Hoje tive oportunidade de ler, no sítio Nova Era, um discurso feito em JULHO DE 2000 por Geraldo Luís Lino na ADESG-RJ em que ele trata do método utilizado pelas elites econômicas mundiais com o intuito de gerar uma "mudança de paradigma cultural", indo em direção a uma "desumanização da humanidade" e levando ao trono mundial o "mercado". São diversas as estratégias estabelecidas para esse fim, envolvendo, inclusive, a ação de ambientalistas, que é o da estagnação das economias e manutenção do status quo dos poderosos atuais.
Geraldo Luís Lino é Geólogo, Diretor do Movimento de Solidariedade Ibero-Americana, ex-consultor ambiental e autor do livro A Fraude do Aquecimento Global : Como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial. (Capax Dei, 2009), e demonstrou, em Audiência Pública no Congresso Nacional, em 2011, que
Geraldo Luís Lino é Geólogo, Diretor do Movimento de Solidariedade Ibero-Americana, ex-consultor ambiental e autor do livro A Fraude do Aquecimento Global : Como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial. (Capax Dei, 2009), e demonstrou, em Audiência Pública no Congresso Nacional, em 2011, que
a hipótese do aquecimento global antropogênico é "reprovada no teste do método científico", pois não se sustenta em evidências físicas do mundo real. Entre outras, mostrou que as mudanças constituem o estado natural do clima, tendo produzido temperaturas e níveis do mar bem mais altos e bem mais baixos que os atuais, além de taxas de variação igualmente muito superiores às observadas desde a Revolução Industrial do século XVIII (confira no sítio Ambientalismo).
O discurso tem praticamente 12 anos, e foi feito em meio ao segundo mandato de FHC à frente da Presidência da República. A perspectiva do tempo passado, desde então, tem mostrado quanto o autor acertou na mosta, quando vemos a política de Estados Unidos e Europa tanto internamente - com o achaque aos direitos trabalhistas e aos patrimônios públicos, e a repressão crescente às tentativas de suas próprias populações de expressarem o seu desagrado com os rumos que vêm sendo tomados - quanto externamente, com invasões mortíferas, assassinatos seletivos e ameaças de guerras amplificando-se a cada momento.
Geraldo Luís Lino mostra o quanto o política neoliberal e a globalização vão de encontro aos valores republicanos, nacionalistas e de busca da geração do bem-estar coletivo.
Achei interessante, talvez com uma ou outra restrição sobre as quais pretendo refletir com calma. Mas chega de prolegômenos, além de informar que atualizei a escrita para as novas regras ortográficas e que os destaques - negrito ou itálico - são meus. E vamos ao discurso:
Crise civilizatória, mudança
de paradigma cultural e projeto nacional
Por Geraldo Luís Lino
Palestra proferida no
painel Brasil Soberano e a Expressão Psicossocial, na ADESG-RJ, em 31/07/2000
Para mim, é um privilégio
poder dirigir-me a uma plateia tão seleta, para trocar ideias sobre um tema de
tanta relevância para o nosso futuro como cidadãos de um Estado nacional
republicano, que pretendemos ver reconstruído e consolidado, a despeito das
abrumadoras perspectivas apontadas pela realidade presente. Por isso, agradeço
a direção da ADESG-RJ, nas pessoas do prof. Marcos Coimbra e do almirante
Sergio Tasso de Aquino, pela oportunidade, que espero ser proveitosa para
todos.
A crise brasileira, nos
diversos aspectos que têm sido discutidos neste fórum, não pode ser dissociada
da crise civilizatória que, hoje, assola todo o mundo, em especial no que se
refere à mudança de paradigma cultural
responsável por ela, que nos remete ao tema do painel de hoje.
Creio que poucos
questionarão a percepção de estarmos envolvidos numa profunda crise da
Civilização, uma crise marcada por um processo que podemos qualificar como a “desumanização da Humanidade”, com a
retirada do ser humano do centro do processo de organização da sociedade e da
economia, em favor de entidades abstratas como o “mercado” ou o “meio ambiente”,
artificialmente dotadas de direito próprio. Para ilustrar essa “desumanização”,
vejamos alguns exemplos pinçados de manchetes recentes da imprensa brasileira.
N’O Globo de 24 de junho, podemos ler: “Lavrador é preso por raspar casca de árvore”. A notícia se refere
à prisão de um lavrador goiano de 55 anos, analfabeto, que foi mantido
encarcerado por sete dias pelo terrível e inafiançável crime de ter sido
apanhado em flagrante raspando a casca de uma árvore conhecida como almesca,
dentro de uma área de preservação ambiental, para fazer um chá para sua mulher,
que tem a Doença de Chagas. Aqui, temos uma demonstração do conceito do
biocentrismo, tão caro aos radicais do ambientalismo, que pretende rebaixar o ser
humano e seus direitos inalienáveis ao progresso e ao bem-estar, derivados de
sua condição de constituído à imagem e semelhança do Criador, ao nível dos
demais seres vivos. Lamentavelmente, tal distorção, que está no cerne do
movimento ambientalista, está fortalecendo a sua posição nas políticas públicas
e nas relações internacionais.
