Por Helena Sthephanowitz publicado no sítio Rede Brasil Atual em 1 de agosto de 2013
Se os médicos e os planos privados de saúde que querem boicotar o programa "Mais Médicos" quiseram dar um tiro no pé, não poderiam ter feito melhor.
Do total de 18.450 médicos inscritos no programa federal de saúde pública, 7.278 tiveram CRMs considerados inválidos (CRM é o registro profissional do profissional de saúde junto ao Conselho Regional de Medicina), depois de finalizado o prazo para a confirmação de inscrições e das intenções reais de participar do programa que pretende ampliar o atendimento de saúde pública no interior do país.
Errar o número do CRM para um médico é algo tão primário como errar o CPF ao abrir uma conta em banco. Quase ninguém em sã consciência e de boa fé, erra. Os poucos casos que erram, corrigem. O número elevadíssimo de CRM's incorretos declarados depõe contra a imagem destes médicos (claro que não podemos generalizar, pois existem muitos profissionais decentes que reprovam essas más condutas).
As conclusões e indagações a que se pode chegar são:
Esses médicos se inscreveram "de molecagem", para tumultuar. Obviamente isso é uma tremenda falta de caráter, além de crime de falsidade ideológica. Os Conselhos de Medicina deveriam punir com rigor esse tipo de médico, em vez de defendê-los.
Será que quase metade dos médicos brasileiros seriam "analfabetos funcionais", a ponto de não saberem preencher um formulário de inscrição corretamente? Ou seriam muito "distraídos", a ponto de se "enganar" com o número de seu próprio CRM?
Será que outros seriam "analfabetos" ou "descuidados" para não saberem ler os termos do programa, antes de se inscreverem, escolherem seis opções de cidade, para depois dizer que desistiram por causa dos termos do programa?
Em qualquer dos casos, não daria para confiar num diagnóstico ou numa receita de um médico destes? Afinal quem "erra" até CRM por que não erraria um diagnóstico ou uma prescrição?
Ainda bem que não apresentaram a documentação e não serão contratados, para o bem da saúde dos pacientes do SUS. As pessoas que buscam atendimento na rede privada que se cuidem e procurem se informar para que tipo de pessoa estão delegando os cuidados com sua saúde.
De resto, parabéns aos 3.891 médicos brasileiros que entregaram com seriedade a documentação exigida, e bem vindos os futuros médicos estrangeiros, que querem trabalhar no SUS e atender a população que não pode pagar os planos de saúde privados, que além de tudo querem impedir oss que não podem pagar de terem acesso ao atendimento médico pelo SUS.
Essa conduta acende o alerta de que há algo muito errado com certa medicina privada no Brasil (de novo, sem generalizar). Se há tanta gente que faz isso com um mero cadastro de inscrição, o que não poderia fazer nas infames fraudes em convênios com o SUS que sangram os cofres públicos?
Em tempo: 766 médicos estrangeiros (mais correto é dizer com diploma conquistado em cursos no exterior), também completaram a inscrição. A próxima seleção do programa será aberta no dia 15, para preencher as vagas que ainda remanescentes, não ocupadas pelos profissionais nacionais, caso nossa classe médica confirme o desinteresse pelo programa do governo federal.
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