Continuação da postagem do livro "Brasil, Terra de Promissão", publicado em 1969, ditado pelo espírito de Ramatis e psicografado por América Paoliello Marques.
As postagens anteriores, na ordem em que aparecem no livro, mas com títulos elaborados por mim, foram:
O Brasil sob um ponto de vista espiritualista (ver AQUI)
As funções das etnias constituintes do povo brasileiro (ver AQUI)
Breve análise da história do Brasil do ponto de vista da espiritualidade (ver AQUI)
O papel da coletividade brasileira ante a derrocada dos valores materiais da Terra (ver AQUI)
Amálgama e constituição de um novo patriotismo no Brasil (ver AQUI)
A laboriosa formação do povo brasileiro como humilde mensageiro sobre a Nova Era (ver AQUI)
I - Preparação psicológica
6 – Amálgama espiritual
PERGUNTA — Finalizando a primeira parte desta Obra, que se refere à preparação psicológica do povo brasileiro para a sua missão, como poderemos apreciar melhor os conceitos que desejais transmitir sob o título de "Amálgama espiritual"?
RAMATIS — Tornar-se-á simples a nossa troca de impressões se bem definirmos primeiro o que seja um amálgama. Consiste numa liga de mercúrio com outro metal e tem utilidades diversas.
Não apresenta aspecto atraente, nem desperta a cobiça dos menos avisados. Trabalha para exercer funções obscuras como a de permanecer na parte oculta da face do espelho, garantindo a reflexão da imagem no lado julgado "útil". Representa a associação em seu valor de conjunto, a capacidade de "ligar-se" para melhor servir. Faz o panegírico do serviço obscuro, quando é associado ao minério triturado da prata para depois entregá-la pura a quem desejar. É, enfim, um símbolo do trabalho associativo e modesto, capaz de ser útil sem sobressair.
O mercúrio, sobre cujas virtudes repousam as possibilidades do amálgama, é o único metal líquido à temperatura normal. Transferindo para o plano das nossas considerações os aspectos analisados, encontraremos no ambiente espiritual brasileiro uma vibração associativa, cujas características recordam os méritos apreciáveis do benfazejo amálgama. Pode-se dizer que é o único povo cuja aura encontra-se aberta às vibrações de uma sintonia fraterna irrestrita, qualificando-se como uma coletividade tão estranha entre as outras, como o mercúrio entre os metais.
PERGUNTA — Como poderíamos compreender melhor essa característica e suas consequências?
RAMATIS — Acompanhando o desenvolvimento psicológico do povo brasileiro, compreendemos o processo pelo qual funciona essa capacidade que age à semelhança do processo utilizado para retirar a prata do minério-bruto triturado, com o auxílio do mercúrio. Às terras brasileiras vêm os mais preciosos valores, envoltos, no entanto, pelos detritos de milenar incompreensão humana; lançados na engrenagem da vida brasileira sentem-se triturados por uma força poderosa e avassaladora inexistente nos ambientes de origem. É a fase ciclópica do esmagamento dos valores individuais no mecanismo grandioso de um povo em formação. Os estrangeiros, oriundos de nações seculares em suas instituições, sofrem enorme necessidade de reajustamento psicológico ao ingressarem no panorama nacional brasileiro.
Porém, após o trituramento da adaptação ao mecanismo do colosso, parece que os padrões de avaliação trazidos ressurgem sob novo aspecto e a alma liga-se a uma interpretação estranha, desconhecida até então. É o período de ajustamento dos valores importados, quando já não pertencem integralmente a sua origem, mas, também, não se sentem à vontade no ambiente novo.
Parece que a prata preciosa desses valores importados encontra-se degradada.
PERGUNTA — Como identificar melhor essa fase?
RAMATIS — Para vós será simples fazê-lo, pois encontrai-vos em plena expansão do período de amálgama espiritual, no qual todas as concepções de progresso adquiridas parecem dissolvidas, submersas, obscurecidas, provocando um geral pessimismo em relação ao futuro.
PERGUNTA — Haverá transição próxima ou remota?
RAMATIS — Como existe um planejamento a ser cumprido antes de serem atingidos os objetivos, os efeitos só se farão notar quando a transição houver alcançado volume significativo. Os valores importados e incorporados à nacionalidade brasileira encontram-se dispersos como se fizessem parte do minério triturado, aparentemente inútil e destruído. Realmente esses valores destacados de seu habitat perdem o poder de expressão, fracionados e dispersos numa coletividade estranha. Porém, é justamente essa situação de fracionamento que permite que se "ligue" à aura característica do povo brasileiro, formando com ela o amálgama necessário. Por haverem sofrido a trituração dentro da nova coletividade, essas concepções novas importadas conseguirão libertar-se da "ganga" que traziam consigo; sob o efeito da "prensagem" que sofrerão no grande mecanismo da formação psicológica brasileira, separar-se-ão de seus próprios detritos, constituídos por reflexos condicionados indesejáveis. Reconhecido o processo de sua liberação, a grande acuidade psicológica cristã desenvolvida na alma do povo brasileiro será volatizada ao calor da provação coletiva do planeta, para cumprir sua função de Amor, contando com o metal puro dos valores introduzidos em seu âmbito de ação pela farta contribuição arrecadada em vários pontos do orbe.