No Jornal do Brasil de 21 de maio, temos esta manchete: “Dinheiro vale mais que bom caráter". Trata-se de uma pesquisa feita entre alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, sobre os valores mais prezados por eles. Entre cerca de 1.000 estudantes que responderam à pesquisa, o dinheiro foi o item mais votado, com quase 400 votos, mais do dobro do segundo colocado, o emprego, e quatro vezes mais que o amor, com apenas 95 votos. O altruísmo recebeu apenas três votos e o patriotismo, apenas um. Os valores materiais em geral receberam quase quatro vezes mais votos que os valores morais. Sendo a PUC-RJ um dos principais centros de formação das elites brasileiras, por aí podemos avaliar o estado de espírito dos nossos futuros líderes.
No Jornal do Brasil de 21 de maio, temos esta manchete: “Dinheiro vale mais que bom caráter". Trata-se de uma pesquisa feita entre alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, sobre os valores mais prezados por eles. Entre cerca de 1.000 estudantes que responderam à pesquisa, o dinheiro foi o item mais votado, com quase 400 votos, mais do dobro do segundo colocado, o emprego, e quatro vezes mais que o amor, com apenas 95 votos. O altruísmo recebeu apenas três votos e o patriotismo, apenas um. Os valores materiais em geral receberam quase quatro vezes mais votos que os valores morais. Sendo a PUC-RJ um dos principais centros de formação das elites brasileiras, por aí podemos avaliar o estado de espírito dos nossos futuros líderes.
Mas, a que para mim é a
mais emblemática dos nossos tempos é esta manchete da Folha de S. Paulo de 3 de junho: “Mercados comemoram alta do desemprego” – que se refere ao anúncio
que o aumento da taxa de desemprego nos EUA implicaria numa retração ainda
maior da economia estadunidense. Com isto, a taxa de inflação se manteria baixa
e a Reserva Federal (o banco central
privado dos EUA) não precisaria aumentar a sua taxa de juros, prejudicando
o consumo e novos investimentos. A retórica do “economês” não esconde a
evidência de estarmos diante de uma total inversão do processo econômico, no
qual o ser humano e o seu bem-estar e progresso passam a subordinar-se aos
caprichos do sistema financeiro, e não o oposto. Afinal, etimologicamente,
economia significa “organização da casa” – casa de quem? Evidentemente, do
homem.
Outro exemplo igualmente
chocante é o relatório sobre "Desastres
Mundiais de 1999", recentemente divulgado pela Federação Internacional
das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, o qual afirma que a
grande maioria das 13 milhões de mortes decorrentes de doenças infecciosas,
ocorridas no ano passado, poderiam ter sido evitadas com um investimento de
apenas cinco dólares per capita. Ou seja, estamos falando de 65 milhões de
dólares, quantia irrisória diante dos dois ou três trilhões de dólares que
circulam diariamente nos mercados financeiros especulativos, ou uma reles
gorjeta de qualquer um dos múltiplos escândalos financeiros em que o nosso
Brasil tem sido pródigo.
Diante dessas e numerosas
outras evidências, com as quais deparamos no nosso cotidiano, dificilmente os
historiadores do futuro escaparão à conclusão de que o final do século XX foi
marcado por uma das maiores crises da História da Humanidade, uma crise que
ameaça mergulhar-nos numa nova idade de trevas, que poderá fazer empalidecer a
de meados do século XIV, que resultou na Peste Negra e na eliminação de mais de
um terço da população da Europa. A diferença é que, naquela época, a Humanidade
não dispunha de conhecimento e meios para, por exemplo, deter uma epidemia de
peste bubônica como a da Peste Negra. Hoje, ao contrário, pela primeira vez na
História, temos condições materiais de solucionar praticamente todos os grandes
problemas que têm acompanhado a Humanidade em sua evolução – a fome, as doenças
epidêmicas, a pobreza e a miséria. O próprio Banco Mundial, no seu relatório de
1998 sobre o desenvolvimento mundial, admite que com investimentos anuais da
ordem de 100 bilhões de dólares, seria possível erradicar a pobreza e a miséria
de todo o planeta. Ora, apenas o Brasil
irá gastar este ano dois terços desta quantia com o serviço de sua dívida
interna e externa – quer dizer, em lugar de combater a pobreza, aplacamos o
apetite voraz da usura financeira.
Existem também estudos
sérios indicando que em menos de uma geração, seria possível proporcionar a
cada habitante do planeta, em uma população maior que a atual – que é da ordem
de seis bilhões de pessoas –, um padrão de vida pelo menos igual ao de um
cidadão estadunidense de meados da década de 60 – que era bem superior ao
atual. Se isto não ocorre, não é pela escassez de recursos naturais, humanos ou
financeiros, ou por causa da “fragilidade” do meio ambiente, mas da escassez de
vontade política entre os poderes hegemônicos e as classes dominantes na
maioria dos países do planeta.
