terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mudanças serão menos dolorosas se forem adequadamente entendidas
(11dez2012)


Próximo capítulo do livro “Brasil, Terra de Promissão” (na íntegra em pdf AQUI), publicado em 1969, ditado pelo espírito de Ramatis e psicografado por América Paoliello Marques.

O sumário do livro é apresentado a seguir, com os links referentes às partes já postadas neste blog:


Prefácio de Ramatis (ver AQUI)


I – PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA
1. Origens étnicas (ver AQUI)
2. Desenvolvimento histórico (ver AQUI)
3. Características coletivas (ver AQUI)
4. Composição espiritual (ver AQUI)
5. Lutas de formação (ver AQUI)
6. Amálgama espiritual (ver AQUI)

II – REALIZACÃO
1. Herança espiritual (ver AQUI)
2. Liderança (ver AQUI)
3. Consolidação (ver AQUI)
4. Obstáculos (ver AQUI)
5. Realização (ver AQUI)
6. Harmonia (ver AQUI)

III - CONSEQÜÊNCIAS PARA A HUMANIDADE
1. Virtude e cristianização (postagem de hoje)
2. Abertura dos canais espirituais
3. Tradição e fraternidade
4. Paraíso terrestre
5. Trampolim espiritual
6. Desligamento gradativo

IV – CONCLUSÃO
1. Testemunhos valiosos
2. Mensagem de esperança
3. Exortação
4. A Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz (FTRC) e seu Trabalho na Terra


III – Consequências para a humanidade


1 – Virtude e cristianização



PERGUNTA — Examinando as consequências que surgirão, para a Humanidade, da missão reservada ao Brasil, que comentários desejaríeis tecer neste capítulo intitulado "Virtude e cristianização"?

RAMATIS — Consideramos que esses serão os alvos supremos da nova era que surgirá do caos preparado com esmero pela atual civilização, enceguecida quanto aos valores da Espiritualidade.

A virtude constituirá o aperitivo necessário, para ser tomado em doses frequentes e sistematizadas, com o cuidado hoje dispensado à preparação dos grandes banquetes. Estabelecida, por unanimidade, a necessidade absoluta do crescimento dos valores espirituais, o homem começará a agir, como o indivíduo cujo organismo, atingido por uma inapetência desastrosa, procura estimular-se para a participação no grande banquete da fraternidade.

Iniciará por ingerir estimulantes do apetite, capazes de fazer funcionar suas glândulas endócrinas, adormecidas pela viciação do paladar na ingestão de substâncias tóxicas. Na realidade, um período intermediário de jejum será a primeira providência para obrigar o organismo à reação sadia de purificar-se e, em seguida, entrar na corrente da normalidade.


PERGUNTA — Por que sugeristes o título "Virtude e cristianização"? Por acaso a busca da virtude já não representa o processo de cristianização?

RAMATIS — Enquanto a virtude está sendo buscada como um alvo, o processo de cristianização consolida-se gradativamente. Desejamos fortalecer a relação indispensável entre o meio, representado pelo exercício consciente da virtude, e o fim objetivado, ou seja, a cristianização. Sem esta relação, firmemente estabelecida, uma nova farsa estaria em andamento, na qual os homens representariam, no palco da vida social, a triste situação que até hoje os tem infelicitado — pregando o Cristianismo sem desejar realmente cumpri-lo.


PERGUNTA — Que espécie de virtude surgirá como a mais necessária ao processo da cristianização?

RAMATIS — Na sociedade tecnicista do século XX a palavra virtude perdeu grande parte de seu valor. Até um pouco antes do surto da tecnologia ela representava um acervo de normas rígidas de conduta, impostas pela maioria convicta da necessidade social de cultivar os valores apregoados como indispensáveis ao bem-estar geral.

Não passando, de modo geral, de uma atitude externa, foi fácil a transição que a classificou como coisa desprovida de conteúdo. Portanto, sua desvalorização como palavra não implica na consequente desvalia do conteúdo, pois este, na realidade, não estava em jogo.

A capacidade de análise destemerosa característica da era do cientificismo soube identificar o fenômeno do "esvaziamento" da palavra, porém, ainda, não conseguiu restabelecer-lhe o conteúdo.

Entretanto, os valores representados, originariamente, pela palavra virtude, continuam a ser insubstituíveis para o bem-estar geral e, assim, tornou-se necessário obter nomenclatura especial para designá-los. Surgiram, então, novas designações para antigas necessidades do homem — autocrítica, ajustamento, introversão, catarse, autoanalise, substituindo, respectivamente  — contrição, humildade, meditação, confissão, sendo esta última equivalente à identificação da própria condição (catarse) e à análise que se segue.

