quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O desmanche dos serviços públicos em Portugal (30nov2011)

Estranha forma de vida (Amália Rodrigues / Antonio Marceneiro)
Caetano Veloso


Reproduzo a seguir pequeno trecho do estudo do economista português Eugénio Rosa, publicado no sítio Resistir (leia a íntegra do estudo aqui). Nós conhecemos e já experimentamos intensamente essa receita neoliberal nos dois mandatos de FHC, e com bem menor intensidade no governo Lula. Observe, caro visitante, se as medidas tomadas em Portugal não lhe são familiares.

"Sinteticamente pode-se apontar os seguintes marcos mais importantes da ofensiva do governo contra os direitos dos trabalhadores da Administração Pública.
a) Leis 60/2005, 52/2007, 118/2008 e Lei 3.B/2010, que alteraram profundamente o Estatuto da Aposentação da Função Pública, aumentando a idade de aposentação e o tempo de serviço, alterando a formula de cálculo para assim reduzir o valor da pensão, e introduzindo múltiplas penalizações (por idade, por factor de sustentabilidade) o que reduziu ainda mais o valor da pensão. A prová-lo está o facto de que, segundo a CGA, a pensão de média dos novos aposentados tem diminuído continuamente (2006: 1308,65 euros; 2007:1297,21 euros, 2008:1295,19 euros; 2009; 1261,50 euros; 2010:1225,83 euros)
b) Lei 53/2006, a chamada lei da mobilidade, que introduziu na Função Pública o Sistema de Mobilidade Especial, que permite colocar " trabalhadores na prateleira", recusando-lhe o direito constitucional ao trabalho, e reduzindo significativamente a remuneração base, situação esta que o governo PSD/CDS tenciona agravar ainda mais;
c) Decreto-Lei 200/2006, ou chamada legislação da extinção, fusão e reestruturação e racionalização de serviços, utilizada para encerrar serviços na Administração Pública, que cria situações que pode levar ao despedimento de trabalhadores prevista na própria lei.
 d) Lei 66-B/2007, ou lei de avaliação (SIADAP), que introduziu na Administração Pública o sistema de quotas, estabelecendo que não poderá haver na Função Pública mais de 25% trabalhadores com a avaliação de "Desempenho relevante" e não mais 5% destes com classificação de "Desempenho excelente" (chega-se ao absurdo de impedir por lei que mais trabalhadores tenham desempenho relevante e excelente);

Programa de revitalização de ferrovias prevê o retorno do transporte de passageiros (30nov2011)

O apito (Zecarlos Ribeiro)
Grupo Rumo



Para quem que, como eu, nasceu ao lado de uma ferrovia, viveu entre ferroviários (meu pai, dois tios e meu irmão mais velho eram ferroviários), a probabilidade da volta desse tipo de transporte de passageiros é uma notícia alvissareira. As mais novas gerações de brasileiros não sabem o que seja andar de trem. É incomparavelmente mais confortável do que viajar de ônibus ou até mesmo de avião. Aliás, os aviões nos destinam espaços cada vez menores entre as poltronas. A única compensação é a velocidade da viagem.


Muitas vezes a gente não se dá conta de que viajar (o ir e o voltar) também fazem parte da viagem. Todo mundo quer chegar logo, esquecendo-se de observar a paisagem, as pessoas, o mundo que passa pela janela enquanto se viaja. Minhas viagens de férias começam no momento em que saio de casa, e não no momento em que chego ao destino.


Os trens proporcionam ao passageiro a possibilidade de caminhar, de fazer refeições e beber, refrigerante, suco ou cerveja no restaurante, comprar jornais e revistas, tudo isso sem ter que descer em estações. Tudo acontece dentro do trem. Os banheiros são confortáveis e mais espaçosos. Não há como comparar seu conforto com os outros transportes coletivos mais comuns. Talvez os transatlânticos sejam mais confortáveis, e um dia ainda gostaria de ter essa experiência de viajar de navio.

Foto: Bruno Tomaz

Juízes apoiam estudantes e atacam reitor da USP (30nov2011)

Em duro comunicado, a Associação de Juízes para a Democracia critica postura do reitor João Grandino Rodas, a quem consideram reacionário e sem diálogo com a universidade

Claudio Tognolli_247 – Com a epígrafe citando a clássica frase É preciso solidarizar-se com “as ovelhas rebeldes”, a Associação Juízes para a Democracia emitiu nesta terça-feira um duro comunicado contra a a reitoria da USP. No documento, a entidade estabelece que segmentos da sociedade, que ostentam parcela do poder institucional ou econômico, com fundamento em uma pretensa defesa da legalidade, estão fazendo uso, indevidamente, de mecanismos judiciais, desviando-os de sua função, simplesmente para fazer calar os seus interlocutores e, assim, frustrar o diálogo democrático”.

Trata-se de um sutil golpe contra o reitor da USP, Grandino Rodas, cujo nome foi construído no mundo do direito e, sobretudo, no da magistratura. A entidade deixa claro o descontentamento contra a presença de forças policiais no campus da USP, no Butantã, para debelar focos de estudantes amotinados. E contra comportamento análogo adotado pela reitoria da Unicamp. Veja a íntegra da nota:

A ASSOCIAÇÃO JUIZES PARA A DEMOCRACIA - AJD, entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem por finalidade trabalhar pelo império dos valores próprios do Estado Democrático de Direito e pela promoção e defesa dos princípios da democracia pluralista, bem como pela emancipação dos movimentos sociais, sente-se na obrigação de desvelar a sua preocupação com os eventos ocorridos recentemente na USP, especialmente em face da constatação de que é cada vez mais frequente no país o abuso da judicialização de questões eminentemente políticas, o que está acarretando um indevido controle reacionário e repressivo dos movimentos sociais reivindicatórios.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Uma máfia dos donos de ônibus coletivos pode estar por trás dos ataques à implantação dos VLTs (29nov2011)

A Copa é nossa

Da Redação

As denúncias de suposta fraude no projeto de mobilidade urbana, no âmbito do Ministério das Cidades, para aprovar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ainda vai dar muito pano para mangas. O ministro Mário Negromonte nega a maracutaia, denunciada pelo jornal O Estado de S. Paulo, e já se levantam suspeitas de que, por trás de todo esse, digamos, "auê", estariam os donos de ônibus coletivos.

Veja o leitor o que informa a coluna de Cláudio Humberto, nesta segunda-feira (28): "Há quem diga, em Brasília, que vêm dos donos de empresas de ônibus as denúncias contra o ministro Mario Negromonte (Cidades). As máfias que controlam o setor não aceitariam o avanço dos VLTs em capitais do País, como transportes mais econômicos e menos poluentes".

Do sítio MídiaNews.

Discutindo a TV religiosa - Televisão para todos (29nov2011)

Por Luciano Martins Costa

Discutindo a TV religiosa

Reportagem no jornal O Estado de S.Paulo informa que o Ministério Público Federal na cidade de Guaratinguetá pediu à Justiça a anulação das concessões das emissoras de TV Canção Nova e TV Aparecida, sediadas no interior paulista e controladas por organizações ligadas à igreja católica.

O motivo apresentado é técnico – a TV Canção Nova é controlada pela Fundação João Paulo II, grupo ligado à Renovação Carismática, e a TV Aparecida é parte da rede do Santuário de Aparecida – e nos processos administrativos no Ministério das Comunicações, seus pedidos de concessão têm como justificativa o suposto caráter educativo das emissoras.

Por essa razão, segundo o Ministério Público, deveria ter havido uma licitação para selecionar a organização que apresentasse o melhor projeto educacional.

É mais do que sabido que nenhuma das duas emissoras tem qualquer vínculo com projetos de educação. Elas servem como veículos para pregação religiosa e apoio a políticos ligados aos dois grupos católicos. Portanto, houve fraude no processo administrativo.

Suas programações são ocupadas por transmissões de missas, entrevistas com sacerdotes e próceres do catolicismo ligados a uma e outra das tendências que dominam a igreja, e alguns programas com palestras e debates variados, sempre pontuados por pregação religiosa.

