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Bebedouro, São Paulo, Brazil
Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sábado, 29 de setembro de 2012

Vídeo de 2011: "Falluja: uma geração perdida?"
(29set2012)

Um vídeo que mostra o uso de Fósforo Branco nos ataques estadunidenses em Falluja, Iraque. Os EUA utilizaram lixo atômico clandestinamente em seus armamentos. Crianças com deformações severas têm nascido desde então, numa proporção alarmante. Boa parte vive apenas algumas poucas horas depois de nascidas. Isso a nossa grande mídia, vira-latas dos EUA, não mostra.

Iraquianos mortos em combate foram queimados pelo fósforo branco, queimados de dentro para fora, sendo preservados os ossos e mantidas intactas suas vestimentas.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

“Em cada batalhão da PM, um grupo de extermínio”
(26set2012)


Reproduzido de Escrevinhador (destaques meus)

Por Tatiana Merlino, na Caros Amigos

Primeiro, identificam-se os “bilões” de cada batalhão, que, na gíria da Polícia Militar (PM), são os policiais mais violentos. Depois, eles são chamados para integrar os “caixas-dois”, como são conhecidos os grupos de extermínio de cada batalhão. Para o “trabalho”, geralmente usam viaturas da Rota e da Força Tática – ou Forjas Trágicas, como são apelidadas. O caixa-dois é formado por três integrantes, sendo um deles escoltado até um local seguro, onde tira a farda, coloca uma roupa civil e usa uma moto ou um carro para orientar ou executar os assassinatos. Geralmente, atuam em sua área de circunscrição de trabalho.

Quando o serviço acaba, chega uma viatura, encarregada de recolher as cápsulas e pedir para o pessoal do comércio lavar o local. O importante é adulterar a cena do crime. Em seguida, coloca-se a vítima no carro, e, mesmo que esteja morta, ela é levada ao hospital. Quando necessário, usam o “kit vela” ou “kit flagrante”: uma porção de entorpecente e uma arma fria colocada na mão do cadáver, para justificar o homicídio. Às vezes, também deixam um celular junto à vítima.

“O caixa-dois funciona quando não dá para fritar na resistência [justificar o assassinato como decorrência de suposto confronto com a PM]“, explica um policial civil, que investigou grupos de extermínio formados por policiais militares. “A maior parte deles participa do negócio, mesmo quem não mata. É até uma questão de subordinação hierárquica ao comando.”

Na maioria dos casos de extermínio, seja na capital, litoral ou interior, o modus operandi das ações é praticamente o mesmo. Atiradores em carros de cores escuras, vestindo toucas ninja e roupas pretas, e manejando, na maioria das vezes, armas de calibres 9mm, .380 ou .40.


Punição

A regra do batalhão é: o PM se negou a torturar, a matar? Vai para o PAO: Pelotão de Apoio Operacional, espécie de punição dada pelo comando de alguns batalhões da PM paulista a policiais que se negam a participar de ilegalidades e abusos, como torturas, matanças e grupos de extermínio. O castigo consiste em fazer ronda do lado de fora do batalhão, ficar 12 horas de pé, incomunicável com os outros membros da tropa e sem poder comer, urinar ou evacuar. Os que ousarem se solidarizar com os castigados são punidos da mesma maneira.

O major de um dos batalhões onde o PAO é aplicado intimida sua tropa batendo no peito e gritando: “Eu sou Highlander, vocês me respeitem!”. Highlander é um grupo de extermínio chamado dessa maneira, porque corta as cabeças e mãos das vítimas. O major incentiva a matança de “ladrões” e dispensa do trabalho quem matar mais. Manda para o PAO quem não quiser entrar para o “caixa-dois”.

Essas graves acusações são feitas pelo policial civil, citado anteriormente, e por um sargento da Polícia Militar – ambos não compactuaram com ilegalidades cometidas por membros de suas corporações. O primeiro conversou com a Caros Amigos na condição de sigilo de identidade, sob alegação de estar sendo perseguido e ter sofrido ameaças e duas tentativas de homicídio, após ter apresentado relatórios de investigação sobre grupos de extermínio.

A denúncia sobre o PAO também foi levada ao Conselho de Defesa da Pessoa Humana (Condepe), que vem sendo procurado por policiais civis e militares que não estão de acordo com torturas, assassinatos e desaparecimentos que vêm acontecendo em São Paulo. “Primeiro vieram investigadores da polícia civil, depois da PM – soldado, sargento, tenente e até capitão –, e, por fim, delegados de polícia. Todos deram um quadro que, para nós, é muito grave. São pessoas que ficam na seguinte situação: ‘ou eu entro para a bandidagem ou sou punido’”, relata Ivan Seixas, presidente da instituição. Segundo ele, tais funcionários públicos estão sofrendo ameaças de morte, de punição e processos administrativos e disciplinares. As denúncias que o policial passou à reportagem da Caros Amigos também foram encaminhadas a órgãos públicos fiscalizadores da lei.


Higiene social 

De acordo com o policial civil, os grupos de extermínio funcionam “numa égide de controle e higienização social, para prestigiar o comando e o governo, para abaixar índices de criminalidade”, explica. “Assim, os vagabundos sabem que, se roubarem naquela determinada cercania, vão para o saco, morrem. Isso provoca um êxodo, o cara migra”. Segundo ele, ao ajudar a baixar as estatísticas de violência nas suas regiões de trabalho, os policiais recebem proteção do comando, sendo favorecidos por melhores escalas, bicos, armamentos, viaturas e outros equipamentos táticos.

