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Bebedouro, São Paulo, Brazil
Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Histórias de minha família
(1out2012)

Quase que por um acidente de percurso pela internet, descobri a história de meu tio-avô Giuseppe Antonio Paganelli. Minha avó, Teresa Paganelli Lazzarotto, nascida em Forly, Itália, migrou para o Brasil após se casar com Antonio Lazzarotto. Meu avô Antonio era engenheiro ferroviário e no Brasil trabalhou na Ferrovia Curitiba - Paranaguá.

Antonio Lazzarotto (~1910)

Por Antonio Lazzarotto não pertencer a nenhuma linhagem "nobre", o casamento foi rejeitado pela família de Teresa, o que levou à migração do casal, sendo Teresa deserdada ao optar pelo casamento. Tudo isso aconteceu no final do século XIX, em Veneza, terra natal de meu avô e onde a família de minha avó parece ter sido bastante influente.

Antonieta Lazzarotto (~1920)

A primeira filha do casal Lazzarotto, Anita, nasceu no Brasil, em Curitiba, no ano de 1898. Outros filhos vieram, dentre eles meu pai, Lino, em 1907. O avô Antonio faleceu em São Paulo, no Hospital Santa Catarina, por volta de 1918, vítima de câncer. A filha mais nova do casal, Antonieta, nasceu pouco depois da morte de meu avô.

Teresa Paganelli Lazzarotto com as filhas Antonieta e Lilia e o neto Nelson (1928)

Meu pai contava que ele não aprendeu a falar italiano porque seus pais não falavam em italiano sequer entre eles dois. Aprenderam português com a maior brevidade possível e nunca utilizavam a língua italiana no âmbito doméstico. As crianças aprenderam a entender italiano porque o nôno Lazzarotto veio junto com o casal para o Brasil, e ele conversava principalmente em italiano. Mas parece que esse convívio foi curto, insuficiente para que as crianças dominassem a fala italiana.

Lilia, Antonieta e Anita Lazzarotto (~1930)

Contava-me também o meu pai que a única pessoa da família Paganelli que manteve contato com minha avó Teresa era um irmão mais novo dela, que, ao que se sabia por alto, tornara-se famoso tenor, cantando nos grandes teatros em todo o mundo. Esporadicamente eles trocavam correspondências.

Lino Lazzarotto (~1930)

Uma história interessante sobre meu bisavô refere-se ao registro de nascimento dos netos. A família morava em Santa Felicidade, Curitiba,numa chácara, e quando as crianças nasciam minha avó pedia ao sogro que fosse ao cartório na cidade para efetuar o registro do nascimento. O registro era feito em um livro de registros no cartório e, ao que parece, não se entregava ao registrante um documento, uma certidão de nascimento.

Quando meu pai nasceu, o mesmo procedimento se deu. Minha avó pediu ao nôno que fosse à cidade e registrasse o garoto como Lino Lazzarotto. O nôno foi à cidade, efetuou o registro e pronto. Não se tratou mais do assunto. O garoto estava registrado.

Teresa Paganelli Lazzarotto (~1945)

Quem conviveu com Teresa Paganelli Lazzarotto (minha mãe e minhas tias maternas, por exemplo), contavam que ela não tinha qualquer resquício do italiano em sua fala. A bem da verdade, minha avó foi professora de Português durante muitos anos.

Teresa Paganelli Lazzarotto em meio aos seus alunos (~1950)

Por ocasião do falecimento de minha avó, em 1955, meu pai, ferroviário que de longa data vivia no interior de São Paulo, fez a proeza de viajar de avião (um acontecimento pouco comum, à época, para assalariados) para Ponta Grossa de modo a acompanhar as cerimônias fúnebres de sua mãe. Após o enterro, os irmãos, então todos reunidos, resolveram que os homens passariam a sua parte da chácara deixada por minha avó para as irmãs. Para tanto, assinaram procurações que deixaram com um dos sobrinhos de meu pai, que era advogado. Ele trataria dos papéis necessários para o cumprimento da vontade dos tios.

Meu pai retornou a Bebedouro e após alguns dias recebeu correspondência do sobrinho advogado afirmando que não existia nenhum filho de Teresa registrado como Lino. Na data correspondente ao nascimento de meu pai havia o registro de um filho chamado Bartolomeu Lazzarotto. Todos acreditamos que ao ouvir de Teresa a solicitação de registrar o Lino, meu bisavô pensou que Lino seria um diminutivo de Bartolomeu (Bartolino), e decidiu, por sua conta e risco, registrar a criança como Bartolomeu.

Todos os documentos de meu pai, desde quando foi grumete aprendiz em Paranaguá, soldado do Exército em 1924 (revolução de 1924), registro de casamento, carteira de trabalho..., tudo, enfim, continha o nome Lino Lazzarotto. Menos no registro de nascimento.