Em meio aos religiosos profissionais, parlamentares e outras autoridades disputam o espaço de influência sobre os fiéis telespectadores.

Não há o menor sinal de diversidade de crenças ou sequer de tolerância com relação a outras confissões.

Mesmo com a declaração do Ministério Público, de que se trata de um procedimento normal, uma vez que a concessão foi dada sem licitação, a reportagem do Estadão dá a entender que se trata de uma iniciativa de inspiração política.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Carta do povo Kaiowá e Guarani do Mato Grosso do Sul (28nov2011)

1º Enconto de Tekoharã (acampamentos indígenas)

Nós, indígenas Kaiowá, Guarani e Terena de Mato Grosso do Sul, reunidos em nosso primeiro Encontro de Acampamentos Indígenas, no tekohá Itay, município de Douradina/MS, para discutirmos sobre a nossa realidade atual e definirmos as nossas estratégias de luta para a conquista de nossos direitos constitucionais que vem sendo descumpridos pelas autoridades do Estado brasileiro vimos manifestar que este momento histórico da organização dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul significa que iremos avançar cada vez mais, e vamos mostrar ao mundo a nossa força e resistência na luta por nossos direitos!

Realizamos este evento com nossos corações cheios de angústia, porque, ao mesmo tempo em que aqui estamos discutindo nossa situação, recebemos a notícia de que nossos irmãos Kaiowa do acampamento de Guaiviry retornaram novamente, há alguns dias, ao seu tekohá e encontram-se, neste momento, cercados por jagunços a serviço dos fazendeiros. Além da ameaça de ataques violentos, agora sofrem com a fome, em função do covarde cerco a que são submetidos. Tememos pela vida e integridade física de nossos parentes. Advertimos que qualquer agressão que acontecer será de responsabilidade das autoridades brasileiras.

Repressão nas universidades dos EUA: a crise cognitiva da universidade empresa (28nov2011)

Os Reitores já não são realmente educadores, pesquisadores ou cidadãos de suas comunidades. São agentes contratados pelos painéis de governança corporatizados.

Por Roland Greene [23.11.2011 11h45]

Tradução e nota introdutória de Idelber Avelar

Nota da Fórum: o mundo universitário estadunidense foi sacudido nas duas últimas semanas por duas sequências de acontecimentos que abalaram fortemente a credibilidade de seus administradores. Num dos principais programas universitários de futebol americano, o da Penn State, foi revelado um esquema de pedofilia de mais de quinze anos de duração. O antigo coordenador defensivo, Jerry Sandusky, foi preso pelo abuso de oito garotos. O técnico, Joe Paterno, uma lenda viva comparável ao que era Telê Santana no Brasil, foi demitido depois de 61 anos na instituição. Por outro lado, as imagens de uma série de intervenções policiais violentas, especialmente nos campi da Universidade da Califórnia em Berkeley e em Davis, rodaram o mundo e revelaram a cumplicidade dos administradores universitários com o aparato repressivo. O texto abaixo, de autoria do Prof. Roland Greene e traduzido em primeira mão pela Fórum, faz uma análise dos acontecimentos recentes. (grifos meus - Aquiles)

O Silêncio dos Reitores

As imagens da universidade-empresa nesta semana acabaram sendo indeléveis. Depois de vistas, não há como esquecê-las.

Como todo mundo, tenho refletido sobre os acontecimentos em Penn State, Berkeley e Davis que sacudiram o ensino superior dos EUA. Todos sabem dos problemas nesses lugares e em outros: o declínio contínuo do investimento público nas universidades de ponta, a evacuação moral dessas instituições em favor do negócio e dos esportes; o desaparecimento de um futuro para o projeto de uma sociedade responsável e de jovens instruídos; e os ataques injustificáveis a professores e estudantes que se manifestavam no "Ocupar" Berkeley, Davis e outros campi em protesto contra a cumplicidade de suas universidades no saqueio às classes trabalhadoras e médias.

O que acontecerá agora? Não tenho ideias melhores que as de qualquer outra pessoa, mas suponho que há uma lição a se retirar do que estamos vendo, e é o descrédito da classe de administradores profissionais no ensino superior. Um vídeo, feito hoje [19/11], na Universidade da Califórnia em Davis, conta a história.

domingo, 27 de novembro de 2011

Alunos e docentes em greve na Universidade Federal de Rondônia recebem ameaças de morte (27nov2011)

“Queremos ética e transparência no uso dos recursos, mas isso contraria muita gente”

Por Conceição Lemes

Desde anteontem, estudantes e professores da Universidade Federal de Rondônia (Unir) comemoram esta grande vitória. A renúncia do professor José Januário de Oliveira Amaral ao cargo de reitor, apresentada na quarta-feira, 23 de novembro, ao ministro da Educação, Fernando Haddad. A exoneração deve ser publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias.

Pesa sobre a Fundação Rio Madeira (Riomar), que serve de apoio à Unir, uma série de irregularidades. Há desde problemas em concursos, convênios e diárias à contratação de empresas fantasma, utilização de “laranjas”, compra de terrenos e produtos superfaturados.

Resultado: malversação e desvio de recursos públicos por uma “organização criminosa”, que envolve pessoas ligadas ao reitor, “também suspeito de envolvimento no esquema”, segundo o Ministério Público Estadual Rondônia.

Isso tudo só veio à tona graças à greve histórica de estudantes (inicialmente) e professores (aderiram depois), que hoje completa 72 dias, e à ocupação da reitoria pelos alunos, há 51. Além de tornarem públic esses desmandos, eles sofreram pressões e ameaças.

O pedido de socorro que o professor Alexandre Pacheco, do Departamento de História, enviou ao Viomundo, e foi publicado em 23 de outubro, é revelador:

Estamos em greve a 38 dias contra a corrupção que se instalou na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e sua fundação de apoio.
Forças políticas locais fazem cerco e impedem a divulgação nacional de nossa greve.
Pedimos o afastamento imediato do Reitor e denunciamos o estado de ruínas em que se encontra nossa universidade nas mãos da atual administração.
A foto abaixo se constitui como resumo do nosso drama!

Essa foto foi tirada dois dias antes, 21 de outubro. Mostra agentes da Polícia Federal (apresentaram-se como tal, sem mostrar identificação, assim como não exibia a logomarca da PF o carro deles ) em ação dentro da universidade. Há suspeitas de que eles  poderiam ter simulado uma explosão no campus para culpar os manifestantes e desocupar a reitoria.

Eu quero a "baleia elétrica" (VLT) em Cuiabá. Chega de complexo de inferioridade neste país
(27nov2011)

Passageiros se enfileiram para entrar na "baleia" da extinta Viação Coleta
Foto: Lázaro Papazian (Acervo Misc)

O VLT até poderia ser chamado aqui em Cuiabá de "baleia elétrica", em memória dos primeiros veículos de transporte coletivo da cidade. Aqui, as antigas jardineiras e ônibus eram chamados de "baleias" porque, ao que li sobre o assunto, o proprietário era um tal de Sr. Baleia. "Dgente, corre que a baleia djá vai passá". Eu mesmo ouvi essa expressão diversas vezes quando vim morar aqui, de cuiabanos referindo-se aos ônibus de então, que eram os da empresa Nova Era. Horríveis, por sinal.


VLT de Barcelona

Está rolando, a meu ver, uma grande armação para tirar de Cuiabá a possibilidade de contar com um modal de transporte coletivo de melhor qualidade do que os velhos conhecidos nossos, os ônibus.

A forma como tenho visto a mídia nacional tratar o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) é bastante marcada por ironias. Primeiramente políticas, querendo envolver mais ministérios em "casos de corrupção". E em segundo lugar, mas não menos importante para nós, dando a entender que Cuiabá é uma capital menor, no sentido pejorativo da palavra. No sentido de insignificante para o país. É como se dissessem: "O quêêê!! Cuiabá, aquela cidadezinha nos cafundós do Judas, quer um meio de transporte sofisticado? Pra quê? Pra bugre?".

