desenvolver-se em toda a plenitude e só as vibrações do amor cristão podem, proporcionar-lhe ambiente favorável ao engrandecimento.

A Europa desenvolveu os valores mentais relacionados à vida prática, à arte e à beleza. Refinou no homem tudo que pudesse elevar seu nível na Terra como "homo sapiens", distanciando-o o mais possível das condições rudes de uma civilização primária. O Oriente intensificou as forças subjetivas da mente, acordando nos indivíduos a consciência da elevação que podem conquistar como seres viventes na mais alta escala da evolução. Ambos os aspectos contribuíram para que o homem do século XX esteja preparado para sentir sua capacidade de elevar-se através dos próprios esforços. Possui valores inigualáveis na Criação, é o senhor da vida no planeta, com possibilidades cada vez maiores de aperfeiçoamento.

A civilização americana recolheu esses valores de ambas as procedências como cotilédones, e, com sua força renovadora e protetora, cobriu-os como a casca que preserva e sustém o grão.

Atualmente a Humanidade encontra-se na situação do  agricultor que armazenou sementes e espera a época oportuna para a semeadura, enquanto prepara o solo, revolvendo-o, adubando-o e higienizando-o.

A mente humana permanece ressecada à espera do terreno fértil em que possa cair e germinar em seus valores, de tal forma que todo o ser por ela comandado se veja beneficiado pelos germes do saber acumulado durante milênios. Que falta à coletividade terrena para realizar o seu sonho de paz e harmonia? É problema de ambiente. Todos já sentiram que os elementos das forças criadoras do Bem existem em todas as expressões da atual civilização, mas não conseguem compreender satisfatoriamente a razão pela qual suas sementes não produzem. A terra está seca e sem adubo. Assim sendo, transformou-se em substância compacta. Mesmo quando alguém a revolve e semeia, não há produção. A chuva benfeitora das bênçãos do Alto é repudiada pelo homem e o adubo do amor fraterno não é utilizado. Assim, as sementes do Bem, mesmo que caiam em terreno revolvido pela dor, não conseguem resistir à aridez e à pobreza da alma humana que as recolhe.

Nas grandes provações coletivas que se aproximam o homem verá ruir o edifício de suas falsas concepções e dos destroços surgirá a putrefação capaz de enriquecer as qualidades do terreno espiritual, tornando-se apto a produzir a força impulsionadora de uma seiva poderosa. Simultaneamente, o desastre a que se verá conduzido por suas deturpações psicológicas fá-lo-á ansiar por uma renovação de forças que lhe venha como ajuda indispensável à reconstrução de sua existência e, a essa simples enunciação subjetiva de um desejo de auxílio, hão de chover sobre seu espírito as bênçãos do Eterno Pai, cheio de misericórdia para com Seus filhos desajustados, pois terão aberto campo de sintonia para a harmonização com a Vida.

Não parece absurdo, nem mesmo aos mais céticos, que a Humanidade terrestre precise de uma renovação total de valores; entretanto, não houve ainda força que a pudesse deter em seus desvarios. Desligada como se encontra de toda orientação sadia, não existe mais possibilidade de levá-la à renovação por meios suasórios. A única força capaz de detê-la em sua marcha acelerada para a autodestruição é justamente a vitória parcial dos males que vem alimentando. Então, haverá necessidade de recomeçar em bases inteiramente novas, pois só o estupor de uma provação apocalíptica terá o condão de alertar os homens, tirando-os do sono letárgico de sua inconsciência espiritual. No calor da refrega as sementes do progresso rolarão em busca do ambiente propício ao seu desenvolvimento e não será onde o fogo e o sangue houverem crestado o solo que os frutos da paz poderão crescer.