Ainda assim, essa
perspectiva otimista era o sentimento que dominava as classes educadas e grande
parte das elites dirigentes no período do pós-guerra. Este foi um período de
grande otimismo, que alguns autores, como a pesquisadora Carmem Soriano Puig,
chamam a “revolução das expectativas crescentes”. Este otimismo não se baseava
apenas em fatores subjetivos, mas tinha um fundamento real: o período decorrido
aproximadamente entre 1950 e 1973 foi o de maior crescimento do PIB per capita
mundial em toda a História da Humanidade. Observando-se os dados compilados
pelo economista estadunidense Angus Maddison, atualmente na Universidade de
Gröningen, na Holanda, considerado uma das maiores autoridades mundiais em
estatísticas econômicas históricas, podemos ver que a taxa média anual de
crescimento mundial do PIB per capita nesse período foi de 2,9%, mais do triplo
dos 0,9% registrados entre 1913 e 1950 – que atravessou duas guerras mundiais e
a depressão dos anos 30 – e quase duas vezes e meia os 1,3% registrados desde
1973.
Este desempenho foi em
grande parte proporcionado pelo bom funcionamento do sistema monetário de Bretton Woods, estabelecido ao final da
II Guerra Mundial e que, apesar das suas imperfeições, propiciou uma base
estável de referência para a economia mundial, com taxas de câmbio fixas entre
as moedas dos diversos países, que eram fixadas em relação ao dólar dos EUA,
que, por sua vez, era fixado em relação ao ouro, o que dava um
"lastro" físico para as economias, ao contrário da especulação
desenfreada que ocorre hoje em dia. Adiante, veremos que o desmantelamento
desse sistema foi uma das causas principais da desordem econômica que
enfrentamos agora.
Juntamente com a
recuperação econômica da reconstrução do pós-guerra, havia entre a sociedade em
geral o que se pode chamar um grande “otimismo tecnológico”, ensejado por
conquistas da ciência e da tecnologia, como a corrida espacial entre os EUA e a
URSS, as perspectivas de utilização pacífica da energia nuclear, a “Revolução
Verde” e as conquistas da medicina. Este foi também o período influenciado
pelas Décadas de Desenvolvimento das Nações Unidas e pela promulgação da
Doutrina Social da Igreja Católica, cujo marco foi a encíclica Populorum Progressio.
Diante disso, é preciso
perguntar: como tudo isso foi revertido?
Como regredimos de um crescimento recordista e de um quadro de otimismo para um
cenário de depressão, para um quadro geral de um grande pessimismo
cultural, em que as perspectivas de um futuro melhor se veem completamente
ofuscadas pela desalentadora perspectiva da luta pela mera sobrevivência, em
meio a um cotidiano abrumador?
A resposta é: por meio de
uma gigantesca operação de “engenharia
social”, que os seus próprios planejadores chamam uma “mudança de paradigma cultural”, artificialmente induzida entre as
classes educadas da sociedade de quase todo o mundo a partir de meados da
década de 60.
Antes de falar nessa “mudança
de paradigma cultural”, quero advertir-lhes que, quando tocamos neste assunto,
muitas pessoas – algumas desinformadas, outras céticas e outras
mal-intencionadas – costumam desqualificar as constatações dele resultantes
como frutos de uma crença numa “teoria conspiratória da História”.
Bem, isto não é teoria, é
a História se desenrolando diante de nós. Embora os historiadores e
pesquisadores acadêmicos costumem abordar o assunto com a máxima reserva, com
medo do patrulhamento e de parecerem ridículos, o fato é que os grupos
hegemônicos, as oligarquias, têm manejado os fios condutores da sociedade desde
tempos imemoriais, sem que precisemos acreditar em balelas como a mítica
conspiração judaico-maçônica internacional. Mas vejamos um exemplo, referente
ao Brasil.
Observem essa declaração
da Sra. Adele S. Simmons, presidenta da Fundação MacArthur, que é a quinta
maior fundação oligárquica dos EUA. Como se sabe, cada grande família de
"sangue azul" nos EUA tem uma fundação, que serve não apenas para
fins de evasão de impostos (o banco Chase Manhattan não é da família
Rockefeller, mas da Fundação Rockefeller), mas também para finalidades de “engenharia
social”, por intermédio do financiamento de organizações e indivíduos,
inclusive na academia, que desempenhem atividades relevantes para os seus
propósitos hegemônicos. Mas vejamos o que disse dona Adele Simmons, numa
entrevista às Páginas Amarelas da revista Veja
de 10 de julho de 1995:
"Há vinte anos, quando a Fundação Ford decidiu investir em um centro de estudos acadêmicos - o CEBRAP -, idealizado na época por um sociólogo chamado Fernando Henrique Cardoso, a situação política brasileira não era particularmente sólida. Foi feita uma aposta em um grupo que, vinte anos atrás, parecia ter o perfil de uma futura liderança. Deu certo."
Aqui, cabe perguntar: deu
certo para quem? Pois vejamos agora o que disse o nosso presidente [FHC] numa
entrevista à Folha de S. Paulo de 13
de outubro de 1996:
"Indiscutivelmente, o regime está rearticulando o sistema produtivo do Brasil. Portanto, ele está dando possibilidade a que os setores mais avançados do capitalismo tenham prevalência... Nesse sentido, ele é socialmente progressista... Não é das classes médias burocráticas, nem das classes médias que ficaram desligadas desses dois processos – a modernização produtiva e da universalização dos bens sociais. (Por favor, não riam!) Não é dos corporativistas, não é do setor burocrático anterior. Mas também não vou dizer que seja dos excluídos, porque não tem condição de ser. Aspiraria a poder incorporar mais, mas não posso dizer que seja."
