quinta-feira, 30 de junho de 2011

Blogs e redes sociais - tecendo um gabbeh (30jun2011)

Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim)
Antonio Carlos Jobim
Jobim, mestre da tessitura musical, dos tons e timbres que se cruzam e se entrelaçam, contando uma fantástica história de sons brasileiros



A feitura de um blog é uma atividade cativante.

Lembro-me de ter assistido há alguns anos um filme franco-iraniano, Gabbeh, do diretor Mohsen Makhmalbaf. No filme vai sendo tecido um tapete. No desenrolar do filme, vemos que a tapeçaria vai contando, com figuras e símbolos, a história daquele clã que o teceu. Os bons e os maus momentos, tudo.

Vejo cada blog como um gabbeh. O blogueiro escreve suas impressões sobre temas com os quais se sinta envolvido. Traz para seu "gabbeh" textos de outros sítios e blogs que considera significativos.

A rede social é um somatório de gabbehs, com pontos altos e baixos, com a liberdade de expressão de cada "clã".

O blog é um retrato que se vai construindo no cotidiano, sem que o autor tenha exata dimensão de sua forma geral, e muito menos da final, porque enquanto ele vive e faz, o gabbeh não está pronto.

Ele vai simplesmente "contando histórias", desvelando-se, revelando dúvidas, limites, medos, visão de mundo... construindo um espelho de si mesmo.

Esses gabbehs podem conter contradições e mudanças de rumo, tal e qual a vida as constitui como fatos ou sentimentos.

Lembro-me também daquelas colchas feitas com retalhos, lindas algumas, nem tão lindas outras. Alguns segmentos podem chamar atenção por sua beleza, profundidade ou por não terem nada disso.

Permitir-se ser um tecelão cibernético é uma espécie de terapia.

Ao olhar o próprio gabbeh, o autor pode se (re)ver e se (re)conhecer. Pode, acima de tudo, estranhar a si próprio!


Alguém já disse que "o caminho se faz caminhando".

Assino embaixo.

A amnésia da oposição corrupta e incompetente (30jun2011)

Ne me quittes pas (Jacques Brel)
Nina Simone
Pedro Almodóvar usou essa música como trilha sonora em "De salto alto", só que no filme a música é interpretada pela brasileira Maysa Matarazzo


Postagem de hoje do blog O Terror do Nordeste, com um desabafo sobre a atuação da oposição (e do PiG - Partido da imprensa Golpista) relativamente à participação do BNDES no processo de fusão dos grupos Pão de Açúcar e Carrefour, e criticando a falta de memória do PiG e da oposição relativamente à privataria do governo FHC.

Li hoje em alguns blogs a explicação de que o BNDES vai entrar como sócio na nova empresa, passando a participar de um negócio extremamente lucrativo: uma empresa que se tornará uma das maiores redes de supermercados do mundo. Os estrangeiros estão de olho no mercado consumidor brasileiro. O Pão de Açúcar já foi comprado por grupo estrangeiro.

Sem o BNDES no negócio, a nova empresa será totalmente estrangeira (com participação bem reduzida da família Diniz). Qualquer banco adoraria investir numa empresa desse porte e nessa área: venda de alimentos e de produtos para higiene. O Brasil é um dos países, senão o país, com maior crescimento de vendas do segmento de supermercados.

Claro que há outras implicações nessa fusão, mas continuarei atento ao que se publicar na blogosfera (não confio em nenhuma notícia do PiG, e muito menos em seus "especialistas" entrevistados) e devo voltar ao tema se algo importante for acrescentado à minha atual percepção do negócio.

Mas, vamos ao texto do Terror do Nordeste (nota: peço vênia ao Terror do Nordeste, mas tomei a liberdade de disfarçar palavras que não costumo usar em meu blog pois posso ter crianças como leitores):

Repito o que eu disse ontem: com essa oposição medíocre, assim como Lula, Dilma vai nadar de braçada. Nunca vi na minha vida uma oposição tão medíocre, tão burra, tão incompetente. Esse caso da fusão Carrefour/Pão de Açúcar é sintomático. A oposição vocifera contra um suposto empréstimo que o BNDES vai fazer para concretizar a fusão, mas se esquece que eles (os demotucanos) quando estiveram no poder usaram o BNDES para multinacionais picaretas comprarem nossas estatais, tais como a Eletropaulo, o Sistema Telebrás e a Vale do Rio Doce. É de conhecimento de todos que o c... m.. [refere-se a FHC - Aquiles] usou dinheiro público para financiar a compra de um bem público por investidores picaretas, estelionatários. Se é assim, que moral tem esses demopepsistatucanos safados, bandidos para criticar o BNDES? Esses f... d... p... estão com amnésia, é? Ou querem mostrar que são bonzinhos no trato com o dinheiro público?

Túnel do tempo

Um caso controverso onde evidenciou-se a falta de lisura dos leilões de privatização foi o da Eletropaulo. A licitante - a AES americana - que estava em situação pré-falimentar [1] no seu país de origem, obteve a liberação de um financiamento do BNDES no valor de 100% da aquisição. Como a empresa privada americana AES, que adquiriu o controle da Eletropaulo, não pagou nem a primeira parcela do financiamento, o BNDES, uma empresa pública brasileira, viu-se obrigada, pela legislação bancária vigente, a lançar em "provisão para devedores duvidosos" (prejuízo), no primeiro trimestre de 2003, a importância correspondente a 100% do valor que havia emprestado à AES. Isso gerou um prejuízo recorde de R$ 2,4 bilhões ao BNDES naquele trimestre. Desta forma sofisticada e de difícil compreensão para a maioria da população brasileira, especuladores internacionais, sem desembolsar um único dólar, operaram a "transferência dos recursos públicos para a propriedade privada de grupos privilegiados sob um aparente manto de legalidade" como bem descreveu Stiglitz. Com isso, o Poder Público não recebeu efetivamente nada pela venda da Eletropaulo: já que o BNDES fornecera todo o aporte necessário para a aquisição da antiga estatal [2].

A homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade (30jun2011)

Canção pra ninar um neguim (Zeca Baleiro)
Renato Braz
Não coloco necessariamente a música para relacionar com o tema do texto, mas sei de alguém que se apaixonou por um moreninho e tinha essa música como tema para essa paixão


Violência contra homossexuais

Por Drauzio Varella

A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência à existência de mulheres e homens homossexuais. Apesar dessa constatação, ainda hoje esse tipo de comportamento é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (ou Deus) criou órgãos sexuais para que os seres humanos procriassem; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).

Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?

Se a homossexualidade fosse apenas perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de espécies de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em virtualmente todas as espécies de pássaros, em alguma fase da vida, ocorrem interações homossexuais que envolvem contato genital, que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual envolvendo fêmeas e machos foi documentado em pelo menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

Relacionamento homossexual entre primatas não humanos está fartamente documentado na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no Journal of Animal Behaviour um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

Masturbação mútua e penetração anal fazem parte do repertório sexual de todos os primatas não humanos já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas rigorosas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela simples existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por capricho individual. Quer dizer, num belo dia pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas como sou sem vergonha prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.

Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.

Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais na vizinhança, que procurem dentro das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal costumam aceitar a alheia com respeito e naturalidade.

Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser fascistas a ponto de pretender impor sua vontade aos que não pensam como eles.

Afinal, caro leitor, a menos que seus dias sejam atormentados por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu trinta anos?

O texto do Dr. Drauzio Varella encontra-se postado no seu sítio, que trata de temas como saúde, sexualidade, dependência química, criança etc. Para acessá-lo, clique aqui.