E a Humanidade herdará seus próprios patrimônios através da função modesta do povo brasileiro, cuja missão consiste em retirar, do minério bruto da civilização materialista, os metais preciosos indispensáveis à valorização da vida, numa era capaz de construir alicerces novos para uma existência mais feliz.
PERGUNTA — Seguindo o rumo dessas comparações, gostaríamos de saber que será feito desses metais preciosos, da "ganga" e do mercúrio após o processo de amalgamação a que vos referistes.
RAMATIS — A resposta seria curta se disséssemos que cada qual seguirá o destino que lhe cabe: a "ganga" das incompreensões alimentadas durante séculos pelas coletividades terrestres, dissolvida pela força restauradora de uma nova interpretação da vida; os "metais preciosos" servindo de esteio às novas construções do espírito sobre a Terra e o "mercúrio" da boa-vontade, já em fase de maior disseminação sobre o planeta, a proporcionar a constante libertação dos valores preciosos para a consolidação do "reino do Senhor" entre os homens.
Entretanto, por trás de tão singelas afirmações, surge um panorama que não nos seria possível analisar de uma só vez.
PERGUNTA — Para termos uma ideia aproximada dos acontecimentos subsequentes à grande amalgamação a se processar entre nós, poderíeis, por exemplo, exemplificar-nos que será feito da "ganga" das incompreensões humanas em nossa Pátria?
RAMATIS — Como em todos os outros trabalhos nos quais nos temos referido a essa fase do expurgo coletivo da Humanidade, podemos afirmar que a "ganga" miúda poderá dissolver-se, permanecendo misturada ao solo, de maneira inócua. Entretanto as "pedras" que puderem estorvar o caminho serão recolhidas ao depósito para futuro aproveitamento.
Assim, podemos concluir que o ambiente terreno permanecerá ainda por tempo indeterminado, sobrecarregado das incompreensões de menor porte, havendo porém a vantagem de uma seleção em grande escala, como se através de uma peneira só a areia houvesse conseguido passar.
As pedras maiores, porém, em seu primitivismo, não deixarão de encontrar uma aplicação adequada, pois serão necessárias à riqueza de novas civilizações onde o concurso da força bruta ainda é uma forma adequada de expressão.
Nos mundos inferiores, onde os representantes dessa "ganga" da incompreensão em alta escala serão acolhidos, constituirão uma quantidade a mais de argamassa nos alicerces rudimentares de futuras construções do espírito.
PERGUNTA — Como interpretar a função dos metais preciosos existentes em dispersão na aura brasileira quando chegar o momento das novas realizações?
RAMATIS — Esses serão atraídos, como por um ímã, para os locais onde as forças positivas do Amor fraterno construírem núcleos de arregimentação para o Bem. Sobre a Terra o problema crucial consiste na liderança, desajustada de seus verdadeiros fins. Quando, por força das circunstâncias, o sistema negativo de chefia cair por terra, aos brandos e pacíficos será entregue o comando da operação-socorro e, mesmo as almas antes ofuscadas pelos valores efêmeros do materialismo, passarão a sentir a premência de uma renovação nos seus processos de trabalho. A queda dos falsos ídolos imprimirá em suas almas o terror da destruição total e, em tal emergência, buscarão instintivamente os núcleos irradiantes dos valores que lhes parecerão novos, embora venham sendo pregados há milênios por todos os emissários do Senhor. Ao observador capaz de conservar serenidade em tais eventos será dada a impressão de que tais almas despertam de um grande sono hipnótico provocado pelo magnetismo elementar dos prazeres imediatos. Diante de tais sucessos não haverá tempo nem vontade de cultivar ainda a vaidade, o amor-próprio, o orgulho; a indocilidade primitiva será sustada pelo choque emocional de uma evidência sem precedentes na qual se cumprirá a afirmação evangélica: "bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados".
PERGUNTA — Parece-nos um pouco problemático o aproveitamento de valores positivos veiculados por almas assim traumatizadas nos eventos apocalípticos. A nosso ver tornar-se-ão tão submersos no horror de uma transformação inesperada, que pouco poderão servir aos impositivos do Bem.
RAMATIS — Consideramos bem fundamentada a observação, porém o que afirmamos anteriormente é que serão "atraídas e aproveitadas pela liderança dos núcleos de espiritualização do planeta". Na realidade, a derrocada dos princípios considerados como esteios da civilização há de traumatizar profundamente as almas que neles se tenham apoiado de forma incondicional. Nessas circunstâncias ver-se-ão temporariamente sem direção. Como destroços úteis de um naufrágio, serão recolhidas ao bojo da nave capaz de resistir às grandes tempestades no oceano largo, incorporando-se ao acervo produtivo dos construtores da nova civilização. Atônitas, por muito tempo ainda sofrerão um reajuste gradual de valores, porém a evidência indiscutível da renovação geral do planeta falará sem palavras da impossibilidade de continuar a vigorar a antiga concepção de vida.
