quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O papel da coletividade brasileira ante a
derrocada dos valores materiais na Terra
(22nov2012)


Continuação do livro "Brasil, Terra de Promissão", publicado em 1969, ditado pelo espírito de Ramatis e psicografado por América Paoliello Marques:

I - Preparação psicológica


3 – Características coletivas



PERGUNTA — Quais as características coletivas que permitirão ao povo brasileiro desincumbir-se satisfatoriamente da missão que o aguarda no futuro?

RAMATIS — "O amor, que cobre a multidão dos pecados", é o único predicado capaz de proporcionar aos seres a execução satisfatória de tarefas. A amplitude dos preceitos evangélicos jamais seria alcançada se a força motriz do Amor Universal não viesse, inevitavelmente, a constituir, cedo ou tarde, o impulso irresistível igualmente disseminado sobre todos os seres. No crepúsculo da atual civilização, mais nítida se fará essa realidade, pois o caos a que se verá arrastada valorizará ao extremo os princípios do Amor Crístico. E onde poderá ser encontrado ambiente propício à germinação das sementes evangélicas se o orgulho e o egoísmo terão ressecado, de forma generalizada, a alma das coletividades imbuídas de falsas grandezas materiais?

Não diremos que haverá sobre a Terra Brasileira uma elite espiritual, mas que, em seu ambiente, estarão concentradas as condições ideais para o desenvolvimento oportuno de virtudes buscadas então com avidez.

Por força das circunstâncias previstas na Espiritualidade a grandeza material de um povo espera o momento adequado para surgir. Geralmente, isto sucede na ocasião em que as virtudes por ele veiculadas tornaram-se mais necessárias ao progresso comum. Assim, não existe motivo especial de orgulho na eclosão natural de uma maturação oportuna por parte de cada grupo étnico.

Desejamos tornar bem claro que a programação de trabalho reservada ao povo brasileiro não constitui um batismo que o exime por privilégio, de um pecado original. Faz parte de um planejamento cármico que deverá cumprir com suor e lágrimas, sendo sua atuação no planeta engrandecida em virtude de a coletividade terrestre tornar-se digna de experiências renovadas, às quais todas as almas bem-intencionadas terão acesso.

Por conhecermos o mecanismo da reencarnação, torna-se impossível alimentar princípios falsos de uma superioridade espiritual coletiva, que redundaria em orgulho absolutamente nefasto.

As características gerais que permitirão ao povo brasileiro vencer as lutas de sua experiência do futuro provêm de um conjunto de circunstâncias cuidadosamente planejadas pela Direção do Planeta, dentro das quais serão enquadrados os espíritos preparados para valorizá-las.


PERGUNTA — Como poderemos compreender melhor essas características responsáveis pelo bom êxito da missão a ser cumprida pelo povo brasileiro? 

RAMATIS — Consideramos o ambiente da Terra Brasileira como um grande recipiente, onde preciosas experiências vão sendo realizadas  a benefício do progresso da Humanidade. Inicialmente, por assim dizer como "caldo de cultura", procurou-se estabelecer riquíssimas condições materiais sob a forma de reservas naturais privilegiadas. Em seguida, preservou-se o ambiente de um progresso imediato e inoportuno pois, além de esgotar-lhe prematuramente os recursos, consolidaria a sua psicologia coletiva nos moldes indesejáveis de uma era de incompreensão e invigilância.

Passou-se então a introduzir nesse "caldo de cultura", mantido a temperatura média, os princípios germinativos de diversas procedências, capazes de enriquecer o produto desejado.


PERGUNTA — Gostaríamos de obter maiores esclarecimentos sobre o significado de ser "mantido a temperatura média".

RAMATIS — Achamos interessante frisar essa expressão a fim de divulgar a ideia esclarecedora de um fenômeno causador de inúmeras controvérsias. Incontáveis laudas têm sido gastas para explicar ou pesquisar as razões da lentidão do progresso brasileiro, principalmente em comparação com a nação irmã norte-americana. Um certo complexo gerou-se em alguns espíritos, dando origem à insatisfação e mesmo à animosidade contra aqueles que são acusados de causadores dessa situação.

