A escolha de Cuiabá para ser uma das cidades-sede da Copa 2014 representa uma oportunidade rara para a população desta cidade que, desde seu surgimento, fica à margem do desenvolvimento urbanístico da maioria das capitais brasileiras.
No entanto, uma campanha contrária a Cuiabá, bastante desagradável, vem sendo levada a cabo por jornalistas, comentaristas de TV do "sul maravilha" e, pasmem, pelo senador por Mato Grosso Pedro Taques (PDT).
Eu fui um dos eleitores do senador, e votei tendo em mente o que me parecia ser um combativo representante do Ministério Público em muitos anos de trabalho. Entendo que o senador possa ter desavenças políticas com os atuais governantes do Estado e do país. Mas há um limite para ataques, e esse limite é o bem-estar da população mato-grossense.
O VLT é um meio de transporte moderno, não poluidor, ágil, que independe do trânsito dos demais veículos para poder se mover, garantindo aos usuários qualidade em termos de tempo de deslocamento e de horários de suas viagens.
Quais são os interesses que movem jornalistas (como Juca Kfouri), personalidades do mundo do futebol (como Carlos Alberto Torres, que foi capitão da seleção de 1970) emissoras de tv especializadas em esportes (como a ESPN e a Sportv) ao ataque a Cuiabá? Ataque que por vezes beira o risível em termos de desinformação, ou ao grotesco na busca de desmerecer essa cidade.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
A realidade vive desmentindo a urubóloga Miriam Leitão (28fev2012)
Análise econômica ou mau-agouro?
Por Fernando Brito | Tijolaço
“Houve pressões explícitas, e o Banco Central cedeu. Tentou convencer que a decisão (de baixar os juros) foi tomada de forma técnica. Não convenceu. A deterioração do quadro externo justificaria manter os juros para esperar para ver. Até porque, mesmo reduzindo o ritmo de crescimento do mundo, a inflação não está cedendo.”
O comentário aí, da simpática Miriam Leitão, tem apenas seis meses.
É só olhar o gráfico aí de cima e se verá que não somente a inflação cedeu como, naquele início de setembro, logo após a decisão do BC de começar a reduzir os juros, já vinha cedendo.
Hoje, se algum exagero houve, certamente não foi o de baixar os juros, mas o ter exagerado na alta que vinha desde o final de 2010.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Oban cabocla nos rincões dos Mendes (27fev2012)
Postagem de hoje do blog Brasília, eu vi.
Esse fascistóide de quinta categoria se chama Márcio Mendes. É um técnico rural que a família do ministro Gilmar Mendes, do STF, mantém como cão raivoso na emissora de TV do clã para atacar adversários e inimigos políticos. A TV Diamante, retransmissora do SBT, é, acreditem, uma concessão de TV educativa apropriada por uma universidade da família do ministro. Mendes, vcs sabem, é o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício de jornalistas. Vejam esse vídeo e vocês vão entender, finalmente, a razão. Esse cretino que apresenta esse programa propõe a criação de um grupo de extermínio para matar meninos de rua. Pede ajuda de empresários e comerciantes para montar um “sindicato do crime”, uma espécie de Operação Bandeirante cabocla, para “do nada” desaparecer com esses meninos. E preconiza: “Faz um limpa, derrete tudo e faz sabão”.
Segundo TCU e MPF, concessionárias de ferrovias registram falsos investimentos de bilhões de reais (27fev2012)
As dúvidas sobre as concessões ferroviárias
Do sítio de Luis Nassif, em 26/02/2012
Um rombo de R$ 25,5 bilhões
Por Paulo Ferraz
Relatório do TCU, de 15 de fevereiro de 2012 mostra que o rombo, só em falsos investimentos em ferrovias, a serem pagos pela União como indenização às concessionárias privadas, sob as barbas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pode chegar a R$ 25,5 bilhões, quantia superior à supostamente arrecadada com a privatização dos aeroportos.
Diante disso, alguns integrantes da Rede Desenvolvimentistas, como Flávio Tavares Lyra, Gustavo Santos, Rodrigo Medeiros, Samuel Gomes e Rogério Lessa subscrevem carta "contra o desmonte do transporte ferroviário brasileiro", cujo conteúdo pode e deve ser divulgado, inclusive para obtenção de mais assinaturas.
Segue a íntegra do texto:
Carta dos Desenvolvimentistas
Contra o desmonte do Transporte Ferroviário Brasileiro
O ano de 2012 chega trazendo consigo o resultado parcial de patrióticas iniciativas de órgãos do Estado Nacional de investigação das causas do desmonte do transporte ferroviário brasileiro. O momento é oportuno, portanto, para propor mudanças que viabilizem inserir o transporte ferroviário como elemento estratégico de apoio ao desenvolvimento nacional.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Trabalhadores de Chicago impedem demissões depois de ocuparem sua fábrica (25fev2012)
Leia mais em aqui.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Occupy e os repolhos da esquerda (24fev2012)
Por Bruno Cava | Do blog Produto da Mente
O velho mundo morre enquanto o novo tarda a aparecer. No claro-escuro perfilam os monstros. A citação é de Gramsci e se aplica bem ao momento que vivemos. Quando um futuro já presente, tão alegre, se debate para existir; um presente já passado teima seus últimos golpes sem direção, em triste agonia. Nesse jogo de sombras, os monstros abrem os olhos. Despertam, caminham e logo se perguntam: quem somos? Não sabemos. Mas não deixamos de reconhecer a força, a natureza disforme, a imprevisibilidade, e os seus perigos e é bom que assustem e inspirem receios e desconfianças. Em todo processo transformador, o medo tem que mudar de lado. E se existem monstros do bem e monstros do mal, de qualquer modo, é só frequentar o cinema para saber que os monstros desejam a mesma coisa: amar e serem amados. Este grande amor, monstruoso e nada sentimental, não pode faltar em todas as lutas generosas e produtivas mobilizações por um outro mundo.
Só posso acreditar num
Lênin que saiba dançar
“A erva existe exclusivamente entre grandes espaços cultivados. Ela preenche os vazios. Ela cresce entre, e no meio das outras coisas. A flor é bela, o repolho útil, a papoula enlouquece. Mas a erva é transbordamento, ela é uma lição de moral.”
Henry Miller, Hamlet.
O velho mundo morre enquanto o novo tarda a aparecer. No claro-escuro perfilam os monstros. A citação é de Gramsci e se aplica bem ao momento que vivemos. Quando um futuro já presente, tão alegre, se debate para existir; um presente já passado teima seus últimos golpes sem direção, em triste agonia. Nesse jogo de sombras, os monstros abrem os olhos. Despertam, caminham e logo se perguntam: quem somos? Não sabemos. Mas não deixamos de reconhecer a força, a natureza disforme, a imprevisibilidade, e os seus perigos e é bom que assustem e inspirem receios e desconfianças. Em todo processo transformador, o medo tem que mudar de lado. E se existem monstros do bem e monstros do mal, de qualquer modo, é só frequentar o cinema para saber que os monstros desejam a mesma coisa: amar e serem amados. Este grande amor, monstruoso e nada sentimental, não pode faltar em todas as lutas generosas e produtivas mobilizações por um outro mundo.
Enquanto isso, os
jornalistas de esquerda não conseguem captar, buscam pautas cristalinas e
líderes visíveis e acontecimentos inequívocos. Vamos dar um desconto: eles são
jornalistas. Pedem fatos jornalísticos. Estamos fazendo outra coisa. Menos
sintetizar do que multiplicar: produzir o máximo existencial, não se separar do
turbilhão.
O movimento já mudou o
léxico da política, resgatou palavras e conceitos fora de uso geral,
desestabilizou o que se apresentava como dogma e senso comum. Alastrou um
desejo de mudança que chacoalha o dito “campo das esquerdas”. Apesar do
dissenso a respeito, penso eu que, em meio a tantas palavras e conceitos em
estado de fluidez, seja importante às Ocupas articularem um discurso do ponto
de vista da esquerda.
Mas não esquerda como os
partidos se entendem por esquerda. Porque o Occupy
não se filiou a eles, não lhe interessa a máquina da representação. Os partidos
de esquerda sondam no Occupy algum
ponto de acoplamento para a agenda e os mandatos, alguma maneira de enquadrá-lo
nas campanhas eleitorais. Como se os movimentos devessem parar de sonhar
monstros e se esforçar para funcionar conforme o modelo representativo
existente, nesse subcosmo de estado e mercado, público e privado. Os
partidos de esquerda são os repolhos de Henry Miller. Nem tampouco esquerda
como os sindicatos e as centrais sindicais se entendem por esquerda. Não é
isso. Porque esses cobrem apenas uma mínima fração da classe trabalhadora:
formal ou informal, reconhecida ou não, isso quando não se prestam a organizar
uma gestão mais horizontal da exploração do trabalho, cooptados. Os
partidos e os sindicatos de esquerda se esforçam por disputar o estado e a
fábrica, quando o estado e a fábrica são parte fundamental do problema.
Minha solidariedade a Paulo Henrique Amorim (24fev2012)
O jornalista Paulo Henrique Amorim teve que fazer um acordo judicial com o jornalista Heraldo Pereira, em que se retrata por ligá-lo a Gilmar Mendes, por sua submissão a autoridades, e, afirma-se em alguns sítios e blogs, por tê-lo qualificado como "negro de alma branca", ou seja, aquele negro que busca mimetizar-se entre a classe dominante, assumindo, na prática, postura de quem renega sua própria raça e origem na busca de inserção e aceitação plena numa sociedade que é, sim, racista. E vai demorar muito para deixar de ser.
