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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Brincadeira com política externa "faz xixi na mão de criança" (31jan2012)

Essa expressão, "faz xixi na mão de criança", era muito utilizada pelos adultos quando eu era criança. Quando eu ou outra criança pegávamos ou manipulávamos algo delicado, algum objeto perigoso, caro ou frágil (facas, caixa de fósforos, ferramentas, vasos de vidro, botões do rádio ou da televisão, bibelôs etc.), algum adulto logo vinha dizendo "não mexa com isso! Isso faz xixi na mão de criança!". Acho, inclusive, que essa é uma das dificuldades que nós, adultos de hoje, às vezes sentimos ao nos depararmos com aparelhos de tecnologia "avançada", como os celulares, computadores, videogames, ipads, ipods etc. Lá no fundo temos um medo de estragar o treco e, consequentemente, de o "treco" fazer xixi na nossa mão. No fundo, é o velho medo de fazer (no bom e velho jargão brasileiro, e com o perdão da má palavra!) uma "cagada".

Tensão Europa/Irã: quem semeia ventos…

Por Flávio Aguiar, da Rede Brasil Atual

…ouve o que não quer!

É o que aconteceu com város ministros de Relações Exteriores que, amadoristicamente, resolveram dizer que aumentavam a pressão econômica sobre o Irã porque essa era uma maneira de evitar a possível agressão armada israelense contra aquele pais.

Além de não evitar coisa nenhuma, mas apenas ceder a uma chantagem, o corolário foi um tiro no próprio pé: suspender as importações de óleo bruto do Irã a partir de 1º de julho. A Grécia foi a primeira a gritar: sem esse petróleo, ela afunda de vez.

Ao mesmo tempo, o restante da Europa lhe sonega ajuda, ameaçando não lhe remeter a próxima parcela desta, caso não chegue a um acordo com os bancos privados credores. A chanceler Angela Merkel pede calma aos desesperados gregos e ao resto do mundo que, do Japão à América Latina (de leste para oeste, atravessando o mundo), arranca os cabelos diante da recessão “auto-feliz” da Europa.

Ora, o Irã fez o que devia fazer: está em discussão no seu Parlamento a proposta de, se a Europa quiser suspender as importações de petróleo a partir de 1º de julho, suspender as suas exportações para o Velho Continente desde já. Ou seja, sem disparar um tiro – o que lhe atrairia a ação da 5ª Frota Naval norte-americana estacionada no Bahrein, do outro lado do Golfo Pérsico – o Irã está fechando o estreito de Ormuz para a Europa inteira – o que pode ter efeitos catastróficos para o mundo europeu e o nosso também.

É no que dá brincar de política externa.

Em relação ao Irã, no Ocidente vai-se alegremente no caminho da guerra, numa situação que lembra a da Primeira Guerra Mundial. Ninguém acreditava no conflito, nem na sua proporção. Mas ele ocorreu, e mudou a face do mundo. E para pior, apesar do fim dos grandes impérios do passado.

Leia este e outros textos em Outras Palavras

A blogueira que virou santa é a dona da semana (31jan2012)

A pupila insone que conta para o mundo o que acontece em Cuba, que afirmou que Cuba é uma fábrica de espanhóis, que milhares de cubanos deixam Cuba para não dividirem o quarto com a vovó, que tem como patrões, no Brasil, O Globo e O Estado de São Paulo, que já fez o Sapo Gonzalo ficar muito irritado, agora está em todos os noticiários sobre a visita da Presidenta Dilma a Cuba. Enquanto o mundo vem sofrendo convulsões sociais devido ao ataque do capital ao trabalho, com a falência de um sistema ao qual resta somente arrancar dos trabalhadores, a ferro e fogo, seus direitos mais comezinhos, inclusive a possibilidade de trabalhar, vem essa moça fazendo o serviço sujo para Washington e posando de santa e vítima. A propósito disso, Lúcio de Castro publicou um texto que serve para nossa reflexão.O texto foi publicado hoje no sítio Fazendo Media, tendo como título o título desta postagem, e também foi postado, com o título que aparece abaixo, no blog DoLaDoDeLá.