Um dos grupos de extermínio que atuava dessa maneira, os Highlanders, era formado por policiais da Força Tática do 37º Batalhão, na Zona Sul de São Paulo. Eles atuavam no bairro do Jardim Ângela, matando as vítimas e jogando os corpos decapitados em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Aproveitando a situação, os policiais dos grupos de extermínio também cometeriam crimes para matar seus desafetos. Paralelamente a isso, também matam por encomenda, “modalidade” de assassinatos chamada de “firma”. “É quando parte do ideal funcional vai para o ideal capitalista”. Tal modalidade estaria, assim, diretamente relacionada com os casos de corrupção. “A corrupção e a mortandade são institucionalizadas”. O policial civil relata, ainda, que existe um acordo entre policiais e criminosos sobre a divisão de caixas eletrônicos. Na firma, também entram disputas por caça-níqueis, loterias clandestinas e bingos.

Leia a reportagem completa na edição 186 de Caros Amigos nas bancas ou na loja virtual.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Meu nome também é Lula
(19set2012)


Por Eduardo Guimarães


Estando em pleno gozo de todos os direitos políticos e de todas as demais garantias individuais concernentes à cidadania brasileira, diante da campanha hedionda de difamação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ora promovida por seus adversários políticos (declarados e enrustidos), venho fazer uma declaração.

Acompanho a trajetória de vida do ex-presidente desde a campanha eleitoral de 1989. Dá quase um quarto de século. A cada dia desses 23 anos, com intervalo de nem uma centenas de dias, se tanto, vi e ouvi todo tipo de acusação contra ele. Todo tipo que se possa imaginar.

Naquele 1989, os mesmos grandes meios de comunicação que hoje, após tanto tempo, continuam lançando acusações análogas às de outrora contra o ex-operário, chegaram a convencer o Brasil de que ele era mais rico do que o adversário Fernando Collor por morar em uma casa emprestada por um empresário.

Acompanhei a vida de Lula, desde então. Como tantos sabem, sobretudo seus inimigos, ele não enriqueceu com a política. Muito pelo contrário, seu patrimônio – sobre o qual seus adversários construíram tantas farsas – não é tão maior do que era quando disputou a primeira eleição presidencial, há 23 anos.

Lula poderia ter tirado quanto quisesse da política, se quisesse…

Ele nunca se desviou do caminho que aquele que acompanhou a sua vida sabe que era o que verdadeiramente perseguia, o de dar ao filho do “peão” oportunidades menos inferiores às dos filhos dos janotas empertigados que se julgam melhores do que o resto por terem um sobrenome de origem européia e um canudo de papel outorgado por uma universidade.

Esse homem, com sua instrução rudimentar, ainda na minha juventude fez com que eu, que estudei nas melhores escolas de São Paulo, pudesse entender que um país injusto como o Brasil não é bom para ninguém, e que só com a igualdade de oportunidades é que poderia fazer jus ao conceito fundamental de nação.

É inevitável fazer a analogia entre a luta de Lula contra legítimos impérios empresariais e as mais poderosas forças políticas – começando por uma ditadura – e o conto bíblico da vitória do jovem e franzino David sobre o poderoso gigante Golias. Afinal, Lula venceu um gigante monstruoso. E venceu três vezes.

Dirão que construí, para mim, uma imagem romanceada de um político como qualquer outro. Mais uma vez provo que estão errados. Tenho todas as justificativas racionais do universo para dizer que Luiz Inácio Lula da Silva jamais traiu a minha confiança. O poder não o mudou e ele cumpriu todas as promessas que me fez ao fazê-las a todos os cidadãos.

Lula fez seu povo – como ele mesmo diz, os feios, os desprezados, os pobres e desesperançados – melhorarem de vida como jamais ocorrera e alçou o Brasil a uma era de ouro. E o principal: devolveu a auto-estima aos brasileiros.

Agora, querem se vingar das derrotas acachapantes que Lula lhes impôs. Querem macular seu legado com acusações farsescas, irresponsáveis, criminosas. Querem, se possível, vê-lo encarcerado, pois foi sempre isso que fizeram com adversários políticos desde que atiraram o país em uma ditadura sangrenta.

Pois se essa afronta prosperar, dividirei, orgulhosamente, o banco dos réus com o ex-presidente. E serei acompanhado por milhões. Mas como só posso falar por mim, juro que, se Lula for a um tribunal, estarei ao seu lado. E quando lhe perguntarem o nome, levantar-me-ei e direi que o meu também é Lula.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Vídeo: Hildegard Angel enterra José Dirceu
(18set2012)

Para os mais jovens, cabe-me informar que Hildegard Angel teve seu irmão desaparecido nos porões da ditadura civil-militar brasileira. Sua mãe, Zuzu Angel, tanto procurou e tanto alarde fez ao questionar as autoridades sobre o paradeiro do filho, que foi morta num "acidente" dentro de um túnel no Rio de Janeiro. Hoje é sabido e provado que o acidente foi, na verdade, ação dos agentes da repressão para calar aquela mulher inconveniente que era conhecida internacionalmente.

Antes desse "acidente", Chico Buarque e Miltinho compuseram a música "Angélica" em homenagem e apoio à sua busca incansável pelo filho.

Agora, Hildegard gravou um vídeo fazendo uma adaptação livre do discurso de Marco Antonio na peça "Júlio César", de Shakespeare. Vale a pena ver. Quem não quiser ou não puder ver, apresento abaixo o texto de sua adaptação, que reproduzo do comentário de Alfredo Machado feito na postagem do vídeo no sítio de Luís Nassif.




Neste momento que vive nosso país, eis aqui uma adaptação livre por esta jornalista do magnífico discurso de Marco Antônio, extraído da peça "Júlio César", de William Shakespeare, e também cometo a ousadia de interpretar o texto, matando as saudades de meus velhos tempos de atriz. Quem preferir ler do que assistir ao desempenho neste vídeo caseiro, o texto está abaixo.

Beijos, Hilde


"Amigos, brasileiros, meus compatriotas, escutem-me. Vim  para enterrar José Dirceu, não para louvá-lo. O bem que se faz é enterrado junto com os nossos ossos, que seja assim com Dirceu. O nobre ministro Joaquim Barbosa disse a vocês que José Dirceu era ambicioso. E, se é verdade que era, a falta era muito grave, e José Dirceu pagou por ela com a vida, aqui, pelas mãos do Relator e dos demais Ministros do Supremo Tribunal Federal, sem esquecer de citar o nobre Procurador Geral da República. Pois Joaquim Barbosa é um homem honrado, e assim são todos eles, todos homens honrados.

