Quem sou eu
- Aquiles Lazzarotto
- Bebedouro, São Paulo, Brazil
- Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Para promoverem escritório, advogados entram na Justiça e podem eliminar Corinthians da Libertadores
(28fev2013)
(28fev2013)
Do Blog do Mello
Eles são sócios de um escritório de advogados em São Paulo e também se dizem torcedores do Corinthians.
Mesmo sabendo que o clube havia sido punido preliminarmente por 60 dias, sem direito à torcida em seus jogos, os advogados entraram com liminar na Justiça para ver o Timão jogar ontem pela Libertadores.
A jogada de marketing foi tão planejada, que eles armaram toda uma infra para receberem a imprensa no escritório.
(...)
Leia a íntegra, no Blog do Mello, clicando aqui.
Cuba: 50 verdades que Yoani Sánchez ocultará
(28fev2013)
(28fev2013)
Por Salim Lamrani*, no sítio Opera Mundi
Blogueira faz turnê mundial de 80 dias em cerca de 12 países do mundo para falar sobre Cuba. Mas não dirá tudo...
A famosa opositora está realizando uma turnê mundial de 80 dias em cerca de doze países do mundo para falar sobre Cuba. Mas não dirá tudo...
1. O artigo 1705 da Lei Torricelli, de 1992, adotada pelo Congresso norte-americano, estipula que: “Os Estados Unidos fornecerão apoio a organizações não-governamentais apropriadas, para apoiar indivíduos e organizações que promovam uma mudança democrática não-violenta em Cuba”.
2. O artigo 109 da Lei Helms-Burton, de 1993, aprovada pelo Congresso, confirma essa política: “O Presidente [dos EUA] está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não-governamentais independentes para apoiar os esforços com vistas a construir a democracia em Cuba”.
3. A agência espanhola EFE fala de “opositores pagos pelos EUA” em Cuba.
4. Segundo a agência britânica Reuters, “o governo norte-americano proporciona abertamente apoio financeiro federal para as atividades dos dissidentes”.
5. A agência de notícias norte-americana The Associated Press reconhece que a política de financiar a dissidência interna em Cuba não é nova: “Há muitos anos, o governo dos EUA vem gastando milhões de dólares para apoiar a oposição cubana”.
6. Jonathan D. Farrar, ex-chefe da Seção de Interesses Norte-americanos em Havana (SINA), revelou que alguns aliados dos EUA, como o Canadá, não compartilham da política de Washington: “Nossos colegas canadenses nos perguntaram o seguinte: Por acaso alguém que aceita dinheiro dos EUA deve ser considerado um preso político?”
7. Para Farrar, “Nenhum dissidente tem uma visão política que poderia ser aplicada em um futuro governo. Ainda que os dissidentes não admitam, são muito pouco conhecidos em Cuba fora do corpo diplomático e midiático estrangeiro […]. É pouco provável que desempenhem um papel significativo em um governo que sucederia ao dos irmãos Castro”.
8. Farrar afirmou que “os representantes da União Europeia desqualificaram os dissidentes nos mesmos termos que os do governo de Cuba, insistindo no fato de que não representam a ninguém”.
9. Cuba dispõe da taxa de mortalidade infantil (4,6 por mil) mais baixa do continente americano – incluindo Canadá e EUA – e do terceiro mundo.
10. A American Association for World Health, cujo presidente de honra é Jimmy Carter, aponta que o sistema de saúde de Cuba é “considerado de modo uniforme como o modelo preeminente para o terceiro mundo”.
11. A American Association for World Health aponta que “não há barreiras raciais que impeçam o acesso à saúde” e ressalta “o exemplo oferecido por Cuba, o exemplo de um país com a vontade política de fornecer uma boa atenção médica a todos os cidadãos”.
12. Com um médico para cada 148 habitantes (78.622 no total), Cuba é, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a nação melhor dotada do mundo neste setor.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
UnB forma primeiro médico indígena
(26fev2013)
(26fev2013)
Em depoimento à UnB Agência, Josinaldo da Silva, indígena da tribo Atikum, conta como foi sua trajetória desde o sertão pernambucano até a formatura em um dos cursos mais concorridos do Brasil
Foto: LF Barcelos / UnB Agência
Por Cristiano Torres - Da Secretaria de Comunicação da UnB, no sítio UnB Agência
A 85ª turma de Medicina da UnB marcou um feito inédito: entre os novos médicos estava o primeiro a ser formado pelo vestibular indígena. Josinaldo da Silva, representante da tribo Atikum, no sertão pernambucano, é o símbolo de um projeto de diversidade promovido pela UnB nos últimos dez anos. Engajado com a causa de seu povo, Josinaldo pretende usar o conhecimento adquirido na UnB no programa Saúde da Família, que leva saúde diretamente às comunidades.
No depoimento concedido à UnB Agência, ele conta que sonhava em ser médico desde que começou a trabalhar como agente de saúde, aos 22 anos, mas a falta de opções em sua região fez com que ele estudasse Matemática. Foi a criação do vestibular específico para indígenas na UnB que possibilitou a realização de um sonho. "As informações são mais difíceis na aldeia. Um grupo de colegas veio à capital em 2005 e descobriu as cotas", conta. Me interessei de imediato. Com o curso de Medicina, poderia contribuir mais com a minha aldeia". Leia abaixo trechos do depoimento de Josinaldo.