VLT de Bordeaux

A mídia utiliza-se do pouco conhecimento que o brasileiro em geral tem do Mato Grosso para reforçar estereótipos que a própria televisão vive instituindo. Mato Grosso é lugar de pescarias no Pantanal, ou no Teles Pires, ou no Rio das Mortes. Mato Grosso é lugar dos jacarés e tuiuiús do Pantanal. Mato Grosso é lugar do agrobusiness, grandes vazios populacionais cheios de soja, cana e algodão.

sábado, 26 de novembro de 2011

CNJ investiga juízes suspeitos de grilagem em MT (26nov2011)

Ministra Eliana Calmon aponta esquemas em MS, PI, BA e GO; terras são de cultivo de soja

Depois de falar em bandidos de toga, ministra aponta juízes envolvidos em grilagem de terras

Da Redação / MidiaNews

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está investigando operações consideradas suspeitas envolvendo juízes de Mato Grosso em um esquema de compra de terras e grilagem em áreas de grande extensão. A revelação é do site do jornal O Estado de S. Paulo, com base em informação da corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon.

Conforme a reportagem, a ministra informou que a trama envolve tabelionatos e cartórios de registro de imóveis. Calmon não revelou nomes, mas citou que, além de Mato Grosso, o esquema é investigado também nos Estados de Mato Grosso do Sul e Piauí e na divisa entre Goiás e Bahia.

De acordo com a ministra, os casos dizem respeito, entre outras irregularidades, a cancelamento de títulos e matrículas em cartórios por ordem judicial, intervenções e ações reivindicatórias sem título adequado e concessão de liminares para imissão de posse indevida.

A ministra citou que as terras têm sido usadas para o cultivo de soja.

Confira íntegra da reportagem do Estadão, de autoria dos repórteres Ane Warth e Fausto Macedo:

CNJ investiga juízes suspeitos de grilagem, diz corregedora

A corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Eliana Calmon, revelou nesta sexta-feira (25), que o órgão está investigando operações suspeitas envolvendo um grupo de juízes em um esquema de compra de terras e grilagem em áreas de grande extensão no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí e divisa entre Bahia e Goiás.

A trama envolve tabelionatos e cartórios de registro de imóveis, informou a corregedora.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Estudantes latino-americanos fazem mobilização continental pela educação (25nov2011)


No Chile, mais de 10 mil pessoas deram prosseguimento às reivindicações de maio

Estudantes latino-americanos marcharam nesta quinta-feira (24/11) em mobilizações por todo continente para defender o direito à educação pública e gratuita. O ato contou com a adesão de organizações estudantis e movimentos do Chile, Colômbia, Peru, Argentina, Brasil, México, Equador, Venezuela, Costa Rica, Paraguai, El Salvador, Bolívia, Uruguai, Espanha, França e Alemanha. As manifestações também acontecerão nas redes sociais.

Ao menos 60 pessoas foram detidas.

Efe (24/11/2011)
Estudantes na Colômbia protestam por uma melhor educação em Bogotá

Chile e Colômbia são países que vivem atualmente intensas manifestações estudantis. No Chile, a mobilização por educação pública e gratuita começou há mais de seis meses e desencadeou mobilizações em diversos países da América Latina. Ontem, cerca de 12 mil pessoas participaram dos protestos.

Na Colômbia, estudantes protestam desde o dia 12 de outubro contra a lei de reforma da educação superior. Os estudantes colombianos, que junto com os chilenos organizaram o 24N dizem que o objetivo da marcha vai além da queda da reforma da educação. Para eles, “o objetivo é alcançar uma educação gratuita, de excelência, e a serviço da sociedade a que se deve a universidade”.

Efe (24/11/2011)
Nas ruas desde maio, estudantes chilenos voltaram a se manifestar em Santiago

Boitempo realiza hoje uma Feira do Livro imperdível (25nov2011)

Boitempo realiza Feira do Livro, com 50% de desconto para todos os livros de seu catálogo

Para quem, como eu, acompanha o trabalho de qualidade da Boitempo há tempos, essa é uma oportunidade imperdível de ampliar com qualidade a biblioteca pessoal. Pena que não moro em São Paulo e não poderei ir pessoalmente, mas há o catálogo da Boitempo e compras podem ser feitas via internet aproveitando a promoção. A Feira começou ontem, 24, e termina hoje, aberta das 9 às 21 horas.

Dentre os muitos livros que me interessam no catálogo, eu destaco e recomendo: Grundrisse (Karl Marx), A potência plebeia (Álvaro García Linera e Pablo Stefanoni) e A educação para além do capital (István Mészáros).


Veja abaixo a postagem da Boitempo sobre a sua Feira.


Divulgue a Feira de Livros na Boitempo e concorra a exemplar de “Revoluções”

Em função do adiamento da XIII Festa do Livro da USP – 2011 e a fim de atender às expectativas de seus clientes, autores e amigos, a Boitempo Editorial promove Feira de Livros, oferecendo 50% de desconto para todos os livros disponíveis de seu catálogo, em sua sede (próxima ao metrô Vila Madalena, em São Paulo) nos dias 24 e 25 de novembro, das 9h às 21h. Para todo o território brasileiro, oferece frete gratuito para compras com 40% de desconto.

Sortearemos um exemplar de Revoluções (Boitempo, 2009), coletânea de fotografias de revoluções sociais acompanhada de ensaios históricos  e organizada por Michael Löwy, para os leitores que nos ajudarem a divulgar as promoções de fim de ano.

Para participar, o leitor deve recomendar três títulos de nosso catálogo e divulgar a promoção utilizando o link abaixo:

http://boitempoeditorial.wordpress.com/2011/11/22/boitempo-oferece-ate-50-de-desconto-em-vendas-diretas-de-23-a-25-de-novembro/

 ou

http://bit.ly/tRzCoi

em seu Twitter, Facebook, Blog etc. e publicar o link de sua divulgação nos comentários deste post (link para seu tweet no Twitter, perfil no Facebook, post no Blog etc.).

O sorteio será realizado na quinta-feira, 1º de dezembro de 2011 (dia de debate no Teatro Tuca), às 15h, quando o resultado será anunciado aqui no Blog da Boitempo.

Não deixe de seguir nossas redes sociais e se cadastrar em nosso site para receber nosso boletim semanal e mais informações sobre nossos lançamentos, eventos etc.

Boa sorte!

Postado em 24 de novembro de 2011 no sítio da Boitempo.


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pesquisa de instituto suíço revela como transnacionais tornaram-se principal núcleo organizado de poder do planeta (24nov2011)

A rede do poder corporativo mundial

Sem ceder a teorias conspiratórias, pesquisa de instituto suíço revela como transnacionais tornaram-se principal núcleo organizado de poder do planeta

Por Ladislau Dowbor

“There is a big difference between
suspecting the existence of a fact and
in empirically demonstrating it” (1)

Todos temos acompanhado, décadas a fio, as notícias sobre grandes empresas comprando-se umas as outras, formando grupos cada vez maiores, em princípio para se tornarem mais competitivas no ambiente cada vez mais agressivo do mercado. Mas o processo, naturalmente, tem limites. Em geral, nas principais cadeias produtivas, a corrida termina quando sobram poucas empresas, que em vez de guerrear, descobrem que é mais conveniente se articularem e trabalharem juntas, para o bem delas e dos seus acionistas. Não necessariamente, como é óbvio, para o bem da sociedade.

Controlar de forma organizada uma cadeia produtiva gera naturalmente um grande poder econômico, político e cultural. Econômico através do imenso fluxo de recursos – maior do que o PIB de numerosos países. Político, através da apropriação de grande parte dos aparelhos de Estado. Cultural, pelo fato da mídia de massa mundial criar, através de pesadíssimas campanhas publicitárias – financiadas pelas empresas, que incluem os custos nos preços de venda – uma cultura de consumo e dinâmicas comportamentais que lhes interessa, e que gera boa parte do desastre planetário que enfrentamos.

