sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Viva o símbolo da liberdade cubana de viajar
(22fev2013)

Na postagem de hoje do Blog da Cidadania, de Eduardo Guimarães, intitulada "Globo News exibe debate bizarro sobre Yoani Sanchez", há, além do excelente texto do Eduardo, comentários dos quais gostei e que reproduzo a seguir:

Gerson Carneiro:
“Viva Yoani Sanchez, símbolo da liberdade cubana de viajar e criticar seu país no exterior”.
A figura tem tanta liberdade que tem a ousadia de vir aqui criticar e dar pitaco sobre o Governo brasileiro. Algum outro cubano pode livremente ir aos EUA criticar e dar pitaco sobre o governo norte-americano?
Qual perseguido político pela ditadura brasileira teve a liberdade que essa mulher desfruta? Qual perseguido pela ditadura brasileira girava o mundo e voltava criticando o regime?
José Dirceu e Genoíno acabaram de ser condenados por vingança ainda daquela época.

Luiz Müller:
E a Blogueira, que por 80 dias vai fazer um tour pelo mundo, ainda deixou filhinho em Creche pública do “perigoso” governo cubano. Fosse no brasil da ditadura e esta criança despareceria ou no mínimo tomaria uns choques elétricos  Yoane é uma grande farsa, como farsa é a mídia tupiniquim. Por isto perde audiência.

Na Folha de São Paulo, o jornalista Janio de Freitas, em seu texto intitulado Livres e proibidos, que publico a seguir, em que trata principalmente de questões ligadas ao Poder Judiciário, aborda rápida e magistralmente o assunto Yoani no parágrafo final:


Janio de Freitas: Quem no PT, PSOL, PSTU & cia. tiver um mínimo de lucidez, deixará 
de ser útil ao projeto que traz a também militante Yoani Sánchez. Foto: Antonio Cruz/ABr



Livres e proibidos

Por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo, reproduzido no sítio Viomundo

De repente, há tanto o que celebrar entre os fatos marginalizados pela renúncia do papa, que só mesmo a conveniente bajulação ao Judiciário sugere por onde começar. É pela original proteção criada, para quem tenha ou venha a ter questões na Justiça, contra a influência de empresas e pessoas endinheiradas sobre as decisões de juízes.

Parte do Conselho Nacional de Justiça pretendeu proibir as comuns doações de dinheiro, passagens, hospedagens e brindes para congressos, outros eventos e turismo de magistrados. Não conseguiu. Mas os satisfeitos com a liberalidade fizeram uma concessão parcial e permitiram a adoção da proposta feita pelo presidente do CNJ, ministro Joaquim Barbosa: os magistrados e seus eventos podem receber 30% do custo total.

Ou seja, empresas e endinheirados agora só podem influir 30% nas decisões dos magistrados influenciáveis. Ou também: 70% da ética dos magistrados estará protegida pela proibição, e 30% liberados para o der e vier. Sobretudo o que der.

Por falar em Judiciário, os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, matadores do casal Richthofen, tiveram a esperteza de não encarar a bandidagem nem os agentes penitenciários onde estiveram presos. Assim cumpriram um sexto da pena de 38 anos. E em razão daquele “bom comportamento” estão livres, com a obrigação apenas de dormir em abrigo judiciário. É a Justiça que se faz mais uma vez, como um ato de celebração da igualdade de valores. Se as vidas de Marísia e Manfred von Richthofen valiam só três anos cada, conforme o estabelecido pelo Código Penal, celebremos nós outros o fato de estarmos vivos ainda, sendo nossas vidas brasileiras tão democraticamente baratas, sem distinção.

Código Penal, bem entendido, é nome fantasia. O nome verdadeiro, inusual como é próprio dos apelidos, é Código de Incentivo à Criminalidade. Elaborado pelo sentido de responsabilidade do Legislativo e praticado pelo sentido de justiça do Judiciário.

E quem no PT, PSOL, PSTU & cia. tiver um mínimo de lucidez, deixará de ser útil ao projeto que traz a também militante Yoani Sánchez, com as cenas estúpidas que a notabilizam. E a celebrará, recepcionando-a com faixas, por exemplo, de “Viva Yoani, símbolo da liberdade cubana de viajar”, ou “símbolo da liberdade de criticar seu país no exterior”. É, sem ser, o que é. Mas não pode parecer.

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