sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Precisaremos nos reeducar para desconstruir a atual naturalização da violência
(7dez2012)


Próximo capítulo do livro "Brasil, Terra de Promissão", publicado em 1969, ditado pelo espírito de Ramatis e psicografado por América Paoliello Marques.

Os capítulos anteriores, postados neste blog acompanhando a ordem em que são postos no livro, mas com títulos de chamada elaborados por mim, são:
O Brasil sob um ponto de vista espiritualista (ver AQUI)
As funções das etnias constituintes do povo brasileiro (ver AQUI)
Breve análise da história do Brasil do ponto de vista da espiritualidade (ver AQUI)
O papel da coletividade brasileira ante a derrocada dos valores materiais da Terra (ver AQUI)
Amálgama e constituição de um novo patriotismo no Brasil (ver AQUI)
A laboriosa formação do povo brasileiro como humilde mensageiro sobre a Nova Era (ver AQUI)
O Brasil é uma nação que foi preparada para as mudanças que virão (ver AQUI)
A herança espiritual brasileira (ver AQUI)
A verdadeira liderança somente pode ser exercida por quem se identifica com os que sofrem (ver AQUI).
O desencadeamento de forças negativas provoca uma necessidade de reação positiva (ver AQUI).
Convite fraterno à intelectualidade para que participe da compreensão do plano geral da vida (ver AQUI). 
Norma áurea da vida: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei" (ver AQUI).


Parte II - Realização


6 – Harmonia



PERGUNTA — Como obter harmonia no ambiente espiritual da Terra?

RAMATIS — A harmonia tem sido para os homens uma realização utópica, alguma coisa só obtida nos contos de fadas após imensas batalhas do Bem contra o Mal e, assim mesmo, geralmente, pela intervenção de fada providencial. Os personagens símbolos do Bem, possuidores de todas as virtudes, sofrem durante a narrativa os horrores da perseguição dos maus que são inteiramente maus.

Esta forma primitiva de exposição da eterna luta pela evolução, engloba, numa fórmula simplista, o complexo movimento das forças opostas responsáveis pela evolução. Trata-se de um esquema psicológico de grande valor iniciático, se bem atentarmos para o que se encontra oculto sob o aspecto meramente fantástico.

Sabendo que nada existe absolutamente bom nem absolutamente mau sobre a Terra, podemos transportar o tema dos contos de fada para o terreno do espírito, representando o mal e o bem existentes na alma pelos personagens que, respectivamente, os simbolizam.

Teremos então obtido a fórmula necessária à obtenção da harmonia: após a batalha inevitável das forças involuídas e das que já se ajustam ao Bem pela persistência, renúncia, amor e tolerância, o polo positivo condensa energias que o sustentam. Em contraposição, a desagregação se apossa do elemento incapazes de conduzir-se no sentido da harmonização com o Todo, e que buscava defender-se pela apropriação inédita dos bens da vida.

Em seu conteúdo, os contos de fadas expõem, de forma rocambolesca, a grande batalha em que todos os seres se encontram envoltos. Nesses pequenos relatos o homem encontra a demonstração clara da fórmula capaz de fornecer-lhe o mesmo final feliz — a harmonia.


PERGUNTA — Segundo a linha de vossas comparações, em nosso caso especial, qual fato seria tão decisivo que pudesse representar a intervenção providencial da fada protetora?

RAMATIS — A fada protetora, na lógica perfeita dos contos de fadas, apresenta-se sempre após o período indispensável, no qual seu tutelado teve oportunidade de dar testemunhos convincentes de bons propósitos. Lutando, sofrendo injustiças, padecendo, enfim, conserva-se o herói da história numa perfeita coerência com os defensores do Bem. Ora, seria lógico, também, que desse modo as forças ocultas, a essa altura do relato, já estivessem numa contingência moral de agir decisivamente, não porque até então se houvessem omitido, porém, simplesmente, porque aguardavam o momento de intervir sem interferir no processo de consolidação das virtudes angélicas de seus tutelados.

Esse sublime mecanismo, apresentado de forma enternecedora nos belos relatos que comoveram vossa infância, transfere-se, de forma perfeita, para a vida e comanda o progresso dos espíritos.

Infelizmente o homem perdeu a fé que o faria capaz de, adulto, perseverar a exemplo de seus heróis da infância. Assim, a geração atual ridiculariza os "contos da carochinha" que "embalam" o espírito crédulo da Humanidade do passado em sua infância ingênua.