Lucro Brasil: automóveis de mesmas marcas e modelos são muito mais caros no Brasil do que no restante do mundo (30jun2011)

O calhambeque (John Loudermilk / Gwen Loudermilk / Erasmo Carlos)
Roberto Carlos



Saiu na coluna do UOL Mundo em Movimento, do jornalista Joel Silveira Leite, em 28 de junho de 2011:

Por que o carro é mais barato na Argentina e no Chile?

Veja o que as montadoras falam (e o que não falam) sobre o assunto

O Lucro Brasil não fica só na montadora, mas em toda a cadeia produtiva


A ACARA, Associación de Concessionários de Automotores De La Republica Argentina, divulgou no congresso dos distribuidores dos Estados Unidos (N.A.D.A), em São Francisco, em fevereiro deste ano, os valores comercializados do Corolla em três países:

No Brasil o carro custa US$ 37.636,00, na Argentina US$ 21.658,00 e nos EUA US$ 15.450,00.

Outro exemplo de causar revolta: o Jetta é vendido no México por R$ 32,5 mil. No Brasil esse carro custa R$ 65,7 mil.

Por que essa diferença? Vários dirigentes foram ouvidos com o objetivo de esclarecer o “fenômeno”. Alguns “explicaram”, mas não justificaram. Outros se negaram a falar do assunto.

Quer mais? O Gol I-Motion com airbags e ABS fabricado no Brasil é vendido no Chile por R$ 29 mil. Aqui custa R$ 46 mil.

O Corolla não é exceção. O Kia Soul, fabricado na Coréia, custa US$ 18 mil no Paraguai e US$ 33 mil no Brasil. Não há imposto que justifique tamanha diferença de preço.

A Volkswagen não explica a diferença de preço entre os dois países. Solicitada pela reportagem, enviou o seguinte comunicado:
“As principais razões para a diferença de preços do veículo no Chile e no Brasil podem ser atribuídas à diferença tributária e tarifária entre os dois países e também à variação cambial”.

Questionada, a empresa enviou nova explicação:
“As condições relacionadas aos contratos de exportação são temas estratégicos e abordados exclusivamente entre as partes envolvidas”.
Nenhum dirigente contesta o fato de o carro brasileiro ser caro. Mas o assunto é tão evitado que até mesmo consultores independentes não arriscam a falar, como o nosso entrevistado, um ex-executivo de uma grande montadora, hoje sócio de uma consultoria, e que pediu para não ser identificado.

Ele explicou que no segmento B do mercado, onde estão os carros de entrada, Corsa, Palio, Fiesta, Gol, a margem de lucro não é tão grande, porque as fábricas ganham no volume de venda e na lealdade à marca. Mas nos segmentos superiores o lucro é bem maior.

O que faz a fábrica ter um lucro maior no Brasil do que no México, segundo consultor, é o fato do México ter um “mercado mais competitivo” (?).

Um dirigente da Honda, ouvido em off, responsabilizou o “drawback”, para explicar a diferença de preço do City vendido no Brasil e no México. O “drawback” é a devolução do imposto cobrado pelo Brasil na importação de peças e componentes importados para a produção do carro. Quando esse carro é exportado, o imposto que incidiu sobre esses componentes é devolvido, de forma que o “valor base” de exportação é menor do que o custo industrial, isto é: o City é exportado para o México por um valor menor do que os R$ 20,3 mil. Mas quanto é o valor dos impostos das peças importadas usadas no City feito em Sumaré? A fonte da Honda não responde, assim como outros dirigentes da indústria se negam a falar do assunto.

Mas quanto poderá ser o custo dos equipamentos importados no City? Com certeza é menor do que a diferença de preço entre o carro vendido no Brasil e no México (R$ 15 mil).

A conta não bate e as montadoras não ajudam a resolver a equação. Apesar da grande concorrência, nenhuma das montadoras ousa baixar os preços dos seus produtos. Uma vez estabelecido, ninguém quer abrir mão do apetitoso “Lucro Brasil”.

Ouvido pela AutoInforme, quando esteve em visita a Manaus, o presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, respondeu que, retirando os impostos, o preço do carro no Brasil é mais caro que em outros países porque “aqui se pratica um preço mais próximo da realidade. Lá fora é mais sacrificado vender automóveis”.

Ele disse que o fator câmbio pesa na composição do preço do carro no Brasil, mas lembrou que o que conta é o valor percebido. “O que vale é o preço que o mercado paga”.

E porque o consumidor brasileiro paga mais do que os outros?
“Eu também queria entender – respondeu Takanobu Ito – a verdade é que o Brasil tem um custo de vida muito alto. Até os sanduíches do McDonalds aqui são os mais caros do mundo”.
“Se a moeda for o Big Mac - confirmou Sérgio Habib, que foi presidente da Citroën e hoje é importador da chinesa JAC - o custo de vida do brasileiro é o mais caro do mundo. O sanduíche custa US$ 3,60 lá e R$ 14,00 aqui”. Sérgio Habib investigou o mercado chinês durante um ano e meio à procura por uma marca que pudesse representar no Brasil. E descobriu que o governo chinês não dá subsídio à indústria automobilística; que o salário dos engenheiros e dos operários chineses não são menores do que os dos brasileiros.
“Tem muita coisa errada no Brasil – disse Habib, não é só o preço do carro que é caro. Um galpão na China custa R$ 400,00 o metro quadrado, no Brasil custa R$ 1,2 mil. O frete de Xangai e Pequim custa US$ 160,00 e de São Paulo a Salvador R$ 1,8 mil”.
Para o presidente da PSA Peugeot Citroën, Carlos Gomes, os preços dos carros no Brasil são determinados pela Fiat e pela Volkswagen. “As demais montadoras seguem o patamar traçado pelas líderes, donas dos maiores volumes de venda e referência do mercado”, disse.

Fazendo uma comparação grosseira, ele citou o mercado da moda, talvez o que mais dita preço e o que mais distorce a relação custo e preço:

“Me diga, por que a Louis Vuitton deveria baixar os preços das suas bolsas?”, questionou.

Ele se refere ao “valor percebido” pelo cliente. É isso que vale.

“O preço não tem nada a ver com o custo do produto. Quem define o preço é o mercado”, disse um executivo da Mercedes-Benz, para explicar porque o brasileiro paga R$ 265.00,00 por uma ML 350, que nos Estados Unidos custa o equivalente a R$ 75 mil.

“Por que baixar o preço se o consumidor paga?”, explicou o executivo.
Leia aqui o que o jornalista escreve sobre o Lucro Brasil em reportagem anterior.

Do jeito que as coisas vão, teremos que disputar água a tapa com os gringos ricos (30jun2011)

No Mato Grosso vivem querendo privatizar as empresas de saneamento.

Veja os vídeos sobre o caso da privatização ocorrida em Santa Gertrudes, no interior de São Paulo.

As empresas que ganham a concessão para fornecimento de água acabam, de lambuja, se apropriando de todo o equipamento e as instalações da empresa pública.

Já imaginou se o Aquífero Guarani se tornar propriedade privada de uma empreiteira? O que nos restará a não ser pagar preços aviltantes pela NOSSA ÁGUA.

Se pensarmos que a água é um bem finito e que a sua escassez se alastra pelo mundo, brevemente as empresas privadas, DONAS DA NOSSA ÁGUA, passarão a exportar água potável e teremos que pagar valores muito mais altos para vencer a competição com a capacidade de pagamento de importadores de países mais ricos.

Empresas privadas pensam somente no lucro de seus investidores / acionistas, e nunca, nem em sonho, se preocupam com o bem estar da população.


