Yukiya Amano prometeu comportamento "low profile" com relação a Teerã
O representante do Irã na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Ali Asghar Soltanieh, acusou nesta quarta-feira (09/11) o diretor-geral da instituição, Yukiya Amano, de apresentar um relatório desequilibrado, não profissional e politicamente motivado sobre o programa nuclear iraniano.
Conforme noticiou a agência de notícias estatal iraniana IRNA, a equipe de especialistas do país refutou as acusações, citando documentos secretos difundidos pelo Wikileaks, nos quais Amano prometia “coordenar suas medidas com as autoridades norte-americanas” contra o Irã.
Na nota, a IRNA afirma que, neste novo relatório, não há "nenhuma nova evidência" sobre os dados "supostamente tirados de um laptop que teria sido roubado de um funcionário iraniano em 2004". Por isso, "Amano não tem nenhuma informação nova para apoiar suas acusações."
O enviado iraniano argumentou que a AIEA, ao divulgar a informação sobre o Irã em um documento público, "burlou o princípio do direito à proteção da informação dos países" membros do organismo. Para Soltanieh, Amano é "plenamente responsável por um erro histórico" que, em sua opinião, "prejudica o ambiente de cooperação no organismo e estimula o confronto entre membros e o chefe da instituição".
Em despacho de 10 de julho de 2009, Amano promete manter um comportamento "low profile" com relação ao Irã. O líder da delegação norte-americana na AIEA Geoffrey Pyatt ressalta que Amano "diferencia sua abordagem" da do ex-diretor da AIEA Mohammed ElBaradei, acusado de ser leniente com Teerã. "Amano enxerga a Diretoria-Geral da AIEA como um elemento neutro e imparcial com relação aos acordos de salvaguardas do Irã, em contraste com o posicionamento de intermediário (...) ele insistiu que seu papel principal é o de implementar as salvaguardas (...) ele insistiu que a AIEA não poderia substituir o o P5+1 no diálogo com o Irã, ou vice-versa."
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No cargo desde dezembro de 2009, Amano foi classificado na época pela diplomacia norte-americana como "um diretor de todos os países, mas em concordância conosco", conforme revelou documento vazado pelo Wikileaks, datado de 16 de outubro de 2009.
No mesmo despacho, citando sua própria eleição para a direção da AIEA, Amano ressaltou que "se há determinação, os EUA podem fazer qualquer coisa!", e desejou que o país se tornasse uma força motriz em conferência sobre o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Questionado sobre a necessidade de maior autoridade da AIEA, Amano se comprometeu a insistir pela implementação do protocolo adicional aos Acordos de Salvaguarda do TPN.
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Iniciativa dos EUA, a assinatura do protocolo é rejeitada pelo Brasil, que enxerga o mecanismo como uma tentativa de ingerência norte-americana. Isso porque o acordo amplia os poderes da AIEA para a realização de inspeções, com o aumento de informações e o acesso a locais solicitados pela agência.
Ao país signatário do protocolo, a AIEA pode solicitar visitas com agendamento prévio em qualquer localidade do país e em qualquer parte da usinas com até 24 horas de antecedência, tornando esse país mais vulnerável do ponto de vista tecnológico.
O protocolo ainda outorga à AIEA a responsabilidade de avaliar a existência de materiais não declarados. O risco que corre o país que adere ao Protocolo Adicional é ter que, por alguma circunstância, provar sua inocência, como ocorre hoje com o Irã.
Posição do Brasil
A divulgação de parte do relatório da AIEA, informando que no Irã o programa nuclear é desenvolvido para fins não pacíficos, foi recebido com cautela pelo Brasil. Para o governo, as informações não podem levar a mais sanções aos iranianos.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Tovar Nunes, disse à Agência Brasil que ainda é cedo para fazer previsões e que a expectativa está reservada para a análise dos dados pela agência.
"Esperamos a divulgação e as explicações oficiais da AIEA sobre o relatório e o que ele contém. Por enquanto, é cedo para previsões", disse o porta-voz. Segundo ele, o que vazou do documento está sendo submetido a análise por parte do Itamaraty, mas o governo aguarda a divulgação oficial dos dados na sexta-feira (11/11).
O embaixador acrescentou que o governo brasileiro defende a busca do diálogo e o esforço para o desenvolvimento de um programa nuclear com fins pacíficos. “A nossa posição é sempre pela busca da negociação e do diálogo, além da defesa do desenvolvimento de um programa nuclear para fins pacíficos", disse Tovar.
Do sítio Opera Mundi.
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