segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Menos rancor e mais sinceridade de propósitos,
é do que precisamos
(26nov2012)


O clima denso e difícil que vivemos hoje no planeta e, infelizmente, em nosso país remeteram-me às leituras que fiz, em meus jovens anos (os verdes anos da juventude), de publicações espiritualistas, quando, como boa parte dos jovens, se busca compreender o conjunto da vida em todas as suas extensões e sob todos os aspectos disponíveis. Nesse período tive acesso a livros ditados pelo espírito de Ramatis cujos teores ficaram fortemente marcados em minha memória, embora posteriormente eu tenha me afastado das questões espiritualistas para me envolver com a vida material e com as responsabilidades profissionais que me distanciaram mais e mais daquela campo. A condição de geólogo, professor universitário, pesquisador etc. etc. empurraram-me, poder-se-ia dizer assim, para um campo de ceticismo maior quanto àquilo não mensurável, não visível, não aparente.

Mas arrepios estranhos e intuições são coisas que fica mais difícil de a gente afastar ou impedir. São e estão em nós e no nosso cotidiano.

Agora, com o advento cada vez mais cantado do fim dos tempos pelo calendário Maia, a curiosidade leva-me a reler algumas daquelas obras que ainda permanecem em minhas estantes.

Por quê? Porque o amplo acesso ao mundo da informação via internet com todos os seus instrumentos, tem me mostrado uma parafernália de irresponsabilidades, de desrespeito às pessoas e à verdade, com pessoas e entidades sempre prontas a atacar e destruir qualquer coisa que possa ser promissora em favor da coletividade. Tudo em nome da cobiça, do poder, da manutenção de privilégios materiais, do maior enriquecimento de quem já foi sempre muito rico. Jornalistas não se pejam de assassinar reputações sem qualquer base em fatos, comentaristas em páginas da internet falam o que bem entendem daqueles que colocaram como seus desafetos no campo da política, e tudo com base em troca de factoides sem qualquer base na realidade, mas unicamente com base no desejo irrefreável de destruir, arrasar, moer.

Vemos a Europa submergindo numa crise absurda para satisfazer o sistema financeiro internacional. Vemos o Brasil solapado a cada dia com milhares de acusações cruéis e maldosas contra autoridades que, mesmo que de leve, geram uma política de redistribuição de rendas. O ódio está presente na maledicência, e também começa a gerar respostas no mesmo nível de virulência. Nada disso é bom para nós, para a população em geral. As massas assimilam essas mensagens midiáticas e muitos vão se tornando em transferidores das violências do campo literário ou do virtual das redes sociais para o espaço público das ruas. Os “formadores de opinião” pouco se incomodam, ou até preferem, que suas palavras gerem medo, mortes, agressões... Aos corruptos, que não surgiram somente após 2002, todos sabemos, pouco se lhes dá se sua sede por poder e dinheiro gera outro tanto de medo, mortes, agressões, miséria, sofrimentos, desagregações familiares...

Então, a sensação que me passa, face ao descaramento com que esses personagens melífluos da mídia e da política, entre os de outras áreas de nossa sociedade, é a de “fim de festa”. Vamos tomar tudo rapidinho, porque a festa está para acabar. Vamos aproveitar e nos chafurdar em nossos fazeres deletérios para usufruirmos do prazer que nos traz esse poder, para agredirmos a quem nos dê na telha ou a quem possa parecer se tornar um obstáculo aos nossos amigos, também sôfregos por riquezas e poder.

Por isso, resolvi que doravante participarei com muito mais cuidado na divulgação de textos em meu blog, tentando evitar o acirramento desse clima horrível ora instalado entre nós todos.

De outro lado, venho buscando resgatar algumas daquelas leituras que para mim fizeram muito sentido há muitos anos, e que o desenrolar dos acontecimentos no planeta desde então só parecem vir a confirmar pelo menos a sensatez daqueles conteúdos.

O livro “Mensagens do Astral”, ditado pelo espírito de Ramatis e psicografado por Hercílio Maes, foi publicado em 1956, mas as comunicações de Ramatis foram feitas entre 1948 e 1949. Foi a minha primeira leitura espiritualista mais incisiva em suas assertivas a que tive acesso e que sempre ficou meio que como pano de fundo para minha percepção e leitura dos fatos à minha volta. Abafadinho, mas estava lá.