Tempos atrás, conversando com um de meus irmãos, ele deixou escapar uma "pérola", referindo-se a uns vizinhos seus, lá pelo início da década de 1960, quando ele era recém-casado. Vizinhos dos quais ele gostava muito, diga-se de passagem. Tanto que até hoje lembra-se deles com carinho. Mas a pérola foi a seguinte:
- "Puxa vida! Que vizinhos bons a gente tinha lá, naquela casa abaixo da nossa. Eram pretos, mas eram bons!"
Eu quase caí da cadeira, pois sei muito bem que meu irmão não é racista e nem um preconceituoso empedernido (pois que preconceitos todos temos, em maior ou menor grau, e em geral não nos percebemos assim). Ele me olhou espantado, por não entender minha reação às suas palavras. Na sua ótica, ele estava elogiando os vizinhos. Aí eu chamei sua atenção pelo uso do termo MAS. Eu ouvi, de sua frase, o seguinte:
- "Puxa vida! Que vizinhos bons a gente tinha... Eram pretos, MAS (PORÉM, TODAVIA, NO ENTANTO, APESAR DISSO etc. etc.) eram bons."
É a língua do dia a dia, construída na sociedade branca culturalmente dominante por séculos, que traz em seu seio, sorrateiramente, as cosntruções racistas que muitas das vezes utilizamos de forma acrítica, impensada.
O caso do jornalista Paulo Henrique Amorim é emblemático. Ele usou a expressão "negro de alma branca" para criticar seu colega por suas atitudes descoladas da história de seus antepassados.
Não vejo como PHA poderia ser racista, de fato, pois seu sítio mostra cotidianamente o quanto ele se bate contra preconceitos e, predominantemente, contra o racismo.
Tempos atrás, conversando com um de meus irmãos, ele deixou escapar uma "pérola", referindo-se a uns vizinhos seus, lá pelo início da década de 1960, quando ele era recém-casado. Vizinhos dos quais ele gostava muito, diga-se de passagem. Tanto que até hoje lembra-se deles com carinho. Mas a pérola foi a seguinte:
- "Puxa vida! Que vizinhos bons a gente tinha lá, naquela casa abaixo da nossa. Eram pretos, mas eram bons!"
Eu quase caí da cadeira, pois sei muito bem que meu irmão não é racista e nem um preconceituoso empedernido (pois que preconceitos todos temos, em maior ou menor grau, e em geral não nos percebemos assim). Ele me olhou espantado, por não entender minha reação às suas palavras. Na sua ótica, ele estava elogiando os vizinhos. Aí eu chamei sua atenção pelo uso do termo MAS. Eu ouvi, de sua frase, o seguinte:
- "Puxa vida! Que vizinhos bons a gente tinha... Eram pretos, MAS (PORÉM, TODAVIA, NO ENTANTO, APESAR DISSO etc. etc.) eram bons."
É a língua do dia a dia, construída na sociedade branca culturalmente dominante por séculos, que traz em seu seio, sorrateiramente, as cosntruções racistas que muitas das vezes utilizamos de forma acrítica, impensada.
O caso do jornalista Paulo Henrique Amorim é emblemático. Ele usou a expressão "negro de alma branca" para criticar seu colega por suas atitudes descoladas da história de seus antepassados.
Não vejo como PHA poderia ser racista, de fato, pois seu sítio mostra cotidianamente o quanto ele se bate contra preconceitos e, predominantemente, contra o racismo.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Herói da Grécia na II Guerra Mundial, aos 87 anos de idade, conclama o povo grego à resistência (23fev2012)
No domingo, 12 de fevereiro de 2012, Mikis Theodorakis fez esse chamamento durante a grande manifestação realizada na Praça Syntagma, em Atenas, em paralelo ao debate parlamentar sobre a adoção de um novo Memorando imposto à Grécia pela tróica (Comissão Europeia, Banco Central Europeia e FMI). Quando os anciões Mikis Theodorakis (87 anos) e Manolis Glezos (de 90) pediram permissão da polícia de choque para se dirigirem à multidão desde as escadas do Parlamento, a única resposta que obtiveram foi uma explosão de gás lacrimogêneo que mais parecia uma tentativa de assassinato. Assim se trata neste país "troikaizado" dois homens que no Japão seriam "tesouros nacionais vivos." – Tlaxcala
Clique aqui para ver os vídeos destes momentos memoráveis
A verdade sobre a Grécia
Por Mikis Theodorakis | spitha-kap.gr
Há uma conspiração internacional cujo objetivo é dar no meu país o golpe de misericórdia. O assalto começou em 1975, contra a cultura grega moderna, e depois continuou com a desagregação da nossa história recente e da nossa identidade nacional e, agora, trata-se de exterminá-lo fisicamente com o desemprego, a fome e a miséria. Se os gregos não se levantarem para detê-los, o risco de extinção da Grécia é real. Isso pode acontecer nos próximos dez anos. A única coisa que sobraria ao nosso país seria a lembrança da nossa civilização e nossas lutas pela liberdade.
Até 2009, a situação econômica na Grécia não era muito grave. Feridas grandes de nossa economia eram os gastos militares excessivos e a corrupção de uma parte do mundo político, financeiro e da mídia. Mas também são responsáveis alguns países estrangeiros, incluindo Alemanha, França, Inglaterra e EUA, que ganharam bilhões de euros à custa da nossa riqueza nacional com a venda, a cada ano, de equipamento militar. Esta constante hemorragia nos impediu de avançar enquanto enriquecia os outros países. O mesmo pode ser dito no que se refere ao problema da corrupção. Por exemplo, a empresa alemã Siemens tinha uma agência especial dedicada a corromper os gregos a fim de que eles dessem preferência aos seus produtos em nosso mercado. Assim, temos sido vítimas desse duo de predadores, alemães e gregos, que ficaram ricos às custas do país.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
J Lo ensina como tratar a Folha (22fev2012)
Publicado em 20/02/2012 no sítio Conversa Afiada
Saiu na ácida cobertura Folha do Caranaval carioca.
A Folha (*), como se sabe, é contra o Carnaval, o Google e a pasta de dentes.
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
J Lo à Folha: f... you !
Saiu na ácida cobertura Folha do Caranaval carioca.
A Folha (*), como se sabe, é contra o Carnaval, o Google e a pasta de dentes.
Folha – Você gosta de cerveja?
Jennifer Lopez – Não, eu não sou o tipo que bebe cerveja, mas tenho muitos amigos que bebem [risos].
Então por que você aceitou fazer essa campanha [da Brahma]?
Porque era sobre o Brasil, sobre o Carnaval, sobre a celebração da vida. Era mais sobre essas coisas boas do que qualquer outra. E eu nunca tinha estado no Carnaval. Pensei que era uma boa maneira de ter essa experiência.
Ganhou muito dinheiro?
Hã? ‘Sorry?’ [Desculpe?]. Eu não sei. Eu não penso muito nessas coisas. E acho que falar disso é de mau gosto.
Quais os benefícios de se relacionar com alguém mais novo [seu namorado, Casper Smart, tem 24 anos]?
Ah! Ra-ra-ra [estica o braço em direção à repórter, fecha a mão em um gesto de acabou].
A assessoria fala: “Obrigada, gente. Acabou!”. Um dos dois seguranças que vieram dos EUA com J.Lo grita: “Todo mundo pra fora, agora!”.
Navalha
Foram perguntas inconvenientes, agressivas – e inúteis.
Tinham a única função de constranger e irritar o entrevistado.
E demonstrar que o entrevistador é mais importante que o entrevistado.
E a Folha foi embora sem a sua inesquecível entrevista.
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
Globo Repórter de 1975, endeusando a ditadura, expõe a face mais característica da Globo (21fev2012)
Aos mais jovens apresento este vídeo do Globo Repórter, programa apresentado em 1975, em que a Rede Globo exalta a maravilha da ditadura militar no Brasil, mostrando uma comparação entre o Brasil de antes e o Brasil de depois do golpe militar. E imaginem que isso era intensamente assistido pela população de todo o país, enquanto qualquer outro pensamento discordante era sufocado por meio de prisões, torturas, assassinatos, censura etc.
É impressionante como o discurso da direita e as razões que a Globo apresenta para que houvesse o golpe continuam sendo utilizados até hoje pela direita política, a elite conservadora e a grande mídia. O vídeo é altamente ilustrativo para, conhecendo-se a história, principalmente os discursos "moralistas" e "anti-comunistas", se olhar para os que hoje tentam golpear a ordem e o Estado de direito.
Há que se estar atento a tudo o que a "vênus platinada" (a cria queridinha da ditadura) tenta nos socar goela adentro todos os dias. E a família Marinho (Organizações Globo) está acompanhada pelas famílias Civitta (Abril Cultural), Frias (Folha de São Paulo) e Mesquita (O Estado de São Paulo) em seu intento de mostrar para o povo brasileiro um Brasil diferente do que aquele que aí está de verdade.
Esconde-se o que é bom e mostra-se o que é ruim. Se não houver coisa ruim suficiente, inventa-se.
É impressionante como o discurso da direita e as razões que a Globo apresenta para que houvesse o golpe continuam sendo utilizados até hoje pela direita política, a elite conservadora e a grande mídia. O vídeo é altamente ilustrativo para, conhecendo-se a história, principalmente os discursos "moralistas" e "anti-comunistas", se olhar para os que hoje tentam golpear a ordem e o Estado de direito.
Há que se estar atento a tudo o que a "vênus platinada" (a cria queridinha da ditadura) tenta nos socar goela adentro todos os dias. E a família Marinho (Organizações Globo) está acompanhada pelas famílias Civitta (Abril Cultural), Frias (Folha de São Paulo) e Mesquita (O Estado de São Paulo) em seu intento de mostrar para o povo brasileiro um Brasil diferente do que aquele que aí está de verdade.