Venho para falar neste emblemático "funeral" de José Dirceu. Ele era meu amigo, fiel e justo comigo. Mas Joaquim Barbosa diz que ele era ambicioso. E o ministro Barbosa é um homem honrado.

José Dirceu arriscou sua juventude, os anos mais vigorosos de sua vida, e dedicou todos os seus sonhos a tentar libertar o Brasil de uma ditadura sanguinária. Isto seria uma atitude indigna e ambiciosa de Dirceu? Quando o povo sofria oprimido, Dirceu se solidarizava. Ora, a ambição torna as pessoas duras e sem compaixão. Entretanto, Barbosa diz que Dirceu era ambicioso. E Barbosa é um homem honrado.

Vocês todos souberam que, travando seu bom combate, por três vezes, Dirceu teve que se despojar de tudo, de seu país, de sua família, de seu rosto e até de renunciar à sua identidade. Passou a se chamar Daniel, teve que mudar o nome para Carlos Henrique. Enfrentou o bisturi do cirurgião, desfigurando a própria face. Escondeu da mulher que amava, mãe de seus filhos, o seu passado, para proteger a família do perigo de saber quem de fato ele era, clandestino que estava em seu próprio país. Em nome de uma ideologia, ousou viver e sobreviver despojado dos mais básicos elementos essenciais à auto-estima de um indivíduo. E se despojou de um ministério poderoso, de um governo que ajudou a eleger, para travar nova luta. Seria este um homem ambicioso? Mas Barbosa diz que ele era ambicioso, e Barbosa, todos sabemos, é um homem honrado.

Eu não falo aqui para discordar do que o digno ministro Barbosa falou. Mas eu tenho que falar daquilo que eu sei. Muitos de vocês, se não amaram Dirceu, pelo menos o admiraram, e tinham razões para isso. Qual a razão que os impede agora de homenageá-lo na morte?

Ontem, a palavra deste homem seria capaz de enfrentar o mundo, agora, está aqui, desmoralizada, morta. E um homem de palavra morta é um homem morto.

Ah! Se eu estivesse mal intencionada, disposta a aliciar os seus corações e mentes à revolta, eu falaria mal de Barbosa e de Marco Aurélio ou de Mendes e de Weber ou de Celso e Lucia e Britto, os quais, como sabem, são homens e mulheres honrados. Não vou falar mal deles. Prefiro falar mal do morto. Prefiro falar mal de mim e de vocês do que destes homens e mulheres honrados.

Mas eis aqui um email de Dirceu! Eu o encontrei em minha caixa de correio. É sua carta-testamento. Quando as pessoas do povo a lerem  (porque, perdoem-me, eu não pretendo lê-la),  elas se lançarão para  beijarem os ferimentos de Dirceu e molhar os lenços no seu sangue.

O quê? Vocês exigem que eu a leia? Tenham paciência, amigos, mas eu não devo fazer isso. Vocês não são de madeira ou de ferro e, sim, humanos. E, sendo humanos, ao ouvir o testamento de Dirceu vão se inflamar, ficarão furiosos. É melhor que vocês não saibam que são os herdeiros de Dirceu! Pois se souberem... o que vai acontecer?

Continuam a insistir? Então vocês vão me obrigar a ler o email-testamento do Zé? Façam então um círculo em volta do corpo e deixem-me mostrar-lhes Dirceu morto, aquele que escreveu este testamento.

Brasileiros. Se vocês têm lágrimas, preparem-se para despejá-las. Vocês todos conhecem este manto. Vejam, foi neste lugar que a sentença do ministro Barbosa penetrou. Através deste outro rasgão, o ministro Fux, tão querido de Dirceu, proferiu o seu voto e, quando ele o concluiu,  vejam como o sangue de Dirceu escorreu do ferimento. E oh! Deuses, que golpe brutal para Dirceu, que tanto o admirava! Foi neste momento que seu coração parou. Então eu e vocês e todos nós também tombamos.

Sim, agora vocês choram. Percebo que sentem um pouco de piedade por ele. Boas almas. Choram ao ver o manto de José Dirceu despedaçado.

Bons amigos, queridos amigos, não quero estimular a revolta de vocês. Aqueles que praticaram este ato são sábios e honrados e já apresentaram a vocês as suas ponderações, queixas e razões. Eu não vim para agitar seus corações. Eu não sou uma boa oradora, como o notável ministro Joaquim Barbosa. Sou apenas uma mulher simples e direta, que ama os seus amigos.

Mas já que tanto insistem, revelo enfim o conteúdo da carta-testamento assinada por Dirceu.

Para vocês, ele deixou todos os seus sonhos de um Brasil mais cidadão, com menos desigualdades, um Brasil nacional, dono de seu nariz, e para os herdeiros de vocês e para sempre.

Este era José Dirceu. Quando aparecerá outro como ele?"

sábado, 15 de setembro de 2012

"Um canhão no cu", um artigo que incendiou a Espanha
(15set2012)


Este artigo incendiou a Espanha.   Publicado a 14 de Agosto na secção de cultura de El Pais, em poucos dias tornou-se a peça mais lida de sempre naquele jornal e além disso teve milhares de acessos no Facebook.   O autor é um escritor espanhol comprometido com os anseios do seu povo.   Leia também a sua entrevista "Tornámo-nos uma colónia da Alemanha" em Dinheiro Vivo.

Um canhão no cu

Por Juan José Millás

Se percebemos bem – e não é fácil, porque somos um bocado tontos –, a economia financeira está para a economia real assim como o senhor feudal está para o servo, como o amo está para o escravo, como a metrópole está para a colónia, como capitalista manchesteriano está para o operário superexplorado. A economia financeira é o inimigo de classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de uma criança num bordel asiático. Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de a teres semeado. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, ainda que vás à merda se baixar. Se o baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que tenhas caído, ainda que não haja nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.

Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta geralmente compra é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspectiva do terrorista financeiro, não é mais do que um tabuleiro de jogos no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.

A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o carácter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país, este no caso, pouco importa, e diz "compro" ou diz "vendo" com a impunidade com que aquele que joga Monopólio compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.

Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno de milhares ou milhões de pessoas que antes de irem para a labuta deixaram no infantário público, onde ainda existem, os seus filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas superprotegidos, é claro, por essa coisa a que temos chamado de Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres são desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.

E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, desviam-se num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro. Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem infantário ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos agora mera mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.

A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com rupturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas acções terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.

A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A actividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.

Aqui alteram o preço das nossas vidas a cada dia sem que ninguém resolva o problema, pior, enviando as forças da ordem contra quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as forças da ordem empenham-se a fundo na protecção desse filho da puta que te vendeu, por meio de um roubo autorizado, um produto financeiro, ou seja, um objecto irreal no qual tu investiste as poupanças reais de toda a tua vida. O grande porco vendeu-lhe fumaça com o amparo das leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.

Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e facturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passe a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do seu sequestrado.

Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.


O original encontra-se no sítio do El Pais e a tradução em Dinheiro Vivo (foram efectuadas pequenas alterações). Este artigo encontra-se em Resistir.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Com o novo "modelo de julgamento" do STF, Collor, por exemplo, teria sido condenado
(14set2012)


As "inovações" que geram polêmica no julgamento do "mensalão"

Por Najla Passos, Carta Maior

Em curso há 40 dias, o julgamento da ação penal 470, o “mensalão”, tem provocado polêmica, em função de novas práticas metodológicas adotadas pelo Supremo Tribunal de Justiça (STF) e, principalmente, da forma diferenciada com que os ministros têm reinterpretado doutrinas até então tidas como pacificadas. Do fatiamento dos votos ao alargamento da abrangência dos crimes de colarinho branco, as mudanças em curso são expressivas.

Confira aqui o resumo das principais delas:


O não desmembramento

Pela lei, tem direito à prerrogativa do foro privilegiado no STF apenas políticos em cumprimento do mandato. No caso dos réus do “mensalão”, eram três. Mas o MPF denunciou 38 na ação que chegou à Corte máxima. E a Corte entendeu por bem julgá-los todos em conjunto, sob os holofotes da mídia. Já no caso do “mensalão do PSDB”, o desmembramento foi aceito e cada qual responderá na instância que lhe compete: o ex-governador Eduardo Azeredo no STF e os demais nas instâncias inferiores.


Fatiamento

A divisão do julgamento em blocos, proposta pelo relator Joaquim Barbosa e aceita pela maioria dos demais ministros, pode ser entendida como um meio mais fácil de construir a condenação dos reús. Ela segue a lógica da acusação, mas em uma ordem própria. O relator começou pelo capítulo 3º da denúncia, pulou para o 5º, voltou ao 4º e, na sequência, promete julgar o 6º, o 7º e o 8º, para só depois retornar ao 2º, que trata do núcleo político. Assim, ele decide quem é julgado primeiro e vai tecendo o ambiente necessário, com uso de indícios, presunções e meios de prova produzidos na fase de inquérito, para condenar os réus contra os quais não há provas judicializadas (produzidas dentro da instrução criminal, sob a fiscalização de magistrado). Esse método de valoração da prova, dando maior relevo àquela não judicializada, de fato, é algo que pode ser considerado como diferente no processo penal. Os ministros têm justificado essa forma de valoração da prova em razão da natureza dos delitos.


Indício e presunção como meio de prova

Antes, indício era um meio de prova de valor menor. Agora, ao lado do uso das presunções, foi utilizado como meio de prova suficiente para a condenação penal. A defesa desta tese foi enfatizada pelo ex-ministro Cezar Peluso, no último voto que proferiu antes da sua aposentadoria. Para ele, não há hierarquia entre as chamadas provas diretas e o indício. “O sistema processual, não só o processual penal, assevera que a eficácia do indício é a mesma da prova direta ou histórico-representativa”, disse.


Individualização das condutas

Como os réus são julgados em blocos, há casos em que a individualização das condutas fica prejudicada. Os advogados reclamam, por exemplo, que Marcos Valério e seus sócios são sempre condenados em conjunto, sem a devida análise da participação individual de cada um nos crimes em pauta. Há receio de que o modelo possa se perpetuar em outros blocos.


Corrupção ativa

Antes, era preciso comprovar um “ato de ofício” para condenar alguém por corrupção ativa, como alegado no julgamento da ação penal 307, que inocentou Collor de Mello. Neste novo modelo inaugurado no “mensalão”, entende-se comprovado o “ato de ofício” por meio da valoração de indícios e presunções. Nas palavras da ministra Rosa Weber, “nos delitos de poder, quanto maior o poder ostentado pelo criminoso, maior a facilidade de esconder o ilícito. Esquemas velados, distribuição de documentos, aliciamento de testemunhas. Disso decorre a maior elasticidade na admissão da prova de acusação”.


Corrupção passiva

A mudança diz respeito, segundo a defesa, principalmente, à destinação da vantagem recebida, antes tratada como pressuposto para configuração do crime. No “mensalão”, os ministros entenderam que não importa se os R$ 50 mil recebidos por João Paulo Cunha provinham de caixa dois do PT para pagar uma dívida de campanha ou se de suborno para favorecer as agências de Marcos Valério na licitação da Câmara. O fato dele tê-los recebido de uma agência de publicidade sem justificativa razoável, aliado ao contrato firmado pela agência poucos dias depois, foi suficiente para comprovar a corrupção passiva.