Mudanças na economia mundial com as hegemonias tradicionais em rápida deterioração (30jun2011)

O mundo é um moinho (Cartola)
Cazuza



Artigo do sítio Rebelión, de 30 de junho de 2011. Fiz essa tentativa de tradução do original em espanhol.

Por Oscar Ugarteche
Alai-amlatina

No presente trabalho se fará uma revisão dos elementos que marcam a crise de hegemonia estadunidense e a crise geral do capitalismo em curso. Serão revisados os processos que têm afetado a crise econômica e se tentará revisar a crise hegemônica stricto senso. A hipótese é que há um translado do poder das velhas economias do G7 para outro conjunto de economias, uma luta pelo poder por parte das potências em decadência e uma falta de tomada de iniciativa pela parte das novas potências. Os países do novo G7 parecem comportar-se, na América Latina, igual aos do velho. Tudo indica que estamos em uma mudança de tempos que traz consigo uma mudança de regime internacional.


A crise hegemônica e seu desenvolvimento 2007-2001

Para aqueles que têm refletido sobre crises, a atual tem demonstrado estar melhor retratada em ondas sinuosas, mais próximas às ondas sonoras do que às letras. O certo é que de fato é uma crise de duas velocidades com o que se demonstrou que a economia dos Estados Unidos já não cumpre seu papel de difusor do crescimento como o fazia entre 1930 e 1990. Dizia-se que se os Estados Unidos pegassem um resfriado, o resto do mundo teria pneumonia. A verdade é que a pneumonia dos Estados Unidos deu uns resfriados na América do Sul, deu gripe na região do Caribe e, após uma breve dor de cabeça, deixou a Ásia intacta. Entretanto, às economias mais maduras e articuladas entre si a pneumonia foi transmitida plenamente, primeiro ao sistema financeiro, em seguida ao produtivo, e depois os ajustes, ao consumo e ao gasto público. O que diferencia esta crise da de 1929 é a dívida pública das economias ricas, que então não teve grande relevância. A crise de 1929 foi levada às economias em desenvolvimento pela mesma razão que em 1981: o aumento das taxas de juros e a baixa das matérias primas. Esse não é o caso agora.

Ainda que antes da crise não era evidente que a Europa e o Japão já eram nações ricas altamente endividadas (NRAE), a realidade foi que depois de 2007, junto com os Estados Unidos, começaram a sentir os impactos de seu alto nível de endividamento privado e público. A dimensão do problema de 2007 em diante foi menos evidente para os Estados Unidos que, com uma altíssima dívida interna por consumo, não se esperava que entrasse em uma espiral contrativa marcada. Pensou-se que haveria um ajuste nas contas hipotecárias e se retornaria ao caminho do crescimento. Quatro anos mais tarde todos antecipam que não haverá crescimento em nenhuma das economias líderes, salvo talvez a Alemanha. O que começou como um problema de finanças, como em 1929, está se transformando em um problema maior de paradigma produtivo e de regras do jogo: ou seja, de paradigma teórico. Ainda que esse não seja um aspecto acadêmico, não se deve deixar de frisar que os ajustes econômicos que o FMI pede aos europeus são análogos aos que pedia à América Latina em seu tempo, e nessa medida, sua visão teórica do mundo permanece estática ainda que o que causou esta crise tenha sido a teoria onde os mercados desregulados resolvem seus problemas e onde quanto menor a intervenção do Estado maior o crescimento econômico.


Algumas contextualizações sobre a mudança de regime internacional

As instituições internacionais criadas para a ordem mundial de pós-guerra foram lentamente convertendo-se em obsoletas. O regime internacional construído em torno à hegemonia estadunidense e à pax americana chegou ao seu fim. A privatização da guerra e a difusão do objeto da guerra são parte do declive hegemônico. A impossibilidade de impor suas regras do jogo ao mundo e de liderar uma saída da crise parece estar consolidando ainda mais a ideia de mudança de regime internacional.

A Organização Mundial do Comércio é a primeira instituição cuja criação, no final do regime anterior, a faz parecer obsoleta antes da descolagem. Os EUA mutilaram o multilateralismo em seu favor para criar um sistema bilateral que deslegitima o multilateralismo de pós-guerra e abre uma competição singular. O medo neoconservador do multilateralismo na era Bush era um sintoma da mudança de regime. Se o novo esquema internacional passa por acordos bilaterais em todos os campos, a competição será à custa do hegemônico e abrirá portas para hegemonias regionais. Nesse sentido, por exemplo, é possível que o uso do dólar como moeda de troca entre em decomposição, possivelmente em conjunto com as mudanças no sistema monetário internacional, que tendem à regionalização. Na verdade, dada a volatilidade do dólar, há uma tendência de usar moedas nacionais no pagamento do comércio internacional, tanto a China em sua esfera de influência, e o Brasil em sua própria e a Rússia. A perda de hegemonia dos EUA é evidente e seu apoio por meios militares não parece proporcionar uma nova dinâmica econômica, mas o contrário, o aprofundamento do declínio na legitimidade política e econômica.

Da economia política internacional, Ruggie (1982) sugere que os regimes internacionais têm sido definidos como instituições sociais em torno das quais convergem as expectativas dos atores em uma determinada área das relações internacionais. Pode-se dizer que regimes internacionais são semelhantes à linguagem: podemos considerá-los como parte da "linguagem de ação do Estado" (380). "As formações e transformações de regimes internacionais podem ser uma manifestação concreta da internacionalização da autoridade política" (380). Ele acrescenta: "Na organização de uma ordem liberal se dá lugar à racionalidade do mercado. Isso não significa que a autoridade esteja ausente de tal ordem. Isso significa que as relações de autoridade são construídas de modo a dar o máximo alcance às forças de mercado ao invés de limitá-las" (381). Isso, porém, não explica a transformação dos regimes internacionais.

Para Ruggie, a estrutura da internacionalização da autoridade política reflete a fusão do poder com propósito social legítimo. Finalidade social é o que distingue uma iniciativa única a partir de dois eixos diferentes de poder. A forma pode ser a mesma, mas o conteúdo é diferente. Para entender o conteúdo tem que ver como se fundem o poder e o propósito social e como se projeta autoridade política ao sistema internacional. "A relação entre regimes econômicos e as transações internacionais é intrinsecamente problemática porque o âmbito dos regimes internacionais envolve o comportamento dos estados, um em relação ao outro e de ambos com o mercado, e o próprio mercado" (383), "os regimes econômicos internacionais proporcionam um ambiente permissivo para o surgimento dos tipos de fluxos de transação internacionais que os atores tomam como complementares à fusão particular de poder e proposta social que está incorporada dentro desses regimes" (383).

O modelo realista propõe uma fonte e duas direções de mudança de regime, o que mostra a ascensão ou o declínio da hegemonia e a abertura ou o fechamento. Na visão de Ruggie isso abre várias possibilidades: Mais hegemonia com fechamento, perda de hegemonia com abertura ou, como visto depois da Pax Americana, mais hegemonia com abertura. É necessário levar isso em conta para compreender as maneiras como em diferentes regiões do mundo estão se formando novos espaços político-econômicos, que desenham um horizonte pós Pax Americana, com hegemonias regionais e uma nova arquitetura do poder internacional refletindo novos fluxos de comércio e investimento desde novos eixos de poder. Parece haver nos primeiros anos deste século uma forte covariância entre mudanças de eixos de poder e mudanças de propósito social. Estes são, em parte, um reflexo da fraqueza do velho poder consubstanciado no "velho" G7, liderado pelos Estados Unidos. Os problemas da depreciação do dólar contra o euro e as moedas da América Latina entre 2002 e 2010, expressam, por sua vez, o fortalecimento dos novos eixos do poder e a dinâmica do crescimento econômico a partir de novos eixos regionais em meio à crise global, refletindo a fraqueza das potências dos velhos eixos de poder.