Esconde-se o que é bom e mostra-se o que é ruim. Se não houver coisa ruim suficiente, inventa-se.
Artifícios da Rede Globo para minimizar a homenagem da Gaviões da Fiel ao Presidente Lula (22fev2012)
Literatura de cordel ajuda a contar a história de Lula desde a sua infância
Fotos: Alexandre Schneider / UOL
A má fé da Globo no
desfile da Gaviões
Do blog Brasil Que Vai
Este é talvez o carnaval
mais desafiador para as Organizações Globo. Isso porque depois de haver sido
alçada á condição de monopólio midiático, pelo persistente apoio do governo
americano e do regime militar que se instou no País entre 1964 e 1986, foi a
primeira vez que a empresa viu-se obrigada a narrar um desfile de carnaval em
homenagem ao seu maior adversário, o ex-presidente Lula da
Silva.
Foi aparente a
contrariedade da emissora ao mostrar e comentar com menor destaque a apresentação da
escola de samba que levou a homenagem ao
ex-presidente para a avenida. Nos breves comentários que fizeram, os locutores
não deixam de enfatizar o fato de que o homenageado “não esteve presente devido
a um câncer na garganta”, como que querendo atribuir a
homenagem não ao mérito do homenageado, mas a uma espécie
de despedida de alguém à beira da morte.
As tomadas
à distância, o quase ocultamento do carro simbolizando Brasília,
o foco
nas fantasias em negro e o destaque à águia dos gaviões da fiel, acompanhada
do comentário de tratar-se de uma ave de rapina, foram todos artifícios
de que se valeu a inescrupulosa emissora para diminuir o brilho do desfile de
alegorias que cercou a figura de Lula da Silva.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Acordo de 1998 com o FMI referendava compromisso de "alienar" BB, CEF e BNDES (21fev2012)
A proposta de venda do BB no acordo com o FMI
Por Waldyr Kopesky | Publicado no blog de Luis Nassif em 19 de fevereiro de 2012.
Nassif, viu isso? É a minuta de um "Acordo Stand By" do Brasil com o FMI à época (1998), comprometendo-se a fazer ajustes fiscais e medidas regulatórias futuras no sistema financeiro nacional que incluiriam a privatização de estatais (com seus ativos incluídos) como BB, CEF e até mesmo o BNDES! Isso em troca de mais linhas de crédito junto à instituição, o que apenas aumentaria ainda mais a dívida externa brasileira e reduziria drasticamente a estrutura governamental de ação e regulação junto ao sistema financeiro - justamente o que nos salvou da crise de 2008. O documento todo é explosivo (pelo tom de submissão e complacência), mas vale citar o item 18:
"...Com determinação, o governo dará continuidade à sua política de modernização e redução do papel dos bancos públicos na economia. O Banco Meridional uma instituição federal foi privatizado em 1998 e, em 1999, o sexto maior banco brasileiro, o BANESPA, agora sob administração federal, será privatizado. Ademais, o Governo solicitou à comissão de alto nível encarregada do exame dos demais bancos federais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, BNB e BASA) a apresentação até o final de outubro de 1999 de recomendações sobre o papel futuro dessas instituições, tratando de questões como possíveis alienações de participações nessas instituições, fusões, vendas de componentes estratégicos ou transformação em agências de desenvolvimento ou bancos de segunda linha. Essas recomendações serão analisadas e decisões serão tomadas pelo Governo antes do final do ano, sendo que as determinações serão implementadas no decorrer do ano 2000..."O link para o texto inteiro é esse: http://www.fazenda.gov.br/portugues/fmi/fmimpe02.asp
É grave a revelação desse documento, pois deixa claríssimo as reais intenções do governo de então em relação ao que ele imaginava ser o futuro do País, não acha? E desmonta todo o discurso de que a política de Lula seguiu à risca a cartilha econômica de FHC e que, esta, nos levaria inequivocamente à posição e cenário privilegiados do Brasil, hoje...
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Fiasco dos agentes secretos franceses em Homs, Síria (20fev2012)
Por Boris Vian [*]
Persuadido de que não havia grupos terroristas, mas uma revolução reprimida em sangue, tinha recusado a proteção dos serviços de segurança e não usava capacete nem colete antibalas. Com outros colegas que partilhavam as suas convicções, alugaram três micro-ônibus e encontraram "pontos fixos", quer dizer, pessoas locais capazes de ajudá-los a encontrar pontos de referência, a marcar encontros e serviços de tradutores.
Quem atirou?
Enquanto Paris acusa
Damasco de ter organizado o assassínio do jornalista da France-Télévisions,
Gilles Jacquier, em Homs, uma equipa de jornalistas russos acaba de apresentar
uma outra versão diferente dos fatos. Segundo o seu inquérito, o senhor
Jacquier comandava, sob a cobertura da imprensa, uma operação dos serviços
secretos militares franceses que redundou em fiasco. As acusações francesas não
passam de uma forma de mascarar a responsabilidade de Paris nas ações
terroristas empreendidas para desestabilizar a Síria.
Réseau Voltaire / Moscou
(Rússia) / 17 de janeiro 2012
O jornalista francês
Gilles Jacquier foi morto quando fazia uma reportagem em Homs, na quarta-feira,
11 de janeiro. Tinha ido cobrir os acontecimentos na Síria para o magazine Envoyé spécial.
Morte acidental?
Persuadido de que não havia grupos terroristas, mas uma revolução reprimida em sangue, tinha recusado a proteção dos serviços de segurança e não usava capacete nem colete antibalas. Com outros colegas que partilhavam as suas convicções, alugaram três micro-ônibus e encontraram "pontos fixos", quer dizer, pessoas locais capazes de ajudá-los a encontrar pontos de referência, a marcar encontros e serviços de tradutores.
Todos em conjunto tinham
pedido para encontrar-se com representantes alauitas antes de se dirigirem para
os bairros revoltados de Bab Amr e Bab Sbah. Chegados ao Hotel As-Safir, tinham
reencontrado por acaso um capitão que lhes propôs acompanhá-los com o seu
destacamento até ao bairro alauita de Najha onde eram esperados por um
assistente do governo de Homs. Com a sua ajuda, os jornalistas puderam
encontrar personalidades e interrogar as pessoas na rua. Às 14:45 horas, a
representante do governo tinha-lhes pedido que abandonassem o local o mais
depressa possível, pois o cessar-fogo acabava de fato, em cada dia, às 15
horas precisas. No entanto, os jornalistas da rádio televisão belga flamenga
(VRT) tinham-se aventurado mais longe em casas particulares até ao bairro de
Akrama, pelo que o grupo demorou mais tempo a sair dali. Membros da associação
das vítimas do terrorismo que tinham previsto manifestar-se em frente de um carro
alugado pelo Ministério da Informação para cerca de quarenta jornalistas
anglo-saxões, mas que não os tinham encontrado, acharam que seria útil gritarem
slogans pelo presidente Bachar em
frente das câmaras de televisão que ali se encontravam. Às 15 horas, como em
cada dia, a batalha de Homs recomeçou. Um projétil explodiu no terraço de um
edifício, destruindo um reservatório de óleo lubrificante. Um segundo projétil
caiu sobre uma escola, depois um terceiro sobre os manifestantes pró-Assad,
matando dois deles. Os jornalistas subiram ao terraço para filmar os estragos.
Houve uma acalmia. Gilles Jacquier, pensando que os tiros tinham acabado,
desceu com o seu ajudante para ir filmar os cadáveres dos manifestantes.
Chegado ao vão da porta foi morto com seis militantes pró-Assad por uma quarta
explosão, que o projetou sobre a pessoa que lhe servia de guia. Essa jovem foi
ferida nas pernas.
Na confusão geral, o
morto e a ferida foram evacuados em carros para o hospital. Este incidente fez
nove mortos no total e vinte e cinco feridos.
A batalha de Homs
prosseguiu com numerosos outros incidentes durante a tarde e a noite. À
primeira vista, tudo era claro: Gilles Jacquier tinha morrido por acaso.
Encontrava-se no lugar errado no momento errado. Sobretudo, as suas convicções
sobre a natureza dos acontecimentos na Síria levaram-no a acreditar que só
devia recear as forças governamentais e que não corria nenhum risco fora das
manifestações antirregime. Por isso tinha recusado uma escolta, não tinha usado
capacete e colete antibalas, não tinha respeitado a hora fatídica do fim do
cessar-fogo. Definitivamente, não tinha sabido avaliar a situação, porque foi
vítima da diferença entre a propaganda dos seus colegas e a realidade que ele
negava.
Nestas condições, não se
compreende muito bem porquê, depois de uma primeira reação de cortesia, a
França, que tinha legitimamente exigido um inquérito às circunstâncias da morte
do seu cidadão nacional, insinuou subitamente que Gilles Jacquier tinha sido
assassinado pelos sírios e recusou que a autópsia tivesse lugar no local em
presença dos seus especialistas. Estas acusações foram publicamente
explicitadas por um dos jornalistas que acompanhavam Jacquier, Jacques
Duplessy.
Quem atirou?
50 anos de uma “desprivatização” (20fev2012)
Por Fernando Brito | Do Tijolaço, em 17 de fevereiro de 2012
O amigo Apio Gomes, de cujo olhar atento nada escapa, recolheu esta preciosidade aí ao lado na coluna “Há 50 anos” de O Globo.
Como se diz no recorte, a Companhia Telefonica Nacional, controlada pela americana IT&T – International Telephon and Telegraph – tinha o contrato de concessão vencido e exigia um novo prazo e subsídios para investir na rede de comunicações gaúchas.