Estes são alguns dos elementos que contextualizam o período em que o livro foi publicado, a década de 1950:
– Realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 1950.
– A TV Tupi, inaugurada em setembro de 1950, é o primeiro canal de televisão da América Latina.
– Começa a Guerra da Coreia em 25 de junho de 1950. A guerra termina em 27 de julho de 1953.
– A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) organiza o primeiro Campeonato Mundial de Fórmula 1, em 1950.
– Em fevereiro de 1951 começam os primeiros Jogos Pan-Americanos. O evento esportivo ocorre na Argentina.
– Em 6 de fevereiro de 1952 Elizabeth II torna-se rainha da Inglaterra.
– Criação da empresa estatal Petrobrás em 1953.
– Em 24 de agosto de 1954 ocorre o suicídio do presidente do Brasil Getúlio Vargas.
– Em 16 de setembro de 1955 um golpe militar na Argentina tira do poder o presidente Juan Perón.
– Em outubro de 1955 Juscelino Kubitschek é eleito presidente do Brasil.
– Em plena Guerra Fria é assinado, em 1955, o Pacto de Varsóvia (tratado de defesa militar que envolvia os países socialistas do leste europeu, comandados pela União Soviética).
– Lançamento do primeiro satélite, o Sputinik I, em 1957.
– Em 1957 o Sputinik II coloca em órbita da Terra o primeiro ser vivo, a cadela Laika.
– Assinado o Tratado de Roma, em 1957, estabelecendo a Comunidade Econômica Europeia (CEE).
– Em 1959 ocorre a Revolução Cubana.
– Começa, em 1959, a Guerra do Vietnã.
– O estilo musical brasileiro Bossa Nova começa a fazer sucesso.
O que me atraiu na leitura de Ramatis foi o seu tom pouco conciliador, bem diferente daquele utilizado pelos religiosos em geral. Ele não fala de um Deus antropomorfizado, cheio de quereres e sentimentos humanos. Ele cita, sim, uma Lei Cósmica onde eventos são estabelecidos sem a interferência milagrosa de qualquer entidade. Segundo ele, sequer Jesus, espírito da mais alta hierarquia a encarnar neste planeta, rompeu com as leis da natureza. Assim, os “milagres” citados na Bíblia não foram exatamente milagres, mas a mobilização de energias existentes tanto no entorno físico de Jesus quanto aquelas provenientes de seu potencial mobilizador de energias espirituais.

Em seu livro, Ramatis afirma que um planeta cujo plano orbital não coincide com o plano orbital dos planetas do Sistema Solar passará suficientemente perto da Terra a ponto de influenciar, com seu magnetismo, os fenômenos naturais de nosso planeta. Haverá interferência em todo o conjunto planetário em nível geológico e em nível climático.

Para esse planeta, que ele denomina de Absinto, migrarão as almas daqueles que não terão condições de afinidade com o ambiente de uma nova era na Terra. A partir das mudanças energéticas e espirituais da Terra, haverá de se implantar aqui a ambiência da fraternidade e da justiça, nos parâmetros definidos pelo Evangelho.

Ramatis não afirma em nenhum momento que o mundo será dos religiosos, mas sim daqueles que, em seu labor diário, lutam por igualdade, justiça, cooperação, respeito ao próximo, mesmo que se afirmem ateus. A afinidade se dá pelos atos e pensamentos, e não pela segurança da filiação religiosa utilizada por muitos como um escudo protetor para suas mazelas e desrespeitos aos próprios ensinamentos que as religiões transmite.

Ou seja, ninguém estará “salvo” a priori.

Quem Ramatis afirma que será considerado o joio a ser separado do trigo?

“...o outro grupo [o joio] (...) será representado pelos maus, compondo a triste caravana dos que emigrarão para um orbe inferior, em relação com o seu padrão anticrístico. É o dos que planejam os arrasamentos das cidades pacíficas; os técnicos impassíveis que movem botões eletrônicos para destruição a distância; os cientistas satânicos que operam nos desvãos dos laboratórios, na preparação dos engenhos da morte; os que exaurem fosfatos na busca de meios mais eficientes para assassinatos coletivos nos matadouros ou nas matas verdejantes; os que criam indústrias para o fabrico de instrumentos criminosos; os autores de engenhos malignos que transformam os aviões da fraternidade em monstros vomitadores de bombas infernais. E a triste caravana será ainda engrossada com outros contingentes humanos provindos das corrupções administrativas: os que se locupletam com os bens públicos e dificultam o leite para a criança, o asilo para o velho, o agasalho para o desnudo e o hospital para o indigente; as almas venais que transformam a consciência em balcão; os exploradores sensacionalistas das desgraças alheias; os jornalistas, escritores, tribunos e políticos que instigam ou defendem as forças do ódio, indiferentes à edificação superior da consciência das massas e à educação essencial da criança. Este é o séquito a caminho da implacável retificação no ‘habitat’ sombrio de outro mundo tão agressivo e impiedoso quanto as suas próprias consciências e que se tornará o regaço materno não só dos que obrigam as mãos que lavram o solo pacífico a tomar armas para o extermínio fratricida, como daqueles que insuflam o ódio racial e contribuem para o desaparecimento da paz; dos que industrializam as graças divinas a troco da moeda profana; dos que pregam a fraternidade promovendo a separatividade e empregam os recursos da violência para a conversão dos infiéis. Como egoístas, impiedosos, avaros, fariseus e salteadores de “traje a rigor”, terão que se sujeitar aos pródromos de outra civilização humana, no exílio provisório à ‘esquerda’ do Cristo.” (destaques meus)

Perguntado sobre se Deus não perdoaria aos seres que se convertessem na hora derradeira, Ramatis afirma:

“Não alimenteis as falsas ilusões que as religiões criaram a esse respeito. O perdão exige uma premissa, que é a ofensa. Ninguém pode perdoar sem ter aceito ou considerado a ofensa correspondente. Portanto, para que Deus perdoe, é necessário conceber-se que, antes disso, se sentisse ofendido! Uma vez que Deus não se ofende – pois é o Absoluto Criador Incriado – não precisa perdoar. Ele é a Lei Suprema, cujo objetivo se revela na consecução da felicidade do espírito. Demais, o perdão à última hora (...) não modifica o conteúdo íntimo da alma, a qual necessita reeducar-se para se harmonizar com as esferas de vibração mais pura.”

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