Uma característica básica do poder corporativo, é o quanto é pouco conhecido. As Nações Unidas tinham um departamento, UNCTC (United Nations Center for Transnational Corporations), que publicava, nos anos 1990, um excelente relatório anual sobre as corporações transnacionais. Com a formação da Organização Mundial do Comércio, simplesmente fecharam o UNCTC e descontinuaram as publicações. Assim, o que é provavelmente o principal núcleo organizado de poder do planeta deixou simplesmente de ser estudado, a não ser por pesquisas pontuais dispersas pelas instituições acadêmicas, e fragmentadas por países.

O documento mais significativo que hoje temos sobre as corporações é o excelente documentário “A Corporação” (The Corporation), estudo científico de primeira linha, que em duas horas e doze capítulos mostra como funcionam, como se organizam, e que impactos geram. Outro documentário excelente, “Trabalho Interno” (Inside Job), que levou o Oscar de 2011, mostra como funciona o segmento financeiro do poder corporativo, mas limitado essencialmente a mostrar como se gerou a presente crise financeira. Temos também o clássico do setor, “Quando as Corporações Regem o Mundo” (When Corporations Rule the World) de David Korten. Trabalhos deste tipo nos permitem entender a lógica, geram a base do conhecimento disponível.

Mas nos faz imensa falta a pesquisa sistemática sobre como as corporações funcionam, como se tomam as decisões, quem as toma, com que legitimidade. O fato é que ignoramos quase tudo do principal vetor de poder mundial que são as corporações.
Agindo no espaço planetário, e na ausência
de um governo mundial, poucas empresas
manejam grande poder, sem nenhum controle
É natural e saudável que tenhamos todos uma grande preocupação em não inventarmos conspirações diabólicas, maquinações maldosas. Mas ao vermos como nos principais setores as atividades se reduziram no topo a poucas empresas extremamente poderosas, começamos a entender que se trata, sim, de poder político. Agindo no espaço planetário, e na ausência de governo mundial, manejam grande poder sem nenhum controle significativo.

A pesquisa do ETH (Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica) (2) vem, pela primeira vez nesta escala, iluminar a área com dados concretos. A metodologia é muito interessante. Selecionaram 43 mil corporações no banco de dados Orbis 2007 (de 30 milhões de empresas) e passaram a estudar como se relacionam: o peso econômico de cada entidade, a sua rede de conexões, os fluxos financeiros e em que empresas têm participações que permitem controle indireto. Em termos estatísticos, resulta um sistema em forma de bow-tie¸ ou “gravata borboleta”, onde temos um grupo de corporações no "nó", e ramificações para os dois lados: de um deles, as corporações que o "nó" controla; de outro, as empresas que têm participações no "nó".

Trabalhadores de Portugal mobilizam-se contra pacote de austeridade (24nov2011)


Portugal: Trabalhadores preparam greve contra pacote de maldades

Os movimentos sociais e os sindicatos portugueses esperam uma forte mobilização dos trabalhadores em uma greve geral convocada para a quinta-feira (24), contra a política de cortes imposta pela famigerada troica, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI.

Convocada pelos dois principais sindicatos, a CGTP e a UGT, a greve deve durar por 24 horas. "Vamos ter uma grande greve, que deve ser compreendida como um sacrifício indispensável para encontrar os caminhos do futuro", declarou Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP.

Os sindicatos apontam também que cerca de 30 manifestações serão realizadas em todo o país, particularmente em Lisboa, com o apoio da juventude, setor fortemente afetado pela precariedade do mercado de trabalho e pelo desemprego.

Veja o vídeo de convocação da greve, produzido pelo site grevegeral.net


GCTP e UGT esperam que a greve geral seja um aviso sério às medidas draconianas impostas ao governo do país pela troica. Pela segunda vez, as duas centrais estão unidas numa greve geral.

MT Saúde: efeitos colaterais da privatização (24nov2011)

Mato Grosso (Zulmira Canavarros)
Coral do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso


Ministério Público vai investigar contratos do MT Saúde

Empresas contratadas pelo Governo terão que explicar por que recebem sem prestar serviços ao servidor

Por Euziany Teodoro
MídiaNews / Da Redação

O Fórum Sindical, que representa os servidores públicos de Mato grosso, protocolou no Ministério público Estadual, no fim da tarde de quarta-feira (23), um dossiê com informações sobre as duas empresas que assumiram a gestão do MT Saúde, em setembro: Saúde Samaritano Ltda. e Open Saúde Ltda.

O objetivo foi pedir uma intervenção imediata no Plano de Saúde do funcionalismo públco estadual, como MidiaNews já havia antecipado na terça-feira (22).

O representante do Fórum, José Carlos Calegari, pediu uma "atitude emergencial" do MP, no sentido de impedir novos pagamentos por parte do Governo do Estado às duas empresas. Segundo ele, já foram pagas três parcelas de R$ 9,1 mil e outra de R$ 1,2 mil.

"Já são R$ 30 mil pagos por um serviço que não é prestado. É como ganhar na Mega-Sena: não precisa trabalhar pra ficar milionário", opinou o sindicalista.

O promotor Célio Fúrio, da Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público, recebeu o "dossiê" e vai atuar na investigação sobre a possibilidade de improbidade administrativa e prejuízos ao erário público.

"Vamos pedir os documentos necessários às duas empresas. A partir daí, será dado um prazo de dez dias para que elas respondam. Caso seja constatado que realmente houve ilegalidade no contrato e prejuízos ao patrimônio público, vamos acionar para que elas devolvam o dinheiro e o contrato pode ser anulado", informou o promotor.

O contrato, de mais de R$ 56 milhões, assinado entre o Governo do Estado e as empresas, vale por 180 dias, a partir de 22 de setembro, e também será investigado. De acordo com Calegari, o documento não foi sequer publicado, o que configura mais uma ilegalidade.

"E, ainda por cima, não teve licitação. É como no caso das Land Rovers, que o contrato foi anulado e vão ter que conseguir o dinheiro pago de volta", exemplificou o sindicalista.

Na quarta-feira, o deputado estadual Percival Muniz (PPS) pediu cópia do contrato, que, segundo ele, está sob suspeita. "Precisamos de esclarecimentos a respeito deste contrato e batalhar para que o sistema seja regularizado imediatamente", declarou Percival.

O parlamentar alegou que a Assembleia Legislativa não recebeu informação alguma sobre o contrato, que, mesmo em vigência, não conseguiu eliminar a recusa de clínicas e hospitais particulares em atender servidores estaduais, diante da dificuldade em receber financeiramente pelo serviço prestado.


Outras irregularidades

Além de receber por um serviço que não sendo prestado, de acordo com Calegari, as duas empresas têm pendências com o Ministério da Saúde. "A Open Saúde está sob intervenção do ministério. Isso só acontece quando a empresa tem pendências e irregularidades. Sendo assim, não podem gerir planos de saúde", afirmou.

Quanto à Saúde Samaritano, o Fórum não conseguiu encontrar, sequer, o endereço da instituição. Também não foi possível retirar uma certidão negativa, que comprovaria não haver pendências com o Ministério da Saúde.

Publicado hoje no sítio MidiaNews.


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Exemplo para reitores indesejados: reitor da UNIR renuncia (23nov2011)

Reitor da Universidade Federal de Rondônia renuncia


Januário Amaral é acusado de desvio de recursos de fundação de apoio à instituição

O reitor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), José Januário de Oliveira Amaral, renunciou ao cargo nesta quarta-feira, durante reunião com o ministro da Educação, Fernando Haddad, segundo informação da página do ministério na internet. Amaral é acusado malversação e desvio de recursos da Fundação Rio Madeira (Riomar), que serve de apoio à Unir.