O chamado mundo pós Consenso de Washington reflete-se na América Latina em uma dúzia de países, na Ásia por quase todos, enquanto na Europa há uma retração ao seu desenho social do pós-guerra, que se alinha com a concepção do obsoleto Consenso de Washington, em detrimento de seu próprio projeto, como já feito pela Grã-Bretanha. A debilidade hegemônica não significa que os interesses financeiros que dominam a dinâmica capitalista contemporânea tenham enfraquecido. O que parece é que esses interesses foram descolados do interesse nacional e, como o militar, tornou-se um fim em si mesmo, enfatizando a debilidade hegemônica.

Decisão sobre greve docente na UFMT só será tomada em agosto (30jun2011)

Oração ao tempo (Caetano Veloso)
Caetano Veloso


Professores da UFMT só vão decidir sobre greve em agosto

Por Keka Werneck
Adufmat Seção Sindical

Os professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) vão decidir se entram ou não em greve somente em agosto, início do segundo semestre, no período de 19 a 24. “Precisamos, antes, ganhar musculatura política para, se for o caso, deliberar por uma greve”, disse o presidente da Adufmat Seção Sindical, professor Carlos Alberto Eilert.

Nesse ínterim, a categoria encaminhou algumas ações para fortalecer o possível movimento grevista. Uma paralisação de 24 horas no dia 5 de julho foi aprovada na assembleia geral de terça-feira (28/6), acompanhando decisão nacional tirada em reunião de todas as instituições federais de ensino ligadas ao ANDES-SN. Nesse dia, haverá um café da manhã na Adufmat.

Os professores da UFMT também vão elaborar uma pauta de reivindicações, que atenda aos problemas locais. Uma próxima assembleia foi marcada para o dia 20 de julho, às 14 horas, no auditório da Adufmat, com pauta única. Novamente, indicativo de greve. A categoria argumenta que, nos últimos 12 anos, sofreu 152% de perdas salariais. E que os salários dos professores das universidades federais é o mais baixo na hierarquia salarial do serviço federal.

Desde o início do ano, o ANDES-SN vem orientando uma série de iniciativas, para sinalizar ao governo a insatisfação da base. No último dia 16, servidores federais, entre eles os professores das universidades federais, marcharam na Esplanada dos Ministérios, para cobrar respeito às carreiras federais.

Na assembléia, os professores da UFMT denunciaram as formas de contratação docente, que não sejam via concurso. Os substitutos (140 docentes na UFMT) e temporários (84) trabalham ainda mais precarizados do que os efetivos, sendo que os temporários não têm sequer direitos trabalhistas históricos.

A reitoria tinha representantes na assembleia. A pro-reitora de Gradução, Miriam Tereza, disse que a contratação de substitutos e temporários graduados é uma decisão política e de gestão, não só para cobrir as vagas, mas também porque professores que não têm títulos recebem salários menores. Ela afirma que se fossem priorizadas contratações de titulados a administração da UFMT teria que reduzir o número de contratos, correndo o risco de não completar o quadro docente. A pro-reitora de Planejamento, Elisabeth Aparecida Furtado de Mendonça, disse também que outro complicador é que em 2010 o Governo criou uma rubrica específica com limitação de contratação de substitutos.

A categoria reclama ainda que a UFMT exporta a ideia de que é uma instituição democrática, mas em suas relações internas o autoritarismo tem sido a marca registrada. Tramitam na Comissão de Ética da instituição 170 processos contra professores, parte deles críticos ao modelo de universidade pública que se tem hoje.

Fonte: Adufmat - Seção Sindical do ANDES-Sindicato Nacional


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Crise econômica mundial potencializa as condições previstas por Karl Marx para o advento da crise terminal do capitalismo (29jun2011)

Sobre todas as coisas (Chico Buarque / Edu Lobo)
Zizi Possi


Artigo publicado no sítio Adital, em 27 de junho de 2011.

Crise terminal do capitalismo?

Por Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhe foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.

A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários países europeus e árabes, os "indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: "não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumossacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.


Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra-cuidar da vida: como evitar o fim do mundo, Record, 2010.

Câmara aprova Regime Diferenciado de Contratações Públicas e encaminha matéria para o Senado (29jun2011)

Amanhã (Guilherme Arantes)
Caetano Veloso


Publicado hoje pela Agência Câmara de Notícias.

Câmara aprova regras específicas de licitações para Copa e Olimpíadas

Foram rejeitados todos os destaques da oposição que pretendiam barrar as novas normas, mas mudança na redação deixa explícito que órgãos de controle terão acesso às estimativas de custo das obras; texto também cria a Secretaria de Aviação Civil.

O Plenário concluiu, nesta terça-feira, a votação da Medida Provisória 527/11, na qual o relator, deputado José Guimarães (PT-CE), incluiu em projeto de lei de conversão regras específicas para licitações de obras e serviços relacionados às copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014) e das Olimpíadas e Paraolimpíadas (2016). A matéria deve ser analisada ainda pelo Senado.

Em cumprimento ao acordo de líderes, o Plenário votou os oito destaques apresentados ao texto. Todos foram rejeitados, cinco deles com votação nominal.

Entre os cinco destaques votados nominalmente, a oposição tentou retirar do texto todo o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) e também pontos isolados, como a modalidade de contratação integrada e o uso de tabelas oficiais de preços para a administração encontrar o preço global da obra.

A criação do RDC foi incluída na medida depois de outras quatro tentativas do governo, na MP 489/10, que perdeu a validade por não ter sido votada no prazo constitucional de 120 dias, e também nas 503/10, 510/10 e 521/10.

Segundo o governo, o regime foi inspirado na legislação britânica – os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2012 serão em Londres. A Lei de Licitações (8.666/93) continua em vigor e será usada subsidiariamente a esse regime.

Originalmente, a MP tratava da criação da Secretaria de Aviação Civil, e sobre esse tema não houve mudanças.

Sigilo de custos

Em relação ao sigilo da estimativa de custos, o Plenário aprovou uma emenda de redação que deixa mais claro o acesso estrito e permanente dos órgãos de controle interno e externo (Tribunal de Contas da União) a esse orçamento. Os licitantes e o público terão acesso a ele de maneira imediata somente depois de encerrada a licitação.

Outra emenda de redação retirou a possibilidade de a Fifa e o Comitê Olímpico Internacional (COI) exigirem mudanças nos projetos básicos e executivos de obras desses eventos esportivos sem limites para aumento do orçamento.

Pacote fechado

A maior novidade nas novas regras é a possibilidade de a administração licitar um empreendimento por meio de contratação integrada, mecanismo já usado pela Petrobras com base em seu regulamento simplificado (Decreto 2.745/98).

Nesse modelo, o contratado deverá realizar todas as etapas até sua entrega ao contratante em condições de operação. Ele será responsável também pela elaboração dos projetos básico e executivo – documentos técnicos em que todos os aspectos são detalhados. Atualmente, a lei prevê que esses projetos sejam feitos por empresas diferentes da executora.

Na contratação integrada, o edital deverá conter um anteprojeto de engenharia com a caracterização da obra ou serviço, do qual devem constar, por exemplo, uma visão global dos investimentos, a estética do projeto arquitetônico e parâmetros de economia na utilização, impactos ambientais e acessibilidade. O julgamento das propostas será com base na combinação de técnica e preço.