Chegada a Brasília
Confesso que quando passei, não acreditei. A ficha demorou um pouco a cair. Foi no início de 2006. Vim com uma colega e aqui me reuni com um grupo de indígenas de outros cursos. Éramos 13 cotistas ao todo: além da Medicina, havia estudantes de Enfermagem, Nutrição, Biologia e Farmácia. Foi muito difícil no início. Precisamos pagar um aluguel caro, não tínhamos referências, conhecidos, ninguém que se dispusesse a ser fiador. Além disso, tínhamos uma bolsa de R$ 900. Todo mundo sabe que isso é pouco para a cidade. Nossa salvação foi a Dona Socorro, que nos acolheu na 706 Norte e agiu como um anjo. Era paciente e compreensiva, nos apoiava quando a bolsa atrasava e sempre negociava os pagamentos.
A adaptação na cidade
Eu preciso ser sincero. Estou aqui desde 2006, mas nunca me adaptei. Acho que nunca vou me adaptar. Brasília é agradável, tem um ambiente gostoso, é uma cidade tranqüila, mas é muito fechada. Eu estranho ainda viver num apartamento. A gente que é do mato sempre sente falta da natureza. É o nosso mundo, sabe.
Primeiras impressões da UnB
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Mãos sujas de Sangue
(24fev2013)
(24fev2013)
Do sítio Viomundo
Na série de artigos que o site Teoria e Debate iniciou há duas semanas, Emiliano José retrata alguns exemplos que explicitam a relação da mídia (muitas vezes golpista) com o poder. De Vargas a Goulart, da ditadura a Collor, de FHC a Lula e Dilma, todos esses personagens serão analisados à luz da intervenção da mídia, que o autor qualifica como um partido político, à Gramsci.
Por Emiliano José
O Última Hora não escondia seu apoio a Getúlio, mas não abriu mão do apuro jornalístico, da criatividade e do respeito aos fatos. Tais opções afrontaram as poderosas famílias proprietárias dos instrumentos de construção da opinião pública no Brasil, que se sentiam no direito de conspirar contra governos legítimos. É assim até hoje, desde 2002, quando Lula ganhou as eleições presidenciais
(…) Podemos ser dirigidos por la prensa
sin advertilo. Y no existe en ningún diario
la información por la información; se informa
para orientar en determinado sentido a las
distintas clases e capas de la sociedad, y con el
propósito de que esa orientación llegue a
expresarse en acciones determinadas.
Periodismo y Lucha de Clases, de Camilo Taufic, Akal Ediciones, 1976, pág. 7
* * *
Dia 2 de fevereiro de 1951.
Palácio Rio Negro, Petrópolis.
Primeira reunião do ministério de Getúlio Vargas, recém-eleito, na qual seriam anunciadas as diretrizes centrais do novo governo.
Só dois jornalistas presentes: um repórter da Agência Nacional e Samuel Wainer. Iniciava-se, com ferocidade, a conspiração do silêncio da grande imprensa contra Getúlio. O silêncio ensurdecedor foi o primeiro movimento, não o último.
Getúlio certamente percebeu.
Fim da reunião, Wainer é convidado a ficar e jantar com a família.
Terminado o jantar, é chamado por Getúlio à sala de despachos, vasto salão que o presidente usava para conversas reservadas. Falava sempre entre baforadas de charuto e caminhadas de um lado para outro. Iniciou a conversa com rememorações.
– Tu te lembras de uma frase que disseste no dia em que começamos a campanha?
– Não, presidente – respondeu Wainer.
Getúlio puxou-lhe pela memória:
– Era uma frase sobre jornalismo.
Wainer lembrou-se. Voava com o presidente do Rio de Janeiro para o Amazonas e lhe disse:
– Presidente, a imprensa pode não ajudar a ganhar, mas ajuda a perder.
Dissera mais:
Porque o monopólio emburrece?
(24fev2013)
(24fev2013)
Por Paulo Nogueira, publicado no blog DoLaDoDeLá
E é anunciada a segunda temporada do seriado escandinavo The Bridge. Os ingleses ficam felizes. A série passa na tevê britânica com legendas.
O fato: Bridge pegou.
Saga, a detetive sueca, cabelos loiros sempre soltos, uma cicatriz no lábio que a torna ainda mais atraente, já rivaliza com Sarah Lund, de The Killing, outra série escandinava de sucesso internacional.
Antes que eu fale sobre a história, a pergunta essencial: por que no Brasil não fazemos nada que preste na televisão? Por que somos humilhados em qualidade até pela Escandinávia com seus recursos limitados?
Tenho minha tese: a estética da novela massacra a criatividade. Filmes e séries no Brasil têm uma semelhança irritante com as novelas da Globo. Mesmos atores, mesmos diretores, mesma limitação, mesma falta de surpresa e inovação.
O florescimento do cinema e da tv na Escandinávia está conectado ao grupo Dogma, um conjunto de cineastas iconoclastas e brilhantes entre os quais se destacava Lars von Trier, um dos últimos gênios da direção. The Bridge é um dos filhos do Dogma.