Segundo o MEC, a demissão de Amaral, que será encaminhada ao Palácio do Planalto, não interromperá a investigação, iniciada no mês passado, para apurar as denúncias contra a administração dele na instituição. A comissão encarregada da investigação deveria entregar suas conclusões nesta quinta-feira, mas pediu mais dez dias para a conclusão.

Postagem de hoje do blog ComTextoLivre.


Algo mais sobre dívida (o que fazemos com 134 bilhões de planetas Terra de ouro puro?) (23nov2011)

Rota oriental, Spain (Rafael Alberti / Soledad Bravo)
Soledad Bravo


Por Jorge Riechman


Salvar a Terra, intitulava-se dramaticamente o número de junho de 2010 de Investigación y Ciencia (a versão espanhola de Scientific American). Mas a questão é: ou salvar a Terra ou fazer bons negócios. Trata-se de uma disjunção excludente: ambas as propostas não são viáveis ao mesmo tempo.

O desajuste último, o que condena de forma inapelável este sistema econômico - o capitalismo que precisa de uma expansão constante, ainda que se encontre dentro de uma biosfera finita -, é uma ideia errônea: tratar de viver dentro de um planeta esférico e limitado como se se tratasse de uma Terra plana e ilimitada.

Como se os recursos naturais fossem infinitos, como se a entropia não existisse, como se os seres humanos fôssemos onipontentes e imortais.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O aprofundamento do colapso econômico (22nov2011)

No auge da crise, economistas clamavam pela injeção de trilhões no salvamento dos bancos. Mas, tão logo a recuperação dos ativos fomentou a percepção de volta ao normal, os olhares se dirigiram aos desequilíbrios fiscais e à dívida pública, transformando uma crise financeira privada em uma crise financeira pública

Por Maryse Farhi

A Crise financeira iniciada em meados de 2007 no segmento de crédito imobiliário nos Estados Unidos adquiriu contornos sistêmicos após a falência do Lehman Brothers em setembro de 2008 e foi grave o suficiente para ser frequentemente qualificada como a mais séria e destrutiva desde 1929. Crises dessa magnitude têm o poder de trazer à tona disfunções econômicas que passam praticamente despercebidas nos períodos de bonança. A percepção dessas disfunções alimenta reações extremas do mercado, que vão da especulação desenfreada ao pânico.

A primeira disfunção veio à luz no início da crise. Ela decorre da convicção da maioria dos economistas e policy makers da eficiência dos mercados, o que levou a normas extremamente frouxas de supervisão e regulação financeira. Essas normas permitiram a interpenetração, de modo quase inextricável, entre os balanços do sistema bancário e do chamado Shadow Banking System (SBS, ou sistema bancário na sombra), constituído por investidores institucionais (seguradoras, fundos de pensão, fundos de investimento convencionais e hedge funds), veículos especiais de investimento (SIVs, conduits ouSIV-lites) e os grandes bancos de investimentos (brokers-dealers). Tais instituições não bancárias montaram estruturas altamente alavancadas, viabilizadas pelos derivativos de crédito e pelos produtos estruturados negociados em mercados de balcão. Não foi um acaso esses agentes terem protagonizado os episódios mais críticos da crise financeira.

Essa configuração replicou, multiplicou e redistribuiu, globalmente, os riscos presentes no sistema, bem como os prejuízos deles decorrentes para uma grande variedade de instituições financeiras. Assim, ela foi responsável pela transformação de uma crise de crédito clássica (na qual o somatório dos prejuízos potenciais, correspondente aos empréstimos concedidos com baixo nível de garantias, é conhecido) em uma crise financeira sistêmica em âmbito internacional. Passados mais de quatro anos de sua eclosão, em meados de 2007, continua impossível mensurar seu impacto nos balanços das instituições financeiras bancárias e não bancárias.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mídia brasileira e a crise europeia: o espetáculo da desinformação (21nov2011)

Chega de intermediários, banqueiros no governo

Por Samuel Lima

Os desdobramentos mais graves da crise econômica que assola a União Europeia, notadamente a queda dos governos da Grécia e Itália, mereceram da maior rede de televisão brasileira, uma cobertura que inova no mimetismo ideológico. A conhecida repórter Ilze Scamparini, correspondente da TV Globo, deixou de lado o jornalismo e assumiu o papel de “porta-voz” dos banqueiros e financistas.

Em quatro reportagens veiculadas no Bom Dia Brasil e Jornal Nacional (de 8 a 11/11/11), resta evidente a precisa análise de Bernardo Kucinski: “O modo de pensar estritamente ideológico, composto apenas por ideias acabadas, é antijornalístico porque prescinde dos fatos, que são os fundamentos do jornalismo. (...) Manifesta-se no reducionismo da discussão, o desprezo pelo factual e pouco trabalho analítico”.


Mesma cantilena

Já de saída, Scamparini não deixa dúvida sobre o lado dominante da notícia:
“O dia começou com a pressão do mercado financeiro para que Silvio Berlusconi peça demissão. (...) Os jornais apostam na sua renúncia. (...) A Itália está desacreditada, e os investidores não confiam que este governo seja capaz de promover medidas necessárias para combater a crise” [ver aqui, grifos nossos].
Entre a pressão do “mercado financeiro” (um sujeito oculto, difuso); a “aposta” dos jornais impressos, a Itália restava “desacreditada” (a repórter não indica por quem exatamente) e finaliza jurando que “os investidores (outra vez, fontes e sujeitos ocultos, talvez esotéricos) não confiam” no governo Berlusconi. O que pensam vozes discordantes na sociedade italiana, trabalhadores, partidos de oposição, personalidades, especialistas independentes ou outras fontes não faz a menor diferença, na visão da jornalista (e da TV Globo, por supuesto). No dia seguinte, ela consegue alcançar um patamar inimaginável que é ler a mente do “mercado financeiro”:

O calcanhar de Aquiles da América Latina (21nov2011)


Região ainda mira seu desenvolvimento na destruição da natureza, e se contenta em crescer exportando matéria-prima, não conhecimento

Por Ricardo Abramovay

A América Latina e a África Subsaariana são as duas regiões do mundo cujos recursos materiais, energéticos e bióticos superam o montante necessário de terra e água para a produção do que consomem e para a absorção dos resíduos gerados por sua oferta de bens e serviços. Ou, para usar os termos dos especialistas, sua biocapacidade é maior que sua pegada ecológica. Esse trunfo tem sido um vetor decisivo no crescimento recente dos dois continentes. No entanto, a pressão sobre os ecossistemas é tão grande que, se não houver mudança de rumo, a relação entre pegada ecológica e biocapacidade fatalmente vai-se inverter.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Rede Mercosul (Rede Acadêmica de pesquisas econômicas para a América Latina) acabam de publicar os resultados de um vasto levantamento sobre o grau de eficiência com que se usam os recursos dos quais depende a reprodução das sociedades latino-americanas. O estudo se intitula Eficiencia en el uso de los recursos en América Latina e está disponível aqui. Da Rio 92 para cá, houve avanços importantes nas fontes renováveis de energia (sobretudo no Paraguai e no Brasil com Itaipu e o etanol), no surgimento de planejamento socioambiental em vários níveis, na redução dos rejeitos orgânicos na água e, desde meados da última década, na redução do desmatamento. Ainda assim, o quadro geral é preocupante.

UFMT avança na qualidade dos cursos de graduação (21nov2011)

Campus de Cuiabá

A graduação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) avançou em termos de qualidade. Avaliação feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), mostra que a qualidade dos cursos de graduação da Federal de Mato Grosso melhorou. O índice Geral de Curso (IGC) em 2010 atingiu a nota 4, em uma escala de 1 a 5. Até 2009, o índice era igual a 3.

domingo, 20 de novembro de 2011

Vannuchi sobre a ley de medios: “se não ousarmos, não venceremos” (20nov2011)

Marco da mídia: falta ousadia ao governo Dilma, diz ministro de Lula

Por Najla Passos, na Carta Maior

Depois de Franklin Martins, mais um ministro do ex-presidente Lula cobra publicamente do governo Dilma Rousseff que avance no debate e na confecção de uma proposta de novo marco regulatório para as comunicações. Agora é Paulo Vannuchi, que comandou os Direitos Humanos e acredita ser “urgente” atualizar a legislação que rege emissoras de rádio e TV.