Como veem, o próprio
presidente admite que seu Governo privilegia “os setores mais avançados do
capitalismo”, que são exatamente aqueles que dona Adelia Simmons representa.
Aqui, é preciso dizer que isso não significa que o nosso presidente receba
diariamente um fax com instruções sobre a maneira de privilegiar esses setores.
A coisa é um pouco mais sutil.
Talvez, todos já tenham
ouvido falar de uma organização chamada Diálogo
Interamericano. O Diálogo foi fundado em 1982, depois da Guerra das
Malvinas, como um centro de planejamento estratégico e propaganda política da
oligarquia anglo-americana para o Hemisfério Ocidental. Ele reúne cerca de 100
personalidades políticas, acadêmicas, da mídia e de outros setores relevantes,
de quase todos os países americanos, inclusive do Brasil.
Eles se reúnem
anualmente, para discutir uma agenda de “interesses comuns” aos países do
Hemisfério, que, posteriormente, não por coincidência, se transformam em
políticas de Governo nos países dos membros do Diálogo. Entre outras: a política neoliberal de abertura econômica
desenfreada; a defesa da legalização
do uso das drogas entorpecentes; a
politização dos problemas do meio ambiente; e a desestabilização das Forças Armadas ibero-americanas, sob o
pretexto da sua subordinação ao poder civil.
Entre os membros do
Diálogo, encontramos vários personagens que foram ou são chefes de Estado ou
candidatos a chefes de Estado. Entre eles, destacamos: Raúl Alfonsín, da Argentina; Julio
Sanguinetti, do Uruguai; Gonzalo
Sanchez de Lozada, da Bolívia; e o nosso Fernando Henrique Cardoso.
Aliás, Fernando Henrique
é membro fundador, levado ao Diálogo por Peter Bell, que é diretor do grupo
desde a fundação. Não por coincidência, Peter Bell era o representante da
Fundação Ford no Brasil quando a Fundação financiou a criação do CEBRAP.
Segundo o falecido professor Florestan Fernandes, foram 700.000 dólares – o
que, em 1969, era um bocado de dinheiro.
Entre os membros brasileiros
do Diálogo Interamericano, encontramos outras figuras conhecidas, como o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que está lá
desde 1990, e o Sr. Ciro Gomes, que
lá esteve entre 1994 e 1998.
Então, temos um quadro
interessante no qual, nas últimas eleições presidenciais brasileiras [1998], os
três candidatos mais votados eram membros do Diálogo Interamericano. Ou seja,
as oligarquias fizeram aqui um jogo triplo, para garantir os seus interesses
por todas as pontas. Como veem, assim caminha a Humanidade.
Vejamos agora como estão
estruturados esses “candidatos a donos do mundo”. O filho do presidente dos EUA
Franklin Roosevelt, Elliott Roosevelt, que foi oficial da Força Aérea na II
Guerra Mundial e acompanhou o pai em quase todas as conferências internacionais
de que ele participou durante a guerra, escreveu um livro muito interessante,
chamado Como meu pai os via, que
existe em português. Nele, ele chamava essa gente de os “inimigos do progresso”. É o que são: inimigos do progresso humano,
adeptos do oligarquismo, que é uma visão do mundo intrinsecamente egoísta,
contrária ao republicanismo dos Estados nacionais soberanos.
Quem são eles? São um conglomerado de famílias
oligárquicas da Europa – principalmente do Reino Unido – e da América do
Norte, reunido em torno da liderança da Casa
de Windsor, a família real britânica. Entre eles, eles se autodenominam o “Clube
das Ilhas”, que é uma denominação formal, que não se encontra na lista
telefônica de Londres. O nome é uma homenagem ao rei inglês Eduardo VII, filho
da rainha Vitória, que reinou entre 1901 e 1910 e em cujo reinado se consolidou
a articulação dos dois principais ramos dessa oligarquia internacional, o
britânico e o estadunidense.
Esses grupos oligárquicos
atuam por meio de várias instituições de planejamento estratégico e “engenharia
social”. Mais ou menos hierarquicamente, temos as seguintes:
1) O Grupo Bilderberg, fundado em 1954, cujos encontros anuais reúnem a nata da nata dessa oligarquia internacional – apenas representantes da Europa e da América do Norte. Para que tenham uma ideia do seu poderio, foi numa reunião do grupo, realizada na Suécia em maio de 1973, que foi decidido o aumento de 300% nos preços internacionais do petróleo, cinco meses antes da Guerra dos Seis Dias, que foi o pretexto oficial para o aumento decretado pelos países membros da OPEP.
2) O Instituto Real de Assuntos Internacionais de Londres (RIIA) e sua contraparte americana, o Conselho de Relações Exteriores de Nova York (CFR), que representam as oligarquias britânica e norte-americana, ambos fundados no início da década de 20.
3) A conhecida Comissão Trilateral, fundada em 1973 por iniciativa da família Rockefeller, para atrair para os centros decisórios representantes das elites do Japão, cujo poderio econômico não podia mais ser ignorado pelos planejadores da oligarquia internacional.
4) Num quarto escalão, temos o Diálogo Interamericano, que discutimos há pouco. Esta é praticamente a única organização desse tipo que tem “cucarachos” latino-americanos entre os seus membros. Já vimos alguns deles.
