Ultimamente tenho deixado de publicar postagens porque estou evitando emitir juízos em relação a pessoas ou instituições, principalmente se esses juízos forem negativos. As cargas emocionais na internet são tremendas. Há animosidades de todos os tipos e uma tendência, em muitas das publicações, para a negatividade. Aliás, tenho tentado sempre me colocar na pele do outro buscando, com isso, imaginar quais são os condicionantes que o fazem agir desta ou daquela maneira que todos julgam como inadequada.
Há tempos, logo no início deste blog eu me preocupava com a falta de ação das pessoas. Havia uma inanição ante tudo de massacrante que a maioria dos políticos, a elite e o sistema financeiro nos empurravam goela abaixo. Havia, e era evidente, um escárnio de certos políticos com relação ao verdadeiro bem-estar da população do país, dos estados, dos municípios, e me incomodava que ainda elegêssemos, para nos representar - nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas e no Congresso Nacional -,pessoas que são absolutamente envolvidas com a ampliação de seu próprio poder econômico. Ainda espero pela manifestação legítima e pacífica de cidadãos que venham às ruas para expressar suas vontades e necessidades. O que agora está ocorrendo não me representa. Não acredito e não aceito a violência qualquer que seja o seu autor, seja em que âmbito for.
Os donos do poder econômico se elegendo, ou elegendo suas marionetes, vão mesmo se voltar para a construção de um país mais igualitário? Ora, é evidente que a distribuição de renda implica em que quem tem mais deve abrir mão de uma parte do que tem em prol de quem tem menos. Não é assim? Daí a verdadeira guerra entre interesses conflitantes que vem se instalando no mundo e no Brasil. Qual latifundiário vai querer tratar decentemente de uma reforma agrária ou dos direitos indígenas? Qual representante dos banqueiros vai querer uma política fiscal mais justa ou uma politica de juros baixos? Qual componente da bancada evangélica vai se apresentar para debater com dignidade direitos de todos os cidadãos, religiosos ou não, à sexualidade ou ao aborto, cujas limitações deveriam ficar restritas ao âmbito das suas próprias igrejas. Por que querer impor a todos as proibições que as igrejas impõem aos seus fieis? A igreja não pode dar conta de suas próprias proibições, tendo que estender as mesmas a todos os cidadãos de uma república que é laica? Quem é evangélico ou católico não fará aborto mesmo que a lei permita isso. Os homossexuais evangélicos continuarão escondidos e infelizes em seus respectivos armários mesmo que haja em todo o país o respeito institucional e cultural às diferenças. Sua submissão a fundamentalismos religiosos passa pelo seu livre arbítrio e pela capacidade das religiões os envolverem nos medos ante um Deus vingador e, nestes casos, bem pouco amoroso.
Posturas homofóbicas estão umbilicalmente ligadas aos gracejos e xingamentos que crianças disparam contra seus colegas na escola, levando muitos jovens e crianças a dar cabo prematuramente de suas vidas. É isso o que a intolerância gera...
Nesta semana, na Carolina do Norte, Estados Unidos, um garoto de 11 anos tentou o suicídio. Seus pais o encontraram ainda com vida, mas ele está em coma e os médicos dizem que provavelmente ficará com graves sequelas devido ao longo tempo em que seu cérebro recebeu pouca oxigenação. A intolerância arrasa toda uma família.
Mas chamo a atenção dos leitores, e aqui estou levantando o que tem de positivo e bonito nesta notícia, para a atitude dos pais em relação ao filho e aos acontecimentos que levaram à sua desesperada atitude. Sugiro que leiam a notícia que está postada no site Pragmatismo Político (a matéria é curtinha e não vai tomar muito de seu tempo) e vejam se concordam comigo quando afirmo que esses pais são amorosos e compassivos, independentemente de serem ou não religiosos (suas falas não dão pistas sobre isso). AMOR é a palavra que resume as suas atitudes e que transcende a sua dor. É reconfortante saber que pessoas assim existem, e que não vivem ainda na base do "olho por olho, dente por dente".
Acredito totalmente que nossa única saída está em acordarmos para enxergar o que está sendo esfregado em nossa cara, não aceitando passivamente que sejamos escorchados pelos donos do poder econômico e por supostas lideranças políticas ou populares, e reagirmos não violentamente, mas com muito AMOR para encaminharmos verdadeiras e úteis mudanças no mundo. Mostrar nossa vontade de que o mundo seja melhor e mais justo, mas sobretudo fazer isso de forma amorosa, pacífica e compassiva.
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