“A batalha da comunicação terá que passar por uma ousadia que não esteve presente no governo Lula e nem no da Dilma, até agora. Mas, se não ousarmos, não venceremos”, disse Vannuchi. “O debate sobre as comunicações é o ponto nodal que irá definir se o Brasil seguirá avançando ou se irá retroceder.”

Segundo Vanucchi, para que o Congresso possa aprovar um novo marco regulatório contra oposições sabidamente existentes, o governo deveria apresentar uma proposta que evite certas armadilhas. Por exemplo: não propor nada que lembre “controle social” da mídia, conceito que alimenta a acusação de que se trata de censura disfarçada.

Para ele, a lei da Comissão da Verdade para esclarecer crimes de torura e morte por razões políticas é um exemplo de como esse tipo de estratégia pode dar certo. Em vez de propor lei com foco na ditadura militar (1964-1985), o governo recorreu a um período de anistias (1946 a 1988) definido na Constituição. “Alguém acha que isso fará diferença para os trabalhos da comissão? É claro que não, mas permitiu que a lei fosse aprovada.”

A proposta de novo marco regulatório está sendo elaborada no governo Dilma pelo ministério das Comunicações. Deve passar por uma consulta pública, antes de ser concluída. A consulta deve ocorre só no que vem, algo que inquieta defensores de mudanças na legislação atual, mas causa um certo alívio nos opositores da ideia.

E depois de Franklin, que participara no início do mês de seminário no Rio Grande do Sul sobre regulamentação da radiodifusão, e de Vannuchi, que esteve neste sábado (19) em debate sobre comunicação no Rio de Janeiro, o PT também vai ajudar a fazer pressão para que o governo Dilma não esqueça o assunto.

O partido vai promover na próxima sexta-feira (25), em São Paulo, o seminário “Por um Novo Marco Regulatório para as Comunicações: O PT convida ao debate”. O evento terá a presença de conhecidos militantes pela democratização da mídia, como os jornalistas e sociólogos Venício Lima e Laurindo Leal Filho e representantes do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e do coletivo Intervozes. Franklin e o jornalista e escritor Fernando Morais também vão participar.

O seminário é uma consequência do IV Congresso petista, realizado em setembro, no qual o partido elegeu a aprovação de um novo marco regulatório das comunicações como uma de suas atuais bandeiras.

Desafios da mídia alternativa
O entendimento de que a comunicação é um tema político central no Brasil predominou durante os cinco dias do 17º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), o debate de que Paulo Vannuchi participou.

O evento, que acontece anualmente na capital fluminense, já é um fórum tradicional em que a esquerda brasileira e mundial discute estratégias para que a imprensa sindical, popular e alternativa se contraponham à mídia tradicional. Participaram mais de 200 jornalistas, sindicalistas e militantes de movimentos populares.

Uma mesa específica discutiu a comunicação sindical e, outra, a alternativa. Em ambas, os palestrantes ressaltaram a importância das novas tecnologias, com destaque para as mídias sociais, para a disseminação rápida de informações. Todos os palestrantes ressaltaram a importância de se investir também nas chamadas velhas mídias, como o rádio, a TV e, principalmente, o jornal.

O jornalista Beto Almeida, representante no Brasil da TV venezuelana Telesur, chegou a propor a criação de um jornal impresso que dê voz às lutas da esquerda brasileira, justificando que os impressos tem tido mais leitores do que a internet. “Precisamos nos sensibilizar para o papel fundamental de um jornal impresso público, de massas, complementar às novas tecnologias”.

O jornalista Raimundo Pereira, fundador de jornais alternativos históricos como Movimento e Opinião, também argumentou que é preciso reconstruir no país um veículo que congregue uma ampla coligação de representantes da esquerda, reunindo sindicatos, partidos políticos e grandes intelectuais, a exemplo do que foi o Movimento durante a ditadura militar. “Precisamos de uma imprensa popular no dia a dia, mas para isso é necessário ter grandes recursos.”

O editor do jornal Brasil de Fato, que é um periódico da esquerda popular, Nilton Viana, concorda. “A sustentação econômica é um desafio muito grande para uma publicação não vinculada ao grande capital”.

O editor da revista Fórum, Renato Rovai, discordou. Para ele, os veículos impressos ainda cumprem o seu papel, mas a tendência natural é que despareçam em alguns anos. “Os jornais impressos serão como o vinil para o mercado fonográfico.”

Leia outros textos de Outras Palavras.

Publicado no sítio Escrevinhador em 20 de novembro de 2011.

Occupy Oakland conclama manifestantes para ocuparem os portos da Costa Oeste dos EUA em 12 de dezembro (20nov2011)

Occupy Oakland chama para o total fechamento dos portos da costa oeste em 12/12


Fechamento dos portos da Costa Oeste


Proposta de Fechamento ordenado dos portos da Costa Oeste foi aprovada com consenso unânime pelo voto da Assembleia Geral do Occupy Oakland em 18 de novembro de  2011:

Em resposta aos ataques coordenados às ocupações e aos ataques aos trabalhadores em todo o país:

Occupy Oakland chama para o bloqueio e interrupção do aparato econômico dos 1%, com um fechamento coordenado dos portos em toda a Costa Oeste em 12 de dezembro. Os 1% têm atrapalhado a vida dos estivadores e caminhoneiros do porto e dos trabalhadores que criam as suas riquezas, assim como ataques policiais coordenados nacionalmente transformaram nossas cidades em campos de batalha, em um esforço para perturbar o nosso movimento Occupy.

Apelamos a cada ocupação da Costa Oeste para organizar uma mobilização de massa para fechar seus portos locais. Nossos olhos estão na contínua desmontagem de sindicatos e nos ataques contra o trabalho organizado, em particular na ruptura da jurisdição dos Estivadores em Longview Washington pela EGT. Já, Occupyt Los Angeles aprovou uma resolução para levar a cabo uma ação na entrada do Porto de Los Angeles em 12 de dezembro, para fechar terminais SSA, que são de propriedade da Goldman Sachs.

Occupy Oakland expande esta chamada para toda a costa oeste, e apela para a continuação da solidariedade com o estivadores em Longview Washington em sua luta contínua contra a EGT. A EGT é um exportador de grãos internacional liderada pela Bunge Ltd., uma empresa constituída de banqueiros dos 1% cujas práticas têm arruinado a vida da classe trabalhadora em todo o mundo, desde a Argentina até a Costa Oeste dos EUA. Durante a Greve Geral de 2 de novembro, dezenas de milhares fecharam o Porto de Oakland como um tiro de advertência para a EGT para parar com seus ataques em Longview. Uma vez que a EGT ignorou essa mensagem, e continua a atacar o estivadores em Longview, agora vamos fechar as portas ao longo da costa oeste inteira.

Participantes das Ocupações são convidados a assegurar que, durante as paradas de portos, o coordenador local organize-se de modo que os estivadores não consigam cruzar piquetes da comunidade, a fim de evitar retaliações contra eles. Caso haja qualquer retaliação contra qualquer trabalhador, como resultado de o mesmo respeitar piquetes ou apoiar as nossas ações no porto, ações de solidariedade adicional devem ser preparadas. Em caso de repressão policial de qualquer das mobilizações, as ações de fechamento pode ser ampliada par a vários dias.

Em solidariedade e luta,

Occupy Oakland

-Em Oakland: a Comissão Coordenadora do Fechamento dos Portos da Costa Oeste reunir-se-á nos dias de Assembleia Geral às cinco horas da manhã antes do AG para organizar o fechamento local, e para entrar em rede com outras ocupações.


Postado em 19 de novembro de 2011 no sítio OccupyWallSt. Tradução minha.


