domingo, 2 de dezembro de 2012

O desencadeamento de forças negativas provoca
uma necessidade de reação positiva
(2dez2012)


Segue aqui o próximo capítulo do livro "Brasil, Terra de Promissão", publicado em 1969, ditado pelo espírito de Ramatis e psicografado por América Paoliello Marques.

Os capítulos anteriores, postados neste blog acompanhando a ordem em que são postos no livro, mas com títulos de chamada elaborados por mim, são:
O Brasil sob um ponto de vista espiritualista (ver AQUI)
As funções das etnias constituintes do povo brasileiro (ver AQUI)
Breve análise da história do Brasil do ponto de vista da espiritualidade (ver AQUI)
O papel da coletividade brasileira ante a derrocada dos valores materiais da Terra (ver AQUI)
Amálgama e constituição de um novo patriotismo no Brasil (ver AQUI)
A laboriosa formação do povo brasileiro como humilde mensageiro sobre a Nova Era (ver AQUI)
O Brasil é uma nação que foi preparada para as mudanças que virão (ver AQUI)
A herança espiritual brasileira (ver AQUI)
A verdadeira liderança somente pode ser exercida por quem se identifica com os que sofrem (ver AQUI).

Parte II - Realização


3 – Consolidação



PERGUNTA — De que forma serão consolidados os valores capazes de garantir a realização dos empreendimentos que estão destinados ao nosso povo?

RAMATIS — A consolidação será feita através de um conjunto de fatores. Entre eles estarão incluídos os elementos externos, independentes da vontade ou das diretrizes próximas da massa humana que habita o território brasileiro.


PERGUNTA — Que o irmão nos releve a observação que preferíamos silenciar, porém, em nosso entendimento puramente humano, somam-se as desilusões relacionadas com as características pouco construtivas da massa humana que gostaríamos de ter motivo para qualificar de povo bem-aventurado, pela missão cristã reservada a seu futuro. Como admitir uma consolidação de valores em tempo útil para o cumprimento de sua tarefa, se tão amargas decepções nos mostram uma realidade em tantos aspectos negativos no setor da noção de responsabilidade?

RAMATIS — Vossa dificuldade provém do fato de interpretardes erroneamente o sentido da palavra "consolidação".

Consolidar, no caso, significa tornar sólido um conjunto de fatores para atingir um determinado objetivo. Porém, ninguém estabeleceu que espécie de fatores serão esses somente pelo fato de afirmar sua consolidação.

A experiência tem provado que as realizações mais proveitosas nem sempre vêm precedidas de experiências amenas. Ao contrário, a luta mais árdua caracteriza as conquistas nobres do espírito humano.


PERGUNTA— Examinando profundamente nossos sentimentos, que devem corresponder aos de uma grande parte de brasileiros, não podemos deixar de confessar a desilusão que se apossa de nossa alma diante do panorama espiritual que nos é dado observar entre aqueles que poderiam influir, de maneira decisiva, na consolidação de valores capazes de garantir o advento de uma nova era para nossa terra.

RAMATIS — Se o fenômeno de consolidação excluísse essas circunstâncias negativas, deixaria de ser a fase característica de transição citada para significar situação já alcançada em pleno desenvolvimento.


PERGUNTA— Gostaríamos que nos perdoásseis o descrédito no qual instintivamente caímos após cada desilusão mais forte com relação ao andamento do progresso espiritual de nossa Terra. Sabemos que a fé, a esperança e a caridade para com o próximo são as virtudes nas quais nos devemos escudar, na luta pela vitória dos princípios que abraçamos. Entretanto, não nos podemos furtar à revolta que sorrateiramente se insinua em nosso ânimo ao contemplar a derrota, mesmo que temporária, dos ideais abraçados. Nestes momentos compreendemos por que as pessoas que não possuam uma fé muito grande onde amparar-se desnorteiam-se e desanimam por completo.

Perdoe-nos a divagação, mas são esses os motivos pelos quais não pressentimos ainda a consolidação a que vos referis.

RAMATIS — Por acaso desconheceis que a saúde, muitas vezes, é garantida pela reação provocada através da inoculação do mal capaz de promover uma reação em grande escala?


PERGUNTA — Como interpretar melhor essa afirmação no caso atual?

RAMATIS — Em épocas normais filtrais a água que bebeis. Porém, quando há epidemias, é necessário fervê-la. Embora haja uma perda de certas qualidades desse líquido indispensável à vida, a situação de emergência assim exige. Uma certa desvantagem temporária é aceita como garantia de sobrevivência, com possibilidade de sanar futuramente os males inevitáveis.