Nosso Dogma, lamentavelmente, é a novela das 9. Que não faz você pensar, e sim tomar cerveja. Me conta um amigo publicitário que em Avenida Brasil tudo era motivo para tomar cerveja, por causa do dinheiro colocado pela Ambev não em propaganda direta, mas no controvertido e perigoso ‘product placement’, o popular mercham. Nele, vc consome publicidade disfarçada no meio do conteúdo.
Quer dizer, os personagens da novela bebiam desmedidamente cerveja não porque tivessem propensão a alcoolismo, mas por conta de um contrato milionário firmado pela Globo. Na Inglaterra, bebidas alcoólicas são proibidas de aparecer subliminarmente, para que não seja estimulado um hábito ruim para a saúde.
E é anunciada a segunda temporada do seriado escandinavo The Bridge. Os ingleses ficam felizes. A série passa na tevê britânica com legendas.
O fato: Bridge pegou.
Saga, a detetive sueca, cabelos loiros sempre soltos, uma cicatriz no lábio que a torna ainda mais atraente, já rivaliza com Sarah Lund, de The Killing, outra série escandinava de sucesso internacional.
Antes que eu fale sobre a história, a pergunta essencial: por que no Brasil não fazemos nada que preste na televisão? Por que somos humilhados em qualidade até pela Escandinávia com seus recursos limitados?
Tenho minha tese: a estética da novela massacra a criatividade. Filmes e séries no Brasil têm uma semelhança irritante com as novelas da Globo. Mesmos atores, mesmos diretores, mesma limitação, mesma falta de surpresa e inovação.
O florescimento do cinema e da tv na Escandinávia está conectado ao grupo Dogma, um conjunto de cineastas iconoclastas e brilhantes entre os quais se destacava Lars von Trier, um dos últimos gênios da direção. The Bridge é um dos filhos do Dogma.
Nosso Dogma, lamentavelmente, é a novela das 9. Que não faz você pensar, e sim tomar cerveja. Me conta um amigo publicitário que em Avenida Brasil tudo era motivo para tomar cerveja, por causa do dinheiro colocado pela Ambev não em propaganda direta, mas no controvertido e perigoso ‘product placement’, o popular mercham. Nele, vc consome publicidade disfarçada no meio do conteúdo.
Quer dizer, os personagens da novela bebiam desmedidamente cerveja não porque tivessem propensão a alcoolismo, mas por conta de um contrato milionário firmado pela Globo. Na Inglaterra, bebidas alcoólicas são proibidas de aparecer subliminarmente, para que não seja estimulado um hábito ruim para a saúde.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Dilma alinha-se à mídia conservadora e rompe compromisso com a sociedade
(23fev2013)
(23fev2013)
Do sítio Viomundo
Governo federal rompe compromisso com a sociedade na área de comunicação
Nota pública do FNDC, via e-mail
A declaração do secretário-executivo do Ministério das Comunicações, no último dia 20, de que este governo não vai tratar da reforma do marco regulatório das comunicações, explicita de forma definitiva uma posição que já vinha sendo expressa pelo governo federal, seja nas entrelinhas, seja pelo silêncio diante do tema.
A justificativa utilizada – a de que não haveria tempo suficiente para amadurecer o debate em ano pré-eleitoral – é patética. Apesar dos insistentes esforços da sociedade civil por construir diálogos e formas de participação, o governo Dilma e o governo do ex-presidente Lula optaram deliberadamente por não encaminhar um projeto efetivo de atualização democratizante do marco regulatório.
Mas o atual governo foi ainda mais omisso ao sequer considerar a proposta deixada no final do governo do seu antecessor e por não encaminhar quaisquer deliberações aprovadas na I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em 2009. O que fica claro é a ausência de vontade política e visão estratégica sobre a relevância do tema para o avanço de um projeto de desenvolvimento nacional e a consolidação da democracia brasileira.
A opção do governo significa, na prática, o alinhamento aos setores mais conservadores e o apoio à manutenção do status quo da comunicação, nada plural, nada diverso e nada democrático. Enquanto países com marcos regulatórios consistentes discutem como atualizá-los frente ao cenário da convergência e países latino-americanos estabelecem novas leis para o setor, o Brasil opta por ficar com a sua, de 1962, ultrapassada e em total desrespeito à Constituição, para proteger os interesses comerciais das grandes empresas.
As estruturas arcaicas dos Conselhos Regionais
(23fev2013)
(23fev2013)
Por Gilberto, em Luis Nasssif Online
É notável como os Conselhos Regionais permanecem isolados e refratários à participação dos profissionais a ele associados. Em geral, a única notícia que temos da existência deles é o boleto de cobrança da anuidade. Vício de origem? As autarquias (aquelas que comandam a si mesmas), tem origem nas corporações, fraternidades, grêmios e sociedades de ofícios. Os conselhos regionais têm como objetivo principal a fiscalização, orientação, controle e aprimoramento do exercício profissional, atuando em defesa da comunidade, reprimindo a atividade de pessoas físicas e jurídicas não habilitadas ou que transcendam às suas atribuições.