Como vemos, tratou-se da substituição de um vocábulo desgastado pela ação inadequada de seus usuários.


PERGUNTA — Parece-nos um pouco problemática a obtenção de reações adequadas após as grandes experiências do final do século. Nossas dúvidas baseiam-se no fato de muitas provações já terem sido vividas sem chegarmos a resultados positivos. Conseguirá o homem a reação necessária?

RAMATIS — A instabilidade humana vem se acentuando. A cada nova crise desencadeada corroem-se os alicerces da segurança fictícia que generosamente o homem se propiciou no plano material. Como a criança, incapaz de sentir suas necessidades mais profundas, cercou-se de conforto, como símbolo do bem-estar almejado. A instintiva necessidade de segurança interior objetivou-se na busca externa de estabilidade. Invertidos os pontos de vista, concretizou seu sonho de felicidade nas garantias de sobrevivência do corpo físico. Pôs-se a girar em torno de sua segurança, em vez de fazê-la girar em torno de si.

PERGUNTA — Como poderíamos compreender tal afirmação?

RAMATIS — A segurança tem a função específica de proteger alguma coisa de especial valor. Justifica-se como um conjunto de precauções tomadas com o objetivo de preservar o centro vital de uma situação, como meio de levar avante um objetivo visado. O homem, como indivíduo, deveria ser o centro dessas precauções e seu desenvolvimento harmonioso o fim a ser alcançado. Tudo deveria girar, num esquema de segurança bem planejado, em torno do problema de proporcionar a cada indivíduo o desabrochar de suas melhores potencialidades.

Ao contrário do que se poderia supor, providências foram tomadas, de forma insofismável, no sentido de fazer do homem um escravo e suas próprias cadeias tornaram-se a preocupação capital. Condenou-se, como um feitor iracundo, à tarefa escravizante de forjar e zelar permanentemente pelos próprios grilhões que deve refazer e fixar com a maior firmeza possível.

Tornou-se, então, escravo de sua segurança física, impossibilitado de maiores movimentos, obrigado a ser o zelador dos próprios grilhões.


PERGUNTA — Por que sucedeu tal fenômeno?

RAMATIS — A ausência de amadurecimento espiritual, o desprezo pelas recomendações feitas. Procederam como a criança caprichosa que se nega a atender às recomendações recebidas e prefere brincar indefinidamente sem se importar com as necessidades de submissão às disciplinas educativas.


PERGUNTA — Qual a finalidade de analisarmos esse procedimento desastroso na presente obra?

RAMATIS — Se cuidamos de examinar as consequências, para a Humanidade, de todos os fatos em que o Brasil participa, precisamos conhecer com detalhe o panorama a ser influenciado, assim como a forma de melhor executar a função que lhe cabe.

O que a Terra da Promissão deverá oferecer ao homem colhido nas malhas das provações apocalípticas será a inversão do centro sobre o qual seu desejo de segurança tem girado. Ficará comprovado quão precária é a segurança material à qual se tem escravizado. A vida, como mãe generosa, acolherá no seu regaço o pequeno ser desarvorado e infeliz, que só após o desastre se compenetrará da necessidade de imprimir novos rumos ao seu proceder caprichoso.


PERGUNTA— Perdoe-nos a insistência, porém, permanecemos em dúvida quanto às reações do homem diante dos eventos apocalípticos. Diante das catástrofes do plano físico, seu desejo de segurança material não será intensificado? De que forma será possível inverter o centro de gravidade de seu anseio de segurança?

RAMATIS — Perdoar-vos não seria necessário. As dúvidas que vos ocorrem assaltarão a coletividade brasileira quando tomar consciência de sua missão. Sem o necessário preparo espiritual, o brasileiro do futuro buscará avidamente os meios de socorrer, visto que permanecerá como a tábua de salvação para onde os náufragos se dirigirão.

Desse modo, desempenhais, ao nos interrogar, a função preciosa de repórter a colher impressões do plano espiritual com o objetivo de informar a coletividade brasileira atual e futura. Nossas sugestões permanecerão como um tema para meditação. Aos que nos ouvirem a tempo será possível consolidar atitudes benfeitoras para a colaboração no presente, tendo em vista as situações futuras. Esta seria a forma de atenuar e mesmo evitar catástrofes, caso o homem não estivesse irremediavelmente atrelado à roda implacável de seu carma.

Futuramente, porém, será maior o número dos que rejeitarão como inoportuna a literatura produzida pelo tédio em que o homem moderno mergulha, como num banho capaz de produzir efeitos semelhantes aos de mumificação cadavérica. Nossas palavras então surgirão como um eco longínquo capaz de despertar a alma humana semianestesiada para os novos rumos espirituais.