Peculato

No caso do crime de peculato, caiu a necessidade da comprovação de que os recursos desviados eram públicos: vários ministros destacaram que, mesmo que a integralidade dos recursos do Fundo Visanet fosse privada, o peculato estava configurado, porque eles foram desviados por um agente público no exercício da função pública: o ex-diretor de Marketing do BB, Henrique Pizzolato.


Lavagem de dinheiro

É a maior polêmica e continuará a ser discutida no próximo bloco, quando os ministros analisarão os saques feitos na boca do caixa. Pelo entendimento pacificado até antes do “mensalão”, a materialidade da lavagem de dinheiro pressupunha ao menos duas etapas: a prática de um crime antecedente e a conduta de ocultar ou dissimular o produto oriundo do ilícito penal anterior. A entrega dos recursos provenientes dos “empréstimos fictícios” do Banco Rural foi considerada lavagem, e não exaurimento do crime antecedente de gestão fraudulenta de instituição financeira.

Da mesma forma, e por apenas um voto de diferença, o saque do dinheiro na boca do caixa foi considerado lavagem, e não exaurimento do crime de corrupção. Para os advogados, esse novo entendimento superdimensionará o crime de lavagem, já que sempre que alguém cometer qualquer delito com resultados financeiros e os entregar a outro, incorrerá, automaticamente, nesta prática.

Autoritarismo do reitor da USP afronta o conceito de universidade
(14set2012)


Reitor da USP proíbe debate eleitoral no campus

Por Marcelo Rubens Paiva, reproduzido de Terra Brasilis

Definitivamente a relação entre o reitor
João Grandino Rodas e os alunos não deu química

E não se entendem as razões de muitos dos seus atos.

Enquanto em outros países, especialmente nos Estados Unidos, é nas universidades que ocorre a maioria dos debates eleitorais, especialmente os televisionados, Rodas, apadrinhado pelo PSDB, reinterpretou o artigo 73 da Lei Eleitoral 9.504/97, que proíbe o uso do espaço e agentes públicos em campanhas.

Mandou um ofício proibindo debates entre candidatos já agendados, como o da FEA, Faculdade de Economia de Administração.

O Centro Acadêmico Visconde de Cairu, que organizava o evento “Semana Política CAVC” no campus, recorreu da decisão à Procuradoria Geral da Universidade.

Desde o primeiro semestre deste ano, o CAVC organizava um evento para trazer o debate eleitoral para dentro da Universidade que não infringisse a lei eleitoral: todos os partidos com candidaturas à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012, sem exceção, foram convidados.

Assim, o objetivo da lei citada, expresso como sendo o de resguardar a “igualdade de oportunidades entre candidatos” ao impedi-los de utilizar propriedade administrada pelo Estado – caso da USP – em benefício próprio, estava garantido.

Em nota oficial, o centro acadêmico conta:
“Com as confirmações de Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Carlos Gianazzi (PSOL) e a possibilidade da presença de José Serra (PSDB), o Centro Acadêmico iniciou o processo de reserva de salas para a realização do evento. Neste momento, nos foi comunicado pela Diretoria da FEA que uma portaria da USP, com base no artigo 73 da Lei Eleitoral, proibia a realização de qualquer tipo de evento relacionado à assuntos eleitorais e que, portanto, nossa ‘Semana política’ estaria necessariamente comprometida.”
“Em conformidade com a orientação de nossos advogados e entendendo que haveria um possível equívoco e exagero por parte da administração da Universidade na interpretação do artigo em questão – dada a insensatez que constituiria uma proibição de discussões político-eleitorais dentro da Universidade, especialmente em ano eleitoral -, o Centro Acadêmico protocolou diretamente à Procuradoria Geral da USP um pedido de autorização para a realização da Semana.”
O pedido foi indeferido e a Universidade reiterou seu posicionamento.

O CAVC impetrou então um mandado de segurança contra a decisão da Reitoria.

No entendimento do Judiciário (TJ-SP), o artigo 73 da Lei Eleitoral não era impeditivo à realização do evento, pois não consistia em favorecimento político a nenhuma das partes.

Entretanto, o TJ alegou que não tinha competência sobre a decisão da USP por esta constituir uma autarquia que tem plena autonomia em suas decisões acerca do assunto.

Em suma, a legislação eleitoral não dá direito à proibição do debate, é uma decisão tomada diretamente pela Reitoria da USP (autônoma).
“Neste episódio, esta conduta se mostrou excepcionalmente prejudicial à comunidade universitária; com as eleições cada vez mais próximas, só nos resta esperar que os demais eventos sejam capazes de fornecer informações e possibilitar o voto consciente dos estudantes da USP. Pelos fatos acima expostos, o CAVC sente-se obrigado a manifestar sua consternação diante dos acontecimentos referidos. O livre debate e manifestação política são direitos fundamentais na constituição de uma sociedade democrática e sua restrição é inadmissível, ainda mais no espaço de discussão e pensamento de que consiste a Universidade. O Centro Acadêmico Visconde de Cairu coloca, portanto, enfaticamente sua discordância do posicionamento tomado pela Reitoria da USP e questiona a legitimidade desta decisão sobre um tópico de tamanha relevância não só para a comunidade acadêmica, mas para toda a sociedade”, completa os estudantes.
Num surto de pequena autoridade, João Grandino Rodas reinventa o sentido de Universidade, despolitiza o campus e, blindado pela autonomia universitária, tão útil em regimes autoritários, manda e desmanda.

A Faculdade de Direito, rompida com o reitor, ignorou a ordem e manteve o debate já agendado no Largo São Francisco.

Ofício reitera a proibição

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um ministro perturbado no STF?
(13set2012)



Publicado no sítio de Luís Nassif

A face do STF: ministro perturbado e presidente pusilânime

Por Cristiana Castro

O problema, Diogo, é que tem um pessoal querendo vender a ideia de que as críticas as sandices barbosianas são em função dele ser o primeiro negro a assumir uma vaga no STF. Ou seja, se ele fosse branco, não haveria quaisquer problemas com a condenação de inocentes. Fica difícil discutir com quem tem um entendimento desses!