PERGUNTA — Haverá possibilidade de evitar ou atenuar as consequências penosas dessa provação coletiva?
RAMATIS — Em virtude de o processo já estar em andamento, não cremos possível sustar seu desenrolar. Atenuá-lo será possível na proporção em que cada qual se convencer da necessidade de modificar as próprias concepções. Porém, a medida dessa possibilidade poderá ser tomada diretamente por vós, examinando o grau de penetração que os conceitos espirituais alcançam entre os homens no momento atual.
Somos daqueles que estimulam incondicionalmente o Bem onde quer que ele surja. Entretanto, reconhecemos como são elementares, ainda, os recursos com que contamos para realizar tais propósitos.
Nossos insistentes apelos à humanidade encarnada nada mais representam do que esse desejo de alertar a tempo os espíritos envoltos no processo de "grande amalgamação" inevitável, para tentar amortecer o choque da perplexidade geral em que se verão mergulhados. De alguma forma nos vemos compensados em nossos esforços, pois abrimos horizontes mais claros àqueles que se predispõem ao Bem, por uma tendência já cultivada e que, entretanto, talvez se encontrassem desorientados se não lhes fossem proporcionados elementos lógicos de reflexão espiritual. Porém, o fator decisivo capaz de atenuar as graves consequências de tais choques é a direção impressa ao livre-arbítrio, setor em que de nenhuma forma nos é permitido interferir.
PERGUNTA — Existirá alguma forma de colaborar num despertamento maior do espírito humano prestes a se envolver em tão graves acontecimentos?
RAMATIS — Para nós as providências se limitam a influir através do psiquismo humano, transmitindo-lhe mensagens, seja na vigília, seja nas horas de repouso físico. No entanto, para os espíritos encarnados despertos a tempo com relação à realidade do momento, existem maiores possibilidades de influir diretamente sobre seu semelhante por um recurso sugestivo mais potente que o nosso: o exemplo. Bem podeis observar que em uma família a influência do exemplo arrasta seus componentes a uma conduta que, em linhas gerais, traduz uma direção idêntica. Se vários membros de um grupo resolvem conduzir-se em direção a um determinado alvo os outros serão arrastados a, pelo menos, meditar em torno do tema provocado. Assim, sois portadores de maiores qualificações, no momento, para influir atenuando possivelmente para mais alguns os choques de uma surpresa desagradável.
Pregando pelo exemplo atingireis mesmo aqueles que não se abalariam nunca a meditar, de outra forma, sobre as normas de conduta desejáveis ao homem do terceiro milênio.
Esses espíritos não seriam capazes de crer se lhes afirmássemos que os "brandos e pacíficos herdarão a terra", em virtude do egocentrismo ainda constituir-lhes a única orientação adotada. Em consequência da miopia espiritual que os molesta, só serão capazes de sentir algum contato com os conceitos relacionados ao futuro se palpitarem cheios de vida ao alcance de seus olhos. Dessa forma, algum resultado pode ser obtido para o esclarecimento geral em maior escala. Se não forem observadas as modificações de vulto, pelo menos a semente do Bem terá caído em terra estéril que talvez uma eventual chuva benfeitora possa a tempo fazer germinar.
PERGUNTA — Esse processo de amalgamação parece-nos um tanto penoso e prolongado. Não haveria outra forma de serem concretizados os planos da Espiritualidade com relação ao futuro que nos aguarda?
RAMATIS — A pergunta é bem oportuna para que se faça uma avaliação final dos acontecimentos.
Houve uma época na qual seria possível à Humanidade realizar o seu sonho de liderança para a vitória do bem sem maiores sofrimentos. Todos os planos estavam encadeados para esse fim. Na Espiritualidade todas as falanges ligadas aos destinos da Terra reuniram seus esforços preparando o advento da libertação cármica da humanidade encarnada. Para coroamento desses esforços de higienização espiritual do planeta, ou melhor, como centro de todas essas providências, baixava à Terra o Espírito Excelso de Jesus como força catalisadora capaz de congregar em torno de si os elementos formadores de uma redenção pacífica.
Como veículo das mais altas expressões da Espiritualidade poderia constituir o núcleo indestrutível de uma combinação de valores decisivos para a transformação da vida sobre o planeta. Porém, para que essa combinação se desse, seria necessário que a Humanidade se submetesse, voluntariamente, a uma temperatura espiritual capaz de fundir sua constituição psíquica a ponto de libertá-la das impurezas e permitir a sua solidificação em torno do núcleo imaculado dos princípios cristãos pregados por Jesus.
Tal empreendimento foi julgado pela maioria como absurdo e dessa forma escapou-se entre suas mãos a oportunidade de diminuir o tributo de suor e lágrimas a ser pago para a conquista da redenção.
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