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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sábado, 3 de março de 2012

Militares da reserva incitam os da ativa a se insurgirem contra o Estado de Direito (3mar2012)

General, a verdade só machuca quem mente

Por Fernando Brito | Do Tijolaço

[A partir da segunda imagem, trata-se de material que colhi na internet e que mostram uma ínfima fração do quão sombrios eram os tempos da ditadura militar, a qual sempre foi apoiada com entusiasmo pelos grandes veículos da mídia brasileira]


Os nossos chefes militares, de quem só se pode louvar o comportamento que têm tido de respeito às instituições democráticas, sabem, pela experiência que têm com a disciplina e a hierarquia que, quando se deixa passar a pequena transgressão, vêm outra e outra e outra, sempre maiores.

Resolveu-se, há dias, sem apelo aos regulamentos militares, pelo diálogo, uma nota mal-posta dos dirigentes dos clubes militares. Muito bem, melhor sempre a conversa que a ordem.

Mas, na instituição militar mais fortemente que nas civis, é preciso ordem.

A manifestação do general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva no jornal O Globo, hoje [02/03], vai além de uma simples expressão de opinião. É um desrespeito não apenas a uma decisão legislativa mas, também, à própria figura da presidenta da República, sua comandante-em-chefe.

Mais: constitui-se num incitamento a que militares da ativa se insurjam contra ambas, à medida em que diz que os que não manifestarem insatisfação “não são dignos de serem chefes”.


O general chama de “parcial e maniqueísta” uma comissão que sequer se instalou e nem ainda funciona. Como poderia ser parcial ou maniqueísta?

E chega, vejam, a dizer sobre Wladimir Herzog: “quem disse que ele foi morto pelos agentes do Estado?”

Com todo o respeito: teriam sido marcianos, general?


A Comissão da Verdade é, exatamente, contra este tipo de encobrimento, que ainda hoje nega às famílias o direito de enterrar seus mortos, como se lê na entrevista de Eliane Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva, outro a quem o general vilipendia com uma postura eivada de cinismo.

O General Paiva prestou um imenso desserviço às Forças Armadas. Não é contra elas, nem contra seus integrantes, a Comissão da Verdade.


O general leva, com este comportamento, seus chefes à dura e desagradável decisão de puni-lo, nos moldes do regulamento que ele conhece e que a reserva não deixa de obrigar a respeitar.

Talvez, até, seja esse seu objetivo: o de “chamar a punição” para fazer-se de vítima da “intransigência” da esquerda.

Carro que a Folha cedia para o transporte camuflado de prisioneiros políticos rumo ao cárcere e às subsequentes torturas, e que foi incendiado em um protesto

O general não é vítima. Vitima é quem é tratado com deboche por ele: os mortos da ditadura, a lei civil legítima e as autoridades a quem ele deve obediência.

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