5) Outras organizações relevantes são os chamados think-tanks, como a Rand Corporation; o Instituto Hudson, do gordo Herman Kahn – aquele dos "Grandes Lagos Amazônicos"; o Clube de Roma, criado para difundir a ideologia dos “limites ao crescimento”; o Instituto Tavistock de Londres, que é o principal centro de guerra psicológica e “engenharia social” dessa oligarquia; e as fundações, como a Ford, Rockefeller, MacArthur e outras, cujo papel já discutimos.
Essa oligarquia exerce um controle direto sobre:
1) O Banco da Inglaterra, o Sistema da Reserva Federal dos EUA, que são os dois principais "bancos centrais independentes" do mundo, e o BIS, o Banco de Compensações Internacionais de Basiléia, considerado o “banco central dos bancos centrais”. Vale ressaltar que o Banco da Inglaterra e a Reserva Federal são entidades privadas controladas por consórcios de bancos privados; de “Federal”, a Reserva só tem mesmo o nome.
2) As principais organizações do sistema das Nações Unidas: o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Comércio, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento etc. Este controle é exercido em grande medida pela nomeação de pessoal imbuído dos propósitos dessa oligarquia para os postos-chave das organizações, sejam representantes diretos ou prepostos especialmente treinados.
3) As principais casas bancárias, financeiras e seguradoras da Europa e da América do Norte.
4) Uma série de escritórios jurídicos selecionados.
5) Os grandes cartéis de alimentos, matérias-primas e energia.
6) Os grandes cartéis internacionais de mídia.
7) Alguns conglomerados industriais selecionados.
8) E um instrumento importantíssimo: o aparato internacional das ONGs, cujo papel nessa estratégia hegemônica é cada vez maior.
Finalmente, esses grupos
oligárquicos atuam em estreita cooperação com os serviços de inteligência da
Inglaterra e dos EUA.
Como foi que esses grupos
efetivaram a “mudança de paradigma cultural?” Basicamente, pela implementação
de diretrizes políticas que seguiam três linhas de ação:
– a reversão da ideia de progresso como uma “vocação natural” da Humanidade;
– a supressão da ideia do republicanismo, o conceito do Estado nacional como responsável pela promoção do bem-estar e do progresso e de que este objetivo deve ser o cerne da formulação das políticas públicas; e
– a promoção em grande escala do irracionalismo, do individualismo e do hedonismo.
Fundamentalmente, as
diretrizes elaboradas foram as seguintes:
1) O desmantelamento do sistema de Bretton Woods, que abriu caminho para
o que podemos chamar a “financeirização” da economia mundial. Isto ocorreu a
partir de 1971, quando alguns “notáveis” da oligarquia conseguiram convencer o
presidente dos EUA Richard Nixon a acabar com a paridade entre o dólar e o
ouro, o que acabou com as referências monetárias e o “lastro físico” da
economia, abrindo caminho para as “taxas
de câmbio flutuantes”, a desregulamentação
do sistema financeiro e a onda de jogatina
financeira especulativa que caracteriza hoje a economia mundial. Para que
tenham uma ideia, de cada 100 dólares de transações monetárias em todo o mundo,
menos de 50 centavos têm relação com o comércio de bens e serviços que
configura a economia real. O resto é pura especulação. Apenas em derivativos financeiros, que são os
instrumentos especulativos mais delirantes e surrealistas, existem circulando
no mundo mais de 300 trilhões de dólares,
quando o PIB combinado de todos os países do mundo mal chega a 40 trilhões de
dólares. Algo está errado com essa economia, não acham?
Essa é a essência da
chamada “globalização”, a especulação financeira transformada num fim em si
própria, praticamente desvinculada da economia real à qual deveria servir o
sistema financeiro. É o cassino financeiro global, de que fala o Prêmio Nobel
de Economia francês Maurice Allais. É a supremacia deliberada da especulação
sobre a produção. Para reverter este processo, será preciso a convocação de uma
“nova conferência de Bretton Woods”, como propõe o economista Lyndon LaRouche,
apoiado por um número cada vez maior de personalidades internacionais, com a
reformulação do atual sistema financeiro e monetário mundial e a sua colocação
a serviço de um projeto de reconstrução econômica em escala global, baseado em
grandes programas de infraestrutura, como a Ponte Terrestre Eurasiática,
encabeçada pelo Governo da China.
2) A promoção da “sociedade
pós-industrial”, a falaciosa ideia da supremacia dos serviços sobre a produção
física, o mito da “sociedade da informação”, da “Terceira Onda” de Alvin
Toffler. Atualmente, essa é a essência da chamada “Nova Economia”,
caracterizada pelas flutuações loucas do índice da “bolsa eletrônica” Nasdaq,
que viraram destaque diário dos nossos
telejornais. Observem uma manifestação desse irracionalismo econômico,
nesta matéria publicada na revista Carta
Capital (15/10/97):
“O dinheiro cai do céu. Em tempos de incerteza global, investidores e empresários utilizam cada vez mais os préstimos da astrologia financeira.”
Imaginem só, astrologia
financeira! Pobres dos profissionais que perdem tempo estudando os múltiplos
fatores relevantes para a economia real. E saibam que sandices como essas não
se limitam ao Brasil. Em países como a Alemanha, muitas empresas também
contratam astrólogos como "consultores".