Ao contrário do que muitos pensam, a encampação não foi um ato de força de Leonel Brizola. Ele tentou um acordo, com a criação de uma empresa de economia mista, dividida em 25% para o Estado do Rio Grande do Sul, 25% por cento para a IT&T e 50% para os usuários – a linha telefonica dava ações da empresa, para quem se recorda. A ITT não aceitou.
Foi nomeada, então, uma comissão arbitral, para apurar o valor da empresa. A ITT indicou um e Brizola indicou outro avaliador, o professor Luis Leuseigneur de Faria, diretor da Faculdade de Engenharia da UFRGS e seu adversário político. A IT&T recusou-se a aceitar o laudo arbitral e exigiu nova avaliação.
Só então Brizola ajuizou uma ação judicial, desapropriando a empresa pelo valor arbitrado, do qual se descontou o valor dos investimentos do Estado na rede telefônica e as remessas de lucro obtidas fora do período da concessão. E foi naquele fevereiro de 1962 que, imitido na posse da empresa, o Governo gaúcho assumiu o controle do que seria a CRT, hoje.
Apesar de negociada e judicialmente amparada, a atitude de Brizola soou, para a direita, como um ato “revolucionário”. Já marcado pela desapropriação da elétrica Bond and Share, dois anos antes, Brizola foi transformado por isso, num perigoso “Fidel Castro” brasileiro, como se vê nos trechos do The Washington Post publicados no Jornal do Brasil de 27 de fevereiro daquele 1962, que recolho da dissertação do professor César Rolim.
E a IT&T, que não era “suversiva” ajudou a financiar os golpes que deporiam os governos eleitos do Brasil, em 64, e do Chile, em 1973, claro.
O processo de modernização da telefonia brasileira, iniciado por JK com a nacionalização parcial da Companhia Telefônica Brasileira, recebia ali um imenso impulso e seria um brizolista, o Coronel Dagoberto Rodrigues, que criaria as bases para a criação da Embratel.
Hoje, sem ela, e com a Telebras neste “será-que-vai-será-que-não vai”, o Brasil está desprovido de qualquer controle público sobre a atividade de telecomunicações, uma das mais importantes numa economia cada vez mais dependente dela.
Não, não está, porque temos a Anatel?
Bem, é carnaval, realmente é tempo de brincar.
O amigo Apio Gomes, de cujo olhar atento nada escapa, recolheu esta preciosidade aí ao lado na coluna “Há 50 anos” de O Globo.
Como se diz no recorte, a Companhia Telefonica Nacional, controlada pela americana IT&T – International Telephon and Telegraph – tinha o contrato de concessão vencido e exigia um novo prazo e subsídios para investir na rede de comunicações gaúchas.
Ao contrário do que muitos pensam, a encampação não foi um ato de força de Leonel Brizola. Ele tentou um acordo, com a criação de uma empresa de economia mista, dividida em 25% para o Estado do Rio Grande do Sul, 25% por cento para a IT&T e 50% para os usuários – a linha telefonica dava ações da empresa, para quem se recorda. A ITT não aceitou.
Foi nomeada, então, uma comissão arbitral, para apurar o valor da empresa. A ITT indicou um e Brizola indicou outro avaliador, o professor Luis Leuseigneur de Faria, diretor da Faculdade de Engenharia da UFRGS e seu adversário político. A IT&T recusou-se a aceitar o laudo arbitral e exigiu nova avaliação.
Só então Brizola ajuizou uma ação judicial, desapropriando a empresa pelo valor arbitrado, do qual se descontou o valor dos investimentos do Estado na rede telefônica e as remessas de lucro obtidas fora do período da concessão. E foi naquele fevereiro de 1962 que, imitido na posse da empresa, o Governo gaúcho assumiu o controle do que seria a CRT, hoje.
Apesar de negociada e judicialmente amparada, a atitude de Brizola soou, para a direita, como um ato “revolucionário”. Já marcado pela desapropriação da elétrica Bond and Share, dois anos antes, Brizola foi transformado por isso, num perigoso “Fidel Castro” brasileiro, como se vê nos trechos do The Washington Post publicados no Jornal do Brasil de 27 de fevereiro daquele 1962, que recolho da dissertação do professor César Rolim.
E a IT&T, que não era “suversiva” ajudou a financiar os golpes que deporiam os governos eleitos do Brasil, em 64, e do Chile, em 1973, claro.
O processo de modernização da telefonia brasileira, iniciado por JK com a nacionalização parcial da Companhia Telefônica Brasileira, recebia ali um imenso impulso e seria um brizolista, o Coronel Dagoberto Rodrigues, que criaria as bases para a criação da Embratel.
Hoje, sem ela, e com a Telebras neste “será-que-vai-será-que-não vai”, o Brasil está desprovido de qualquer controle público sobre a atividade de telecomunicações, uma das mais importantes numa economia cada vez mais dependente dela.
Não, não está, porque temos a Anatel?
Bem, é carnaval, realmente é tempo de brincar.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
OTAN: força armada de um "governo mundial" (19fev2012)
Conectado ao discurso do geólogo Geraldo Luís Lino, feito em 2000, este artigo de 2010, do jornalista Lorenzo Carrasco, demonstra a evolução dos planos de governança mundial que se implementa a partir de diretrizes traçadas por grupos "seletos" que tentam ampliar seu mando sobre corações e mentes em todo o mundo.
Desde o final da Guerra
Fria, a Aliança Atlântica vem buscando novos oponentes e hipóteses para
justificar a sua existência
Por Lorenzo Carrasco [*]
/ Publicado em 9 de dezembro de 2010 no blog Terrorismo Climático
O novo "conceito
estratégico" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aprovado
na cúpula da entidade em Lisboa, em novembro, pouco tem a ver com qualquer
esforço de racionalidade estratégica, que seria ainda mais justificado pelo
fracasso rotundo da mobilização "extrajurisdicional" em curso no
Afeganistão. Na verdade, o que ele contempla é a retomada da pretensão de
transformar a OTAN pós-Guerra Fria no braço armado de uma estrutura de
"governo mundial", acalentada desde a década de 1990 pelo Establishment oligárquico
anglo-americano e seus parceiros europeus.
Portanto, não é no campo
estratégico-militar que poderemos encontrar as motivações dos disparates
emitidos na atual revisão do "conceito estratégico" da OTAN, prática
encetada a cada dez anos. Na realidade os grupos de planejamento estratégico
que elaboraram esses "novos" conceitos estão trasladando ipsis litteris a realidade do declínio
do sistema colonial europeu, que resistiu a morrer durante o século XX, especialmente
após a II Guerra Mundial, com o advento da Guerra Fria. Com o fim desta e sem
um inimigo militar real, fora da paródia das guerras ao terror da família Bush,
a OTAN, em profunda crise de identidade, busca a sua razão de ser em conflitos
como o Afeganistão, uma mal disfarçada guerra pelo controle de uma região
estratégica pelo seu vasto acervo de recursos naturais, a Ásia Central.
Na visão daqueles grupos
hegemônicos, o descompromisso efetivo da Europa e dos EUA com uma reforma
econômica e financeira mundial, para remover o presente sistema global de usura
e especulação, não deixa outro caminho senão a imposição de uma estrutura de
"governo mundial" para a manutenção do seu status quo. De fato, as tentativas do atual governo estadunidense
de trabalhar no exercício de um "poder suave" (soft power) estão chegando ao fim, devido à carência de uma
proposta real de compartilhamento do poder mundial com mais atores, em uma
perspectiva de um ordenamento de poder multipolar. Em tal contexto, o oponente central daquele sistema hegemônico não é o
terrorismo (que, sempre vale recordar, é um método, e não uma entidade), mas a
reemergência e consolidação de um sistema internacional baseado no poder
soberano dos Estados nacionais.
O genro do Rei, os “cabides de emprego” e a privatização da telefonia no Brasil (19fev2012)
Por Mauro Santayana
Iñaki Urdangarin, genro do Rei da Espanha
Um dos mais propalados
argumentos para se destruir, esquartejar e desnacionalizar as empresas estratégicas
nacionais no final dos anos 90, era a deslavada mentira de que elas davam
prejuízo ao erário. Esquecem-se
de dizer que suas tarifas e investimentos estavam historicamente congelados
– entraves que só foram removidos às vésperas da privatização. Outra desculpa
era a de que elas se teriam transformado em “cabides de emprego”, o que
naturalmente iria acabar após sua venda à iniciativa “privada”.
Quando vieram as
licitações, além de terem sido entregues a preço de banana – e muitas vezes com
farto e generoso financiamento do próprio governo brasileiro, via BNDES –
percebeu-se que, em vez de terem sido privatizadas, muitas dessas empresas haviam sido na verdade
re-estatizadas, deixando de ser patrimônio do povo brasileiro, para
ingressar na esfera de influência de governos estrangeiros, como o português, o
italiano, e o espanhol. Países que, por meio de participação direta ou
“golden-shares”, controlavam politicamente – e ainda controlam – a Telecom
Italia, a Portugal Telecom (hoje sócia da OI) e a Telefónica da Espanha.
Abordamos o tema,
emblematicamente trágico do ponto de vista da soberania e do desenvolvimento
nacionais, não apenas para lamentar a destruição de uma das nossas maiores
empresas estratégicas, a Telebrás, e a campanha que estão movendo contra a sua
volta, como concorrente pleno, ao mercado brasileiro – no qual as condições de
“concorrência”, estabelecidas pela Lei Geral de Telecomunicações, tiveram como
maior consequência o fato de estarmos pagando, hoje, como já dissemos, algumas
das mais altas tarifas do mundo – mas também para mostrar, como, com o nosso
dinheiro, estamos enriquecendo parasitas
estrangeiros, como é o caso do jogador de handebol e genro do Rei da Espanha,
Iñaki Urdangarin, acusado de desvio de dinheiro público. É essa gente - o genro
do Rei ganha na Telefónica a bagatela de 1.400.000 euros por ano, mais de
250.000 reais por mês – que ocupa, no Brasil privatizado, os típicos cabides de
emprego nos altos escalões das empresas “privatizadas” que sucederam a
Telebrás.
