Considerações sobre a energia eólica no Brasil
Por Luiz Carlos Baldicero Molion
Um dos argumentos básicos contrários é que energia eólica não é uma fonte de energia segura ou firme, uma vez que o vento é extremamente variável e dependente do posicionamento e intensidade dos sistemas de alta e baixa pressões atmosféricas que, além de variarem de ano para ano, apresentam variações decadais relacionadas com mudanças climáticas. Por essa razão, existe um descompasso entre o suprimento (geração) e a demanda (consumo). Ao longo do ano, durante os períodos em que predominam os sistemas de alta pressão atmosférica, a velocidade dos ventos é baixa e a demanda, em geral, é alta. No caso da Inglaterra, por exemplo, os sistemas de alta pressão estão associados a verões quentes e invernos frios e, em ambas as condições atmosféricas, a demanda de energia elétrica é maior e, portanto, há que se recorrer a outras fontes de energia. Embora a Associação Britânica de Energia Eólica (BAWE) utilize o percentual de 30% como “fator de capacidade” ou “fator de carga” - a fração de energia gerada pelo aerogerador com relação a sua capacidade nominal instalada durante um dado intervalo de tempo - na realidade, sua média tem sido 18% no presente inverno rigoroso, variando de 7% a 27% dependendo do local. Note-se que o fator de capacidade médio na Inglaterra é maior que de outros países, como Alemanha, Dinamarca e Espanha. Na Dinamarca, em 2004, a energia eólica correspondeu a 20% da produção total de eletricidade do país, mas somente 6% foram consumidos, pois os campos de aerogeradores (“wind farms”) produziram excesso de energia em períodos de baixa demanda. Devido a esse aspecto, os países europeus têm enfrentado extrema dificuldade em balancear a carga elétrica em suas redes de distribuição. Ou seja, quando os aerogeradores estão em plena produção, as redes tendem a ficar sobrecarregadas, pois não há demanda. A Alemanha, por exemplo, estimou que precisasse de mais 2.700 km de linhas de transmissão de alta voltagem para transportar a carga gerada em áreas remotas.