Atualmente quais das funções assinaladas elas de fato exercem? Para ficar somente no Conselho Regional ao qual sou filiado, o CREASP, pergunto:
Qual a sua contribuição no controle e aprimoramento do exercício profissional no caso do acidente na estação Pinheiros do Metro?
O que faz atuando em defesa da comunidade no caso dos descumprimento dos contratos e entrega de unidades habitacionais em péssimas condições de uso?
De uns tempos para cá, o CREASP, talvez em função da perda de parte do seu poder com a criação do CAU, passou a ensaiar um pálido e inconsistente incentivo à participação de seus associados. O último deles aconteceu ontem, num comunicado conclamando a presença de seus afiliados, enviado menos de 24 horas antes do evento, para o Congresso Regional Preparatório para a VIII Congresso Estadual de Profissionais...Uma tática digna de estudante “ixperto” de um diretório acadêmico de quinta categoria.
A quem se pretende enganar? O CREASP é apenas um exemplo que acompanho mais de perto. Mas sinto a mesma indignação em profissionais amigos de outras áreas com a atuação de seus conselhos. É necessário reformular estas estruturas monstruosas e arcaicas. Fazer com que elas deixem de ser órgãos arrecadadores, sem função outra que a de manter uma casta de privilegiados que dominam a sua estrutura e atendem exclusivamente aos interesses das grandes construtoras. Os tempos são outros. Não estamos mais em 1933. Que cumpram a missão para a qual foram criados, que se adaptem a necessidade de transparência, que se implantem gestões democráticas e abertas, de fato, à participação. Que sejam motivo de orgulho para profissionais responsáveis que desejam uma atuação digna e necessária de seu órgão de fiscalização. Este é um dos passos essenciais para a criação de um rol de profissionais preparados que o país diariamente reclama.
Anexo a este um estudo da Camara de 2008, "Responsabilidade social dos Conselhos profissionais".
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Viva o símbolo da liberdade cubana de viajar
(22fev2013)
(22fev2013)
Na postagem de hoje do Blog da Cidadania, de Eduardo Guimarães, intitulada "Globo News exibe debate bizarro sobre Yoani Sanchez", há, além do excelente texto do Eduardo, comentários dos quais gostei e que reproduzo a seguir:
Gerson Carneiro:
Luiz Müller:
Na Folha de São Paulo, o jornalista Janio de Freitas, em seu texto intitulado Livres e proibidos, que publico a seguir, em que trata principalmente de questões ligadas ao Poder Judiciário, aborda rápida e magistralmente o assunto Yoani no parágrafo final:
Gerson Carneiro:
“Viva Yoani Sanchez, símbolo da liberdade cubana de viajar e criticar seu país no exterior”.
A figura tem tanta liberdade que tem a ousadia de vir aqui criticar e dar pitaco sobre o Governo brasileiro. Algum outro cubano pode livremente ir aos EUA criticar e dar pitaco sobre o governo norte-americano?
Qual perseguido político pela ditadura brasileira teve a liberdade que essa mulher desfruta? Qual perseguido pela ditadura brasileira girava o mundo e voltava criticando o regime?
José Dirceu e Genoíno acabaram de ser condenados por vingança ainda daquela época.
Luiz Müller:
E a Blogueira, que por 80 dias vai fazer um tour pelo mundo, ainda deixou filhinho em Creche pública do “perigoso” governo cubano. Fosse no brasil da ditadura e esta criança despareceria ou no mínimo tomaria uns choques elétricos Yoane é uma grande farsa, como farsa é a mídia tupiniquim. Por isto perde audiência.
Na Folha de São Paulo, o jornalista Janio de Freitas, em seu texto intitulado Livres e proibidos, que publico a seguir, em que trata principalmente de questões ligadas ao Poder Judiciário, aborda rápida e magistralmente o assunto Yoani no parágrafo final:
Janio de Freitas: Quem no PT, PSOL, PSTU & cia. tiver um mínimo de lucidez, deixará
de ser útil ao projeto que traz a também militante Yoani Sánchez. Foto: Antonio Cruz/ABr
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Quando a religião do dinheiro devora o futuro
(21fev2013)
(21fev2013)
Publicado no blog da Boitempo
Por Giorgio Agamben*
Para entender o que significa a palavra “futuro”, é preciso, antes, entender o que significa uma outra palavra, que não estamos mais acostumados a usar, senão na esfera religiosa: a palavra “fé”. Sem fé ou confiança, não é possível futuro. Só há futuro se pudermos esperar ou crer em alguma coisa.
Sim, mas o que é fé? David Flüsser, um grande estudioso da ciência das religiões – também existe uma disciplina com esse estranho nome – estava justamente trabalhando sobre a palavra pistis, que é o termo grego que Jesus e os apóstolos usavam para “fé”. Um dia, ele se encontrava por acaso em uma praça de Atenas e, em um certo momento, levantando os olhos, viu escrito em caracteres capitais, à sua frente: Trapeza tes pisteos. Estupefato com a coincidência, olhou melhor e, depois de alguns segundos, se deu conta de que se encontrava simplesmente diante de um banco: trapeza tes pisteos significa, em grego, “banco de crédito”.