Nessa forma de contrato será proibida a assinatura de aditivos, instrumentos pelos quais o objeto da licitação pode ser aumentado em 25% (obras, bens e serviços) ou em 50% (reforma de edifício ou equipamento).

A exceção será para os casos fortuitos que provoquem desequilíbrio econômico-financeiro do contrato e para as exigências adicionais necessárias à melhor adequação técnica.

Meio eletrônico

Para acelerar as licitações, a regra geral será o uso do pregão eletrônico, inclusive no caso de obras de engenharia. Mas a forma presencial também será admitida.

Um regulamento disciplinará o uso do mecanismo de disputa aberta, pelo qual os licitantes apresentarão suas propostas com lances públicos e sucessivos até se conhecer o vencedor. Se existir uma diferença de, pelo menos, 10% entre o melhor lance e o segundo colocado, poderá ser reiniciada a disputa aberta.

A administração poderá ainda fazer uma negociação com o primeiro colocado para buscar condições mais vantajosas se o preço vencedor estiver acima do orçamento estimado para o objeto, que não poderá ser divulgado antecipadamente. No caso da contratação integrada, essa estimativa será calculada a partir dos valores praticados pelo mercado ou pagos pela administração pública em serviços e obras similares.

Principalmente na aquisição de bens e serviços, poderá ser usado o critério do maior desconto oferecido pelos licitantes. Nesse caso, o orçamento estimado constará do edital.

De acordo com o texto de Guimarães, os municípios poderão contratar empréstimos para obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas até 31 de dezembro de 2013 sem que isso aumente seu limite de endividamento apurado com base na receita líquida real.

Para a complementação de programas em andamento, sem vinculação necessária com os eventos esportivos, o prazo para a contratação de empréstimos foi reaberto. Ele tinha acabado em 13 de abril deste ano e passará a ser de até dois anos contados da data de publicação da lei derivada da MP 527/11.

Aeroportos próximos

Emenda aceita pelo relator permite a aplicação do RDC em obras de infraestrutura e serviços para aeroportos de capitais de estados distantes até 350 quilômetros das cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014.

Visite o sítio da Agência Câmara de Notícias e leia os itens a seguir, relativos ao projeto aprovado:

Pré-qualificação de fornecedores pretende acelerar processos de compra

Secretaria de Aviação Civil formulará políticas de desenvolvimento do setor

Confira as principais mudanças do RDC em relação à Lei de Licitações

Para oposição, regras incentivam fraudes; governo aponta restrição à corrupção

Veja, também, a Íntegra da proposta.

Reportagem – Eduardo Piovesan
Edição – Marcos Rossi

terça-feira, 28 de junho de 2011

Ministro da educação de FHC, Paulo Renato Souza morreu, não deixa saudades e nada de bom que se lhe possa atribuir (28jun2011)

Requiem (Libera me) (Gabriel Fauré)
Tokyo Metropolitan Orchestra and Choir
A letra diz (tradução tosca minha) o que esse sujeito deve estar passando agora: "liberta-me Senhor da morte eterna no dia da ira tremenda, quando os céus se moverem e quando o Senhor vier à Terra julgar os tempos com fogo (...) Clemência! Clemência..."

O que você não leu na mídia sobre Paulo Renato (1945-2011)

Por Idelber Avelar, colunista da Revista Forum.

Morreu de infarto, no último dia 25, aos 65 anos, Paulo Renato Souza, fundador do PSDB. Paulo Renato foi Ministro da Educação no governo FHC, Deputado Federal pelo PSDB paulista, Secretário da Educação de São Paulo no governo José Serra e lobista de grupos privados. Exerceu outras atividades menos noticiadas pela mídia brasileira.

Nas hagiografias de Paulo Renato publicadas nos últimos dois dias, faltaram alguns detalhes. A Folha de São Paulo escalou Eliane Cantanhêde para dizer que Paulo Renato deixou um “legado e tanto” como Ministro da Educação. Esqueceu-se de dizer que esse “legado” incluiu o maior êxodo de pesquisadores da história do Brasil, nem uma única universidade ou escola técnica federal criada, nem um único aumento salarial para professores, congelamento do valor e redução do número de bolsas de pesquisa, uma onda de massivas aposentadorias precoces (causadas por medidas que retiravam direitos adquiridos dos docentes), a proliferação do “professor substituto” com salário de R$400,00 e um sucateamento que impôs às universidades federais penúria que lhes impedia até mesmo de pagar contas de luz. No blog de Cynthia Semíramis, é possível ler depoimentos às dezenas sobre o que era a universidade brasileira nos anos 90.

Ainda na Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein lamentou que o tucanato não tenha seguido a sugestão de Paulo Renato Souza de “lançar uma campanha publicitária falando dos programas de complementação de renda”. Dimenstein pareceu desconsolado com o fato de que “o PSDB perdeu a chance de garantir uma marca social”, atribuindo essa ausência a uma mera falha na campanha publicitária. O leitor talvez possa compreender melhor o lamento de Dimenstein ao saber que a sua Associação Cidade Escola Aprendiz recebeu de São Paulo a bagatela de três milhões, setecentos e vinte e cinco mil, duzentos e vinte e dois reais e setenta e quatro centavos, só no período 2006-2008.

Não surpreende que a Folha seja tão generosa com Paulo Renato. Gentileza gera gentileza, como dizemos na internet. A diferença é que a gentileza de Paulo Renato com o Grupo Folha foi sempre feita com dinheiro público. Numa canetada sem licitação, no dia 08 de junho de 2010, a FDE da Secretaria de Educação de São Paulo transfere para os cofres da Empresa Folha da Manhã S.A. a bagatela de R$ 2.581.280,00, referentes a assinaturas da Folha para escolas paulistas. Quatro anos antes, em 2006, a empresa Folha da Manhã havia doado a curiosa quantia – nas imortais palavras do Senhor Cloaca – de R$ 42.354,30 à campanha eleitoral de Paulo Renato. Foi a única doação feita pelo grupo Folha naquela eleição. Gentileza gera gentileza.

Mas que não se acuse Paulo Renato de parcialidade em favor do Grupo Folha. Os grupos Abril, Estado e Globo também receberam seus quinhões, sempre com dinheiro público. Numa única canetada do dia 28 de maio de 2010, a empresa S/A Estado de São Paulo recebeu dos cofres públicos paulistas – sempre sem licitação, claro, porque “sigilo” no fiofó dos outros é refresco – a módica quantia de R$ 2.568.800,00, referente a assinaturas do Estadão para escolas paulistas. No dia 11 de junho de 2010, a Editora Globo S.A. recebe sua parte no bolo, R$ 1.202.968,00, destinadas a pagar assinaturas da Revista Época. No caso do grupo Abril, a matemática é mais complicada. São 5.200 assinaturas da Revista Veja no dia 29 de maio de 2010, totalizando a módica quantia de R$1.202.968,00, logo depois acrescida, no dia 02 de abril, da bagatela de R$ 3.177.400, 00, por Guias do Estudante – Atualidades, material de preparação para o Vestibular de qualidade, digamos, duvidosíssima. O caso de amor entre Paulo Renato e o Grupo de Civita é uma longa história. De 2004 a 2010, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação de São Paulo transfere dos cofres públicos para a mídia pelo menos duzentos e cinquenta milhões de reais, boa parte depois da entrada de Paulo Renato na Secretaria de Educação.