Abaixo, o link de matéria
saída ontem, no El Pais, sobre Iñaki Urdangarin, o genro do Rei, funcionário da
Telefónica Brasil (leia-se Vivo, presidida pelo
ex-conselheiro da ANATEL Antônio Carlos Valente), e os seus negócios
no Brasil:
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Brasileiro é "bonzinho" e paga muito dinheiro por pouco carro (18fev2012)
Vídeo reproduzido do sítio Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha
Em postagens anteriores, já mostrei reportagens que mostram que é o LUCRO BRASIL, e não o CUSTO BRASIL, que torna os carros tão caros no nosso país. O brasileiro paga muito e exige pouco. Por isso pagamos muito mais, no Brasil, por automóveis de mesmas marcas e mesmos modelos vendidos no exterior, com o agravante de que lá esses mesmos veículos são vendidos (além de mais baratos) com os itens de segurança de série, e não opcionais. Esse desejo do brasileiro por automóvel, que tem vínculo com sinalização de status (durante muito tempo carro foi coisa de rico, e isso parece ter ficado incrustado no imaginário de nossa população), deixa-o cego frente a uma nova aquisição, não vendo os riscos de morte ou graves lesões que um carro sem componentes de segurança apresenta para ele e para os seus passageiros.
Em postagens anteriores, já mostrei reportagens que mostram que é o LUCRO BRASIL, e não o CUSTO BRASIL, que torna os carros tão caros no nosso país. O brasileiro paga muito e exige pouco. Por isso pagamos muito mais, no Brasil, por automóveis de mesmas marcas e mesmos modelos vendidos no exterior, com o agravante de que lá esses mesmos veículos são vendidos (além de mais baratos) com os itens de segurança de série, e não opcionais. Esse desejo do brasileiro por automóvel, que tem vínculo com sinalização de status (durante muito tempo carro foi coisa de rico, e isso parece ter ficado incrustado no imaginário de nossa população), deixa-o cego frente a uma nova aquisição, não vendo os riscos de morte ou graves lesões que um carro sem componentes de segurança apresenta para ele e para os seus passageiros.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Em 2000, o geólogo Geraldo Lino já desnudava as raízes das crises mundiais atuais (17fev2012)
Hoje tive oportunidade de ler, no sítio Nova Era, um discurso feito em JULHO DE 2000 por Geraldo Luís Lino na ADESG-RJ em que ele trata do método utilizado pelas elites econômicas mundiais com o intuito de gerar uma "mudança de paradigma cultural", indo em direção a uma "desumanização da humanidade" e levando ao trono mundial o "mercado". São diversas as estratégias estabelecidas para esse fim, envolvendo, inclusive, a ação de ambientalistas, que é o da estagnação das economias e manutenção do status quo dos poderosos atuais.
Geraldo Luís Lino é Geólogo, Diretor do Movimento de Solidariedade Ibero-Americana, ex-consultor ambiental e autor do livro A Fraude do Aquecimento Global : Como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial. (Capax Dei, 2009), e demonstrou, em Audiência Pública no Congresso Nacional, em 2011, que
Geraldo Luís Lino é Geólogo, Diretor do Movimento de Solidariedade Ibero-Americana, ex-consultor ambiental e autor do livro A Fraude do Aquecimento Global : Como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial. (Capax Dei, 2009), e demonstrou, em Audiência Pública no Congresso Nacional, em 2011, que
a hipótese do aquecimento global antropogênico é "reprovada no teste do método científico", pois não se sustenta em evidências físicas do mundo real. Entre outras, mostrou que as mudanças constituem o estado natural do clima, tendo produzido temperaturas e níveis do mar bem mais altos e bem mais baixos que os atuais, além de taxas de variação igualmente muito superiores às observadas desde a Revolução Industrial do século XVIII (confira no sítio Ambientalismo).
O discurso tem praticamente 12 anos, e foi feito em meio ao segundo mandato de FHC à frente da Presidência da República. A perspectiva do tempo passado, desde então, tem mostrado quanto o autor acertou na mosta, quando vemos a política de Estados Unidos e Europa tanto internamente - com o achaque aos direitos trabalhistas e aos patrimônios públicos, e a repressão crescente às tentativas de suas próprias populações de expressarem o seu desagrado com os rumos que vêm sendo tomados - quanto externamente, com invasões mortíferas, assassinatos seletivos e ameaças de guerras amplificando-se a cada momento.
Geraldo Luís Lino mostra o quanto o política neoliberal e a globalização vão de encontro aos valores republicanos, nacionalistas e de busca da geração do bem-estar coletivo.
Achei interessante, talvez com uma ou outra restrição sobre as quais pretendo refletir com calma. Mas chega de prolegômenos, além de informar que atualizei a escrita para as novas regras ortográficas e que os destaques - negrito ou itálico - são meus. E vamos ao discurso:
Crise civilizatória, mudança
de paradigma cultural e projeto nacional
Por Geraldo Luís Lino
Palestra proferida no
painel Brasil Soberano e a Expressão Psicossocial, na ADESG-RJ, em 31/07/2000
Para mim, é um privilégio
poder dirigir-me a uma plateia tão seleta, para trocar ideias sobre um tema de
tanta relevância para o nosso futuro como cidadãos de um Estado nacional
republicano, que pretendemos ver reconstruído e consolidado, a despeito das
abrumadoras perspectivas apontadas pela realidade presente. Por isso, agradeço
a direção da ADESG-RJ, nas pessoas do prof. Marcos Coimbra e do almirante
Sergio Tasso de Aquino, pela oportunidade, que espero ser proveitosa para
todos.
A crise brasileira, nos
diversos aspectos que têm sido discutidos neste fórum, não pode ser dissociada
da crise civilizatória que, hoje, assola todo o mundo, em especial no que se
refere à mudança de paradigma cultural
responsável por ela, que nos remete ao tema do painel de hoje.
Creio que poucos
questionarão a percepção de estarmos envolvidos numa profunda crise da
Civilização, uma crise marcada por um processo que podemos qualificar como a “desumanização da Humanidade”, com a
retirada do ser humano do centro do processo de organização da sociedade e da
economia, em favor de entidades abstratas como o “mercado” ou o “meio ambiente”,
artificialmente dotadas de direito próprio. Para ilustrar essa “desumanização”,
vejamos alguns exemplos pinçados de manchetes recentes da imprensa brasileira.
N’O Globo de 24 de junho, podemos ler: “Lavrador é preso por raspar casca de árvore”. A notícia se refere
à prisão de um lavrador goiano de 55 anos, analfabeto, que foi mantido
encarcerado por sete dias pelo terrível e inafiançável crime de ter sido
apanhado em flagrante raspando a casca de uma árvore conhecida como almesca,
dentro de uma área de preservação ambiental, para fazer um chá para sua mulher,
que tem a Doença de Chagas. Aqui, temos uma demonstração do conceito do
biocentrismo, tão caro aos radicais do ambientalismo, que pretende rebaixar o ser
humano e seus direitos inalienáveis ao progresso e ao bem-estar, derivados de
sua condição de constituído à imagem e semelhança do Criador, ao nível dos
demais seres vivos. Lamentavelmente, tal distorção, que está no cerne do
movimento ambientalista, está fortalecendo a sua posição nas políticas públicas
e nas relações internacionais.
Comando que matou Bin Laden quer carta branca para efetuar "limpeza" das "ameaças" latino-americanas, entre outras (17fev2012)
Do Blog do Mello
As mesmas forças que localizaram, assassinaram , sequestraram e lançaram ao mar o corpo de Osama Bin Laden (se é que tudo se passou assim mesmo) querem ampliar seu raio de ação e poder atuar na Ásia, África e América Latina, sem ter que ficar dando explicações ao Pentágono.
A informação é da BBC, que diz que eles querem poder atuar por aqui, sem ter que passar pelas vias normais - o que, em se tratando de estadunidenses, significa apenas se livrar da burocracia dos EUA, porque, afinal, nós da Ásia, África e América Latina somos apenas seu "palco de operações".
Tropas dos EUA que mataram Bin Laden no Paquistão querem poder fazer o mesmo por aqui
As mesmas forças que localizaram, assassinaram , sequestraram e lançaram ao mar o corpo de Osama Bin Laden (se é que tudo se passou assim mesmo) querem ampliar seu raio de ação e poder atuar na Ásia, África e América Latina, sem ter que ficar dando explicações ao Pentágono.
A informação é da BBC, que diz que eles querem poder atuar por aqui, sem ter que passar pelas vias normais - o que, em se tratando de estadunidenses, significa apenas se livrar da burocracia dos EUA, porque, afinal, nós da Ásia, África e América Latina somos apenas seu "palco de operações".
El Comando de Operaciones Especiales se creó en los años 80 tras el fallido intento de rescatar a los rehenes estadounidenses retenidos en la embajada de ese país en Irán. Tenían una tarea muy específica en cuanto a la protección de ciudadanos estadounidenses, sobre todo los que tienen vínculos con el gobierno.
En América Latina, normalmente, se ocupan de misiones de inteligencia de alta tecnología, sin reclutar recursos humanos pero sí brindando entrenamiento y haciendo ejercicios conjuntos.