Eis qual era o sentido da palavra pistis, que ele estava tentando entender há meses: pistis, “fé”, é simplesmente o crédito do qual gozamos junto de Deus e do qual a palavra de Deus goza junto de nós, a partir do momento em que acreditamos nela.
Por isso, Paulo pode dizer em uma famosa definição que “a fé é substância de coisas esperadas” [ou, segundo a versão da Bíblia Pastoral, "um modo de já possuir aquilo que se espera"]: ela é o que dá realidade àquilo que não existe ainda, mas em que acreditamos e confiamos, em que colocamos em jogo o nosso crédito e a nossa palavra. Algo como um futuro existe na medida em que a nossa fé consegue dar substância, isto é, realidade às nossas esperanças.
Temos direito a uma mídia mais informativa e menos partidária
(21fev2013)
(21fev2013)
Não me canso de ficar desolado com a postura de pessoas que conheço, ou pensava conhecer, totalmente contaminada pelo discurso da mídia golpista brasileira. Já de alguns anos decidi não assistir os informativos dessa mídia, preferindo percorrer a blogosfera, bem como sites informativos menos rancorosos. Não deveríamos estar vivendo esse tempo de rancor. Antes, assistíamos impávidos ao sucateamento do aparato estatal brasileiro. Não reagíamos à altura na medida em que ocorria a mercantilização de nossos direitos fundamentais.
Saúde, educação, segurança, entre outros, foram tornados mercadoria e, portanto, retirados das mãos do poder público para servirem de fonte de renda para empresas. No aspecto de segurança, a mídia presta um "inestimável" serviço às empresas do ramo ao difundir pânico e gerar sensação de insegurança. Lucros também são gerados para os médicos, que, mesmo quando aboletados a algum serviço público, direcionam toda sua atenção para seus consultórios particulares ou suas cooperativas médicas (os famigerados planos de saúde). Testemunhamos sem nada balbuciar a entrega do patrimônio público em áreas que são estratégicas para a soberania de qualquer país. A mídia não somente calou-se, mas aplaudiu e louvou essas "posturas pós-modernas" neoliberais.
Particularmente, não guardo rancor pelo fato de nossa infraestrutura ter sido deixada ao léu desde Sarney até FHC. Não foram feitas hidrelétricas, diversas rodovias simplesmente desapareceram. O sentimento que me assalta é de pena. Pena desses respeitáveis cidadãos que não moveram uma palha para pensar nosso país no futuro, e nem o fizeram para dar qualidade de vida à nossa população mais fragilizada e pobre.
Quem disser que o Brasil não mudou nos últimos dez anos está, realmente, enceguecido pelo discurso oposicionista e partidarizado dominante na grande mídia nacional.
Vitória da vergonha: Folha consegue manter censura do blog Falha de S.Paulo
(21fev2013)
(21fev2013)
Por Renato Rovai no Blog do Rovai
O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu nesta quarta-feira ,20, que o blog Falha S. Paulo deve continuar fora do ar. O blog, criado pelos irmãos Mário e Lino Bocchini, era uma divertida paródia do jornal Folha de S.Paulo e brincava com os recorrentes erros da publicação.
A decisão de manter a CENSURA ao Falha de S.Paulo deixou de lado todo o debate sobre liberdade de expressão e se baseou apenas nas leis de Mercado. O desembargador Edson Luiz de Queiróz manteve o blog fora do ar com a justificativa da similaridade entre o nome Falha de S.Paulo e a marca registrada pela Folha de S.Paulo.
Além de um caso óbvio de censura judicial, a manutenção da CENSURA ao Falha de S.Paulo abre um precedente perigoso para a liberdade de expressão, principalmente em relação a sátira e a ironia.
Por exemplo, que se cuide o programa Pânico da TV, exibido pela TV Bandeirantes. Ao satirizar novelas da Globo, o humorístico costuma utilizar-se do mesmo recurso utilizado pela Falha de S.Paulo. Um quadro que faz uma paródia da novela Salve Jorge, da TV Globo, chama-se Salve George. Todo cuidado é pouco de agora em diante. A não ser que o que se fez com a Falha só seja utilizado contra veículos de comunicação que não se alinham ao piguismo.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
A falácia da defesa da liberdade de expressão da Folha de São Paulo
(19fev2013)
(19fev2013)
A Falha vai derrotar a Folha?
Por Altamiro Borges no Blog do Miro
Nesta quarta-feira (20), a partir das 9 horas da manhã, ocorre um julgamento decisivo para o futuro da blogosfera e da verdadeira liberdade de expressão no Brasil. A 5ª turma de desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo decidirá se o blog Falha de S.Paulo, censurado por determinação judicial desde outubro de 2010, poderá voltar ao ar livremente. Será a briga entre um sítio irreverente e crítico contra um dos maiores impérios midiáticos do país, o Grupo Folha. A famiglia Frias, que no passado apoiou o golpe e a ditadura militar e que hoje censura um blog satírico, estará na berlinda.