Mas que não se acuse Paulo Renato de parcialidade em favor dos grandes grupos de mídia brasileiros. Ele também atuou diligentemente em favor de grupos estrangeiros, muito especialmente a Fundação Santillana, pertencente ao Grupo Prisa, dono do jornal espanhol El País. Trata-se de um jornal que, como sabemos, está disponível para leitura na internet. Isso não impediu que a Secretaria de Educação de São Paulo, sob Paulo Renato, no dia 28 de abril de 2010, transferisse mais dinheiro dos cofres públicos para o Grupo Prisa, referente a assinaturas do El País. O fato já seria curioso por si só, tratando-se de um jornal disponível gratuitamente na internet. Fica mais curioso ainda quando constatamos que o responsável pela compra, Paulo Renato, era Conselheiro Consultivo da própria Fundação Santillana! E as coincidências não param aí. Além de lobista da Santillana, Paulo Renato trabalhou, através de seu escritório PRS Consultores – cujo site misteriosamente desapareceu da internet depois de revelações dos blogs NaMaria News e Cloaca News –, prestando serviços ao … Grupo Santillana!, inclusive com curiosíssima vizinhança, no mesmo prédio. De fato, gentileza gera gentileza. E coincidência gera coincidência: ao mesmo tempo em que El País “denunciava”, junto com grupos de mídia brasileiros, supostos “erros” ou “doutrinações” nos livros didáticos da sua concorrente Geração Editorial, uma das poucas ainda em mãos do capital nacional, Paulo Renato repetia as “denúncias” no Congresso. O fato de a Santillana controlar a Editora Moderna e Paulo Renato ser consultor pago pelo Grupo Santillana deve ter sido, evidentemente, uma mera coincidência.

Mas que não se acuse Paulo Renato de parcialidade em favor dos grupos de mídia, brasileiros e estrangeiros. O ex-Ministro também teve destacada atuação na defesa dos interesses de cursinhos pré-vestibular, conglomerados editoriais e empresas de software. Como noticiado na época pelo Cloaca News, no mesmo dia em que a FDE e a Secretaria de Educação de São Paulo dispensaram de licitação uma compra de mais R$10 milhões da InfoEducacional, mais uma inexigibilidade licitatória era anunciada, para comprar … o mesmíssimo produto!, no caso o software “Tell me more pro”, do Colégio Bandeirantes, cujas doações em dinheiro irrigaram, em 2006, a campanha para Deputado Federal do candidato … Paulo Renato! Tudo isso para não falar, claro, do parque temático de $100 milhões de reais da Microsoft em São Paulo, feito sob os auspícios de Paulo Renato, ou a compra sem licitação, pelo Ministério da Educação de Paulo Renato, em 2001, de 233.000 cópias do sistema operacional Windows. Um dos advogados da Microsoft no Brasil era Marco Antonio Costa Souza, irmão de … Paulo Renato! A tramóia foi tão cabeluda que até a Abril noticiou.

Pelo menos uma vez, portanto, a Revista Fórum terá que concordar com Eliane Cantanhêde. Foi um “legado e tanto”. Que o digam os grupos Folha, Abril, Santillana, Globo, Estado e Microsoft.

Al Jazeera mostra crianças em Belém (PA) fisgando navios e barcos para vender frutas e conservas (28jun2011)

Essa é a população muito pobre que a nossa mídia quase não mostra.

Crianças fisgam grandes barcos em movimento para subirem a bordo e venderem produtos da região aos passageiros. Isso tudo para ganhar uns poucos reais por dia.

Os riscos são enormes, as imagens impressionam. São lutadores pela comida de cada dia. São crianças decididas e inteligentes, que querem um futuro melhor.

A TV Al Jazeera veio lá do Qatar e fez esse documentário.

É para essas famílias que, espera-se, o Programa de Erradicação da Miséria deverá fazer diferença.

É o LUCRO BRASIL, e não o CUSTO BRASIL, que pesa no preço dos automóveis (28jun2011)

Saiu na coluna do UOL Mundo em Movimento, do jornalista Joel Silveira Leite, em 27 de junho de 2011:

Lucro Brasil faz o consumidor pagar o carro mais caro do mundo


O Brasil tem o carro mais caro do mundo. Por quê? Os principais argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de produção. Outro vilão seria o “alto valor da mão de obra”, mas os fabricantes não revelam quanto os salários – e os benefícios sociais - representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção, um segredo protegido por lei.

A explicação dos fabricantes para vender no Brasil o carro mais caro do mundo é o chamado Custo Brasil, isto é, a alta carga tributária somada ao custo do capital, que onera a produção. Mas as histórias que você verá a seguir vão mostrar que o grande vilão dos preços é, sim, o Lucro Brasil. Em nenhum país do mundo onde a indústria automobilística tem um peso importante no PIB, o carro custa tão caro para o consumidor.

A indústria culpa também o que chama de Terceira Folha pelo aumento do custo de produção: gastos com funcionários, que deveriam ser papel do estado, mas que as empresas acabam tendo que assumir, como condução, assistência médica e outros benefícios trabalhistas.

Com um mercado interno de um milhão de unidades em 1978, as fábricas argumentavam que seria impossível produzir um carro barato. Era preciso aumentar a escala de produção para, assim, baratear os custos dos fornecedores e chegar a um preço final no nível dos demais países produtores.

Pois bem: o Brasil fechou 2010 como o quinto maior produtor de veículos do mundo e como o quarto maior mercado consumidor, com 3,5 milhões de unidades vendidas no mercado interno e uma produção de 3,638 milhões de unidades.

Três milhões e meio de carros não seria um volume suficiente para baratear o produto? Quanto será preciso produzir para que o consumidor brasileiro possa comprar um carro com preço equivalente ao dos demais países?

Segundo Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, “é verdade que a produção aumentou, mas agora ela está distribuída em mais de 20 empresas, de modo que a escala continua baixa”. Ele elegeu um novo patamar para que o volume possa propiciar uma redução do preço final: cinco milhões de carros.


A carga tributária caiu e o preço do carro subiu

O imposto, o eterno vilão, caiu nos últimos anos. Em 1997, o carro 1.0 pagava 26,2% de impostos, o carro com motor até 100cv recolhia 34,8% (gasolina) e 32,5% (álcool). Para motores mais potentes o imposto era de 36,9% para gasolina e 34,8% a álcool.

Hoje – com os critérios alterados – o carro 1.0 recolhe 27,1%, a faixa de 1.0 a 2.0 paga 30,4% para motor a gasolina e 29,2% para motor a álcool. E na faixa superior, acima de 2.0, o imposto é de 36,4% para carro a gasolina e 33,8% a álcool.

Quer dizer: o carro popular teve um acréscimo de 0,9 ponto percentual na carga tributária, enquanto nas demais categorias o imposto diminuiu: o carro médio a gasolina paga 4,4 pontos percentuais a menos. O imposto da versão álcool/flex caiu de 32,5% para 29,2%. No segmento de luxo, o imposto também caiu: 0,5 ponto no carro e gasolina (de 36.9% para 36,4%) e 1 ponto percentual no álcool/flex.

Enquanto a carga tributária total do País, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000 para 35,04% em 2010, o imposto sobre veículo não acompanhou esse aumento.

Isso sem contar as ações do governo, que baixaram o IPI (retirou, no caso dos carros 1.0) durante a crise econômica. A política de incentivos durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro em mais de 5% sem que esse benefício fosse totalmente repassado para o consumidor.

As montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes e que grande parte desse lucro vem da venda dos carros com aparência fora-de-estrada. Derivados de carros de passeio comuns, esses carros ganham uma maquiagem e um estilo aventureiro. Alguns têm suspensão elevada, pneus de uso misto, estribos laterais. Outros têm faróis de milha e, alguns, o estepe na traseira, o que confere uma aparência mais esportiva.


