Me gustan los estudiantes (Violeta Parra)
Mercedes Sosa
Postagem de 1º de julho de 2011 no sítio chileno El Mostrador.
Lavín aprisionado entre La Moneda e a força esmagadora do movimento estudantil
Enquanto a direita toma distância e evita a contaminação com o conflito na educação, o governo, sem popularidade nem de peso, disse que o respalda Mas a decisão final de avançar para uma reforma profunda - única saída efetiva para a crise - recai no Presidente, repetindo o padrão de alta concentração nas decisões que caracteriza a administração Piñera. Até agora não há luz verde para isso, o que põe em queda livre o capital político de um dos ministros melhor avaliados do gabinete.
“Lavín lidera o conflito e, obviamente, ele está muito coordenado com o Presidente”, asseguram desde o palácio de La Moneda. Antes do início da revolta estudantil, Lavín era bem avaliado pelo piñerismo e o Presidente confiava nele para fazer a reforma prometida na campanha. No entanto, todos os ministros devem ser submetidos ao projeto do governo e isso implica em que "coordenação" significa consultar com o presidente todos os detalhes antes de tomar uma decisão. Piñera está no comando e o ministro vê sua gama de ação reduzida. De fato, no entorno do secretário de Estado sustenta-se que "não tem liberdade. Lavín está disposto a reforma produnda, mas o presidente não. Piñera quer fazer o que prometeu e nada mais, é o seu jeito de ser. Portanto Lavín está em uma posição política ruim, não o deixam escolher o caminho necessário para sair da crise. A opção para sair é que o autorizem a fazer uma reforma séria, ou seja, que lhe seja dado o encargo de avançar. E Piñera não está agora nessa posição. E o pior é que ninguém sabe o quanto mais Piñera vai ter que cair para entrar na sensatez política”.
Ontem, com o conflito no seu momento mais tenso, o governo chegou a apoiar Lavín e o fez ontem durante o desenvolvimento da marcha que reuniu mais de 100 000 pessoas. Cristián Larroulet - secretário-geral da presidência - disse que o ministro tinha o apoio do governo. Mas antes disso, não houve maiores apoios públicos e a leitura em seu entorno é que o ministro "tem estado muito só". O apoio de La Moneda não significa muito, porque é impopular, e o seu índice de aprovação está caindo e é esperado que continue a cair. Parece que "todas as causas defendidas pelo governo... debilita esse índice. E isso vai continuar a acontecer, uma vez que permanece impopular ", disse Carlos Huneeus, analista e diretor do Centro de Estudios de la Realidad Contemporánea (CERC).
Um mês atrás, Lavín estava entre os ministros melhor avaliados pelos cidadãos e por La Moneda. Hoje está uma situação adversa pela complexidade social que se apresenta e pela impossibilidade de tomar decisões rápidas, sem passar pelo "vamos" de Piñera. O ministro tem dois caminhos possíveis, "encher-se de dividendos com um nível de apoio importante ou naufragar na complexidade", como diz Marco Moreno, cientista político da Universidad Central. Mesmo no entorno do ministro avalia-se que o presidente o vê como descartável: "O fácil para Piñera é mudar o ministro e assim ganhar tempo. Nomear outro até que o novo - quem quer que seja - novamente se debilite. E, para a UDI, se trocam Lavín por quatro ministros poderosos do partido, ninguém discutirá na loja."
De fato, ainda existem na UDI algumas influentes personalidades lavinistas, mas ninguém quer ser contaminados com o conflito estudantil. "A UDI não tem opinado sobre a educação, todos estão quietos e não querem se envolver porque é uma causa que os prejudica Eles tentam dar um passo atrás e priorizar os interesses do partido", disse Carlos Huneeus. Na verdade, quando Victor Perez, secretário-geral da UDI vai pedir apoio ao ministro Lavín, dá um sinal claro dessa distância do setor.
