quinta-feira, 13 de março de 2014

Vamos acordar, sim!
(13mar2014)

Meu recolhimento quanto à publicação de postagens neste blog não significa que minha cabeça não esteja a mil por hora. Significa, sim, que não quero contribuir com os jogos diversionistas que ora prevalecem em mídias sociais e na grande mídia.

Ao decidir não julgar e nem tomar partidos, percebi quão difícil fica escrever sobre qualquer assunto, mesmo tendo em mente que minha busca é por uma vida pacífica, saudável, amorosa, em um ambiente de cooperação igualitário.

Nós, brasileiros, entre outros, vivemos num país imensamente rico, em que milhões de trabalhadores se esfalfam cotidianamente para produzir bens e valores que são imediatamente sugados por uma minoria, que deles se locupleta.

Para que sigamos mourejando nesse cotidiano, essa minoria nos distrai com falsas dicotomias.

No meio político vemos "nossos representantes" se batendo para ver quem é mais útil para a minoria que, de fato, exerce o poder. Esse não é um fenômeno brasileiro, mas mundial, sem exceção. Não há bons e maus nessa história, porque os verdadeiramente puros de intenções sequer chegam perto de adentrar a arena política. No máximo, eles podem servir como massa de manobra útil na base de qualquer partido, não lhe sendo dado qualquer espaço real para tentar implementar suas ideias.

Consequência: vamos ter que escolher (votar) aaqueles que menos danos causem à causa da distribuição mais igualitária de riquezas. Estou ciente de que qualquer político que ousar tentar implantar um projeto profundamente distributivo será imediatamente torpedeado e, por todos os meios imorais disponíveis para a poderosa minoria, transformado num "monstro" a ser severamente combatido e ridicularizado pelo povo. Isso se faz com muita facilidade, dada a vascularidade das redes sociais na repercussão de denúncias falsas. Repercutir falsidades dá um estranho prazer a um número imenso de pessoas, que nunca se preocupam em averiguar a fonte das "informações" que replica em seus blogs ou suas páginas nas redes.

Aliás, há poucos dias eu fechei minha conta no Facebook. Chega de me envenenar com tantas invencionices estapafúrdias que por ali circulam, tornando pesado um espaço que seria ótimo para reencontrar velhos amigos, fazer novos amigos, manter contato com a família. Liberdade! Consegui me libertar dessa "necessidade" de me manter sempre conectado a tudo e a todos.

O processo de nos dividir em pequenos grupos está a pleno vapor. Estimula-se a separação por origem (nordestinos versus não nordestinos, brasileiros versus argentinos, russos versus americanos etc.), por etnia (brancos, pretos, amarelos, vermelhos), por opções esportivas (corintianos matando palmeirenses, flamenguistas agredindo vascaínos, e vice-versa, e versa-e-vice), por orientação sexual, por religião (onde líderes "religiosos" estimulam seus seguidores a desdenhar e desrespeitar fieis de outras religiões).

Querem nos transformar em um imenso conjunto de pequenas tribos ou gangues, todos lutando contra todos. E todos plenamente distraídos do grande fato de que nossos direitos são continuamente reduzidos a partir da implantação do medo. Medo de sair de casa. Medo daquele cara suspeito. Medo da crise econômica. Medo do corintiano. Medo do perigo gay. Medo da política. Medo da polícia. Medo do povo. Medo dos meninos no shopping.

Com medo, nos encolhemos e nos tornamos guerreiros lutando contra tudo e todos tendo em mente a nossa sobrevivência e a da nossa família. Os outros que se lixem, certo? Cada um quer garantir o seu, num mundo tão cheio de perigos plantados pela mídia, pela indústria de entretenimento, pelos jogos eletrônicos. Em todo lugar ou situação que poderia ser aprazível é colocado um sinal de perigo. Amigos que matam, Seu vizinho assassino, Amores bandidos, Suspeito improvável etc. etc. são marcas de programas televisivos, seriados, ou mesmo são temas embutidos em programas sobre polícia, nos noticiários. Tudo para nos induzir ao medo generalizado de tudo e de todos os que nos cercam. Tudo para abrirmos mão de pensar e de caminhar no sentido que gostaríamos para levarmos uma vida calma e sensata que fosse fruto da cooperação entre todos, da confiança mútua, do bem-querer, do reconhecimento da riqueza que há na diversidade de origens, etnias, culturas, gostos esportivos, das percepções de sensualidade.

Por tudo isso, não embarco mais em boa parte dessa trama. Eu quero e vou continuar querendo ser feliz, e ser feliz com os outros, e não apesar dos outros. Acredito que um mundo melhor é possível com aquilo de que dispomos agora. Para começar precisamos deixar  de entrar nessas falsas dualidades que vivem nos impingindo. O mundo é mais do que isso. O mundo nos oferece muito e muito pouco tem podido chegar às nossas mãos ao escapar das mãos da minoria poderosa. Aquela que os criadores do movimento Occupy Wall Street denominam de "os 1%". Sim, somos os 99%. E quando nos dermos conta disso, de verdade, seremos suficientemente poderosos para "parar" a máquina de enriquecimento dos 1%. Por enquanto, seguimos, muitos de nós, nos engalfinhando uns com os outros, para deleite dos dominantes 1%.

Eu quero paz em cada canto da Terra. E a paz virá quando nos livrarmos dos falsos terrores que nos são inculcados a cada minuto por todos os meios de comunicação.

Vamos acordar e vamos fazer um acordo geral, respeitoso, amoroso, de construirmos um mundo bom para se viver. Juntos seremos sempre muito mais fortes e poderemos nos sobrepor a qualquer mecanismo de escravização utilizado pelos poderosos.

A saída está no amor. O amor que se manifesta quando, ao invés de criticarmos acidamente a alguém, tentamos nos colocar por inteiro em seu lugar e nas suas circunstâncias para entendermos suas ações. Isso gera respeito às limitações que cada um de nós possui. Isso gera discernimento para a cooperação, para o mútuo crescimento. Reconheçamos no próximo uma extensão de nós mesmos, pois todos pertencemos a uma única raça: a raça humana.

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