Da mesma forma, às terras brasileiras vieram desembocar coletividades das mais diversas origens, num processo de escoamento psicológico semelhante ao das águas provenientes de diversas enxurradas após grandes tempestades, que ainda continuarão a repetir-se, lamentavelmente. Nessas épocas tormentosas escorrem das montanhas todos os detritos, os rios transbordam, há infiltrações de águas poluídas na rede de encanamentos normalmente defendidas por um saneamento cuidadoso. Então, apesar das vantagens da fertilização do solo, da higienização da atmosfera e do enriquecimento dos mananciais, graves consequências surgiriam se não houvesse o cuidado de ferver a água antes de ser ingerida. Da mesma forma, cuidados especiais são exigidos na preparação psicológica de um povo cuja missão é servir de escoadouro para todas as correntes migratórias da Terra, no momento em que grandes tempestades saneiam a atmosfera espiritual humana.


PERGUNTA — Quais seriam esses cuidados especiais?

RAMATIS — Para o bom andamento do progresso das coletividades, tomam-se as precauções indispensáveis, capazes de estabelecer um processo de triagem ou penetramento, no qual somente as atividades capazes de impulsionar o bem-estar geral são permitidas. Essa defesa da sociedade é comparável a uma filtragem, capaz de defender o organismo humano do contágio inevitável de micróbios no trajeto da água entre a fonte e o final da rede de abastecimento. O ideal seria conseguir a água na pureza de sua nascente, sem o perigo das contaminações, mas, de modo geral, isso não é possível às coletividades numerosas. Assim, também, as criaturas, de modo geral, não podem beber a "água da vida" com toda a sua pureza e necessitam de artifícios capazes de defendê-las de males ainda inevitáveis de modo absoluto.

A Humanidade passa por uma fase decisiva, semelhante àquelas ocasiões em que a atmosfera se apresenta carregada e, após um período de perigosas tensões, um escoamento dramático se faz sentir. Desencadeiam-se as reações da Natureza e há o transbordamento das energias incontroláveis. Surgem à tona negativismos longamente represados individual e coletivamente. Todas as tensões mantidas em segredo pelo sistema de contenção necessário à sobrevivência da sociedade vêm à tona e encrespa-se a superfície do oceano psicológico humano, para denotar as profundezas de uma reação coletiva necessária ao fluxo e refluxo representado no progresso, que muitas vezes é realizado através de aparentes retrocessos.

Em virtude da enxurrada, a rede de saneamento perde seu valor habitual defensivo e o sistema normalmente utilizado para a purificação da água torna-se insuficiente. Processa-se então um desajuste geral e a contaminação psicológica generaliza-se.

Esse desencadeamento de forças negativas, até então represadas, provoca uma necessidade de reação e, na medida, em que ela se fizer, consolidam-se as possibilidades de realização positiva.

Confirmando o ditado popular que afirma "há males que vêm para bem", a visão apocalíptica da animalidade desencadeada, com todas as suas consequências depreciativas dos valores morais, consegue despertar reações psicológicas positivas na alma cuja contabilidade espiritual já revela um saldo favorável de conquistas, por mínimas que sejam. Há uma necessidade premente de definir valores, quando estes encontram-se "em xeque". Desencadeia-se uma polêmica geral e a evidência em que o erro se encontra colocado, representando uma aparente preponderância, serve para provocar reações defensivas naqueles que já são capazes de sentir as desvantagens das situações negativas. Alguns, por convicção gerada por conhecimentos espirituais cultivados conscientemente, outros, por se sentirem como que intoxicados no grau máximo de saturação suportável a espíritos não propensos ao erro deliberado, sentem-se necessitados de "fazer alguma coisa" para encontrar uma solução interior capaz de sanar a insatisfação com o panorama geral.

Certo que, numa fase como essa, as reações descritas não poderão oferecer um dique suficientemente poderoso para deter o turbilhonar das impressões de retrocesso espiritual que marcam a era apocalíptica. Porém, no panorama interior de cada ser induzido pelo processo de renovação interna, esboça-se uma fase de recapitulação dos valores morais que se sentem, por assim dizer, desafiados a uma definição mais completa, para o sim ou para o não.

Eis por que o desabrochar de uma fase de consolidação de valores não pode realmente ser capaz de imprimir, no panorama externo, as impressões positivas que seriam de desejar. Trava-se uma batalha no plano espiritual que só o futuro será capaz de demonstrar, através da obra que externamente será uma demonstração da renovação que se fez no silêncio de cada alma.


PERGUNTA — Um sentimento profundo de compaixão, em relação às almas que se encontram nessa batalha interior, nos faz perguntar se não haveria outra forma de provocar essa consolidação de valores.