O julgamento é inédito no Brasil, segundo a avaliação do próprio juiz de 1ª instância, Gustavo de Carvalho, que rejeitou alguns dos argumentos da Folha, mas manteve a Falha fora do ar. Os três desembargadores que julgarão o caso vão decidir se prevalece a tese da Grupo Folha, de “uso indevido da marca” (mesmo que não houvesse concorrência comercial e o objetivo fosse uma paródia) ou a tese dos criadores da Falha, os irmãos Lino e Mário Bocchini, que evoca a liberdade de expressão para fazer críticas.
O caso da Falha já adquiriu repercussão internacional.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Eben Alexander III: "Minha experiência em coma"
(18fev2013)
(18fev2013)
Ousei traduzir este artigo do Dr. Eben Alexander III, e peço aos leitores que relevem incorreções ao traduzir trechos eminentemente técnicos do texto. Aos interessados, o texto original pode ser acessado clicando-se aqui. O artigo foi publicado na revista da American Association of Neurological Surgeons (AANS). Entendo que seja relevante divulgar esse trabalho, que pode abrir novas e refrescantes discussões dentro das ciências em geral, ampliando horizontes e levantando barreiras que até então pareciam intransponíveis: o famoso limite temido pelos cientistas que parece encaminhar para a crença religiosa. Ademais, religiosos de variadas vertentes poderiam aliar-se aos verdadeiros buscadores do conhecimento sem fronteiras, encaminhando-nos a todos para uma reavaliação dos mistérios da vida. Boa leitura:
AANS NEUROSURGEON: FEATURES
Volume 21, número 2, 2012
Minha experiência em Coma
Por Eben Alexander III, MD, FACS
Há duas maneiras de ser enganado. Uma é acreditar que não é verdade, a outra é recusar-se a acreditar que é verdade. - Søren Kierkegaard (1813-1855)
Às 4:30 da manhã de 10 de novembro de 2008, de repente, fiquei muito doente com meningite bacteriana aguda. Dentro de quatro horas, eu estava em coma profundo; eu passei os sete dias seguintes em coma, em um ventilador. A meningite bacteriana com um declínio tão rápido da função neurológica conferia-me uma probabilidade de morte de 90 por cento, mesmo na época da minha primeira avaliação na emergência, mas as minhas perspectivas de sobrevivência rapidamente pioraram. Meus médicos no Hospital Geral de Lynchburg, na Virgínia, ficaram chocados ao descobrir que eu tinha adquirido meningite E. coli espontânea, que tem uma incidência anual de menos de uma em 10.000.000 (1). Eles foram ajudados por especialistas da Universidade da Virgínia, Duke, Hospital Geral de Massachusetts e além, em seus esforços para encontrar uma causa e forçar uma reviravolta no que a princípio parecia ser uma irreversível espiral da morte na medida em que eu não respondi a antibióticos triplos.
Meu histórico médico de viagem recente a Israel (como parte do meu trabalho de coordenação global de desenvolvimento da cirurgia de ultra-som focalizado) levantou grande preocupação entre os médicos. Por volta da época da minha visita, os médicos do The Tel Aviv Sourasky Medical Center haviam relatado o primeiro caso bem documentado do mundo de transferência espontânea de plasmídeo do gene do Klebsiella Pneumonia carbapenemase (KPC) de genes de um organismo gram-negativa fatal em um paciente previamente não infectado com E. coli intestinal conferindo a este último total resistência a antibiótico. As implicações terríveis para uma pandemia desastrosa se como um E. coli escapasse do estrito isolamento de uma UTI hospitalar eram óbvias, e meus médicos consideraram que eu posso representar tal caso.
Meus exames neurológicos foram consistentes com danos corticais difusos mais disfunção motora ocular. Minhas varreduras CT revelaram o envolvimento neocortical global e, no terceiro dia, a proteína de meu líquido cefalorraquidiano (CSF) era 1.340 mg/dl, a contaegm das células brancas do sangue do meu CSF era de 4300 por mm3, e meu nível de glicose no CSF foi para 1 mg/dl . Eu estava muito doente, com chances decrescentes de sobrevivência e virtualmente nenhuma oportunidade para a recuperação. Meus médicos nunca encontraram uma razão para a minha misteriosa doença.
Copa 2014: obras do Viaduto do Despraiado em fase final
(18fev2013)
(18fev2013)
Notícia publicada no sítio Mídia News informa que os trabalhos de construção do viaduto do Despraiado, com extensão de 325m, estarão concluídos em abril próximo. A preparação das vias para o tráfego local, rotatória em baixo do viaduto, bem como o acesso da perimetral para o viaduto, já vem sendo feita e deve ser concluída pouco tempo após a conclusão efetiva do viaduto.
As imagens abaixo, obtidas no citado sítio, mostram o projeto (uma projeção de como ficará o trecho após a conclusão das obras) e o estágio atual da construção.
As imagens abaixo, obtidas no citado sítio, mostram o projeto (uma projeção de como ficará o trecho após a conclusão das obras) e o estágio atual da construção.
Pesquisa sobre cotas para negros revela um país atento e decidido
(18fev2013)
(18fev2013)
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
No começo, fizeram-se as trevas. Um obscurantismo democrático só comparável ao da ditadura militar se abateu sobre a sociedade brasileira em forma de tentativa dos seus setores mais abastados de imporem a todos uma adesão incondicional à manutenção de privilégios injustos a um seu setor literalmente microscópico.