A verdade é que o cara é, VISIVELMENTE, perturbado; é chato, é. Mas fazer o quê? O STF tem que dar um jeito nisso. Outros ministros tb condenaram réus, e nenhum deles quis comer a orelha do revisor, por causa disso. E mesmo assim, mesmo entendendo que o ministro tenha algum tipo de perturbação, ainda assim, eu afirmo que ele age de má-fé, qdo arma seus barracos em plenário.

Ora, ele sabe muito bem, que os outros, mesmo Gilmar Mendes, seguram a onda em plenário. Ou seja, ele se aproveita da boa educação dos outros para dar seu show de grosseria e non sense. Ele confia, tem absoluta certeza que os outros vão ceder para não avacalhar mais ainda com a imagem do STF. Ou alguém aqui acha que Gilmar Mendes, Eros Grau, Peluso, MAM, Lewandovski, não têm/ tinham condições de mandar um cai na real, em JB?

Até o Fux, nesse julgamento já deu uma trolladinha básica nele. O problema é que os outros têm a real dimensão do que a Corte significa e JB, não tem a menor noção de onde está ou do que está fazendo.

É pq ele é negro? Não é pq ele é surtado! Ainda não percebeu que a Corte é composta de 11 membros para evitar empates, o que, forçosamente, significa divergências. O cara, vai e acha que é pessoal; que se todo mundo não fechar com a tese dele é perseguição. Como se sai de uma situação bizarra dessas? Não adianta ter 11 pq como ele não aceita o contraditório e, aqui se explica o fato de, sequer, ter apreciado as defesas; não faz diferença o número de magistrados. Tem que haver unanimidade! Não havendo unanimidade, vem o papo do coitadismo;

E qto aos réus? Algum respeito? E qto as pares? A única "entidade" a merecer respeito naquela Corte é o relator? E em nome de quê? Pq razão eu, contribuinte, que pago os salários dos 11, tenho que apoiar o que decide ao arrepio da lei? O sujeito é um presepeiro, que ameaçou deixar o plenário, logo após a leitura do voto do revisor, alegando problemas de saúde e está bem ali firme, forte e sacudido, enchendo o saco de todo mundo, contestando e/ou dando pitaco no voto dos outros e, não satisfeito, ainda acha que são necessárias sessões extras para acelerar um julgamento que ele mesmo com seus pitacos e barracos está atrasando.

Está muito cômoda para os outros ministros essa situação em que ficou o ministro Lewandovski; todos eles mantêm um silêncio, covarde, inclusive e, sobretudo o presidente pq vendem ao público a ideia de que essa é uma briguinha entre relator e revisor; o que, felizmente, não está funcionando, o que salta aos olhos é a coragem do revisor em oposição a covardia e fraqueza de caráter dos demais magistrados. Qdo um magistrado diz, em cadeia nacional que o voto de um de seus pares não está sendo sóbrio e os outros se calam, estão sim, independente e sem prejuízo de seus próprios votos, tentando colaborar com um clima de hostilidade ao revisor. O silêncio dos demais é cúmplice das tonterias barbosianas.

Aos que dizem que foi Lula quem indicou a maioria dos ministros da Casa, eu digo, ainda bem que foi assim; pq é a demonstração cabal de que o governo do Presidente Lula e tb da Presidenta Dilma, não pinçaram membros para favorecer seus interesses. Escolheram mal? Sem dúvida. É a pior composição da Corte? Inegável. Por outro lado, a postura dos atuais magistrados seria esperada por qq um de nós, independente de quem os indicou? Definitivamente, não! Um magistrado tem que ser um magistrado em qq situação, inclusive e sobretudo, nas piores. A culpa não é de quem os indicou e sim da soberba em aceitar uma missão para a qual jamais esteve preparado. Pelo menos, uma coisa, a gente aprendeu com esse julgamento; o tal do notável saber jurídico, afinal, não é tão notável assim.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Filme estrelado por atores com síndrome de Down é aclamado em Gramado
(7set2012)

Postagem do blog FILOSOMÍDIA (clique aqui para acessar)::

Filme estrelado por atores com síndrome de Down é aclamado em Gramado.  "Colegas" é uma aventura fantasiosa dirigida por Marcelo Galvão.

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O "road movie" mostra uma garota e dois garotos, portadores da deficiência, que fogem do instituto onde vivem no Karmann Ghia vermelho do jardineiro (Lima Duarte), inspirados depois de ver "Thelma e Louise". Usando máscaras de palhaço, roubam lojas pelo caminho, cada um querendo realizar um sonho: ver o mar, se casar e voar.
Tudo num clima de aventura e humor leve e adorável, mas que não pareceu atrativo para os investidores. "A arrecadação de recursos foi a parte mais difícil. Os empresários achavam que iam atrelar sua marca à síndrome de Down, e que isso não seria bom", comentou o diretor Marcelo Galvão na terça-feira (14).
 (...)

Folha maquia capa da edição de Minas Gerais
(7set2012)


Folha esconde Lula ao lado de Patrus na versão mineira do jornal

Duas capas, duas caras, Folha de S.Paulo blinda o tucanalha mineiro

Por Leonardo Severo, no blog Pensatempo

Mesmo sem querer, a Folha de S.Paulo do último sábado abriu o mês de setembro dando uma inigualável contribuição ao debate sobre a relação liberdade de imprensa e de expressão, estampando a imperiosa necessidade da democratização dos meios de comunicação.

Ao omitir da capa para os (e)leitores de Minas Gerais a foto do presidente Lula ao lado de Patrus Ananias, candidato a prefeito de Belo Horizonte pelo PT, o jornal da tucanalha paulista dá sequência às suas inconsequências e incontinências.

Para os demais estados, a foto do ex-presidente soltando o verbo caia bem, era notícia que se vende sem maiores contraindicações, já que não impacta diretamente as urnas do aliado alado. Para o povo das Alterosas, a bicada é mais embaixo.