Na Renovação Nacional o cenário é mais complexo, a crítica vai além do conflito estudantil e mistura-se com a agenda pessoal, que eles acreditam ter o ministro. "Lavín não fez bem o seu papel, andou todo o Chile em razão do bullying e não foi capaz de comunicar as realizações do seu ministério. Se tivesse focado sobre as realizações e em torná-las conhecidas ao invés de andar como candidato, não teria chegado à situação em que estamos", diz uma fonte da Renovação Nacional.
"Para qualquer ministro teria sido difícil, mas a questão da Universidade do Desenvolvimento (lucro) afeta a credibilidade de Lavín", disse Martin Zilic, o ex-ministro da Educação de Bachelet, a primeira vítima da revolução dos pinguins em 2006. É que a incursão de Lavín na Tolerância Zero, onde ele admitiu que tinha recuperado o investimento inicial feito na UDD foi uma gafe política enorme. Marcou um ponto de viragem para a sua carteira e puxou para baixo seu esforço para romper com seu passado no setor privado.
Mesmo José Piñera, irmão do presidente, escreveu em seu Twitter: "Se obteve lucro não terá legitimidade para liderar esta mudança necessária". Algo que tem sido exposto, porque todas as propostas que o governo tem feito para os diversos atores foram rejeitadas, e até mesmo sentar e conversar tem sido extremamente difícil. A rejeição dos estudantes foi tão poderosa, que ontem a líder dos universitários, Camila Vallejo, pediu a renúncia do ministro por ele "não chegar lá".
Para Huneeus, o assunto de Lavín e o lucro é menor. "As pessoas sabem que é um governo de empresários e que um ministro tem tido uma quota em uma universidade não é tão significativa. É aí que reside a principal fraqueza, porque este governo representa um setor e um modelo econômico", diz ele. Embora o tema seja importante Zilic, ele explica que "Lavín acredita que o sistema privado é melhor do que o público... Está em seu DNA. Ele está ganhando tempo, está defendendo uma posição e prosseguirá nela".
Para alguns, ao invés de liderar, o governo tem reagido e enfrenta os atores - secundaristas, acadêmicos e reitores - separadamente. "Nós vemos um ministro que quer resolver os problemas separadamente e oferecer soluções pequenas para os vários intervenientes. Mas não se senta para discutir o sistema a fundo" diz Zilic, acrescentando que" seria de se esperar que o governo enfrentasse a situação com o aprendizado do passado".
A estratégia do governo em relação ao conflito estudantil é 100%. comunicacional. "Lavín está apostando seu capital político esperando que, eventualmente, a opinião pública deixe de ver com bons olhos o movimento estudantil, ajudando-o a resolver o problema. É um tiro no escuro", explica o analista Moreno. Porque resolve o problema das mobilizações, mas não o conflito.
Nesta estratégia, La Moneda ressalta o custo do movimento estudantil: a perda de dinheiro dos municípios, os danos após a mobilização e a perda de aulas, que em alguns casos não é compartilhada por todos os alunos. Ao mesmo tempo, busca-se deslegitimar o movimento com afirmativas de que ele é politizado. Porque, assegura-se no palácio, "quando o a opinião pública estiver farta das manifestações, elas perdem força".
Há muitos que concordam que a questão está em "dialogar e encontrar soluções globais", como diz Zilic,. É que a resposta do ministro foi "uma bateria de medidas que não vão ao eixo central do problema, e isso descarta o entendimento", como diz Moreno. Ao mesmo tempo, o analista explicou que esta situação era totalmente previsível e que "a falha em prever o conflito é uma responsabilidade que o ministro deve assumir".
O principal problema que La Moneda enfrentará tem a ver com a credibilidade. Após três semanas de manifestações e invasões estudantis, o que se questiona é a verdadeira vontade do governo para ouvir e aceitar pedidos dos manifestantes além de sua capacidade de chegar a acordos. "Aqui não sabem o que fazer, não há uma estratégia de solução e o governo só espera passar o conflito", disse Carlos Huneeus.