RAMATIS — Em épocas normais os germes das próprias deficiências prolongariam, tranquilamente, sua tarefa desagregadora e "águas poluídas" em pequena escala não seriam percebidas. Continuaria o processo normal de "filtragem" que não consegue isolar os germes mais sutis e perigosos. Ao contrário, a situação de calamidade pública alerta a coletividade para a necessidade de "ferver a água" destruindo de maneira eficaz o germe do mal causador de moléstias graves e que, em épocas normais, não estaria liberado em toda a sua potencialidade, não deixando, porém, de existir.

A quem tem "olhos de ver" seria mais digno de compaixão o espírito que se estivesse intoxicando, lentamente, sem mesmo o perceber. A situação de choque, embora desagradável, é uma forma de alertar os que por si mesmos não se interessaram a tempo pela renovação necessária. É uma bênção do Senhor esse trabalho de alerta que as próprias forças negativas se incumbem de fazer. A sabedoria popular identificou que "Deus escreve direito por linhas tortas". O festival sombrio do erro é o seu próprio antídoto. O cansaço, a insatisfação, gerados pela predominância das situações negativas, forçam as almas em posição limítrofe a se definirem.


PERGUNTA — Perdoe-nos a insistência, mas que dizeis sobre os que não se encontram nessa situação limítrofe e sucumbem por falta de resistência ao erro posto assim em evidência?

RAMATIS — Faz parte da fase de consolidação essa inevitável definição de valores. As almas débeis, porém de boa-vontade, têm nessa época dramática um apoio redobrado. Já deveis ter percebido que, paralelamente ao erro que se evidencia, sinais dos tempos são fornecidos de maneira generosa. A batalha é travada e não há deficiência de recursos para os que escolheram o lado da "direita do Cristo". Só aos que escolherem deliberadamente a oposição aos desígnios eternos será impossível a reação.

As ovelhas ainda não fortalecidas nos conselhos evangélicos mas que, por espontânea vontade, vencendo a própria inércia espiritual, buscarem o aprisco divino, serão recolhidas e assim estarão defendidas do predomínio do mal.

Quanto às que se negarem a mover-se em direção ao abrigo evangélico, terão feito sua escolha. Porém, não poderão alegar falta de socorro. A Justiça Divina, que é toda Amor, por mil modos, espalhou sobre a Terra nessa fase decisiva os chamamentos dentro das características capazes de tocar cada espírito em suas preferências.

Dessa forma, podeis concluir que a consolidação a que nos referimos é essencialmente psicológica. Faz-se no íntimo de cada qual quando o panorama conturbado da vida no planeta exige definições íntimas. No plano espiritual "as ovelhas colocam-se à direita e à esquerda do Cristo", cada qual lutando por manter suas posições e dessa forma consolidando-as.

Definido o panorama, surge o momento de proporcionar os meios de desenvolvimento às tarefas escolhidas pelas facções no respeito básico e indispensável ao livre-arbítrio, dentro das leis gerais do Universo.

Proporciona-se a cada um o ambiente propício às suas realizações e como não será possível a coexistência dos objetivos, com proveito geral, caminhos diferentes são tomados dentro das diretrizes evangélicas de dar "a cada qual segundo as suas obras".

Afastados aqueles que, deliberadamente, permaneceram em oposição à realização da Lei, surgirá a fase na qual os obstáculos poderão ser vencidos por um esforço geral no sentido da reconstrução do reino de Deus na Terra, cujo ambiente paradisíaco fora maculado pelo engodo da serpente.

E a paz reinará entre os homens de boa-vontade para que aprendam, à custa do próprio suor, a lição árdua que foi iniciada pelas lágrimas do arrependimento e da dor.

Nessa época, o "gigante" sentirá como um frêmito de vida nova e uma alegria espiritual sem par despertará todos os seus filhos para a tarefa de Amor que há 2.000 anos o Senhor iniciou na Terra. A paz, a alegria, o perdão, a felicidade, enfim, serão encontrados na terra em que o Senhor lançou a semente dos "pequeninos que verão a Deus". E a visão apocalíptica da dor será transformada no campo fértil de uma realidade que não será suficientemente tranquila para aqueles que desejarem repouso definitivo, mas que oferecerá todas as oportunidades de trabalho renovador às almas capazes de valorizar as bênçãos da participação na construção do futuro.

Finalmente, aqueles que, fracos ainda, se achegarem aos servos ativos, ver-se-ão arrastados pelo contágio do Bem e o Senhor surgirá a seus olhos como o Amigo, o Mestre cuja lição aprenderão a amar e a seguir.

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