A bem da verdade, conforme denunciou o secretário de Formação da Central Única dos Trabalhadores, José Celestino Lourenço (Tino), que adquiriu no aeroporto as duas edições, a Folha que chegou a Minas Gerais também omitia o texto sobre a participação de Lula e não fazia – obviamente – qualquer referência à candidatura contrária aos interesses do tucanato mineiro.

Assim, livre para voar e invisibilizar, a Folha substituiu na edição de Minas a foto vertical de Lula-Patrus por duas horizontais: de Clint Eastwood com uma cadeira vazia e outra de Obama de costas.

domingo, 2 de setembro de 2012

UFMT: Mesmo com ameaças do Governo, docentes decidem pelo fortalecimento da greve
(2set2012)


Por Mariana Freitas, da Assessoria de Imprensa da ADUFMAT-S.Sind

Em Assembleia Geral realizada nesta sexta-feira, 31, os docentes da Universidade Federal de Mato Grosso decidiram pelo fortalecimento do movimento pela reabertura das negociações. De acordo com informes oficiais do Governo Federal, as categorias teriam até o fim do mês de agosto para entrar em acordo ou ficariam sem o reajuste salarial. A justificativa é a de que o envio do Orçamento da União ao Congresso Nacional seria no dia 31 de agosto.

De acordo com o professor Tomás Boaventura, que representou a UFMT nas reuniões do Comando Nacional em Brasília por duas semanas, essa preocupação já estava sendo debatida. “Nós desmistificamos essa questão e chegamos a conclusão que quem faz o tempo do nosso movimento somos nós, e não o governo”, explicou. “Além disso, as ameaças são apenas para tentar nos enfraquecer”.

A opinião dos docentes reunidos em Brasília foi endossada pela imensa maioria dos presentes na Assembleia. O professor Antônio Carlos Maximo lembrou que o Congresso pode alterar totalmente o orçamento enviado pelo governo, pode remanejá-lo, e fazer adequações até março de 2013. “Fazendo as contas do impacto da contraproposta dos docentes ao Governo sabemos que o gasto seria de cerca de 5 bilhões a mais em relação ao acordo assinado contra nossa vontade pelo sindicato paralelo”, disse. “Isso não representa nada em relação ao total do orçamento, e, além disso, o gasto não é imediato”.


Foco Congresso

A estratégia aprovada pelos docentes para forçar o Governo a reabrir as negociações foi a pressão nos parlamentares. Em debate realizado na última segunda-feira, os membros da bancada federal de Mato Grosso se manifestou apoiando o movimento grevista. Oito parlamentares já assinaram um documento oficial em apoio à greve e os três restantes se comprometeram a assinar na próxima segunda-feira.

Será enviada ao Comando Nacional de Greve a orientação de se fazer presente todos os dias na Câmara e no Senado, além de tentar contatar o Colégio de Líderes a fim de buscar apoio ao movimento.


A força da greve

Entre os pontos de pauta em debate estava a avaliação do atual momento da greve. A maioria das manifestações dos docentes foi positiva, destacando que a força da greve está no fato de 52 universidades se manterem paralisadas. Foi dito ainda que aquelas que decidiram pelo retorno das aulas continuam vazias, a exemplos das federais de Santa Catarina e Ceará, em que os reitores encontram dificuldade para implementar um novo calendário acadêmico..

Outro ponto levantado foi que as reivindicações não se centram na questão salarial, mas sim na reestruturação da Carreira Docente e na necessidade de melhoria das condições de trabalho nas instituições federais de todo o país.

“A centralidade do movimento é a defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade”, disse o professor Dorival Gonçalves.

Dona Maria I, a Louca já decidiu o mensalão: todo mundo será condenado
(2set2012)


Por Comendador Phyntias, do Blog do Comendador

 No exato momento em que este sofrido e avacalhado Estados Unidos do Brazil se concentra diante das telas da TV para acompanhar suas excelências, os homens da capa preta, a julgar aquilo que o nobre e íntegro Bob filho de Jeffer denunciou por mensalão, recebo de meu mordomo, o Orozimbo - que nas horas vagas é professor de história - importante contribuição para esclarecer o julgamento da Corte Suprema, suas datas vênias e suas culpabilidades.

Lembra o instruído lacaio que aqui nestas hoje tucanadas Geraes, lá pelos idos de 1789, um bando homens unidos numa “organização criminosa” de vasto poder na Capitania - vez que incluía a segunda mais importante autoridade da área, o Ouvidor de Vila Rica, coisa assim como Chefe da Casa Civil de hoje - foi preso e enviado ao Rio de Janeiro para que fossem julgados e, apurados seus crimes, sentenciados.

Apesar de não haver ainda no Brazil daquele tempo a nossa Proba, Isenta e Gloriosa imprensa a nos defender, a nós da elite, com suas campanhas sistemáticas pela higienização dos povos, o julgamento mostra pelos Autos da Devassa da Inconfidência (Volume 7 – Páginas 116 a 118), que sua Majestade a Rainha de Portugal e deste Brazil, dona Maria I, que já era louca, antevendo as futuras gerações de juristas que ocupariam o Excelso Pretório, deitava farta jurisprudência.

A soberana, do alto de seus fantasmas, estabeleceu o princípio da culpabilidade sem provas, por mero indício, e antes mesmo da avaliação do “substrato probatório” com seus depoimentos, razões de acusação e defesa, fixando numa antevisão do futuro que “indícios valem mais que prova formal”.

E o julgamento que transcorreria até a sentença lida em abril de 1792 – três anos depois das prisões – foi feito com a condenação já fixada, numa coisa só admissível neste nosso justo Brazil dos ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de dois mil e doze: em 17 de julho de 1790, dois anos antes da sentença, os réus foram condenados.