- Santa Blogueira, Batman!


Por Lucio de Castro

Não sei se ainda é a ressaca da volta das férias, relatada aqui no último texto. Não sei nem ao certo se as coisas sempre foram e são assim ou se esse sentimento de que tudo em volta anda carregado é desses dias ou desde sempre. O fato é que os últimos dias tiveram cor de chumbo. Não o chumbo dos anos de sufoco, mas um chumbo misturado com cinismo, com a “força da grana que mata e destrói coisas belas”, e uma sensação de que as coisas estão passando como rolo compressor por todo mundo, e a tal força da grana, o poderio econômico, a concentração de poder nos meios de comunicação e os tempos do pensamento único no mundo chegaram definitivamente para paralisar todo mundo. Com a agravante de que, em tempos de redes sociais, todo mundo se acha fazendo sua parte tuitando. É a rebeldia emoldurada em 140 caracteres.

Dias de envergonhar a espécie humana, com a barbárie do Pinheirinho, a omissão de sempre dos governantes nos prédios que desabam (como já tinha sido no bonde, nos temporais, em tantas coisas…), com o chocante relato na reportagem de Eliane Brum (sempre ela…!), “A Amazônia, segundo um morto e um fugitivo”, disponível na internet. Para completar, na semana que entra, temos a monótona, repleta de chavões e inverdades, parcial, acrítica, e muitas vezes beirando o desonesto, cobertura da visita da presidenta Dilma a Cuba. Desde já, nossa imprensa elegeu a personagem da viagem, não importando o que irá acontecer: Yoani Sánchez, a blogueira cubana. Eleita estrela pop pela imprensa mundial já há algum tempo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Fim das férias (30jan2012)

O retorno para casa, sendo minha casa em Cuiabá, sempre foi fonte de prazer para mim. Conheço pessoas que odeiam terminar as férias. Eu, pelo contrário, gosto. Desde que passei a morar em Cuiabá, em 1980, essa cidade conquistou meu coração, mesmo, ou talvez por isso, com todas as diferenças que ela tinha e tem em relação ao eixão Rio-São Paulo de onde vim.

O caminho

Na maior parte da década de 1980 as rodovias para cá eram boas, bem conservadas e com trânsito tranquilíssimo. No final dos anos 1980 e na década de 1990 assisti horrorizado o desmanche dos caminhos. O trecho entre Alto Araguaia-MT e Mineiros-GO foi desaparecendo até tornar-se um campo difuso de buracos onde 99% da cobertura asfáltica havia "evaporado". Como em qualquer estrada de terra, o que se via ali era um balé de carretas em zigue-zague escolhendo os menores desníveis para judiar menos do veículo. Na última vez em que passei por ali com a estrada nessas condições, fiz todo o trajeto com o meu automóvel em primeira marcha. Chuva e buracos formavam um tobogã infernal no qual me misturava aos caminhões, ultrapassando-os a velocidades incríveis de 20 a 25 km/h.

Daquele ponto em diante, cada viagem no trecho Cuiabá-São Paulo tornava-se em uma aventura, guiada pela consulta a caminhoneiros e policiais rodoviários sobre qual o caminho menos ruim. Não havia caminho bom. A ponto de eu imaginar Cuiabá isolada do país em termos de acesso rodoviário.

Uma viagem que normalmente teria 1.250 quilômetros (entre Bebedouro-SP e Cuiabá) passava a ter quilometragens variadas, chegando a algo acima de 1.600 quilômetros. Em duas ocasiões, nessas viagens de rotas alternativas, os pneus do meu carro foram estourados ao passar por "panelas" das quais foi impossível desviar. Ou era aquela "panela" ou seria uma outra maior ao lado dela.