A margem de lucro é três vezes maior que em outros países

O Banco Morgan concluiu que esses carros são altamente lucrativos, têm uma margem muito maior do que a dos carros dos quais são derivados. Os técnicos da instituição calcularam que o custo de produção desses carros, como o CrossFox, da Volks, e o Palio Adventure, da Fiat, é 5 a 7% acima do custo de produção dos modelos dos quais derivam: Fox e Palio Weekend. Mas são vendidos por 10% a 15% a mais.

O Palio Adventure (que tem motor 1.8 e sistema locker), custa R$ 52,5 mil e a versão normal R$ 40,9 mil (motor 1.4), uma diferença de 28,5%. No caso do Doblò (que tem a mesma configuração), a versão Adventure custa 9,3% a mais.

O analista Adam Jonas, responsável pela pesquisa, concluiu que, no geral, a margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países.

O Honda City é um bom exemplo do que ocorre com o preço do carro no Brasil. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por R$ 25,8 mil (versão LX). Neste preço está incluído o frete, de R$ 3,5 mil, e a margem de lucro da revenda, em torno de R$ 2 mil. Restam, portanto R$ 20,3 mil.

Adicionando os custos de impostos e distribuição aos R$ 20,3 mil, teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (de 29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (10%). A soma dá R$ 40.692,00. Considerando que nos R$ 20,3 mil faturados para o México a montadora já tem a sua margem de lucro, o “Lucro Brasil” (adicional) é de R$ 15.518,00: R$ 56.210,00 (preço vendido no Brasil) menos R$ 40.692,00.

Isso sem considerar que o carro que vai para o México tem mais equipamentos de série: freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, airbag duplo, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos. O motor é o mesmo: 1.5 de 116cv.

Será possível que a montadora tenha um lucro adicional de R$ 15,5 mil num carro desses? O que a Honda fala sobre isso? Nada. Consultada, a montadora apenas diz que a empresa “não fala sobre o assunto”.

Na Argentina, a versão básica, a LX com câmbio manual, airbag duplo e rodas de liga leve de 15 polegadas, custa a partir de US$ 20.100 (R$ 35.600), segundo o Auto Blog.

Já o Hyundai ix35 é vendido na Argentina com o nome de Novo Tucson 2011 por R$ 56 mil, 37% a menos do que o consumidor brasileiro paga por ele: R$ 88 mil.

Joel Leite
Colaboraram Ademir Gonçalves e Luiz Cipolli

R$10.000 mensais por 1 dia de trabalho por mês na Cemig (28jun2011)

No Hipernotícias de hoje:

Wilson Santos assume vaga de conselheiro da Taesa Energia no RJ

Por Kleber Lima

Indicado pelo senador Aécio e governador Anastasia, ex-prefeito de Cuiabá assumiu em maio cargo na Taesa Transmissora de Energia, controlada pela estatal mineira Cemig

Foto: Demostenes Milhomem/AL/MT

De volta ao Brasil, depois de uma temporada de estudos em Portugal, o ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, já atua, desde o dia 02 de maio, como consultor das Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig) no Conselho Consultivo da Taesa - Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.- empresa de transmissão de energia controlada pela estatal mineira de economia mista, que possui 56,69% do seu capital.

Santos assumiu o cargo a convite do senador Aécio Neves e do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, ambos do PSDB. “Já participei de duas reuniões, uma em maio e outra em junho”, confirma o ex-prefeito tucano.

Segundo Santos - que revela estar recebendo um salário de aproximadamente R$ 10 mil mensais para participar de uma reunião ordinária por mês -, sua primeira participação no conselho foi na reunião do dia 02 de junho, que aprovou a aquisição pela Taesa dos ativos da multinacional espanhola Abengoa no Brasil, por R$ 1,099 bilhão.

De acordo com a revista Exame, o negócio envolve dois contratos de compra e venda, pelos quais a Taesa passa a deter a totalidade das unidades Sul Transmissora de Energia, ATE, ATE II, ATE III e Nordeste Transmissora de Energia. Segundo Wilson Santos, esses contratos representam 3,2 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia em diversos estados do Nordeste brasileiro.


CONSULTORIA

Wilson Santos revelou ainda a Hipernoticias que está assinando contrato de trabalho com a universidade paulista FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado, na qual vai ministrar a partir de julho a disciplina de “Políticas Públicas em Educação e Cultura” nos cursos de pós-graduação. A FAAP possui mais de 100 cursos de pós-graduação e extensão nas áreas de educação, cultura e tecnologia.


PARLAMENTO

Apesar de se dividir, a partir de julho, entre Cuiabá, onde continuará a residir, Rio de Janeiro, onde fica a sede da Taesa, e São Paulo, para dar as aulas na FAAP, Wilson Santos não vai sair da política. “Quero me reorganizar para manter minha atuação política”, diz ele. Perguntado quais seriam seus projetos políticos e se ainda vai disputar cargos eletivos, Wilson diz apenas que “quero ainda dar minhas contribuições como parlamentar, seja deputado estadual ou federal. Vou fazer 50 anos em agosto, e me sinto jovem, preparado e com contribuições a dar”.

“Estou me reorganizando profissionalmente, e além das aulas na FAAP também mantenho o meu escritório aqui em Cuiabá, que está sendo redimensionado para trabalhos com consultoria, especialmente na área da educação, pela qual tenho verdadeira paixão”, frisa Wilson Santos. Paixão, segundo diz, que o levará a dar aulas nos Cuiabá Vest, o cursinho pré-vestibular implantando na prefeitura de Cuiabá na sua gestão, também a partir de julho.

Wilson Santos ficou cinco meses em Portugal, onde cursou uma pós-graduação em “Estudos Europeus” pela Universidade de Coimbra, voltado para as áreas de história, economia, finanças e diplomacia. Ele é graduado em história e direito pela UFMT.


Por outro lado, saiu no blog Os amigos do Brasil, em postagem de hoje:

Aécio pendura mais um tucano desempregado de Mato Grosso na conta do contribuinte mineiro

Por Zé Augusto


O consumidor mineiro da CEMIG que paga sua conta de luz e impostos com o suor do seu trabalho está sendo obrigado a sustentar um político tucano desempregado pelo povo Mato Grosso.

O ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB/MG), perdeu as eleições para governador de Mato Grosso em 2010, mas ganhou a boquinha de consultor na estrutura da estatal CEMIG (Centrais Elétricas de Minas Gerais), alojado no Conselho Consultivo da Taesa – Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (Controlada pela CEMIG).

O convite para o cargo teve o apadrinhamento do senador Aécio Neves (PSDB/MG) e do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, também tucano.

Desta forma, Aécio Neves repete a fórmula utilizada por José Serra (PSDB/SP), quando era governador de São Paulo, de nomear “companheiros” desempregados do Brasil inteiro, em troca do apoio para sua candidatura a presidência em 2010.

Santos confirmou que o povo de Minas Gerais lhe paga um salário de aproximadamente R$ 10 mil mensais para participar de uma reunião por mês. (Com informações do Hipernotícias)


É bom ter amigos importantes. Eu queria ser amigo do rei.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Crise do capitalismo e o "caminho até a servidão" (27jun2011)

Está no blog Nebulosa.de.Órion, postado em 17 de junho de 2011.

Por Alberto Rabilotta
ALAI AMLATINA

O presidente Barack Obama adverte que outra crise financeira global pode desatar-se se o Congresso de Washington não elevar o "teto" da dívida pública... O economista Nouriel Roubini, que antecipou a crise financeira de 2007-2009 afirma em Singapura (Bloomberg News) que a economia global enfrentará uma "tempestade perfeita" em 2013 por causa da dívida pública nos Estados Unidos, a reestruturação da dívida em vários países da União Europeia, uma desaceleração da economia chinesa e o estancamento da economia nipônica.