Apesar de a política pública (mal chamada) de cotas “raciais” ter surgido em universidades estaduais do Rio de Janeiro alguns anos antes, o que desencadeou uma interminável cruzada midiática contra si foi a lei federal 4.876/2003, instituída ao fim do primeiro ano do governo Lula.
A elite étnica, econômica e regional que sempre mandou e demandou no país começou a ver, ali, o embrião do que seria aquele governo, ou seja, um governo que, pela primeira vez na história, ergueria dezenas de milhões da pobreza em que haviam sido esquecidos e os tornaria parte de uma nova “classe média” que, em poucos anos, abrigaria a maioria deste povo.
O Brasil, então, em um mundo em que há cerca de duas centenas de nações ocupava desonrosa posição entre os cinco mais socialmente injustos, perdendo em injustiça social e concentração de renda somente para países miseráveis da África e da América Latina.
Desde a redemocratização, obtida por fadiga de material após duas décadas de uma ditadura militar em que a desigualdade econômica, étnica e regional se aprofundara como nunca antes, tal herança de exclusão social que conflagrara o país e o colocara em virtual guerra civil não refluíra praticamente nada.
A partir de 2003, porém, essa “herança maldita” começaria a ser combatida.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
São as pequenas coisas que contam
(17fev2013)
(17fev2013)
Do sítio William LePar
Série Vida Após a Morte
Parte 1
São as pequenas coisas que contam
A fonte espiritual de William LePar, O Conselho, falou sobre a vida após a morte, em nossa pesquisa e grupos de estudo por mais de três anos. Além disso, em 1985, enquanto no hospital para exames de rotina, o Sr. LePar experimentou uma EQM (experiência de quase morte). Ao longo das próximas várias postagens eu gostaria de compartilhar com vocês a percepção que o Conselho deu junto com gravações recentemente transcritas de experiências do Sr. LePar sobre o outro lado do véu. Esta é a primeira de uma série. Eu acredito que o que o Sr. LePar nos diz a seguir seja tão importante quanto qualquer coisa que eu vou postar no futuro. Isso nos dá informações sólidas para facilitar a nossa transição para a nossa realidade espiritual.
Falamos de morrer e ir para o céu ou para o inferno. Seria tão simples! Posso garantir que haverá algumas pessoas que, para onde elas vão, desejariam que houvesse, de fato, um inferno. Isso seria fácil, isso seria fácil. Eu posso falar de experiência própria. Eu atravessei o processo de morte. Eu fui lá, eu voltei. Eu sei o que está lá. Sabendo disso, eu também fui abençoado para ver um pouco mais. Ou seja: a única maneira de ter sucesso é ser uma pessoa carinhosa. Não são as grandes, maravilhosas coisas espirituais que você faz na vida. São as coisas pequeninas que nós geralmente não consideramos importantes. Apenas um pequeno ato de bondade. Digamos que você esteja sentado no trabalho e você tem um saquinho de doces. Se um de seus colegas de trabalho passa, você pega um doce e diz: "Ei, você é doce, aqui está um pouco de doçura para mostrar o meu agradecimento por sua doçura". Uma pequena observação agradável, que pode soar piegas. Bem, pode ser piegas, mas você não sabe, essa pessoa pode estar realmente deprimida e de baixo astral. Uma pequena observação agradável como essa, uma observação bonitinha, uma observação banal, um pedaço de doce, poderia fazer um mundo de diferença para a pessoa naquele momento no tempo. Mas entenda: não sabemos isso!
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Comprometam-se a se apaixonar louca, total, incondicional e alegremente por si mesmos
(14fev2013)
(14fev2013)
Esta mensagem que trago do Blog SÍNTESE é, para mim, a reafirmação de sábias e conhecidas indicações que já recebemos ao longo de nossa história civilizatória: "Conhece-te a ti mesmo", "Ama ao próximo como a ti mesmo". Em suma, quem não consegue amar a si mesmo será incapaz de amar a outrem e, tão ruim quanto, será incapaz de verdadeiramente receber o amor de quem quer que seja. A maioria de nós não se aceita integralmente, alimentando uma baixa auto-estima que se transforma em impedimento para aceitar as demais pessoas como elas são, amando-as exatamente como elas são. Ora, se de nós mesmos fazemos cobranças absurdas e pouco amorosas, o que se dizer do quanto nos arrogamos o direito de cobrar dos nossos semelhantes?
Por Arcanjo Gabriel
Canalizado por Shelley Young (destaques meus)
Enquanto os seres humanos da luz ficam mais acostumados às energias mais novas desta era toda nova, para muitos, seus focos estarão nos relacionamentos, especialmente, na parceria divina.
Queridos, muitos de vocês são almas tão amorosas, doadoras que saíram do equilíbrio.
Muitos de vocês, estando na Terra com contratos de serviço, têm lutado com os limites adequados e também com sua capacidade de receber amor.
Avançando, os seres humanos estarão procurando amor, respeito em equilíbrio e seus relacionamentos principais e também integridade, transparência e serviço mútuo com um forte foco no crescimento pessoal contínuo.