Na realidade, viveis uma fase que pode ser comparada ao capítulo no qual a feiticeira cozinha, na retortas, seus filtros peçonhentos. O mau cheiro s exala por todo o ambiente e ela própria se impregna das emanações do veneno terrível. Porém, não longe dali, existem, nas páginas seguintes, as impressões de bondade dos personagens que, inocentemente, continuam sua labuta no Bem.

Impregnados pelo odor nauseabundo das elucubrações mentais de caráter destrutivo, o homem atual permanece como hipnotizado diante do cenário de feitiçaria onde a discórdia, o medo, a irreflexão e intransigência se filtram através de todas as epidermes. Enquanto a bruxa da discórdia mexe seus caldeirões, as vítimas encontram-se paralisadas de horror.

Porém, alegrem-se os que não aderirem, por fraqueza lamentável, aos movimentos da megera. Embora em minoria de forças no momento, estarão catalisando energias positivas responsáveis pela imantação de seus espíritos às forças controladoras do Bem. Efetivada a necessária polarização, os representante da "magia branca" terão encontrado campo para agir no ambiente, por mais impregnado de "bruxaria" que ele se encontre.

A paciência, a fraqueza aparente, o sofrimento sem nome dos heróis dos contos de fadas, que vos parecem vítimas de um sadismo inexplicável do destino, simbolizam para vós a necessária força interior que habilita o espírito a escoar, através de si, o recursos superiores que sustentam a vida.

É dessa forma que, realmente, o espírito testemunha seu amor à Verdade que na Terra, ainda, não tem o seu "habitat". Galardoado pelas profundas cidades espirituais que então se abrem para ele, recebe a visita da Fada do Bem, a iluminação interior capaz de proporcionar-lhe a harmonia.

O engano em que vêm laborando os homens, geração após geração, é julgar que devem levar ao pé da letra o simbolismo dos contos de fadas. Embora se julguem portadores de mentalidade adulta, ainda não entenderam que o reino conquistado pela princesa indefesa e o amor com que o príncipe a defende no final da estória representam a vitória do espírito sobre a matéria, a conquista do plano superior que esses personagens simbolizam e a ingênua felicidade que daí por diante passam a desfrutar reside inteiramente nos países interiores do espírito.

Então, como os bons ainda não "herdaram a Terra", desesperam e negam-se a continuar colaborando pacientemente na seara do Bem.

Desejamos lembrar, no entanto, que, assim como a polarização se faz com o sofrimento, pela perseverança no Bem para cada indivíduo, coletivamente, o mesmo fenômeno se dá.

A Humanidade passa por reveses semelhantes aos dos meninos terrificados diante do caldeirão da bruxa, porém, os que conservam a alma limpa de conivência consciente com a "bruxaria" do mal, contribuem para o efeito de polarização da Terra com as forças positivas, que terminarão por conseguir uma "cabeça de ponte" para penetrar de forma decisiva no cenário terrestre.


PERGUNTA — Como transferir esses conceitos para os problemas cruciais de nossa terra?

RAMATIS — Brasil, terra da promissão, celeiro do mundo, pátria do Evangelho, país do futuro — todas essas expressões têm consagrado e resumido as esperanças que intuitivamente os homens de diversas origens terrenas depositam na vida futura.

Nem mesmo a mais obscura realidade espiritual que viveis conseguiu apagar a divina intuição que afirma, no âmago da alma dos seres sensíveis, que o país encantado da felicidade precisa existir em alguma parte sobre a Terra.

As criações do pensamento humano, reveladas sob forma de fantasia, representam uma necessidade íntima de expressar realidades pressentidas em planos inexplicáveis à mentalidade comum.

Quando os segredos da mente humana forem devassados (e esse dia não se encontra longe) os homens de ciência poderão comprovar que as fantasias não representam somente uma necessidade de escape à realidade grosseira e indesejável, mas, sim, a expressão das realidades percebidas num plano que poderíeis chamar de "supranormal".

As fantasias apresentadas nos contos de fadas são roteiros simbólicos fornecidos à alma infantil. Suas representações mentais forneciam, insensivelmente, à juventude uma base psicológica não identificada mas incorporada nos moldes mentais. O proceder instintivo dos jovens de antanho era marcado pelo dualismo simplista dos contos de fadas — sentiam-se colaboradores de feiticeira ou abençoados afilhados do bem, conforme se opusessem ou não às forças positivas.

Essa base psicológica profunda, embora não expressa nem identificada, traduzia-se em aspectos mais seguros porque influenciados por forças superiores que na realidade existem, embora escapando à compreensão total humana.