Ex-catadora torna-se aluna da USP (20nov2011)

As voltas da vida: a ex-catadora e a usp

Por Joelma do Couto

A exclusão neste mundo é tamanha que quando digito ex-catadora o world muda para “excitadora” e me dá outras opções, ex-saltadora, exaltadora, parece engraçado não fosse trágico. Noutro dia num evento promovido pelo vereador Ítalo Cardoso sobre o plano municipal de resíduos sólidos na Câmara Municipal de São Paulo, a representante da LIMPURB, órgão responsável pela coleta seletiva na cidade disse a seguinte frase: “é bom que os catadores participem dos eventos da cidade, assim eles ficam conhecidos, (como se não fossem) tem gente que acha que o lixo que coloca na porta de casa, desaparece por abdução, eles não sabem que são os catadores que levam o reciclável embora.” O Eduardo, do Movimento Nacional dos Catadores presente na mesma mesa, quase infartou. Imaginem a reação do restante da plateia formada na sua maioria por catadores de todo cidade? Se a cidade não conhece os catadores, mesmo depois de mais de 60 anos da existência destes profissionais, porque o world teria a obrigação de conhecer? O que ela não explicou, por exemplo, é que durante a Formula 1 a prefeitura gasta milhões na pista, mas, até onde fiquei sabendo, os catadores não ganharam nem uma marmitex com arroz, feijão e ovo. Bem se eles são ETs, talvez tenham um outro tipo de alimentação diferente da nossa… ou gostem do lanchinho.

Voltando a catadora, agora ex-catadora, se o world me permite; vou mais uma vez falar da Laíssa, nossa Lalá. Pra quem não leu  [ver HIstórias de superação: catadora na universidade].

Laíssa é uma menina de 19 anos que nasceu pobre, favelada, negra, com uma irmã deficiente e que, por ainda não estar satisfeita com todos os estereótipos e preconceitos que poderia esta família viver, a mãe, Mara, adotou mais 14 crianças, têm uma obesa também, aqui não falta problema!! Mas, sobra amor e dedicação.

A família de Mara não é formada por letrados, muito pelo contrário, Laíssa foi à primeira da família a entrar na universidade. Em dezembro de 2010 ela se matriculou em uma universidade particular. Tinha muito medo, não foi fácil encarar, mas encarou e já de cara ouviu professor dizendo que usava catador pra ganhar dinheiro. Bem, pelo menos este conhece os catadores.

Nas voltas da vida Lalá conheceu Nara, uma estudante da UNESP de Ourinhos. Nara e Lalá logo se tornaram grandes amigas. Mara a mãe de Lalá e presidente da Cooperativa de Catadores da Granja Julieta até tinha uma pontinha, pra não dizer pontona de ciúmes quando Lalá dizia que a cooperativa de catadores de Ourinhos era o máximo, linda e que a Nara e seus amigos da incubadora da UNESP faziam um trabalho maravilhoso. Achava que a filha exagerava até que ela própria viu o trabalho daqueles estudantes com seus próprios olhos e a partir daquele momento passou a admirá-los. Mas, a participação de Nara vai além nesta história. Ela começou a estimular a Laíssa a lutar por uma vaga na universidade pública.

Charge: "A mais-valia" (20nov2011)


Publicada em 17 de novembro de 2011 no blog Mídia Caricata.

sábado, 19 de novembro de 2011

Vereador de Cuiabá exigirá, na tribuna da Câmara, a demissão do Ministro Carlos Lupi (19nov2011)

Delírio pedetista

DA REDAÇÃO

Em entrevista à Rádio CBN Cuiabá, nesta sexta-feira (18),  o vereador Paulinho Brother (PDT) defendeu a saída do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Como se sabe, o ministério é alvo de uma série de denúncias de corrupção feitas pela revista Veja.

"Quero deixar uma coisa clara: sou extremamente a favor que a presidente Dilma demita o ministro Lupi. Se está envolvido, se tem denúncia contra ele, que demita. Ele tem que sair. Onde há fumaça, há fogo”, afirmou o vereador, que já avisou: na terça-feira (22), vai defender, da tribuna da Câmara Municipal de Cuiabá, a saída do ministro do cargo. Pronto... Agora, não há mais salvação para Lupi, diante da cobrança do vereador cuiabano.

Publicado em 18 de novembro de 2011 no sítio MidiaNews.


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Movimento dos 1%: Occupy Europe (18nov2011)


Do blog O Esquerdopata.

Occupy Wall Street (OWS) ganha apoio em todo o Estados Unidos (18nov2011)

EUA: 'Ocupar Wall Street' reage em todo o país
Mais de 30 mil desfilam em Nova York sobre a ponte do Brooklyn, numa jornada que teve mobilizações em cidades como Los Angeles, Las Vegas, Boston, Washington, Dallas, e Portland.

"Somos indestrutíveis, um mundo diferente é possível", cantava a multidão.
Foto de GunGirlNewYork

Milhares de pessoas participaram na noite desta quinta-feira em Nova York numa manifestação sobre a ponte do Brooklyn, que culminou uma jornada de protestos do movimento "Ocupar Wall Street", que marcou também o segundo mês de existência do movimento.

Durante a tarde, ativistas tentaram bloquear o acesso à Bolsa de Nova York, impedindo o seu funcionamento. A polícia prendeu quase 200 manifestantes para evitar a ação e permitir pelo menos a passagem dos funcionários de Wall Street.

A jornada de protestos contra a ganância do sistema financeiro foi marcada também por manifestações em cidades como Los Angeles, Las Vegas, Boston, Washington, Dallas, e Portland.

Na última terça-feira, uma ação policial retirou à força manifestantes que estavam acampados há dois meses no Parque Zuccotti, em Nova York, após uma ordem do presidente da câmara, Michael Bloomberg, que alegou razões sanitárias e de segurança.

"Somos indestrutíveis, um mundo diferente é possível", cantava a multidão sobre a ponte, uma das construções emblemáticas de Nova York, enquanto os motoristas buzinavam para mostrar apoio. A mobilização contou com o apoio de sindicalistas e estudantes que desfilaram da Union Square até à Foley Square, a poucos metros da ponte.

Um ponto alto do protesto ocorreu quando a manifestação atingiu o meio da ponte, na altura do arranha-céus da Verizon, considerado o edifício mais feio da cidade. Nessa altura, começou uma projeção gigante sobre as paredes do prédio onde se podia ler: “Somos os 99%”, “Ocupar Wall Street”, “Ninguém nos consegue parar”, “Outro mundo é possível”.

No total, mais de 300 ativistas foram detidos durante a jornada.

Na próxima segunda-feira, o movimento anuncia oficialmente uma iniciativa de recolha de um milhão de assinaturas de estudantes dispostos a não pagar os empréstimos universitários até que se façam reformas no sistema financeiro. A dívida média de um estudante que se licencia em Nova York é de 25 mil dólares.


Postagem de 18 de novembro de 2011 do sítio Esquerda.net.


Segundo a avaliação do MEC, ensino superior em Cuiabá é de baixa qualidade (18nov2011)

Todas as faculdades de Cuiabá estão abaixo da média
Ministério da Educação quer suspender 50 mil vagas em faculdades com avaliação ruim


A Unic, em Cuiabá, está em terceiro lugar, com média, 2,06: ensino considerado insatisfatório (foto MidiaNews)

Por Katiana Pereira / MidiaNews
DA REDAÇÃO

Todas as instituições de ensino superior de Cuiabá, avaliadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), em 2010, obtiveram notas que ficaram abaixo da média no Índice Geral de Cursos (IGC). A lista completa com os 1.828 cursos superiores de todo o Brasil foi divulgada na quinta-feira (17).

Esse índice monitora a qualidade dos cursos de graduação e divide as instituições por totais contínuos, que vão de 0 a 5 pontos, com divisão por casas decimais, e em faixas que vão de 1 a 5. Avaliações abaixo de três são consideradas insatisfatórias pelo MEC.