Entretanto, na lentidão do progresso brasileiro repousam suas mais belas esperanças para o futuro. Sabemos quantas exclamações de indignação essas palavras poderão provocar e, embora não estejamos encarnados, nosso nome não deixará de atrair expressões coléricas dos ardorosos patriotas da atualidade. Contamos, porém, com a compreensão daqueles irmãos capazes de lançar o olhar para o porvir e acompanhar nosso raciocínio, numa visão de conjunto isenta de individualismo. Esses amarão o Brasil como parte integrante da Humanidade e saberão compreender que ele espera apenas o momento oportuno para mostrar-se mais útil.

Incluiu-se na programação das experiências realizadas no ambiente da Terra Brasileira a necessidade de agir cautelosamente usando os elementos adequados, cuja maturação seria feita a longo prazo. Por tratar-se da formação de uma raça cujas características deveriam diferir fundamentalmente da maioria, o processo de desenvolvimento da consciência coletiva atuante deveria prolongar-se por um período que permitisse atingir exatamente o objetivo visado.


PERGUNTA — Qual seria esse objetivo?

RAMATIS — Seria a eclosão de um amadurecimento maior na ocasião em que os valores novos estivessem surgindo na atmosfera espiritual da Terra.


PERGUNTA — E quais seriam esses valores novos?

RAMATIS — A quebra dos falsos ídolos. A visão nefasta do dragão do poder material, a escoar destruição como línguas de fogo e amargura. Os olhos estupefatos do povo jovem a observar as consequências advindas de uma dedicação extrema aos valores imediatos da vida.

Repetimos que não desejamos enaltecer uma coletividade em detrimento de outras. Examinamos o panorama do progresso espiritual da Humanidade tendo sempre em vista a circunstância de que os espíritos peregrinam por diferentes raças e pátrias como escolas de currículos diversos.

O cadinho da nacionalidade brasileira, como o de todas as outras, é acessível aos espíritos afins com a sua índole. Representa uma etapa na aprendizagem coletiva, a cujo usufruto estão destinadas todas as almas afeitas às experiências relacionadas com o futuro da Humanidade.


PERGUNTA — Quais seriam os "princípios germinativos" introduzidos no ambiente espiritual do povo brasileiro?

RAMATIS — Uma extensa costa, como porta aberta, convidativa à imigração, simbolizando a alma fraterna que seria a característica básica de nova era. Braços abertos, o Brasil recebe seres de todas as procedências, conservando nas suas extensas florestas inexploradas uma reserva capaz  de acolher, proteger e amar infinitamente a Humanidade, como um coração a extravasar imensas reservas de Amor.

Paternalmente assiste às lutas, aos sofrimentos e dores dos que o procuram à espera de que, um dia, à sombra de sua generosidade inata, todas as dissensões sejam sanadas.

Para a formação de uma raça "sui-generis", sob o ponto de vista espiritual, colocou-se no ambiente brasileiro uma pequena amostra das virtudes de cada povo.

Ouvimos já a observação mordaz daqueles que insistem na afirmação da inferioridade racial, como se nos dissessem ironicamente "quem tudo quer, tudo perde". E nós responderemos com a demonstração dos fatos pois, no grande amálgama racial que o conjunto brasileiro representa, perde-se, é verdade, a noção restrita de raça e de povo para ganhar-se em sentimentos fraternos.

A característica outrora indispensável à formação da nacionalidade — identidade de objetivos e hábitos exclusivistas — perde, dia a dia, seu valor no mundo atual e uma raça agregadora equivalente faz-se necessária para substituí-la. A ideia de uma fraternidade limitada a pequenas coletividades vai, a pouco e pouco, tornando-se incompatível com a marcha do progresso. Os homens das diversas partes do globo que vêm, cada vez mais, intensificando suas relações, começarão a envergonhar-se de seus princípios de nacionalismo estreito e passarão a viver coesos sob o impulso irresistível de uma solidariedade a todos extensiva.


PERGUNTA — No caldeamento das raças formadoras da nacionalidade brasileira, haverá características de maior valor provenientes de uma determinada origem?

RAMATIS — A Direção Espiritual que vela sobre os destinos do Brasil dedica-se especialmente a dissolver no conjunto a ideia de exclusivismo racial. Grandes valores têm sido introduzidos na coletividade brasileira desde os seus primórdios; no entanto, em sã consciência, não nos seria possível destacar méritos superiores para a construção do seu futuro. Será lícito analisar, pesando equitativamente, cada uma dessas características acumuladas como contribuição das diferentes raças, porém sem atribuir a nenhuma delas primazia absoluta.