Enquanto isso, segundo Roubini, na segunda metade de 2011 a expansão econômica sofrerá uma desaceleração. Outro economista que antecipou a crise financeira global, Stephen Roach da Morgan Stanley Asia, disse em Shangai que devido à debilidade da recuperação o mundo enfrentará vários anos de "sustos pelo crescimento". Nas declarações a Bloomberg Televisión o economista da Morgan Stanley só contradisse a Roubini no tocante a China, de onde -segundo Roach- os funcionários tem uma "estratégia clara" para dar a virada até um modelo de crescimento baseado no consumo doméstico e estão alertas à ameaça que apresenta a inflação, mas enfatizou que estando o mundo industrializado em um período de débil crescimento não se dispõe de uma retaguarda que permita enfrentar as sacudidas periódicas que surgem e golpeiam as economias específicas no mundo. Com os preços do petróleo que sobem, a zona do euro com problemas, com outra queda no mercado residencial nos Estados Unidos e os problemas do Japão, certamente que estamos tendo mais sacudidas que me períodos normais, segundo Roach.

A ditadura do capital financeiro

Este estado quase permanente de crise, porque é disto que se trata, está servindo muito bem (*) ao setor financeiro dominante, Wall Street, Londres e os grandes bancos da Alemanha e França, para consolidar seu poder sobre todo o sistema, como escreve o professor de economia Michael Hudson (1) em CounterPunch, que sublinha que os estrategistas financeiros não deixarão passar a oportunidade que essa crise os brinda.

E escreve que para estes financistas chegou o momento de privar aos devedores de seus direitos e que isto constitui uma revolução, ou melhor dito uma contra-revolução para eliminar todo o ganho no século 20 em matéria de democracia social, pensões e seguridade social, o setor público para serviços médicos, e outras infraestruturas que proveem os serviços essenciais gratuitamente ou a preços subsidiados. O modelo básico que os financistas querem executar são as reformas neoliberais aplicadas à ex-União Soviética a partir de 1991: privatização das empresas públicas, uma reforma fiscal regressiva, a desregulação da economia, de preços, condições trabalhistas e término do crédito. Em resumo, segundo Hudson, o objetivo da atual oligarquia financeira é "concentrar a riqueza na cúspide da pirâmide (2) e baixar os salários, porque as finanças amam os baixos salários".

O trabalho de Hudson é importante porque define o "objetivo das finanças" como uma "arrebatada de bens", uma busca de converter a infraestrutura pública em "pedágios" para a extração de uma renda da economia, o "almoço gratuito", enquanto desmantelam os sindicatos de trabalhadores e baixam os salários. Mas, acrescenta, para conseguir este objetivo - que é bem visível no caso da Grécia, com o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI exigindo que esse país ceda as jóias de sua infraestrutura pública para o setor financeiro estrangeiro para cancelar a dívida nos bancos alemães e franceses -, o setor financeiro necessita apropriar-se do poder político para substituir a democracia com tecnocratas financeiros cujo papel será fingir que não há contra-revolução alguma, mas um aumento da `eficiência', da `criação de riqueza' mediante a ordenha da economia com o objetivo final de que "todo o excedente  sirva para ser pago como juros aos gerentes financeiros que estão emergindo como os novos planificadores centrais da civilização ocidental".

E esta receita que faz com que os governos sejam responsáveis pelas dívidas do setor privado ou a dívida pública incorrida para salvar o sistema financeiro da crise de 2008, conclui Hudson, põe em dúvida a soberania mesma dos países. E sendo este o objetivo da guerra que está sendo travada contra a Grécia pelo BCE e pelo FMI, seria conveniente ver o caso da Grécia como um ensaio do que se aplicará não somente para o resto da Europa, mas também para o que os cabidelistas financeiros quiseram aplicar nos Estados Unidos.

A revolução na agenda do dia

Com as dezenas de milhares de indignados nas praças da Espanha, as manifestações cotidianas populares na Grécia para impedir a entrega do país aos bandidos das finanças, os banqueiros da Alemanha, França, Londres e Wall Street, e uma surda cólera fermentando na juventude europeia pela falta de perspectivas trabalhistas no final de longos estudos, e na sociedade em geral pelo desemprego, a exclusão e a precariedade trabalhista, pelo empobrecimento dos aposentados e a baixa do nível de vida da classe média, entre muitas coisas que apontam ao que Hudson define como uma contra-revolução para eliminar tudo o que se ganhou no século 20 em termos sócio-econômicos e fazer-nos voltar ao regime de servidão.

Mas o desenvolvimento do sistema capitalista até esta predominância do sistema financeiro, até esta "ditadura do capital financeiro" e o retorno a um sistema rentista de exploração até a morte, é assim mesmo uma indicação de que as economias capitalistas mais desenvolvidas estão "prenhas" de gravíssimas contradições, que tomara estejam gestando o que Karl Marx definia em seus (muito pouco lidos e menos estudados) Grundisse - os dois tomos de "Elementos Fundamentais para a Crítica da Economia Política" (3) - como "contradição fundamental", ou o "como e quando se derrubará a ordem social capitalista".

Se a contra-revolução está em marcha é quiçá porque começam a existir condições objetivas para uma revolução. E esse será o tema do segundo artigo.

La Vèrdiere, Francia.

Notas:

(*) Constitui parte do que Naomi Klein elabora mui justamente em seu livro “A doutrina do Shock”. (O vídeo sobre "A doutrina do choque" postei aqui - Aquiles).

(1) Michael Hudson, The financial Road to Serfdom; How Bankers are Using the Debt Crisis to Roll Back the Progressive Era http://www.counterpunch.org/hudson06032011.html

(2) Sobre esta concentração da riqueza no topo da pirâmide e o processo de pauperização nos Estados Unidos ver o excelente trabalho -baseado em estatísticas- do professor de sociologia William Domhoff, da Universidad de California em Santa Cruz, no portal Who Rules América? http://sociology.ucsc.edu/whorulesamerica/power/wealth.html

(3) Grundisse, Elementos Fundamentais para a Crítica da Economía Política, Edición Siglo XXI Editores, 1971, com uma excelente introdução de Martín Nicolaus.

Vejam o texto original em rebelion.org

Brasil lidera 147 países em ranking de felicidade futura (27jun2011)

O Brasil é o líder de um ranking de 147 países sobre felicidade futura de seus cidadãos, apontou um estudo divulgado nesta segunda-feira pela Fundação Getúlio Vargas.

A pesquisa "Os Emergentes dos Emergentes: Reflexões Globais e Ações Globais para a Nova Classe Média Brasileira" considerou que o brasileiro tem média de 8,7 de satisfação com a vida em 2014, superando os demais países da amostra, que têm média 5,6.

O estudo também apontou que a confiança no futuro por parte dos brasileiros é significativamente superior comparado ao desempenho dos outros países do grupo de nações emergente denominado Brics: a África do Sul ficou na 46ª posição; a China, na 92ª; a Rússia, na 119ª; e Índia, na 128ª.

Além do Brasil, estão entre os 10 primeiros no ranking de felicidade futura Jamaica, Panamá, Emirados Árabes Unidos, Costa Rica, Dinamarca, Noruega, Catar, Austrália e Colômbia.

Cuiabá: projetos de mobilidade urbana para a Copa 2014
(27jun2011)

Viaduto na Beira-Rio

Trincheira na Av. Jurumirim

Trevo do Tijucal

Trincheira na Av. dos Trabalhadores

Trincheira no Santa Rosa

Trincheira no Verdão

Viaduto no Despraiado