A única instituição que conseguiu alguns décimos acima de três, índice satisfatório, foi a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que obteve média de 3,03. Essa média não é para se comemorar, mas a UFMT se equipara com, pelo menos, 985 outras faculdades de todo o Brasil, que ficaram com a média 3.

As outras instituições - inclusive, a Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), que obteve média 2,31 na avaliação - ficaram bem abaixo da média aceitável pelo MEC. A média mais baixa foi atribuída à Faculdade de Cuiabá (Fauc), que obteve apenas 1,11 de pontuação.

Veja a classificação das instituições de ensino em Cuiabá:
Univerdade Federal de Mato Grosso (UFMT): média 3,03
Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat): média 2,31
Universidade de Cuiabá (Unic): média 2,06
Centro Universitário Cândido Rondon (Unirondon): média 1,75
Instituto Cuiabano de Educação e Cultura (Icec): média 1,68
Faculdade Afirmativo: média 1,30
Faculdade de Cuiabá (Fauc): média 1,11.

Suspensão por notas baixas

A baixa pontuação passa a ser um motivo de preocupação para estudantes e faculdades de Cuiabá. O MEC informou que pretende suspender 50 mil vagas em cursos superiores que tiveram notas abaixo de 3 no Índice Geral de Cursos.

Não foram informadas quais instituições serão afetadas pela decisão. O corte deve afetar as instituições que não tiveram desempenho satisfatório no índice de qualidade divulgado.



Qualidade dos cursos

O IGC de cada instituição resume a qualidade de cursos de graduação, mestrado e doutorado, distribuídos pelos vários campi da instituição.

São utilizados no cálculo do indicador a média dos Conceitos Preliminares de Curso (CPCs) da instituição - componente relativo à graduação - e o conceito fixado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a pós-graduação.

A média dos conceitos dos cursos é ponderada pela distribuição dos alunos entre os diferentes níveis de ensino (graduação, mestrado e doutorado).


Publicado hoje no sítio MidiaNews.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Occupy Wall Street: o "xerife mundial da democracia" violenta a democracia em seu próprio território (17nov2011)

Polícia de NY tentou impedir mídia de registrar destruição


Por Heloisa Villela, de Washington

Eram cinco mil livros. Uma biblioteca montada de forma espontânea e informal, ao longo dos últimos dois meses, que ocupava um dos cantos da Praça Zuccotti. A Polícia de Nova York juntou todos os volumes, misturou os títulos aos utensílios da cozinha comunitária, aos tambores, sacos de dormir e barracas. Com o apoio logístico dos garis municipais jogou tudo em grandes sacos de plástico e de lá, para os caminhões de lixo.

A resposta do movimento pacífico, que quer muito mais do que apenas uma praça da cidade, foi bem articulada por Gabriel Johnson, em entrevista ao programa de rádio DemocracyNow!:

“Um dos grandes erros de avaliação deles é achar que o movimento se limita ao parque. O movimento está em nossas mentes: é uma ideia. É estar aqui, as conversas que temos e que levamos conosco para qualquer lugar. Os grupos de trabalho continuam funcionando 100% e temos esta coisa maravilhosa chamada internet. Não sei se os policiais já ouviram falar disso, mas eles não podem fechar a internet. Eles podem até tentar, mas ainda assim teremos acesso às nossas ideias e ainda temos a habilidade e a oportunidade de dividir nossas ideias”.

A cozinha pública e comunitária foi proibida. Mas a criatividade deu conta do problema. A comida agora é feita a uma quadra do parque e vai, de mão em mão, sustentar quem está ali, sem cadeira, barraca ou qualquer outro aparato. Vídeos e mensagens continuam circulando na internet.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Uma fala para e sobre nós e os amigos que nos deixaram (16nov2011)


Em comentário na postagem anterior, Fee disse: "O mundo fica menor quando perdemos alguém...não há muito a dizer , principalmente quando essa perda é de alguém com toda a vida pela frente". Mas me veio agora a necessidade de dizer algumas coisas, e mesmo que alguns considerem boutades, senso comum, vou extravasar aquilo que me vem rodando na cabeça e no peito.

Caroline nos deixou, juntamente com seus pais. Mas Caroline não nos deixará tão cedo, porque sua estada e sua partida representaram algo importante para quem com ela conviveu.

É difícil para um professor na minha idade, e com o tempo de docência que tenho, passar por uma situação dessas. Parece aquela velha frase de pais que veem seus filhos morrerem antes deles: "Não é natural". Caroline, assim como todos aqueles que passaram pelo banco escolar em minhas aulas, era jovem. E como tal, prenhe de futuro, de caminhos a trilhar, de descobertas a fazer. A morte de alunos da Geologia é algo praticamente inédito na história do curso. Somente um aluno morreu logo no início do curso, na década de 1970.

Caroline morreu com 19 anos e deixará marcas de sua passagem por nosso cotidiano. Cada sorriso, cada palavra gentil, cada risada,cada cuidado para com os companheiros. Muita coisa, aliás. Primeiro, deixa a percepção da vanidade de nossos "orgulhos", de nossas picuinhas bobas do cotidiano. Ante um fato trágico como o de agora, necessário se faz pensar em viver cada dia com intensidade. A impressão que tenho é a de que Caroline viveu assim.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Novo luto se abate sobre o curso de Geologia da UFMT
(14nov2011)


Acabo de ser informado por um dos estudantes da 1ª série do curso de Geologia da UFMT que a aluna Caroline Couto e seus pais faleceram quando estavam em viagem de volta do Paraguai para Cuiabá. Não tenho maiores informações, mas fica aqui o doloroso registro.


Mais uma vez, neste ano, tenho que apresentar condolências à família e aos amigos de um de meus alunos dessa turma.

Não há muito o que se dizer numa hora dessas.

Caroline vai deixar muitas saudades em todos que com ela conviveram neste ano, pois seu jeito meigo e querido de tratar a todos, sua seriedade nos estudos e seu interesse e curiosidade pelos temas da Geologia foram marcantes, fazendo dela uma aluna e colega que conquistou o respeito e o carinho da nossa coletividade geológica.



Pacto de silêncio na grande mídia em relação ao Occupy Wall Street (14nov2011)

“Ocupe Wall Street” vira não-notícia


"FOX NEWS
Pessoas ricas pagando pessoas ricas
para dizerem às pessoas da classe média
que devem culpar as pessoas pobres"
#OccupyWallStreet (Twitter)

Por Altamiro Borges

Dizem que o que não pinta na tela da TV Globo, principalmente no Jornal da Nacional, não existe, não é real. Parece que a mídia, mundial e nativa, decidiu adotar este padrão de manipulação para ocultar o movimento “Ocupe Wall Street”, que há dois meses realiza protestos diários em várias cidades dos EUA contra o “1% de ricaços” que afundou o país numa grave crise econômica.

Diferente dos protestos dos “gusanos” em Cuba ou dos “esquálidos” na Venezuela, que ganham páginas nos jornalões e destaque nas emissoras de televisão, as manifestações na “pátria da democracia” são ocultadas pela mídia hegemônica. Viram não-notícia! O pacto do silêncio entre os impérios midiáticos é um visível atentado ao verdadeiro jornalismo e a própria democracia.


Mídia colonizada evita criticar os EUA

No caso da mídia brasileira nem dá para alegar falta de recursos para a cobertura dos protestos. Todos os principais veículos têm correspondentes nos EUA, mas eles não são pautados para cobrir as manifestações populares. Preferem tratar de amenidades ou da jogatina política na falsa democracia bipartidarizada do império. A censura é descarada. A ditadura midiática é implacável!

Nem mesmo quando ocorrem cenas de repressão, a chamada grande imprensa noticia ou divulga imagens. Neste final de semana, por exemplo, a polícia reprimiu violentamente quatro acampamentos do “Ocupe Wall Street” e prendeu ao menos 78 ativistas. A tática fascistóide adota pelo governo dos EUA é a de dispersar os núcleos do movimento e prender as suas principais lideranças.


Mortes nos acampamentos