Na engrenagem complexa da formação de uma nacionalidade é preciso considerar a contribuição dos detalhes que asseguram o funcionamento do conjunto. Infelizmente, existe ainda, disseminada entre os homens, uma falsa noção de valores na apreciação do organismo social. Difundiu-se uma lamentável tendência a subestimar atividades de importância primordial. Ao considerar este aspecto, as opiniões são geralmente emitidas à semelhança do leigo diante de uma bela viatura. Por falta de conhecimentos técnicos, é incapaz de avaliar a eficiência da engrenagem, destituída de beleza, oculta sob a carroceria brilhante, mas que sustenta e garante o bom funcionamento do veículo.

Para que o Brasil se desloque ao longo da estrada ampla do progresso, em atendimento aos planos de evolução espiritual, é preciso que todas as peças, simbolizadas pelas diferentes características étnicas de seu povo, estejam ajustadas ao mecanismo geral.


PERGUNTA — Podereis exemplificar algumas dessas características?

RAMATIS — Hoje, mais do que nunca, quando um surto de progresso estimula o contato, cada vez maior, com os valores importados que se vão ajustando à vida nacional numa ampla programação de intercâmbio, evidenciam-se as funções específicas de cada peça introduzida na imensa maquinaria em que se constitui o colosso brasileiro. Sobre um amplo esqueleto de chassi, vêm sendo colocadas, através dos séculos, as peças indispensáveis. Inicialmente, os eixos das rodas rijamente simbolizadas pela raça portuguesa, que buscou no índio o complemento para fazer avançar o carro do progresso. Ambos, porém, como material de pouca resistência diante da tarefa a ser realizada, deram causa a um fenômeno que poderia ser comparado a rodas de madeira que se desgastam ou quebram. Substituiu-se então o mecanismo insatisfatório por fortes rolamentos de metal, calçados com uma substância moldável semelhante a pneus.

Surgiram os negros, capazes de resistir fielmente a todos os embates. Formou-se assim a sustentação do veículo, com uma mistura permanente da matéria-prima fornecida pelo negro, em maiores proporções, mesclado ao índio e ao branco. E o carro ia-se deslocando vagarosamente sob pressão manual.

O progresso, porém, exigia a modernização do processo de locomoção e chamou-se, à sala das máquinas, técnicos capazes de introduzir o uso de engrenagens aperfeiçoadas. Simbolizando verdadeiro mecanismo de peças bem planejadas, cada uma das raças de emigrantes, introduzidas em especial nos estados de clima europeu, representa um tipo de mecanismo indispensável ao bom funcionamento do conjunto.

Será fácil compreender que, se a cada raça desse conjunto cabe uma função adequada, não seria possível valorizar em especial qualquer uma delas, pois a omissão de uma pequena peça dessa engrenagem prejudicaria a harmonia do andamento geral.


PERGUNTA — Gostaríamos que analisásseis mais detalhadamente o papel destinado a cada uma dessas raças na formação das características coletivas do povo brasileiro.

RAMATIS — Reconhecida a lentidão do deslocamento do grandioso veículo do progresso brasileiro, importaram-se peças a fim de montar um motor capaz de impulsioná-lo com maior eficiência. E, a pouco e pouco, o mecanismo foi sendo aperfeiçoado. O carburador, os pistões, toda uma complicada técnica passou a figurar no panorama da vida nacional, tendo como eixo de transmissão a descendência estrangeira, gradativamente entrosada aos eixos e às rodas do carro.

Entretanto, aquele que se sentar à direção do veículo deverá tomar em consideração os valores da nacionalidade legítima, embora valorizando a contribuição preciosa de todo o conjunto que dirige. Para isso contará com a vigilância dos faróis, representados pelos órgãos legislativos e com a proteção esclarecida da imprensa, simbolizada pelo para-brisa, cuja função é impedir que a visão dos dirigentes se turve, mesmo durante os maiores temporais.