Respeitava-se e temia-se a bruxaria do mal, evitando-a para merecer o beneplácito do bem.

Hoje as retortas das feiticeiras tornaram-se inofensivas e ridículas. As emanações fétidas e virulentas que elas poderiam exalar encontrariam antídoto nos mais simples laboratórios modernos e ao seu poder destruidor o homem oporia um arsenal incalculável de armas potentes.

Destruiu-se o simbolismo representativo do mal que fornecia a base psicológica para o combate ao erro. Qualquer criança atualmente seria capaz de planejar uma saída estratégica para Joãozinho e Maria, que facilmente teriam um revólver, nem que fosse de brinquedo, para obrigar a bruxa a soltá-los.

E, na mentalidade incompleta da infância, a crença na proteção superior se esvai e mais fé merece a violência contra a própria violência. Os valores da resistência moral desbotaram-se, desde que a força é quem faz os heróis capazes de competir com as bruxas em maquiavelismo destruidor.

Tristes lições são hoje fornecidas à infância, na vida real. O trauma psicológico proporcionado pelo negror das cenas fantásticas dos contos da carochinha empalidecem diante das cenas diárias de atitudes antifraternas servidas "à sobremesa" pelo aparelho televisor. A prepotência intransigente da era patriarcal bem pouco deformava a alma infantil em relação ao convívio mental que hoje desfruta com facínoras e criminosos científicos dotados da mais perfeita brutalidade de sentimentos. E nessa era dramática, em que o terror encontrou meios de se concretizar aos olhos da infância, justifica-se o sorriso irônico diante das frágeis feiticeiras do passado, não se justificando, porém, o falso puritanismo com que se condena sua influência nociva sobre a mente infantil.

Que substituição está sendo feita na época atual para a intervenção da fada madrinha? Num tribunal pedagógico os autores daquelas fantasias seriam facilmente absolvidos, com a condenação consequente das realidades atuais mais "negativamente fantasiosas" do que os obscuros eventos do país de ficção.

Os brasileiros encontrarão no panorama mundial a mesma atitude psicológica que se revelaria numa assembleia à qual hoje nos dispuséssemos a introduzir ingênuos contos de fadas, como coisas dignas de atenção.

Quando o desenlace fatal se fizer sentir, sereis conduzidos a reeducar-vos como uma coletividade que, sentindo a gravidade de seus processos de vida, precisa retornar e habituar-se à simplicidade.


PERGUNTA — Por acaso os brasileiros escapam à responsabilidade da situação atual? A desarmonia que impregna a Humanidade não está também entre nós?

RAMATIS — Dissemos que tereis de vos reeducar para cumprir aquela tarefa de despertamento espiritual da Humanidade, vós que ainda não tereis cumprido uma missão de âmbito mundial para a qual estareis especificamente destinados pelas possibilidades latentes. Sereis as almas permeáveis à influência que se fará necessária no momento de crise. Não sereis isentos de responsabilidades e a prova é que estareis chamados a desfazer equívocos para os quais influístes em sucessivas ocasiões.


PERGUNTA — Quando nos confiastes os títulos de todos os capítulos da presente obra, imaginamos que em "Harmonia" estaria sendo designada a parte referente à época feliz da plena realização do Bem através de todas as consciências na Terra. Estaríamos enganados?

RAMATIS — Felizes os servos que sonham e amam por antecipação o Reino de Deus. Seus corações se enobrecem na antevisão da Paz espiritual, herança inalienável de Seu Pai Celestial. O Amor é o clima pelo qual suspiram e aos poucos seus espíritos se renovarão para concretizar os sonhos que acalentam.

Porém, quando designamos por Harmonia o presente capítulo referíamo-nos à harmonização dos destinos da coletividade brasileira com os desígnios da Espiritualidade. Harmonia é para nós um conceito essencialmente dinâmico. Jesus estava no pleno gozo da Harmonia quando lutava entre os homens para expandir a Luz entre as trevas. Harmonia é representada por toda situação em que alguém sintoniza com o Bem, mesmo que à sua volta o contrário se faça sentir.


PERGUNTA — Perdoe-nos o nosso irmão mas não conseguimos conceber a felicidade e a harmonia diante de um panorama caótico. A nosso ver, a tribulação é contagiante e as duras penas de uns automaticamente atingem os circunstantes, especialmente se estes últimos não são insensíveis ao sofrimento do próximo. Sendo assim como compreender vossas afirmações?