Mobilização maciça de ontem supera a anterior e legitima as exigências
Lavín aprisionado entre La Moneda e a força esmagadora do movimento estudantil
Enquanto a direita toma distância e evita a contaminação com o conflito na educação, o governo, sem popularidade nem de peso, disse que o respalda Mas a decisão final de avançar para uma reforma profunda - única saída efetiva para a crise - recai no Presidente, repetindo o padrão de alta concentração nas decisões que caracteriza a administração Piñera. Até agora não há luz verde para isso, o que põe em queda livre o capital político de um dos ministros melhor avaliados do gabinete.
Por Yael Schnitzer | Tradução Aquiles Lazzarotto
“Lavín lidera o conflito e, obviamente, ele está muito coordenado com o Presidente”, asseguram desde o palácio de La Moneda. Antes do início da revolta estudantil, Lavín era bem avaliado pelo piñerismo e o Presidente confiava nele para fazer a reforma prometida na campanha. No entanto, todos os ministros devem ser submetidos ao projeto do governo e isso implica em que "coordenação" significa consultar com o presidente todos os detalhes antes de tomar uma decisão. Piñera está no comando e o ministro vê sua gama de ação reduzida. De fato, no entorno do secretário de Estado sustenta-se que "não tem liberdade. Lavín está disposto a reforma produnda, mas o presidente não. Piñera quer fazer o que prometeu e nada mais, é o seu jeito de ser. Portanto Lavín está em uma posição política ruim, não o deixam escolher o caminho necessário para sair da crise. A opção para sair é que o autorizem a fazer uma reforma séria, ou seja, que lhe seja dado o encargo de avançar. E Piñera não está agora nessa posição. E o pior é que ninguém sabe o quanto mais Piñera vai ter que cair para entrar na sensatez política”.
Ontem, com o conflito no seu momento mais tenso, o governo chegou a apoiar Lavín e o fez ontem durante o desenvolvimento da marcha que reuniu mais de 100 000 pessoas. Cristián Larroulet - secretário-geral da presidência - disse que o ministro tinha o apoio do governo. Mas antes disso, não houve maiores apoios públicos e a leitura em seu entorno é que o ministro "tem estado muito só". O apoio de La Moneda não significa muito, porque é impopular, e o seu índice de aprovação está caindo e é esperado que continue a cair. Parece que "todas as causas defendidas pelo governo... debilita esse índice. E isso vai continuar a acontecer, uma vez que permanece impopular ", disse Carlos Huneeus, analista e diretor do Centro de Estudios de la Realidad Contemporánea (CERC).
Um mês atrás, Lavín estava entre os ministros melhor avaliados pelos cidadãos e por La Moneda. Hoje está uma situação adversa pela complexidade social que se apresenta e pela impossibilidade de tomar decisões rápidas, sem passar pelo "vamos" de Piñera. O ministro tem dois caminhos possíveis, "encher-se de dividendos com um nível de apoio importante ou naufragar na complexidade", como diz Marco Moreno, cientista político da Universidad Central. Mesmo no entorno do ministro avalia-se que o presidente o vê como descartável: "O fácil para Piñera é mudar o ministro e assim ganhar tempo. Nomear outro até que o novo - quem quer que seja - novamente se debilite. E, para a UDI, se trocam Lavín por quatro ministros poderosos do partido, ninguém discutirá na loja."
A Aliança se afasta
De fato, ainda existem na UDI algumas influentes personalidades lavinistas, mas ninguém quer ser contaminados com o conflito estudantil. "A UDI não tem opinado sobre a educação, todos estão quietos e não querem se envolver porque é uma causa que os prejudica Eles tentam dar um passo atrás e priorizar os interesses do partido", disse Carlos Huneeus. Na verdade, quando Victor Perez, secretário-geral da UDI vai pedir apoio ao ministro Lavín, dá um sinal claro dessa distância do setor.