Outro exemplo é esta
notícia do Jornal do Comércio de 5 de
março de 1996, que fala na criação dos “bônus-terremoto” pelo banco Morgan
Stanley. “Quem arriscar e comprar um papel com prazo de 10 anos poderá receber
o prêmio de volta se, no primeiro período de quatro anos, o terremoto não
acontecer.” Foram emitidos 2,8 bilhões de dólares dessas coisas. O que é isso?
Surrealismo puro! Apostas de cassino! Não tem nada a ver com um processo
econômico saudável.
Esses são sintomas de uma
economia que perdeu totalmente o contato com a realidade.
3) A promoção da “contracultura”,
baseada na disseminação do uso das drogas entorpecentes, como o LSD, a maconha
e, depois, a cocaína, a heroína e, mais recentemente, o crack; na popularização
internacional do rock, que era uma variedade musical pouco expressiva nos EUA;
e na chamada “revolução sexual”. Juntamente com isto, tivemos uma distorção do
conceito de família, que passou a significar a união de quaisquer pessoas,
independentemente do sexo. Imaginem, a possibilidade de que uma criança tenha “dois
pais”, ou “duas mães”. Não vejam nisto nenhuma manifestação de intolerância
contra homossexuais, mas admitir que dois deles ou delas possam constituir uma
família normal é uma violação de algo que anda meio fora de moda, chamado lei
natural.
Outra vertente da “contracultura”
foi a onda de irracionalismo conhecida como “Nova Era”, baseada na exploração
do misticismo, principalmente envolvendo religiões orientais.
4) Um elemento cada vez
mais importante desse processo é a politização do malthusianismo e de sua
variante mais recente, o ambientalismo,
que são talvez os principais responsáveis pela disseminação da percepção
equivocada de que os benefícios da civilização industrial não podem ser
estendidos a todos os povos e países do planeta, devido à “escassez de recursos
naturais” e à “fragilidade” do meio ambiente. O ambientalismo se presta a uma
série de propósitos antidesenvolvimentistas, sendo o principal deles incutir
nas mentes das pessoas desprevenidas a falsa noção de que o progresso da
Civilização deve subordinar-se a critérios de “proteção da natureza” definidos
muito mais com base em fatores políticos do que científicos. A grande maioria
dos chamados “problemas ambientais” que estão justificando a implementação de
uma série de ações antidesenvolvimentistas, inclusive tratados internacionais
altamente restritivos dos planos de desenvolvimento da maioria dos países, como
o chamado “buraco” na camada de ozônio
ou o aquecimento global, são
fenômenos naturais que ocorrem há milhões de anos sem qualquer interferência
humana.
Um exemplo é o chamado
aquecimento global, que está sendo manipulado para justificar a adoção da
chamada Convenção Quadro de Mudanças
Climáticas, que prevê a redução das emissões dos gases provenientes da
queima de combustíveis fósseis, até 2010, aos níveis vigentes em 1990. Como os
combustíveis fósseis representam três quartos da produção mundial de energia,
pode-se imaginar o impacto que essa redução causará nos perfis mundiais de
consumo energético e desenvolvimento econômico, que depende fundamentalmente da
disponibilidade de energia. Pode-se perceber facilmente que o que se pretende é
o que o falecido embaixador João Augusto de Araújo Castro chamava o “congelamento do poder mundial”, ou
seja, o congelamento dos níveis de desenvolvimento do planeta nos níveis
atuais, cujas desigualdade e injustiça social dispensam maiores comentários.
Evidentemente, isso não tem nada a ver com a realidade científica, pois já
houve muitos períodos do passado geológico da Terra, até recente, dentro da
fase de existência da espécie humana, em que a temperatura atmosférica foi mais
alta que a atual, sem que a indústria humana tivesse qualquer coisa a ver com
isto.
A criação do movimento ambientalista internacional foi um dos mais bem
sucedidos resultados desse processo de "engenharia social" das
oligarquias transnacionais, que o controla de alto a baixo, por intermédio do aparato internacional das ONGs, que elas próprias financiam e, em
muitos casos, criaram.
5) Nenhuma dessas
iniciativas teria sido bem sucedida se não fosse pela instituição de uma série
de “reformas educacionais”, igualmente planejada por aqueles grupos
hegemônicos, que resultou no abandono dos currículos de conteúdo clássico e sua
substituição por currículos supostamente “profissionalizantes”, principalmente
no ensino médio. Essas “reformas” foram inicialmente planejadas no âmbito da
OCDE, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, foram
adotadas nos EUA e daí se espalharam pelo mundo. O resultado final foram
sistemas educacionais que nem formavam cidadãos com uma visão ampla da
sociedade e do mundo, e nem preparavam profissionais qualificados. E este
problema só tende a se agravar se não houver uma retomada dos currículos
clássicos, pois como se pode imaginar que, com as rápidas mudanças da base
científico-tecnológica da economia que podemos prever para as próximas décadas,
como se espera ser possível formar profissionais para profissões que talvez não
existam mais daqui a 10 anos, ou que ainda não existem hoje? Um currículo clássico é a única maneira de
preparar cidadãos aptos a se beneficiar de um processo de educação permanente,
que parece ser a tendência do futuro próximo.