"Casi siempre, con pocas excepciones, trabajan en conjunto con las fuerzas armadas, policiales o de inteligencia del país para poder ayudarles y tener una relación mutua", explicó a BBC Mundo Stephen Donehoo, especialista en Seguridad Nacional del grupo McLarty Associates de Washington.Oh, si,si "casi siempre" - diz o especialista -, mas no Paquistão, por exemplo, isso não aconteceu. As tropas invadiram o país, fizeram o serviço, sequestraram o corpo, sem nenhum respeito ao Paquistão e a seu povo. Por que aqui seria diferente se, de tempos em tempos, eles veem com aquela história de grupos terroristas na Tríplice Fronteira, como revelado pelo Wikileaks?
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Mudanças climáticas... não necessariamente aquecimento... (16fev2012)
O filme
O documentário The Great Global Warming Swindle foi produzido para o Channel 4 britânico e foi ao ar em 8 de março de 2007.
O programa
O documentário traz argumentos de alguns cientistas que discordam do “consenso” que prevalece sobre o dióxido de carbono liberado pela atividade humana ser a causa da elevação das temperaturas globais atualmente.
Há um consenso em relação ao clima da terra estar mudando, pois sempre o fez. Há um consenso também em relação a que houve um aquecimento recente. Mas alguns pensam que o aquecimento é por nossa causa, enquanto outros acreditam que nós não temos nada a ver com ele.
O documentário argumenta que a elevação da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera não tem relação com as mudanças do clima. Além disso, a visão simplista atual de reduzir as emissões de carbono pode ter consequências não intencionais no efervescente desenvolvimento no terceiro mundo, prolongando a pobreza e doenças endêmicas.
Pesquisas apresentadas no documentário mostram aparentemente que o efeito da radiação cósmica e a atividade solar podem explicar as flutuações nas temperaturas globais com maior precisão que a teoria do dióxido de carbono.
Uma explicação alternativa para a elevação na temperatura global é baseada em pesquisas feitas no Centro Dinamarquês do Espaço. Na história da terra, quando se verificam aumentos na atividade solar, a formação de nuvens na terra diminui significativamente e ocorre elevação da temperatura.
“A atividade solar, durante várias centenas de anos, se correlaciona com a temperatura, tomando-se como base períodos decenais”.Um respeitado queniano, especialista em desenvolvimento, diz: “Não vejo como um painel solar pode impulsionar uma indústria de aço, como um painel solar pode impulsionar uma rede ferroviária… Estão tentando matar o sonho africano, e o sonho africano é desenvolver-se. Estão nos dizendo para não tocarmos em nossos recursos, não tocarmos em nosso óleo, não tocarmos em nosso carvão; isso é suicídio”.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Espanha retira direitos dos trabalhadores e a proteção legal dos empregos (15fev2012)
Do sítio BE Internacional, com o texto "abrasileirado" por mim.
Espanha aplica "demissão livre e gratuita"
As empresas espanholas já podem despedir trabalhadores sem autorização governamental pagando 20 dias por cada ano trabalhado com o máximo de uma anuidade. “Demissão livre e
gratuita”, acusam os sindicatos, prontos a resistir e com uma greve geral no horizonte.
O governo direitista de Mariano Rajoy pôs em prática medidas de “liberalização do mercado de trabalho” semelhantes às que estão a ser estabelecidas pelo segundo memorando da troika para a Grécia. Estas medidas, segundo a imprensa espanhola, foram definidas durante contatos estreitos entre Rajoy e a senhora Merkel. A chanceler alemã considera que a “reforma laboral” espanhola é “modelar e valente”, um exemplo das mudanças que é necessário pôr em prática na Europa para sair da crise.
O governo direitista de Mariano Rajoy pôs em prática medidas de “liberalização do mercado de trabalho” semelhantes às que estão a ser estabelecidas pelo segundo memorando da troika para a Grécia. Estas medidas, segundo a imprensa espanhola, foram definidas durante contatos estreitos entre Rajoy e a senhora Merkel. A chanceler alemã considera que a “reforma laboral” espanhola é “modelar e valente”, um exemplo das mudanças que é necessário pôr em prática na Europa para sair da crise.
Tribunal de Lyon, França, condena Monsanto por envenenamento (15fev2012)
Monsanto condenada por “envenenamento” em França
Do sítio BE Internacional
Monsanto, o gigante norte-americano dos transgénicos e pesticidas, foi condenado por um tribunal francês numa acusação posta por um agricultor devido a envenenamento com herbicida.
“É uma decisão histórica porque é a primeira vez que um fabricante de pesticidas é considerado culpado por um envenenamento”, declarou François Lafforgue, advogado do agricultor que apresentou a queixa.
O autor do processo contra o grupo Monsanto foi Paul François, de 47 anos, que em tribunal afirmou que foi vítima de problemas neurológicos, incluindo perda de memória, dores de cabeça, náuseas e problemas de fala depois de ter inalado Lasso, um herbicida fabricado pela multinacional. Os factos remontam a 2004 e o agricultor acusou Monsanto de não inscrever as informações adequadas nos rótulos das embalagens.
A sentença foi proferida por um tribunal de Lyon e pode encorajar outros cidadãos nas mesmas circunstâncias a recorrerem aos tribunais.
O herbicida em causa já foi retirado do mercado em França em 2007 depois de o mesmo ter acontecido em outros países na sequência de uma Directiva da União Europeia sobre a utilização de pesticidas.
França, a maior potência agrícola da União Europeia, tem um programa de redução em 50 da utilização de pesticidas entre 2008 e 2018. Nos dois primeiros anos de aplicação registou-se um corte de quatro por cento.
O grupo Monsanto declarou-se “desapontado” com a sentença e estuda a possibilidade de recorrer. “Sempre considerámos que não existiam elementos suficientes para estabelecer uma relação causal entre os sintomas de Paul François e um eventual envenenamento”, declarou o advogado da multinacional, Jean-Philippe Delsart.
O agricultor francês argumenta que no seu caso não pode haver quaisquer dúvidas quanto à relação de causa e efeito porque inalou o herbicida quando limpava o tanque onde tinha preparado o produto para aspersão.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Serra e o espírito de 32 (14fev2012)
Por Fernando Brito | Do Tijolaço
A notícia dada hoje pela Folha de S. Paulo, de que José Serra negocia (sic) com Geraldo Alckmin sua candidatura à prefeitura paulistana é a prova de que a política, por mais hipocrisia e arranjos que abrigue, sempre leva as disputas para algo que representa, de fato, o conflito de projetos políticos.
Serra, candidato, é um perigo e uma esperança.
É evidente que ele é, de longe, um candidato com mais chances de vitória do que os “famosos quem” que disputam a indicação tucana para o pleito. Aliás, a história de que eles seriam “o principal obstáculo” à candidatura Serra é de rolar de rir.
E também é um quase definitivo golpe contra a articulação de Lula que, livrando Kassab da posição de “saco de pancadas”, pudesse enfraquecer ainda mais o tucanato paulista e tirar-lhe, em outubro, a sustentação do terceiro ou quarto governo em importância nacional, o da municipalidade paulistana.
Mas, ao inverso destes riscos, caminha um fator desafiante.
Serra na disputa traduz o que foi, para além das aparências “constitucionalistas” , o movimento de 1932: a reação das oligarquias ao processo de transformação do Brasil que a Revolução de 30 havia desencadeado.
Claor que a paráfrase tem suas diferenças objetivas, e muitas, mas esta é a essência desta disputa.
Um “famoso quem” como candidato tucano seria aquele brado dos oficiais do Batalhão Universitário Paulista – qualquer coincidência é mera ironia – que gritavam em francês “salve-se quem puder” diante da entrada de Vargas em Itararé.
É verdade que Lula, hoje, como o Vargas do segundo mandato, quer soluções menos cruentas, e que bom que seja assim.
A inclusão de Gilbertto Kassab numa aliança vitoriosa deveria ter soado como a garantia de que há espaço – e tem mesmo de haver - para a riqueza e tipicidade paulistas no Brasil que está sendo reconstruído. Mas que é preciso reverter o modelo concentrador riqueza e semi-separatista que se acentuou após o golpe de 64, e que São Paulo pode ter outro destino que não o de ponto de drenagem da riqueza brasileira.
A candidatura Serra torna mais evidente esta reorganização do Brasil, porque não será por questões essencialmente municipais da paulicéia que ele terá votos, mas pela reação, raivosa e irracional, a um novo projeto de Brasil: inclusivo, desevolvimentista e equilibrado regionalmente. E que São Paulo não precisa ser Wall Street para ser Nova York, que jamais seria o que é se o resto dos EUA fossem um país miserável.
É para evitar isso que Lula vinha se movendo, nas suas difíceis condições pessoais e enfrentando um enorme desgaste – que só ele, com o seu crédito pessoal poderia enfrentar – ao defender uma aliança com Kassab.
Sabe que a candidatura Serra é feia e perigosa como um estertor, que tem o esgar, jamais o sorriso, que tem a morte e o ódio, jamais a vida e o amor ao ser humano.
Mas é, ao mesmo tempo, o sinal da fraqueza da fera em agonia, expresso em dentes e garras implacáveis por sua própria sobrevivência.
Sabe que, morto o PSDB em São Paulo, a direita brasileira, espalhada por todo o país, estará muito perto de jogar ao mar o grupo servil e elitista no qual se representa e munir-se de novas caras, novos líderes e, sobretudo, de projetos diferentes daqueles que, há uma década, tornaram-se intragáveis para o povo brasileiro.
A campanha de 1932, que depois seria, em 1964, reciclada pelo "Ouro para o bem do Brasil". Do bem, nem se sabe, já o ouro...