Temos na coletividade paulista o motor de partida, no conjunto guanabarino a função específica de chave de contato, agora bipartida com a nova capital; no grande celeiro mineiro, o fornecedor de combustível e nas populações sulistas, o radiador que tem seguido junto ao para-choque fronteiriço, recebendo constante reabastecimento de águas brasileiras a fim de continuar sua missão de manter a temperatura no interior da engrenagem. No seu bojo, a viatura carrega tudo aquilo que significa a mais antiga tradição, as forças nacionais mais remotamente consolidadas. O equipamento montado logo em seguida ao chassi é a tradição dos estados do Norte, necessitados de revisão urgente em suas possibilidades, pois, embora constituídos de material de boa qualidade, esperam a remodelação de técnica adquirida pelo recente surto de progresso. Há ainda um grande tanque de reserva representado pelas zonas de riquezas naturais inexploradas, que pacientemente esperam a sua vez de também colaborar na evolução da comunidade brasileira.

Em toda essa maquinaria, porém, encontra-se fundida matéria-prima de diversas procedências e o único ponto de convergência capaz de promover a unidade do conjunto é um sentimento comum que bafeja o País de norte a sul — a esperança de um maior aproveitamento dos amplos recursos prodigamente doados pela Natureza à Terra do Cruzeiro.

Mesmo diante da impossibilidade momentânea de usufruir certos benefícios por demais legítimos para lhes serem negados, os brasileiros, seja qual for a sua ascendência racial, apegam-se a esta esperança que os une indissoluvelmente. Com a intuição inerente aos povos hipersensíveis, preveem o grandioso futuro da Pátria, antegozando seus dias de glória. E aqueles que viram a luz do dia em terras distantes sentem-se, também, como filhos dessa nação generosa, cuja aura benfazeja predispõe todos os seres à fraternidade. São cativados pela simplicidade do povo acolhedor, ainda incapaz de valorizar, como eles, os estrangeiros, a riqueza material que lhes proporciona uma perene tranquilidade de espírito.


PERGUNTA — Como poderemos contribuir para o aprimoramento dessas características coletivas?

RAMATIS — O aprimoramento das características coletivas brasileiras está previsto de forma um tanto diversa do processo desenvolvido junto aos outros povos que lideram o mundo.

A grandeza e hegemonia dos povos através das eras têm sido baseadas na maior capacidade de se impor ao semelhante pela força. Hoje em dia, no entanto, o panorama mundial exige uma liderança consolidada pelo poder grandioso do espírito, a fim de que a Humanidade penetre a nova era cônscia dos verdadeiros valores da imortalidade. Portanto, que o povo se norteie por diretrizes calcadas numa sólida estruturação evangélica e, mesmo que essa atitude possa apresentar-se, diante dos outros povos, como um fator negativo, que cada brasileiro fixe os olhos espirituais na grandiosidade da pobreza e humildade de um Francisco de Assis, mensageiro do Amor Crístico, num ambiente impregnado dos mais férreos valores materiais.

Faz-se necessário elevar coletivamente o padrão de espiritualidade da alma brasileira, acordando-lhe os sentimentos cristãos como valores extremos numa época de devassidão. Na intimidade de todo ser vibra um anseio sempre crescente de alcançar a felicidade como finalidade da vida — clamor indelével do espírito eterno, buscando, através das eras, a harmonia para a qual foi criado. Mas os homens, mergulhados na incredulidade, entregam-se ao prazer dos sentidos, esquecendo-se das alegrias imorredouras da alma. E preciso, pois, discernir claramente entre os diversos meios de satisfazer essa ânsia de prazer, inseparável da condição espiritual. Ao abrir os olhos para a vida, a criatura, ignorante dos verdadeiros roteiros a seguir, avança pelo caminho que lhe parece mais fácil, na procura da felicidade, que ela ainda não sabe definir em seus fundamentos reais. De acordo com as características do meio em que nasceu, raramente sobrepondo-se a elas, o espírito encarnado lança-se na batalha pela conquista da alegria.

Por conseguinte, devem ser amplamente disseminadas no ambiente espiritual do Brasil as verdades eternas que formarão uma escola, onde as primeiras letras do alfabeto evangélico serão soletradas pelas almas no alvorecer da vida material. Formada, pois, nesse ambiente favorável, achar-se-ão preparadas para entender as mensagens espiritualizadas dos momentos apocalípticos e estarão propensas aos sentimentos de compaixão e benevolência.

Como hostes disciplinadas, marcharão nos campos ensanguentados do porvir, não para ferir mas para socorrer. E assim terá sido lançada a mais eloquente mensagem de amor fraterno jamais enunciada por uma coletividade sobre a Terra.