Embora, como eu disse,
esse erro tenha sido cometido em quase todo o mundo, a adoção acrítica dessas “reformas”
no Brasil, com os chamados acordos MEC-USAID,
foi um dos maiores erros dos governos militares, cujas consequências estamos
pagando ainda hoje.
No ano passado, o Movimento de Solidariedade Ibero-americana
publicou um livro chamado A educação
clássica para um novo Renascimento, no qual nós propomos um grande debate
em torno desses assuntos.
Aqui, vejamos outra
evidência de que não estamos discutindo “teorias conspiratórias”. Na verdade,
essa gente é tão segura de seus propósitos e de sua impunidade que não costuma
ocultar as suas intenções. Vejam o que diz o Dr. Alexander King, fundador do
Clube de Roma e um dos principais idealizadores das “reformas educacionais”,
numa entrevista à revista Executive
Intelligence Review de 23 de junho de 1981:
“O Clube de Roma se originou de um sentimento de que o crescimento pelo crescimento não era uma boa coisa... O que foi discutido foi a questão da inquietação educacional, a questão da necessidade de profundas reformas educacionais para tornar a juventude mais sintonizada com o que estava acontecendo, mais sintonizada com as realidades da sociedade. As discussões levantaram a questão da destruição ambiental, a questão da alienação do indivíduo, rejeição da autoridade e outros temas do gênero. Tudo isso surgiu ao mesmo tempo... Nós inventamos toda a questão das reformas curriculares, tentando ensinar matemática, química etc., de novas maneiras. Nós éramos o único grupo que começou a ver a educação em termos do seu impacto econômico... A grosso modo, nossa política era a de que deveríamos estar pelo menos cinco anos à frente do pensamento dos Estados nacionais. Entretanto, nunca deveríamos parecer estar mais do que dois anos à frente.”
Como veem, a “conspiração”
é aberta, como dizia H.G. Wells.
6) Finalmente, temos o
planejamento e a instituição de uma série de estruturas de um “governo mundial”,
que esses grupos pretendem colocar no lugar dos Estados nacionais soberanos e
suas instituições.
Entre essas estruturas,
destaca-se a iniciativa de criação de uma legislação internacional, em torno de
temas de grande impacto psicológico, como o desarmamento e a não-proliferação
de armas de destruição em massa, o meio ambiente, a proteção dos “direitos
humanos”, o combate à corrupção e, mais recentemente, a promoção da “democracia”.
Todos devem estar cientes, por exemplo, que o ex-ministro da Justiça José
Carlos Dias, às vésperas de deixar o ministério, assinou um convênio com a ONG Transparência Internacional para
que ela fiscalize a lisura de licitações públicas do Governo brasileiro e das
próximas eleições municipais. Ora, essas são funções precípuas de um Estado
nacional soberano, que não tem motivos para transferi-las a uma entidade
supranacional, não-eleita e que não representa minimamente os interesses da
cidadania brasileira. Além disto, se formos ver quem está por trás dela,
encontraremos a mesma máfia que está por trás do ambientalismo: a Transparência é ligada às redes do príncipe
Philip e o seu pessoal foi recrutado entre ex-funcionários do Banco Mundial
e do FMI. Isto não é “teoria conspiratória”.
Aliás, a introdução das ONGs como agentes políticos, em substituição às
instituições do Estado nacional é uma parte fundamental desse processo. Não
nos esqueçamos de que o nosso presidente da República [FHC] costuma chamar as
ONGs de “organizações neogovernamentais”, em lugar de “não-governamentais”. A “convocação”
da Transparência se insere neste contexto. O mesmo acontece com a participação
ativa do Movimento Viva Rio na
elaboração da nova política de segurança do País, a chamada “segurança cidadã”,
que alegadamente deve substituir a antiga “segurança nacional”, considerada um
conceito ultrapassado dos governos militares.
Aqui também se insere a
falaciosa sugestão de que o fim da
Guerra Fria justificaria um processo amplo de “desmilitarização”, de
redução dos efetivos das Forças Armadas da maioria dos países, principalmente
os subdesenvolvidos. Evidentemente, aí não se incluem as forças da OTAN, que
cada vez mais vai assumindo o papel de uma “gendarmeria internacional”
automobilizável, que não responde nem mesmo ao Conselho de Segurança da ONU,
como vimos na recente guerra contra a Iugoslávia. Ontem, foram a Iugoslávia, o
Sudão e o Iraque, que, aliás, continua sendo alvo de contínuos ataques aéreos
por parte dos EUA e da Inglaterra. Amanhã,
talvez o alvo possamos ser nós, sob um pretexto qualquer – por exemplo, não
estarmos protegendo adequadamente a Floresta Amazônica ou minorias indígenas.
Um mito particularmente
pernicioso é o do “fim da História”,
que, sintomaticamente, foi criado por um funcionário do Departamento de Estado
dos EUA, Francis Fukuyama (que, aliás, está ficando rico com ele, pois lhe
pagam 20.000 dólares por conferência para propagandear essa idiotice). Trata-se
da tese de que a chamada democracia liberal seria o ponto final da evolução
histórica da Humanidade. Ora, para que alguém admita isto é preciso ser um
completo ignorante em História. A História jamais acabará enquanto seus
agentes, os seres humanos, continuarem lutando pelo direito ao bem-estar e ao
progresso, e ainda estamos muito longe de proporcionar estes direitos a pelo
menos uma maioria significativa da Humanidade. Portanto, estamos muito
distantes de qualquer “fim da História”.