A notícia dada hoje pela Folha de S. Paulo, de que José Serra negocia (sic) com Geraldo Alckmin sua candidatura à prefeitura paulistana é a prova de que a política, por mais hipocrisia e arranjos que abrigue, sempre leva as disputas para algo que representa, de fato, o conflito de projetos políticos.
Serra, candidato, é um perigo e uma esperança.
É evidente que ele é, de longe, um candidato com mais chances de vitória do que os “famosos quem” que disputam a indicação tucana para o pleito. Aliás, a história de que eles seriam “o principal obstáculo” à candidatura Serra é de rolar de rir.
E também é um quase definitivo golpe contra a articulação de Lula que, livrando Kassab da posição de “saco de pancadas”, pudesse enfraquecer ainda mais o tucanato paulista e tirar-lhe, em outubro, a sustentação do terceiro ou quarto governo em importância nacional, o da municipalidade paulistana.
Mas, ao inverso destes riscos, caminha um fator desafiante.
Serra na disputa traduz o que foi, para além das aparências “constitucionalistas” , o movimento de 1932: a reação das oligarquias ao processo de transformação do Brasil que a Revolução de 30 havia desencadeado.
Claor que a paráfrase tem suas diferenças objetivas, e muitas, mas esta é a essência desta disputa.
Um “famoso quem” como candidato tucano seria aquele brado dos oficiais do Batalhão Universitário Paulista – qualquer coincidência é mera ironia – que gritavam em francês “salve-se quem puder” diante da entrada de Vargas em Itararé.
É verdade que Lula, hoje, como o Vargas do segundo mandato, quer soluções menos cruentas, e que bom que seja assim.
A inclusão de Gilbertto Kassab numa aliança vitoriosa deveria ter soado como a garantia de que há espaço – e tem mesmo de haver - para a riqueza e tipicidade paulistas no Brasil que está sendo reconstruído. Mas que é preciso reverter o modelo concentrador riqueza e semi-separatista que se acentuou após o golpe de 64, e que São Paulo pode ter outro destino que não o de ponto de drenagem da riqueza brasileira.
A candidatura Serra torna mais evidente esta reorganização do Brasil, porque não será por questões essencialmente municipais da paulicéia que ele terá votos, mas pela reação, raivosa e irracional, a um novo projeto de Brasil: inclusivo, desevolvimentista e equilibrado regionalmente. E que São Paulo não precisa ser Wall Street para ser Nova York, que jamais seria o que é se o resto dos EUA fossem um país miserável.
É para evitar isso que Lula vinha se movendo, nas suas difíceis condições pessoais e enfrentando um enorme desgaste – que só ele, com o seu crédito pessoal poderia enfrentar – ao defender uma aliança com Kassab.
Sabe que a candidatura Serra é feia e perigosa como um estertor, que tem o esgar, jamais o sorriso, que tem a morte e o ódio, jamais a vida e o amor ao ser humano.
Mas é, ao mesmo tempo, o sinal da fraqueza da fera em agonia, expresso em dentes e garras implacáveis por sua própria sobrevivência.
Sabe que, morto o PSDB em São Paulo, a direita brasileira, espalhada por todo o país, estará muito perto de jogar ao mar o grupo servil e elitista no qual se representa e munir-se de novas caras, novos líderes e, sobretudo, de projetos diferentes daqueles que, há uma década, tornaram-se intragáveis para o povo brasileiro.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Search for Extra Terrestrial Inteligence (SETI): História do sinal extraterrestre que não se quis ver. O sinal 6EQUJ5. (13fev2012)
Do sítio StarViewer
(clique na imagem para ampliar)
Jerry R. Ehman, em 15 de agosto de 1977, recebeu um inusitado padrão de sinal inteligente, que foi denominado como WoW!, que foi a nota marginal que o próprio Ehman transcreveu no relatório do padrão detectado naquele 15 de agosto no Radio Observatory Big Ear.
E não era para menos; o código com o qual é representado o sinal 6EQUJ5 consistia em uma série de padrões numéricos que se destacavam a partir do padrão médio procedente do ruído de fundo do universo. A sequência numérica era a seguinte: 6, 14, 26, 30, 19, 5.
No seu auge, o sinal chegou a ressoar mais de 30 vezes da média do ruído de fundo do universo, até apagar-se e nunca mais ser repetido. O sinal veio da constelação de Sagitário e a transmissão durou 72 segundos.
E a reprodução do sinal:
No entanto, o SETI ficou em silêncio até hoje.
Mas algo inusitado aconteceu em agosto de 2001 em Chilbolton, muito perto do radiotelescópio, em Hampshire, Reino Unido. Apareceu um círculo de cultura com um curioso diagrama análogo ao enviado do telescópio de Arrecibo em 1974. No entanto, havia diferenças sutis:
[Mensagem no vídeo:
"Cuidado com os portadores de dons falsos e suas promessas não cumpridas
Muita dor, mas ainda dá tempo
Não é bom lá fora
Nos opomos decepção
Fechamento da conduta"]
E analisando, temos:
Entrevista de Fernando Haddad ao Estadão (12fev2012)
Haddad defende uma lei de meios e deixa a porta aberta para Kassab
Esquerda autoritária errou ao achar que não precisava de ninguém, diz Haddad
Petista fala ao ‘Estado’ sobre livros em que defendeu o socialismo e deixa portas abertas para alianças com ideologias diversas
Por Fernando Gallo, de O Estado de S. Paulo | Reproduzido do sítio Viomundo
“O tempo livre, a alma e, quem diria, uma prótese de primeira natureza, tudo é insumo precioso na busca do lucro. Sob o pretexto de satisfazer as necessidades humanas, a parafernália capitalista não faz mais do que zelar pela sua perpetuação, rebaixando os homens a meios de sua própria conservação”. Talvez pudesse ser Marx, mas é um autêntico Fernando Haddad, atirando contra o sistema.
Era 1998, último ano do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando o ex-ministro lançava pela editora Vozes um pequeno livro intitulado “Em defesa do socialismo - Por ocasião dos 150 anos do Manifesto”, referência à obra comunista de Marx e Engels. É a obra mais política da bibliografia de Haddad, que ainda conta outros quatro títulos : “Sindicatos, cooperativas e socialismo” (2003), “Trabalho e linguagem - Para a renovação do socialismo” (2004), “O sistema soviético” (1992) e “Desorganizando o consenso - Nove entrevistas com intelectuais à esquerda” (1998).
Nas obras, Haddad critica “o mau infinito da acumulação capitalista”, defende a socialização da propriedade privada - “mantendo-se o mercado” - e dos meios de comunicação. Vê um mundo em que a cooperação entre cooperativas seria a superação da ordem capitalista.
O petista censura o modelo da União Soviética, autoritário e de economia centralmente planificada - “deveria ser chamado pelo nome próprio de despotismo” - e diz que ele “ruiu em boa hora, tirando dos ombros socialistas um fardo político descomunal”.
Em 2001, em um debate após uma exposição sua que originou o livro sobre cooperativas, argumentou: “O PT deveria empunhar com mais brio a bandeira do socialismo”. Hoje diz: “podemos nos valer dessa bandeira com tranquilidade”.
O ex-ministro recebeu o Estado na sede do PT Nacional em São Paulo, onde despachava provisoriamente até sexta-feira, para falar sobre os livros e temas contemporâneos que dialogam com sua obra. Sustentou que algumas “ideias-força” das obras permanecessem atuais e lembrou: “Quando escrevi esses textos, não estava pensando em me candidatar a nada, mas em fazer o debate aflorar”.
O que quer dizer ser socialista no século XXI?
Em primeiro lugar, afastar toda a tradição autoritária que permeou a ação política, sobretudo do stalinismo e variantes, sem abdicar de dois valores importantes: o combate às desigualdades socioeconômicas e uma celebração da diferença, da diversidade, da tolerância. Essa é uma plataforma que dialoga com o pensamento socialista moderno.Aquilo que o sr. escreveu em 1998 continua valendo?
Meus livros ficaram sempre na primeira edição, nunca me vi obrigado a fazer uma revisão. Não saberia te dizer se publicaria tal qual foi lançado. Mas algumas ideias-força permanecem atuais. Minha tese de mestrado foi sobre o colapso do sistema soviético e a interpretação daquele fenômeno, de 1917 a 1989. Aproveitei para promover um acerto de contas com a esquerda autoritária, particularmente o stalinismo e o trotskismo, que viam naquela experiência soviética, nos dois países mais importantes, Rússia e China, perspectivas emancipatórias. Eu recusei desde sempre essa interpretação. Via naquelas experiências um modo sui generis de transição de velhas sociedades asiáticas, em geral organizadas sob o manto do despotismo, na longa transição para o modo capitalista de produção. Enquanto as pessoas pensavam que pudesse desembocar numa sociedade sem classes, eu via o contrário.Crítica igual ou semelhante pode ser estendida a Cuba?
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Carros mexicanos são "lobos vestidos de cordeiros" (12fev2012)
Acordo automotivo é com México, não com os EUA
Por Fernando Brito | Do Tijolaço
Foi preciso que uma agência de notícias estrangeira – a Reuters - viesse esclarecer as razões do governo brasileiro sobre o acordo com o México, que isenta de taxação a importação de automóveis entre os dois país.
Passamos uma semana ouvindo “sumidades” dizendo que o Brasil reclamava do acordo porque, de alguns anos para cá, a balança virou em desfavor de nosso país, quando antes nos era benéfica.