Muitas histórias há para contar sobre a trajetória de meu pai, mas o que me levou a escrever esta postagem foi o fato de ter encontrado agora registros sobre meu tio-avô da família Paganelli com o qual minha avó manteve correspondência. Encontrei sobre ele as informações que traduzi a partir dos sítios Ancestry24 e Forgotten opera singers, que trouxe uma figura que para mim era etérea, pouco consistente, pouco concreta, tornando-a real e com uma trajetória interessante. Vejamos, pois, o que encontrei:


Giuseppe Paganelli
Giuseppe Antonio Paganelli
Nascido em 1882 em Forly, Itália; morreu em 4 de março de 1956 em Cape Town. Tenor lírico e professor de canto. Apresentando dons excepcionais em tenra idade, Giuseppe Paganelli aprendeu a tocar corneta durante seus anos escolares, e obteve um diploma profissional em uma escola de música de Veneza aos dezessete anos. Em 1902 ingressou na Academia de Santa Cecília em Roma e estudou teoria musical e composição, até que o professor de harmonia aconselhou-o a estudar produção vocal com o famoso professor Antonio Cotogni. Ele foi aceito como estudante e praticou por quatro anos. Após um concerto na Academia e foi convidado por um empresário de concertos romano para desempenhar o papel de tenor em "O barbeiro de Sevilha", e subsequentemente obteve um sucesso após outro em óperas na Itália, América do Norte, América do Sul, Grécia, Espanha, Austrália e Nova Zelândia.
Em 1926 ele acompanhou o Coro da Capela Sistina como tenor solo em um tour mundial. Após suas bem sucedidas performances em Cape Town, o professor W. H. Bell ofereceu-lhe as funções de mestre de canto e produtor de óperas no South Africa College of Music. Ele aceitou e sua primeira apresentação foi "O barbeiro de Sevilha", na qual ele e Timothy Farrell cantaram nos papéis principais. Essa foi seguida por outras óperas, como "Don Pasquale", "La traviata", "The secret marriage" (Cimarosa), "The marriage of Figaro" e "La sonnambula" (Bellini). Ele ficou seriamente doente em 1945; pouco depois compôs uma peça apaixonada em "Da Vinci's Last supper", a qual ele dirigiu, com Dirk Lorens cantando o papel de tenor. Entre seus alunos estavam sua esposa Eva Gain, e o soprano Albina Bini, a qual regularmente participou de suas produções. Após a II Guerra Mundial, Fiasconaro entrou no College como instrutor de canto e deu início a uma escola de ópera sob a supervisão do professor E. Chisholm, continuando, assim, o trabalho pioneiro de Paganelli.

Algumas das suas performances:
1905 Milão - Teatro Fossati - Don Pasquale (Malatesta)
1906 Veneza - Teatro Rossini - Barbiere di Siviglia (Almaviva)
1907 Forly – Teatro Comunale - Don Pasquale (Ernesto)
1908 Gênova - Teatro Margherita - Don Pasquale (Ernesto)
1909 Caracas - Teatro Municipal - Favorita (Fernando)
1910 Milão - Teatro Lirico - Mignon (Guglielmo)
1911 Porto Rico - Teatro Municipal – Manon (De Grieux)
1912 Cinfuegos - Teatro Municipal - Rigoletto (Duca)
1913 Turim - Teatro Regio - Don Pasquale (Ernesto)
1914 Havana - Teatro Payret - Favorita (Fernando)
1915 Gênova - Teatro Carlo Felice - Don Pasquale (Ernesto)
1916 Parma - Teatro Regio - Favorita (Fernando)
1917 Modena - Teatro Storchi - Mignon (Guglielmo)
1918 Milão - Teatro Lirico - Barbiere di Siviglia (Almaviva)
1919 Bolonha - Teatro Apollo - Barbiere di Siviglia (Almaviva)
1920 Pesaro - Teatro Rossini - Barbiere di Siviglia (Almaviva)
1921 Cairo - Kursaal Dalbagni - Sonnambula (Elvino)
1922 Cairo - Kursaal Dalbagni - Mignon (Guglielmo)
1923 Roma - Teatro Nazionale - Matrimonio segreto (Paolino)
Já postei há tempos algo sobre a minha família (ver aqui, aqui , aqui e aqui).

4 comentários:

Gerhard Santos disse... [Responder comentário]

Hi! thank you for making a great blog, great pictures and most important great effort. *GOD BLESS*

Vida que vence disse... [Responder comentário]

Olá primo , que bela postagem sobre a família, fatos interessantes , obrigada apreciei muito .








Unknown disse... [Responder comentário]

Olá Aquiles, meu marido, já falecido, era seu primo, filho de Maria Antonieta, sua tia. Gostaria de saber mais sobre a família Lazzarotto. Você sabe quem poderia me auxiliar? você tem mais informações? Sinceramente agradecida. Izabel Caplan, tenho FACEBOOK comeste nome. Abraço forte.

Unknown disse... [Responder comentário]

Olá Aquiles, meu marido, já falecido, era seu primo, filho de Maria Antonieta, sua tia. Gostaria de saber mais sobre a família Lazzarotto. Você sabe quem poderia me auxiliar? você tem mais informações? Sinceramente agradecida. Izabel Caplan, tenho FACEBOOK comeste nome. Abraço forte.