A alma coletiva de um povo traz em si as características alimentadas em cada um de seus componentes, nos moldes que lhe constituem a tradição. A força magnética dos ideais do conjunto forma uma aura que possibilita a germinação dos produtos afins. Assim, a índole pacífica de um povo não pode ser improvisada por uma questão de conveniência. Se há orgulho de raça, há amor-próprio e vaidade e, portanto, hostilidade e prepotência.  Como evangelizar, de um momento para outro, espíritos que ainda não sentiram a causa profunda de seus males?

Entretanto, a coletividade que se sentir tão irmã de seus semelhantes que não se negue a receber, sem, restrições, o refugo humano dos deserdados da sorte conseguirá formar rico adubo para as sementes do Saber, valendo-se dos detritos que recolhe dos marginais do preconceito. A injustiça, a intolerância e todas as limitações interpostas entre o homem e seus sonhos de progresso fermentam a alma para o maior aproveitamento das energias que se vê impedido de utilizar na plena realização de seus desejos na vida. Volta-se para as indagações acerca de suas dificuldades, compreende e tolera as deficiências de seus irmãos e sabe que há valores ocultos na alma que não dependem exclusivamente de ser ou não vitoriosa objetivamente.

Quando Jesus afirmou que vinha para os deserdados da sorte, emitiu grande conceito da Verdade, pois aqueles que se encontram oprimidos pelas dificuldades externas voltam-se com maior interesse para a busca das realizações internas e, mesmo quando a revolta lhes assola o íntimo, acham-se mais aptos a receber os esclarecimentos espirituais do que as almas enfatuadas em seu orgulho pela conquista dos valores transitórios. Isto não significa que o progresso material seja inimigo do progresso espiritual, mas, sim, que os homens invigilantes se absorvem de tal forma em suas conquistas passageiras que não reservam energias para construir os valores eternos capazes de elevar seus espíritos ao nível da felicidade sonhada, embora não identificada em suas reais bases constitutivas.

Somos daqueles que creem na impossibilidade de deter o progresso, mesmo quando ele exige que lancemos mão de um retrocesso temporário. A experiência o tem demonstrado e os homens chegarão à aplicação desse princípio, quando sentirem a necessidade de se darem as mãos reciprocamente, compreendendo que é impossível avançar deixando para trás quem esteja mergulhado na dor do separativismo entre os homens.

Só o Cristianismo vivido como norma de lei será capaz de fundir a Humanidade em uma única vibração da paz e harmonia porque, por seus postulados, tende a destruir a separação, seja ela qual for, provando que somos todos originários de um único princípio e, portanto, reduzindo a pó as divergências como  criações temporárias da incompreensão humana.

Após o advento de Jesus não havia necessidade de ser criada mais nenhuma norma de vida para a tranquilidade do homem na Terra. Entretanto, incapaz de desenvolver um esforço sincero de readaptação, a criatura continuou a criar regras utópicas de felicidade, iludindo-se no anseio de fugir à obrigação que mais bem-estar lhe trará: amar ao próximo como a si mesmo, reverenciando o Criador em todos os homens.

Por uma vaidade satânica, no sentido bíblico da palavra, continua a criar sistemas contraditórios de progresso, falsos em suas bases, porque distanciados do real proveito coletivo.

Impossível refundir todos os códigos a que os homens se filiaram, em sua cegueira espiritual. Só se convencerão da inutilidade de seus esforços egocêntricos quando virem destruídos diante de si os castelos de areia de uma dominação fictícia sobre o semelhante.

Enquanto isso não sucede, dediquemo-nos a erguer diante de nossos olhos os planos bem ajustados da Verdade que nos é revelada para que, no momento que vivemos, já possamos ser colaboradores da concretização desses projetos. O "amor que cobre a multidão dos pecados" é melhor sentido entre aqueles que se encontram assediados pelas incompreensões ou erros de todos. Portanto, não desanimeis quando sentirdes à vossa volta o turbilhão de enganos em que mergulha a Humanidade. Exercitai o amor que perdoa, tolera e compreende, e esperai, pois a Verdade não faltará com sua luz a amparar vossos esforços no Bem!

Paz e Amor

Ramatis

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