Na Renovação Nacional o cenário é mais complexo, a crítica vai além do conflito estudantil e mistura-se com a agenda pessoal, que eles acreditam ter o ministro. "Lavín não fez bem o seu papel, andou todo o Chile em razão do bullying e não foi capaz de comunicar as realizações do seu ministério. Se tivesse focado sobre as realizações e em torná-las conhecidas ao invés de andar como candidato, não teria chegado à situação em que estamos", diz uma fonte da Renovação Nacional.
Lucro: o calcanhar de Aquiles de Lavín
"Para qualquer ministro teria sido difícil, mas a questão da Universidade do Desenvolvimento (lucro) afeta a credibilidade de Lavín", disse Martin Zilic, o ex-ministro da Educação de Bachelet, a primeira vítima da revolução dos pinguins em 2006. É que a incursão de Lavín na Tolerância Zero, onde ele admitiu que tinha recuperado o investimento inicial feito na UDD foi uma gafe política enorme. Marcou um ponto de viragem para a sua carteira e puxou para baixo seu esforço para romper com seu passado no setor privado.
Mesmo José Piñera, irmão do presidente, escreveu em seu Twitter: "Se obteve lucro não terá legitimidade para liderar esta mudança necessária". Algo que tem sido exposto, porque todas as propostas que o governo tem feito para os diversos atores foram rejeitadas, e até mesmo sentar e conversar tem sido extremamente difícil. A rejeição dos estudantes foi tão poderosa, que ontem a líder dos universitários, Camila Vallejo, pediu a renúncia do ministro por ele "não chegar lá".
Para Huneeus, o assunto de Lavín e o lucro é menor. "As pessoas sabem que é um governo de empresários e que um ministro tem tido uma quota em uma universidade não é tão significativa. É aí que reside a principal fraqueza, porque este governo representa um setor e um modelo econômico", diz ele. Embora o tema seja importante Zilic, ele explica que "Lavín acredita que o sistema privado é melhor do que o público... Está em seu DNA. Ele está ganhando tempo, está defendendo uma posição e prosseguirá nela".
Para alguns, ao invés de liderar, o governo tem reagido e enfrenta os atores - secundaristas, acadêmicos e reitores - separadamente. "Nós vemos um ministro que quer resolver os problemas separadamente e oferecer soluções pequenas para os vários intervenientes. Mas não se senta para discutir o sistema a fundo" diz Zilic, acrescentando que" seria de se esperar que o governo enfrentasse a situação com o aprendizado do passado".
Aguentar até que a tormenta passe
A estratégia do governo em relação ao conflito estudantil é 100%. comunicacional. "Lavín está apostando seu capital político esperando que, eventualmente, a opinião pública deixe de ver com bons olhos o movimento estudantil, ajudando-o a resolver o problema. É um tiro no escuro", explica o analista Moreno. Porque resolve o problema das mobilizações, mas não o conflito.
Nesta estratégia, La Moneda ressalta o custo do movimento estudantil: a perda de dinheiro dos municípios, os danos após a mobilização e a perda de aulas, que em alguns casos não é compartilhada por todos os alunos. Ao mesmo tempo, busca-se deslegitimar o movimento com afirmativas de que ele é politizado. Porque, assegura-se no palácio, "quando o a opinião pública estiver farta das manifestações, elas perdem força".
Há muitos que concordam que a questão está em "dialogar e encontrar soluções globais", como diz Zilic,. É que a resposta do ministro foi "uma bateria de medidas que não vão ao eixo central do problema, e isso descarta o entendimento", como diz Moreno. Ao mesmo tempo, o analista explicou que esta situação era totalmente previsível e que "a falha em prever o conflito é uma responsabilidade que o ministro deve assumir".
O principal problema que La Moneda enfrentará tem a ver com a credibilidade. Após três semanas de manifestações e invasões estudantis, o que se questiona é a verdadeira vontade do governo para ouvir e aceitar pedidos dos manifestantes além de sua capacidade de chegar a acordos. "Aqui não sabem o que fazer, não há uma estratégia de solução e o governo só espera passar o conflito", disse Carlos Huneeus.
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