sábado, 1 de dezembro de 2012

Pare o mundo, que eu quero descer!
(1dez2012)

Na Europa, dinheiro da União Europeia será utilizado para salvar o "Deus Mercado". Serão 37 bilhões de euros (cerca de 100 bilhões de reais) de recursos de tributos pagos pela população e que serão repassados a 4 bancos da Espanha.

Um país que ostenta o pior nível de desemprego da Europa, acima de 25%, salva os interesses dos rentistas e de bancos que "roubaram descaradamente seus correntistas e acionistas", nos termos utilizados por Altamiro Borges (Miro) em sua postagem "O sopão dos pobres e os banqueiros". Por seu lado, os bancos, muito gratos e felizes, terão que desempregar mais dez mil empregados e terão também, pobrezinhos, que elevar as taxas de serviços.

Sobre o deletério papel desse sistema financeiro na sociedade e com dinheiro retirado dos bolsos dos cidadãos ninguém na mídia solta um piu. O que deveria escandalizar a todos e gerar manchetes indignadas por formação de quadrilha, pelo "maior escândalo da história", quando, e se, aparece na mídia, o faz de maneira em que tudo isso é naturalizado: afinal, há que se salvar o sistema financeiro, o Deus Mercado.

É ou não é o ambiente propício para o fim do mundo? O mundo civilizado, construído para o bem-estar de coletividades, para o aprimoramento da cidadania e das relações humanas, esse certamente está nos seus estertores. Daí para a frente, se o mundo não se transformar de fato, a barbárie vai tomando conta definitivamente da sociedade humana.

Todo mundo diz o que quer, sem se responsabilizar pelo que diz ou sobre as consequentes tragédias pessoais e coletivas geradas pelo que foi dito. Desde que seja da imprensa. Esta não pode ser calada sob nenhum pretexto. Nem sob o pretexto do respeito à condição humana de quem é por ela trucidado, muitas das vezes pelo puro prazer, e lucro, de gerar escândalos.

A continuar assim, sou obrigado a gritar: PARE O MUNDO, QUE EU QUERO DESCER!

Eu quero um mundo de paz e fraternidade. Eu quero poder exercitar mais e mais o amor ao próximo e a mim mesmo, ao invés de me bater infinitamente com quem passa longe dos princípios da boa-vontade e do respeito ao ser humano.

Ou nos irmanamos e caminhamos ombro a ombro, juntos, atuantes e confiantes de que o mundo pode ser melhor do que isso, ou afundaremos no Titanic de nossas ganâncias e do egoísmo corrosivo e perverso que assola e afronta quase que a totalidade dos povos da Terra.

Chega de picuinhas! Precisamos pensar num espectro mais amplo e arrebanhar nossas forças físicas e mentais para pugnarmos por dias melhores e mais justos, mais amorosos. Parece que pegamos medo da palavra amor em seu sentido mais abrangente, mais envolvente. As pessoas parecem não mais amar, mas "fazer amor" (to make love). Amar é mais, muito mais, do que fazer amor. Alguém famoso já disse que amar é verbo intransitivo. Outro alguém, bem famoso também, disse que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Ou praticamos isso, ou começaremos a nos matar e a devorar uns aos outros, de forma selvagem e cruel, valorizando a diversidade como elemento de análise para começar esse nefasto banquete com aqueles que são diferentes de nós. Já conhecemos essa história: cristãos matando hereges nas cruzadas, o Rei David trucidando os gentios, o extermínio de judeus, negros e homossexuais feito pelo nazismo, os diuturnos assassinatos de palestinos, a morte - por inanição - de imensos contingentes no interior do continente africano. Precisa mais? Mais quanto?

O relógio do "fim dos tempos" começa as badaladas da meia-noite. Tomara que seja o "fim dos tempos" da indiferença para com a dor alheia, o "fim dos tempos" do individualismo egoísta, o "fim dos tempos" do massacre promovido por esse deus frio e impiedoso, esse bezerro de ouro adorado no mundo civilizado: o deus mercado.

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