RAMATIS — Analisando as características humanas, realmente seria impossível aceitardes nossa interpretação dos fatos se já não tivésseis vivido experiências análogas.

Não nos referimos à harmonia perfeita entre os homens. Esta será conquista bem mais adiantada. Surgirá num futuro mais remoto. Referimo-nos à harmonia de uma coletividade com seu destino, com a missão que lhe compete, com a inspiração do Bem que lhe cabe realizar.

Sucederá então como se um indivíduo, que se visse ameaçado de moléstias, decorrentes de longa estagnação, se erguesse e começasse a agir facilitando a circulação do sangue e consequente renovação celular. Poder-se-ia afirmar que entrou em harmonia seja qual for a tarefa que execute. Essa harmonização, observada sob um aspecto exclusivamente físico, tem seu correspondente espiritual. Uma coletividade que se ergue e inicia a execução de suas funções históricas, harmoniza-se com a Lei renovando-se para um crescimento futuro.

Sob o aspecto individual já tendes suficiente experiência no campo da espiritualidade para saber que a desarmonia interior é decorrente da quebra dos liames do amor e da confiança em Deus. Mesmo as almas ternas compadecem-se do sofrimento alheio sem se desarmonizarem, por acreditarem firmemente na benevolência do Eterno. Para essas almas o sofrimento é a escola renovadora e a situação problemática de seu irmão não empana a visão espiritual dos benefícios a serem recolhidos. Em consequência, não lhes destroem a harmonia, por mais condoídas que se encontrem pelos padecimentos do próximo.

Para comprovarem seu amor ao próximo, não se sentem constrangidas a prejudicar seu amor a Deus, desequilibrando-se pela falta de fé na benevolência do Pai que prove com amor e justiça o processo renovador de cada um de seus filhos.

Desse modo não vemos desacordo possível entre a harmonia interna e a desarmonia ambiente, a não ser nessas almas ainda frágeis, incapazes de se escudarem no verdadeiro Amor.

Alertai-vos quanto à necessidade de reformulardes vossos conceitos de vida à luz de um sentimento esclarecido de amor. Libertai-vos das viciações do sentimento que vos fazem confundir fraqueza com ternura. As almas realmente ternas o são primordialmente em relação às bênçãos do Amor de Deus. Sentem, com profunda alegria espiritual, a grandiosidade do Amor que vive esparso sobre todos os seres e não recriminam as Leis desse Amor quando realizam as necessárias correções a bem do equilíbrio.

O Amor jamais será inoperante. Onde haja engano sua missão será corrigir alertando para o Bem.

Quando uma alma ou uma coletividade se impregna dessa consciência grandiosa de colaboradora do Eterno, seja qual for a situação circundante, ela entrará em harmonia.

Será assim que o Brasil crescerá no conceito dos povos, quando todas as suas potencialidades forem mobilizadas a bem da preservação da vida no planeta. Sua missão de harmonia será constituída pelo laço de Amor fraterno em que se constituirá junto a todas as coletividades, sem distinção de raça, credo político ou convicção religiosa.

A Era da Fraternidade terá seu representante legítimo no povo que ampara com amor o ferido, o deserdado, o vencido. Quando o erro implantar seu reinado na Terra, com a bestialidade característica dos instintos não mais contidos, e em todo o seu vigor cavalgar no  dorso veloz das civilizações superequipadas sob o aspecto material, o reinado da dor implantado em toda a Terra exigirá renovações só capazes de darem junto à alma acolhedora de quem sabe amar, em silêncio, os aflitos.

Desfeita a capa do egoísmo humano que mantinha a venda do orgulho nos olhos das grandes nações pioneiras do progresso material, os "fracos" herdarão a Terra, os que se sentirem desarmados materialmente falando, pois serão capazes de pensar em termos de socorro e renovação. Seus espíritos não estarão seriamente empenhados na disputa do ódio, mas serão irresistivelmente atraídos à tarefa do crescimento espiritual da Humanidade.

A Era da Fraternidade já está sendo construída pelas almas que trabalham em silêncio para a conservação das verdades evangélicas. Quando os herdeiros do Cristo tomarem posse da Terra, não haverá preocupações pessoais. Será iniciado o reino do Amor, no qual todos os filhos de Deus servirão a um só objetivo — impulsionar a realização do Bem de maneira impessoal.

Firmai-vos nesses conceitos. Vivei por antecipação o Reino de Deus que foi iniciado há 2.000 anos.

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