PERGUNTA — Não credes que haja dificuldade em obter um resultado homogêneo num conjunto formado por características tão heterogêneas?

RAMATIS — A característica máxima do Amor Crístico pregado no Evangelho de Jesus é a universalidade dos sentimentos fraternos. Em vista disso, julgamos mais provável obter-se uma vibração, por mínima que seja, desses sentimentos, numa coletividade heterogênea do que num conjunto de seres onde imperem quaisquer sentimentos exclusivistas.


PERGUNTA — Fazemos essa pergunta por nos parecer que os moldes da formação de sentimentos coletivos na Terra não servirão aos ideais futuros e, assim sendo, haverá necessidade de colher elementos novos, sem o auxílio da experiência, para a obtenção dos valores indispensáveis à Humanidade vindoura.

RAMATIS — Os princípios de consolidação dos valores espiritualizantes na formação brasileira obedecem ao mesmo esquema das conquistas obtidas pelas outras nações. Para isso, sempre se fez necessária uma combinação de valores baseada nas características coletivas primordiais, impulsionadas pelo momento psicológico vivido pela Humanidade.

Em todos os casos houve necessidade de forjar novos moldes nos quais se consolidassem as experiências coletivas e nessa renovação fundamental baseou-se todo o progresso obtido.

A diferença, no caso em questão, resume-se no fato de necessitarem os moldes a serem fabricados de constituição diversa, pois o material empregado deverá ser uma fusão de substâncias até então julgadas incompatíveis. Entretanto, a liga conseguida possuirá capacidade maior de resistência, à altura dos elementos em combustão que lhe serão fornecidos para futura solidificação.

Será tão alta a temperatura da provação na Terra nos tempos que se aproximam, que ao seu calor, os valores humanos acumulados em todas as latitudes fundir-se-ão misturando-se, para se derramarem em moldes mais adequados. Purificados ao calor da prova, poderão tornar-se úteis a uma civilização cônscia das verdades até então negadas.

Todavia, os moldes nos quais se forjaram os valores buscados anteriormente pela Humanidade pouco esclarecida, seriam frágeis para conter essa mistura incandescente, formada pela fusão dos valores de todas as origens. Não resistiriam, partindo-se ou deixando transbordar o conteúdo.

Numa terra onde se tenham construído pacientemente os hábitos generosos de benevolência generalizada, mesmo que a princípio mal orientada, haverá tempera e largueza para formar os moldes indispensáveis e urgentemente procurados para conter a dor e resfriá-la com as brisas calmantes da tolerância. Suportarão também, sem maiores prejuízos, o acréscimo de tarefas, enrijecidos que foram pela resignação milenar de um povo menos dotado no âmbito dos valores cultivados pela cegueira de uma civilização exclusivamente material.

Dentro do princípio divulgado entre vós, de que "a fome põe a lebre a correr", a necessidade de reação diante dos acontecimentos estarrecedores do final do século iniciará o processo de homogeneização dos esforços da coletividade brasileira, a fim de que, do seu celeiro farto, possa ela estender braços amigos aos irmãos ameaçados de submergir.

Gratos pelos socorros recebidos e atônitos diante da inanidade dos valores até então cultivados, julgarão encontrar no Brasil a antiga Terra da Promissão dos hebreus. De mãos vazias, ver-se-ão forçados a recorrer a seus irmãos mais jovens, começando então a assimilar as verdadeiras noções de fraternidade cristã, pelo exemplo que lhes será proporcionado.

As raças que antes vinham à terra promissora em busca da riqueza material bater-lhe-ão às portas necessitadas de reconforto físico recolhendo, sem sentir, o ouro precioso, mas ainda não apreciado, dos sentimentos cristãos.

Uma nova era terá sido implantada e os missionários do Bem encarnados no Brasil incumbir-se-ão de orientar essa coletividade heterogênea, porém rica em princípios favoráveis à consolidação dos valores evangélicos.

* * *

Em postagens anteriores neste blog, estão as partes anteriores do livro: o Prefácio escrito por Ramatis, uma análise do papel desempenhado pelas diferentes etnias na constituição do povo brasileiro e uma breve análise, do ponto de vista espiritual, da história do Brasil.

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