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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Quando nossas limitações afloram aos nossos olhos
(11set2012)

Uma característica bem brasileira, da qual gosto muito, é o humor. O humor e a ironia de levar o discurso reacionário aos extremos, acentuando assim sua pequenez e sua estupidez, são um recurso fantástico para desnudar as falas dos verdadeiros homens "de bem e de benz", da elite carcomida pelo ódio e pelo preconceito. Há, sim, que expor o quanto são ridículos e mesquinhos.

Há algum tempo, o Paulo Henrique Amorim postou uma "lista de fotografias de propriedades" do Lulinha que me fez rir muito exatamente por levar ao extremo do ridículo esses boatos sobre o enriquecimento do rapaz (ver aqui, no Conversa Afiada). A última das fotos - que é uma sequência de casas (castelos), automóvel (limusine enorme), iate (navio transatlântico), avião (o ônibus espacial da NASA) etc. - mostrava uma carroça antiga transportando um tronco gigantesco de árvore, com a legenda "o palito de dentes do Lulinha".


Resgatar o humor como forma de crítica será mais saudável, e talvez mais eficiente, do que "fritar" nossos fígados e nossa saúde num embate em que o "oponente" não mostra qualquer disposição para um diálogo verdadeiro.

Estou aprendendo pouco a pouco a "amplificar" as críticas desonestas, levando-as ao terreno do absurdo, bem no estilo do "palito de dente do Lulinha". Com isso, deixei de me irritar tanto com as pessoas e passei até a me divertir um pouco com essas situações. Ainda continuo evitando tanto quanto possível, ambientes tais como o desse bar citado por você, por serem, eu diria, naturalmente insalubres. Mas, quando não tem jeito procuro me manter sereno e responder, se inevitável for, com o cérebro e com o coração, e não mais com o fígado. Em certas ocasiões, quando percebo a inutilidade de tentar um diálogo razoável, simplesmente digo, sorrindo, ao interlocutor: "se você gosta de pensar assim, e se assim você se sente feliz, vá em frente, eu não me aborreço, apesar de eu não concordar". Com isso encerro a comunicação e gentilmente me afasto. E me afasto mesmo, pra valer.

Prefiro acreditar que a vida vai mostrar sempre a cada um de nós as consequências daquilo que dizemos, fazemos e pensamos. Procuro ficar de olhos bem abertos para ler as lições que a vida apresenta, tentando identificar eventuais distorções no conjunto de minhas crenças e valores, ou seja, aquelas crenças e valores que devo ter e que não se apresentem em ressonância com um ideal de crescimento coletivo, abrangente, inclusivo, da humanidade.

Hoje mesmo tive uma experiência interessante. Li a postagem do blog DoLaDoDeLá, um texto que não continha o nome do autor no cabeçalho, como é habitual quando se publica um texto de outrem que não do próprio blogueiro. Portanto, devia ser um texto do blogueiro. Gostei do texto, e à medida que o lia estranhava o estilo da escrita, diferente do estilo habitual do blogueiro. Ao final do texto, a surpresa! O autor era Arnaldo Jabor. E o blogueiro informa que não colocou o nome do autor no cabeçalho do texto porque muita gente não o leria caso soubesse quem o escreveu. Minha cara caiu no chão, pois provavelmente eu seria um desses que não se dariam ao trabalho dessa leitura. Ou seja, eu também me inclino a não ouvir (ou ler) determinadas pessoas desde que as rotulei e as situei em determinado setor do espectro político. Com isso, jogo fora a "água, a bacia e a criança". E eu sou um dos que se consideram tolerantes...

Explicitando os meus pré-conceitos, fica cada vez mais fácil entender e respeitar isso nos outros, entender que todo mundo se transforma com o viver, e que os caminhos para uma sociedade mais igualitária e feliz são tão diferentes quanto são diferentes os modos de cada pessoa pensar. As pessoas que "compram" o discurso da grande mídia não são intrinsecamente más. Pelo contrário, acreditam sinceramente que querem o melhor para o mundo. Da mesma forma que eu quero. E é isso que penso que deveríamos vasculhar nas pessoas para a reunião de esforços e de quereres.

Por fim, volto à questão do humor. Ele é uma ferramenta bastante útil e eficaz para fazer vir à tona nossas visões de mundo. Essas visões expostas à claridade da luz podem ser avaliadas e reavaliadas... e somente podem ser modificadas por nós mesmos, ao nos darmos conta de sua pequenez. O caso do texto do Jabor não se insere no quesito humor, mas a estratégia do blogueiro serviu para mostrar mais um pedaço da minha intolerância, e portanto me permite trabalhar isso conscientemente. A parte do humor fica na sonora risada que dei ao descobrir quem era o autor do texto. Ri de mim mesmo...

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