PERGUNTA — De que forma os brasileiros poderão utilizar as advertências que vêm sendo feitas?

RAMATIS — A nós não cabe traçar roteiros. Por mais que amemos a Humanidade, nosso trabalho se resume em tecer comentários, que seriam desnecessários caso o homem estivesse realmente empenhado em buscar-se a si mesmo, como já recomendava a sabedoria grega, há milênios.

Se tantos milênios de recomendações proveitosas não afastaram o homem do labirinto da dor, não seriam nossas palavras ou mesmo todo o Amor que pudéssemos verter sobre as criaturas que os demoveriam de suas incongruências.

Entretanto, no caos que se formou, e que se agravará, a virtude para uns significará o trabalho aparentemente inútil de pregar aos sonâmbulos que passam em atitudes semiconscientes, desvairados pela dor e pelo desânimo.  Os revoltosos tentarão destruir o pequeno patrimônio obtido com sacrifícios inauditos pelo punhado de servos fiéis ao Senhor. Estes, por sua vez, serão tentados a se deixar arrastar pela voragem do desencanto ao tentarem, sem remédio, deter a onda avassaladora da dor sem limites. O caos será soberano no plano material. Não vos iludais para que estejais preparados. Só uma força de fé proporcional ao desequilíbrio geral será capaz de permanecer como virtude sustentadora do espírito humano.

Habituai-vos a exercitar a virtude positiva da fé como contraposição normal ao império aparente do erro. Exercitai a visão espiritual de tal forma que na derrocada do plano físico possais identificar as construções do espírito. Só aqueles que souberem ver com "olhos de ver" conseguirão manter-se à tona, sobrepairando os abismos de dor.

A mente e o coração equilibrados sustentarão o homem na grande transição. Notai bem que dizemos a mente e o coração, pois a simples capacidade de sentir a dor do próximo não será suficiente se a fé não sustentar, com a compreensão necessária, o desejo fraterno de servir.

Armazenai fé e confiança. Buscai na razão dos fatos desencadeados a compreensão dos meios de sobreposição. Jesus, como o Guia da Humanidade, precisará de servos capazes de permanecer de pé sem desfalecimentos, quando a maioria tombar vencida. Na Terra e no Espaço coortes de almas rijas executarão os serviços de enfermagem indiscriminada. Para isso, no entanto, precisarão sentir, em toda a sua extensão, as razões justas dos males que acometem a Humanidade, para saber de que forma socorrer, sem mergulhar no oceano avassalador do dilúvio apocalíptico.

Os servos avisados agirão desta forma. Que virtudes, porém, recomendar para os que tiverem permanecido anestesiados diante de seus deveres morais? Sabemos que buscarão em todas as fontes o socorro necessário e não poderíamos deixar de endereçar-lhes palavras encorajadoras que os auxiliem, oportunamente, a iniciar a reação tão retardada!

Bênçãos do Senhor estarão por toda parte. Porém, que fazer se permaneceram, inadvertidamente, a cuidar das coisas perecíveis? Seu esforço para "ouvir" precisará ser proporcional à "surdez" que alimentaram voluntariamente.  Precisarão, em primeiro lugar, reconhecer a responsabilidade que terão nos fatos desencadeados. Se ainda tentarem permanecer como cegos, a acusar o destino, nenhuma solução positiva poderão alcançar.

Só aqueles que despertarem em si a virtude da Humanidade, mesmo que tardia, conseguirão sustentar-se na grande transição. A "revolta dos anjos" deve ter um fim, para conseguirem a misericórdia que necessitam. Em lugar de sentirem em tal fato a humilhação, sintoma de orgulho em franca proliferação, precisarão analisar, com isenção de ânimo, a contribuição que seus atos representaram na determinação das causas desencadeadas. Pesquisando com imparcialidade os fundamentos da destruição aparente, poderão sentir o ressurgimento do espírito imortal, pairando sobre o pedestal onde haviam entronizado a imagem caricatural do "eu" desvirtuado. Substituído o ídolo de barro pela imagem fulgurante do espírito eterno, não lhes será difícil compreender de que forma conduzir os acontecimentos.

A virtude será, pois, em ambos os casos — para as almas despertas e as anestesiadas — proporcional à capacidade que desenvolveram, de se ajustarem à realidade, ou seja, às possibilidades que desenvolverem de serem humildes diante de Deus e do Universo.

Dessa forma serão engrandecidas pelas verdades eternas, mesmo quando a destruição imperar em torno. Nela verão a força renovadora da Providência que tudo transforma para a necessária evolução.

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