Vamos agora para a parte
final dessa nossa conversa, que, aliás, é a mais importante, pois trata do que
fazer frente a desse quadro tenebroso.
A maioria das pessoas,
quando começa a analisar o atual cenário mundial, desanima da possibilidade de
se reverter esse quadro de decomposição civilizatória, pois acha que os “donos
do mundo” são muito poderosos para serem enfrentados com sucesso. Esta é uma
falsa percepção, pois, por mais poderosos que sejam, eles não podem contrariar
as leis universais permanentemente. Isto é o que queria dizer Abraham Lincoln,
quando afirmou que "pode-se enganar todos por algum tempo e alguns por
todo o tempo, mas não se pode enganar todos por todo o tempo". Assim, a
pergunta relevante não é “se” podemos reverter essa crise, mas “como” fazê-lo,
ou seja, como reverter a “mudança de paradigma cultural” imposta pelas
oligarquias transnacionais. Isto, porque a inevitável derrocada dos inimigos do
progresso não implica na vitória automática dos defensores da Civilização; será
preciso que estes tenham preparado um plano de ação para colocar em prática na
hora certa.
Os chineses, na sua
sabedoria multimilenar, qualificam a ideia de “crise” com uma combinação de
dois ideogramas: um significa “risco”, e o outro, “oportunidade”. Portanto, o
que temos que fazer é transformar o risco de uma nova idade de trevas na
oportunidade de um novo Renascimento, que possibilite uma retomada das
expectativas que foram abandonadas anteriormente.
Para concretizar essa
oportunidade, será imprescindível a
emergência de uma nova elite, consciente e determinada a retomar, promover
e implementar aqueles princípios civilizatórios abandonados. E quando falo de
elite, não me refiro propriamente aos que têm maior poder econômico ou
político, ou mesmo influência intelectual. Hoje,
mais do que nunca, o cidadão de elite é aquele cujas preocupações e ações
transcendem o seu universo pessoal e familiar, e se dispõe a atuar em prol da
comunidade e até da Humanidade. Ou seja, nós teremos que formar essa nova
elite. Cada um de nós deve tornar-se um apóstolo, ou melhor, um guerrilheiro em
defesa daqueles princípios civilizatórios. Digo guerrilheiro, porque os
inimigos do progresso dificilmente podem ser enfrentados frente a frente; para
isso, geralmente, é preciso empregar manobras de flanco e ações de guerrilha.
Reuniões como essa são exemplos de ações como as que necessitamos para criar a
necessária conscientização e, quem sabe, também a determinação.
Talvez, o melhor antídoto
para essa derrocada civilizatória que estamos discutindo seja a retomada de um
conceito que atualmente anda meio fora de moda, o de um projeto nacional,
considerado obsoleto nestes tempos de “globalização”. Um projeto nacional é exatamente o que necessitamos para promover e
consolidar uma retomada da ideia de
progresso e do princípio republicano, e o Brasil é um dos países que tem
melhores condições para isto, podendo até mesmo influenciar outros países nesta
empreitada.
Um projeto nacional não é
uma excrescência ou um exercício acadêmico, como sugerem alguns “globalistas”
deslumbrados. Todos os países do mundo que atingiram um nível significativo de
desenvolvimento o fizeram com base em projetos nacionais bem definidos e
implementados por suas elites dirigentes.
E como se estrutura um
projeto nacional? Independentemente dos seus detalhes específicos, um projeto
nacional se baseia em três diretrizes fundamentais:
1) Harmonia de interesses entre os setores representativos da sociedade.
2) Igualdade de oportunidades para que todos possam exercer uma verdadeira cidadania.
3) Solidariedade para com os retardatários do processo. Este é um ponto crucial, no qual é fatal qualquer concessão a conceitos falaciosos como o de "excluídos", tão citado pelo nosso presidente para justificar a sua falta de compromisso com o combate à pobreza e à miséria no nosso País.
Nesse esforço em prol da
Civilização, vale lembrar que nenhuma contribuição é desimportante. Cada um de
nós pode dar uma contribuição relevante, por menor que possa parecer. Eu sempre
gosto de recordar uma frase do jurista e escritor inglês Edmund Burke, que
dizia que o maior erro foi cometido por aquele que nada fez, pois achava que
apenas podia fazer muito pouco. Ninguém pode saber se um de nós poderá aportar
a contribuição que irá deflagrar o efeito de “massa crítica” da conscientização
necessária.
Antes de encerrar, quero
dizer-lhes que nós do Movimento de
Solidariedade Ibero-americana temos estado na linha de frente dessa luta
pela Civilização há algum tempo, e os convidamos a juntar-se a nós. Temos
várias publicações, como um jornal quinzenal e livros, nos quais apresentamos o
contexto estratégico global em suas diversas facetas, além de propostas
concretas para a superação dessa crise. Eu os convido a conhecê-las e a
ajudar-nos nessa luta.
Obrigado a todos.
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