Aí vem a Reuters e explica: o problema é que, segundo uma fonte ouvida pela agência, atualmente “apenas 20 por cento das peças dos carros produzidos no México e importados para o Brasil são produzidas naquele país e o restante é proveniente dos Estados Unidos, usando acordos firmados no âmbito do Nafta”.
O Nafta, como se sabe é o North American Free Trade Agreement, Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que isenta de impostos a importação entre México, EUA e Canadá.
Nestas condições, estamos comprando mais de US$ 2 bilhões em veículos, na prática, fabricados nos EUA, com isenção de impostos que estamos negando aos chineses e coreanos. Foram 134, 6 mil veículos em 2011, 80% a mais do que em 2010.
Mais que um contra-senso, um absurdo.
A mídia brasileira, porém, prefere tratar como se fosse um problema com o México. Não é. É com o Tio Sam de sombrero que o Nafta criou.
Cerco à internet atende interesses da indústria farmacêutica, e vai além (12fev2012)
ACTA vai além da proibição de downloads
Diário da Liberdade, 11 fevereiro de 2012 - Original em inglês: Radio Netherlands Worldwide
Novamente estão planejados protestos contra a restrição da liberdade na internet. Neste sábado, manifestantes protestam contra o Tratado de Comércio Anti-Contrafacção, conhecido como ACTA. A ideia é que ele se torne o padrão mundial para a proteção de direito de propriedade intelectual, que vai da música a medicamentos. Na Europa, as dúvidas são crescentes.
O ACTA era originalmente destinado a acabar com o comércio de perigosos medicamentos falsificados. Depois de longas negociações, que em grande parte correram em segredo, o tratado agora está pronto para a aprovação dos Estados Unidos, Japão, Austrália e União Europeia.
Sob pressão dos Estados Unidos, o ACTA foi expandido para incluir o combate à pirataria online. Os protestos são principalmente direcionados à ameaça a uma internet aberta, contra a proibição de downloads e a possibilidade de processos contra provedores, buscadores e usuários.
Monopólio
Mas as consequências são mais abrangentes, alertam organizações como a fundação IDA. Esta ONG trabalha pela distribuição de remédios de qualidade a preços acessíveis em países em desenvolvimento. "O ACTA só beneficia a indústria farmacêutica", diz o diretor-geral da IDA, Edwin de Voogd. Além disso, o tratado vai contra acordos anteriores.
"O comércio de medicamentos que, por um outro acordo, vão legalmente de um produtor na Índia ou na China para um país pobre, poderá ser bloqueado por este tratado. Só para proteger os interesses da indústria farmacêutica e seus direitos de patente, e com isso a consequente posição de monopólio."
No âmbito da Organização Mundial da Saúde, concordou-se que países (principalmente Índia e China), sob determinadas condições, poderiam produzir medicamentos genéricos e exportar para países em desenvolvimento, como remédios para a malária e a Aids, mesmo que a patente ainda não tenha expirado. As empresas farmacêuticas deram permissão para isso.
Pílulas duvidosas
Paralelamente a este comércio legal existe um circuito muito mais sombrio. Países em desenvolvimento são inundados com pílulas duvidosas, pós e poções que não contribuem em nada para a saúde pública. Países ricos também passaram por esta experiência quando o Viagra falso vindo da China apareceu na internet. "Precisamos do tratado para combater estas práticas", diz Paul Wouters, da Nefarma, uma associação que trabalha no desenvolvimento medicamentos inovadores na Holanda.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Uma história do Brasil Sem Miséria (11fev2012)
Por Katarina Peixoto | Postagem de 3 de fevereiro de 2012 no sítio Carta Capital
Porto Alegre - Se os números apresentados pelo governo federal são verdadeiros, então qualquer pessoa deve poder pegar um morador de rua, ou uma pessoa em situação de risco, e inscrevê-la ao menos no Bolsa Família. Depois de pesquisar e acompanhar os dados sobre a redução da desigualdade, a entrada de mais de 30 milhões de pessoas na classe C e a saída de 28 milhões da extrema pobreza, eu pensei que poderia “ver” esses números encarnados. Trata-se de uma população maior que a de muitos países, então não deveria ser muito difícil “tirar alguém da rua”, por exemplo. Teria de ser ao menos possível e relativamente fácil; caso contrário, esses números necessariamente seriam falsificações.
É verdade que muitos dentre os que Jack London chamou de o povo do abismo já se quebraram, e a sua ida para as ruas não é outra coisa que a porta de entrada para todo tipo de quebradeira: a psíquica, a física, a emocional, a social. Os moradores de rua e a população excluída das cidades parecem existir para interpelar, intermitentes, o poder do estado, os governos, a assistência social.
Muitos do que se julgam bem informados leem nas magazines de fofocas semanais que o governo ou os governos seriam entidades comandadas por ladrões manipuladores. Indignados sem saber ao certo o porquê, passam pelos moradores de rua invariavelmente com raiva, quando não tampam os narizes e saem esbravejando contra o governo, que “permite” essa “palhaçada” ou “sujeira” ou “vagabundagem”.
Com tudo isso em mente e de certa forma apesar de tudo isso, eu quis testar o Estado brasileiro para ver se esses milhões tinham “carne”. Eu quis saber se esses números são reais ou ao menos se faz sentido e como pode fazer sentido ter gerado uma ascensão de classe social de 60 milhões de pessoas, em menos de dez anos. E isso sem um Plano Marshall, e sem um New Deal, e com uma política econômica determinada pela finança globalizada, engessada pela trindade do superávit primário, do câmbio flutuante e controle inflacionário via taxação de juros.
Mas essa decisão foi movida por um encontro, mais do que por informação. Eu quis testar o Estado brasileiro depois de ter conhecido o Seu Valdir e a sua filhote, a cadela Princesa, caminhando nas ruas do Bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Ele empurrando um carrinho de supermercado que era a sua casa, cheio de coisas, bolsas, cobertores, tudo muito organizado, sob a triunfante Princesa, sentada no carrinho. Pensei que não podia ser pelas razões que imaginava, então perguntei-lhe por que ela estava sobre o carrinho, ao que ele me respondeu, confirmando a hipótese mais estapafúrdia que eu imaginara: “é que ela não tomou todas as vacinas, ainda, e a doutora disse que não era para pôr os pés na rua”. (Uma veterinária, Marília Jaconi, cuidou da Princesa gratuitamente, em solidariedade).
No dia 11 de junho de 2011, numa noite fria de Porto Alegre, seu Valdir e sua cadela Princesa dormiram sob um teto e não mais sob a marquise que os abrigava até então. No dia 13 de setembro o Seu Valdir tocou o interfone. Estava trêmulo e com os olhos mareados. Tinha três folhas de papel em mãos e uma carta, da Previdência Social, com um texto que começava assim: “Em atenção ao seu pedido...informamos que foi reconhecido o direito ao Benefício de Prestação Continuada...”. Acionado em um desafio para dar vida nova a um morador de rua, o Estado brasileiro respondeu com políticas de carne e osso.
Porto Alegre - Se os números apresentados pelo governo federal são verdadeiros, então qualquer pessoa deve poder pegar um morador de rua, ou uma pessoa em situação de risco, e inscrevê-la ao menos no Bolsa Família. Depois de pesquisar e acompanhar os dados sobre a redução da desigualdade, a entrada de mais de 30 milhões de pessoas na classe C e a saída de 28 milhões da extrema pobreza, eu pensei que poderia “ver” esses números encarnados. Trata-se de uma população maior que a de muitos países, então não deveria ser muito difícil “tirar alguém da rua”, por exemplo. Teria de ser ao menos possível e relativamente fácil; caso contrário, esses números necessariamente seriam falsificações.
É verdade que muitos dentre os que Jack London chamou de o povo do abismo já se quebraram, e a sua ida para as ruas não é outra coisa que a porta de entrada para todo tipo de quebradeira: a psíquica, a física, a emocional, a social. Os moradores de rua e a população excluída das cidades parecem existir para interpelar, intermitentes, o poder do estado, os governos, a assistência social.
Muitos do que se julgam bem informados leem nas magazines de fofocas semanais que o governo ou os governos seriam entidades comandadas por ladrões manipuladores. Indignados sem saber ao certo o porquê, passam pelos moradores de rua invariavelmente com raiva, quando não tampam os narizes e saem esbravejando contra o governo, que “permite” essa “palhaçada” ou “sujeira” ou “vagabundagem”.
Com tudo isso em mente e de certa forma apesar de tudo isso, eu quis testar o Estado brasileiro para ver se esses milhões tinham “carne”. Eu quis saber se esses números são reais ou ao menos se faz sentido e como pode fazer sentido ter gerado uma ascensão de classe social de 60 milhões de pessoas, em menos de dez anos. E isso sem um Plano Marshall, e sem um New Deal, e com uma política econômica determinada pela finança globalizada, engessada pela trindade do superávit primário, do câmbio flutuante e controle inflacionário via taxação de juros.
Um carrinho de supermercado era a sua casa
Mas essa decisão foi movida por um encontro, mais do que por informação. Eu quis testar o Estado brasileiro depois de ter conhecido o Seu Valdir e a sua filhote, a cadela Princesa, caminhando nas ruas do Bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Ele empurrando um carrinho de supermercado que era a sua casa, cheio de coisas, bolsas, cobertores, tudo muito organizado, sob a triunfante Princesa, sentada no carrinho. Pensei que não podia ser pelas razões que imaginava, então perguntei-lhe por que ela estava sobre o carrinho, ao que ele me respondeu, confirmando a hipótese mais estapafúrdia que eu imaginara: “é que ela não tomou todas as vacinas, ainda, e a doutora disse que não era para pôr os pés na rua”. (Uma veterinária, Marília Jaconi, cuidou da Princesa gratuitamente, em solidariedade).