Para sustentar este nosso justo, democrático, correto e elogiável princípio de condenar antes, apurar depois e fingir que há Justiça ao fim, baseava Sua Majestade nos princípios do Direito Positivo de Origem Divina das Ordenações Manoelinas e Filipinas para dizer:
“sejam os réus com os adjuntos sentenciados, com a sentença condenatória que contra eles for proferida ficando em segredo, conservando-se os réus em segura custódia... Havendo igualmente entre os mesmos réus outros que nem foram os chefes e cabeças da dita conjuração, nem entraram nela, nem a fomentaram, nem se acharam nas assembleias e conventículos em que os conjurados tinham as suas criminosas sessões, e notícia ou conhecimento da mesma conjuração não a declararam, nem denunciaram em tempo competente: Ordeno que sejam sentenciados...”
Destarte e data máxima vênia, vejo pela lição de meu ilustre criado, que tem razão o douto, esbelto e jozísico Procurador Geral da Coroa, Dom Roberto Burbel, em querer por querer que todos os criminosos envolvidos nesta – e não naquel´outra de 1998 nestas Minas – ação sejam presos, condenados, privados da liberdade, da família com Deus pela Democracia, tudo pelos indícios que dona Rosa acha que são maiores quanto maior for o cabeça e, digo eu, data máxima vênia, danem-se os escrúpulos, dane-se aquele livrinho do Dr. Ulysses e dane-se qualquer veleidade.

Não podemos mais neste Brazil admitir que sejamos ultrapassados, em atos discricionários e na imposição da nossa férrea e elitizada vontade, por paisecos como Honduras e El Paraguay.

A história nos absolverá, pois antecedentes por jurisprudência válida já os há, in verbis veja-se o nosso inesquecível e fabuloso Ato Institucional nº 5 da Gloriosa, a primeira e mais séria jurisprudência de que me lembro de pronto.

E que feneçam, com gosto de jiló na boca e para sempre, esses execráveis e lamentáveis direitos e garantias individuais da escumalha que só servem para nos atrapalhar.

Em nome da Rainha, ainda que louca, Deo Gratia...

sábado, 1 de setembro de 2012

Altamiro Borges: Montadoras lucram mais no Brasil
(1set2012)

Aqui está mais uma matéria que mostra a sede das empresas multinacionais em sugar o dinheiro do Brasil, com lucros abusivos em relação aos obtidos em todos os outros países onde atuam. Desmente também a falsa ideia imposta pela grande mídia de que o Custo Brasil é alto. É mentira!

(clique aqui para ler)Altamiro Borges: Montadoras lucram mais no Brasil

O terrorismo das poderosas multinacionais do automóvel deu certo. Elas ameaçaram demitir milhares de metalúrgicos e fechar várias unidades fabris. A estadunidense GM foi a mais agressiva, gerando pânico em São José dos Campos, no interior paulista. Diante da forte pressão, o governo recuou...

Cuiabá realizou a sua 10ª Parada Gay
(1set2012)

Aconteceu ontem, em Cuiabá, a 10ª Parada da Diversidade Sexual. Além da grande participação da comunidade GLBT e de simpatizantes da causa, ocorreu, como seria de se esperar, a participação de diversos candidatos às eleições municipais deste ano.

As fotos abaixo são de Katiana Pereira (MidiaNews - clique aqui para a ler reportagem e ver mais fotos do evento).

Quando me mudei para Cuiabá, impressionou-me positivamente o fato de encontrar aqui uma grande tolerância e aceitação da diversidade sexual. Ou seja, um baixíssimo índice de preconceito sexual. Homossexuais assumidos e conhecidos de toda a comunidade frequentavam todos os ambientes sociais da cidade, sendo tratados com toda a naturalidade, sem piadinhas de mau gosto ou chistes preconceituosos. Isso foi pelos idos de 1980 e, vindo do eixo Rio-São Paulo, essa atitude cuiabana ficou destacada em minha percepção da cidade que então eu adotava como sendo minha também.

Com o passar dos anos, a forte corrente migratória principalmente do sul e do sudeste foi transformando a cidade. Hoje está se tornando difícil encontrar cuiabanos de ascendência cuiabana. A nova juventude da cidade é composta majoritariamente de filhos de migrantes. São cuiabanos, é certo, mas trazem uma carga cultural diferente proveniente de suas famílias não cuiabanas. Cuiabá não é mais a cidade tolerante que um dia já foi.

A razão da tolerância que existia era, a meu ver, o fato de a cidade ser bastante isolada do resto do país até as décadas de 1960 e 1970. O acesso terrestre era precário. Conheci amigos aqui que estudaram no Rio de Janeiro e que faziam a viagem Cuiabá-Rio de Janeiro por via fluvial até o Rio da Prata, e marítima dali até o Rio de Janeiro. Vinham para Cuiabá uma vez por ano, nas férias de final de ano.

Uma cidade isolada é forçada a encarar e compreender a sua própria diversidade. Aqui não era possível à maioria da população enviar seus filhos/filhas "diferentes" para alguma metrópole distante de modo a escondê-los da sociedade. Portanto, gays e lésbicas viviam em perfeita harmonia com heterossexuais e participando da vida social em geral.

Em cidades e em ambientes sociais onde a homofobia se explicita em piadas grosseiras e ironias em geral, os homossexuais tendem a se afastar, mudando-se para metrópoles mais distantes onde poderão exercer sua sexualidade longe dos olhos tanto da família quanto da sociedade que os viu nascer. Há casos mesmo em que a própria família promove esse afastamento por se envergonhar da homossexualidade: "O que dirão nossos amigos? O que dirão os vizinhos? O que dirão...?". O medo e a falta de coragem de enfrentar a maledicência alheia e a sua própria homofobia leva muitos pais a afastarem seus filhos da convivência familiar e social, promovendo o seu distanciamento físico e até mesmo emocional.

Portanto, Cuiabá vai perdendo rapidamente uma de suas boas qualidades, que era a de uma maior aceitação da diversidade do que na maior parte do país. Daí a necessidade da realização de "Paradas Gays".