Isto é maravilhoso!
Vocês podem sentir como isto levará a relacionamentos que lhes permitem celebrar a si e também aos outros?
A chave para encontrar esse amor incondicional que tantos de seus corações anseiam é praticar o amor incondicional a si primeiro, entendendo que ao manter essa energia vocês somente podem atrair mais do mesmo para sua expressão de vida.
Como com toda grande mudança, cura e criação, tudo deve começar interiormente primeiro.
Então, neste dia que comemora o amor, comprometam-se a se apaixonar louca, total, incondicional e alegremente por si mesmos, e o universo se verá compelido a se unir a vocês nessa dança de amor.
Arcanjo Gabriel
Arcanjo Gabriel através de Shelley Young
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Tradução: Blog SINTESE http://blogsintese.blogspot.com
Respeite todos os créditos
Oligarquias familiares no Judiciário
(14fev2013)
(14fev2013)
Do sítio Os Amigos do Presidente Lula
Coluna de Felipe Patury na Revista Época. Elogio?
Imaginem uma jovem filha de um senador, deputado ou político, sem muitas credenciais nos meios jurídicos, entrar na lista de indicações da OAB para ser desembargadora do Rio de Janeiro. Iriam crucificar o político no noticiário, não é?
Pois a jovem Marianna Fux, filha do ministro do STF, Luiz Fux, concorre a uma vaga de desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Se tivesse feito carreira por concurso público, nada haveria a questionar, mas ela se candidata através da vaga reservada para indicação pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), onde vale muito o prestígio e a rede de relacionamentos com os poderosos ou com a própria classe.
Seu currículo, mostrado no "site" do escritório de advocacia Sérgio Bermudes, onde trabalha, diz que bacharelou-se em Direito pela Universidade Cândido Mendes (UCAM), no Rio de Janeiro; é Pós-Graduada em Teoria das Obrigações e Prática Contratual pelo programa de educação continuada da Fundação Getúlio Vargas (FGV); indica seu número de inscrição na OAB e só. Um currículo modesto para quem aspira ser desembargadora.
A família Fux não é a única nesta situação. A filha do ministro Marco Aurélio de Mello, também concorre, também via vaga da OAB, mas uma não atrapalha a outra, pois é em outro tribunal, o Tribunal Regional Federal.
Não é nada proibido pela lei e, de certa forma, é mais ou menos assim que a banda toca no preenchimento desse tipo de vaga, mas é o que costuma se chamar de "peixada", "pistolão", não é mesmo?
Se a advogada deseja ingressar na carreira pública, por que não fazer um concurso ou para juíza, ou para procuradora, ou para defensora pública? E, se destacar no cargo, aí sim almejar os postos mais altos.
Se fosse filha de político, diriam que não é republicano, haveriam indignados vociferando nas redes sociais. Pois o vício de querer passar o poder de pai para filho no judiciário é o mesmo de oligarquias políticas que se perpetuam no poder ao longo de gerações. Os políticos, pelo menos, bem ou mal, tem que passar pela prova das urnas de 4 em 4 anos.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Crianças diferentes
(8fev2013)
(8fev2013)
Há alguns dias tive a oportunidade de manter uma longa conversa com um professora da rede pública de ensino fundamental daqui de Cuiabá. Entre os muitos assuntos relativos aos nossos respectivos trabalhos - ambos somos professores -, um me veio agora à lembrança ao ler uma postagem do blog SÍNTESE que trata das crianças "diferentes" que estão começando a nascer na Terra.
Minha amiga relatou-me o caso de um menino que não se interessa em absoluto por nada que a escola lhe proporciona. Seu único e exclusivo interesse é por Biologia. Segundo ela, ele devora livros de biologia, suas figuras e principalmente tudo sobre animais.
Encaminhado à sala de informática, o aluno, por indicação da professora, foi apresentado a sítios os mais diferentes que tratam da vida animal. A professora contou que o menino é capaz de falar longamente sobre animais de todo o mundo. Conhece seus nomes, seus hábitos, seus habitats. É o único tema que o faz falar, que o mobiliza, permitindo-lhe mostrar que tem boa memória e boa capacidade de apreender conhecimento. Mas desde que seja o conhecimento que lhe interessa. Os demais ele dispensa.
Qualquer outra atividade da escola o deixa alheio, completamente. Exceto por eventualmente jogar futebol, e mesmo assim sem grandes interações com os demais meninos.
O texto do blog SÍNTESE tem o título "Uma nova 'casta' de humanos: o que esperar das crianças encarnando agora", e pode ser acessado clicando-se aqui.
Na verdade estamos, muitos de nós, adultos, estranhando as posturas de muitos dos atuais adolescentes. Sua capacidade de uso e interação com as novas tecnologias é fantástica. Sinto-me, muitas vezes, irremediavelmente ultrapassado quando me "bato" com os novos celulares, ipods, ipads etc. Há um intervalo ou uma barreira que não ultrapassarei no trato com esses equipamentos. Já para os jovens é um zás-trás. Em poucos segundos um adolescente vasculha seu celular e você acaba descobrindo coisas que nunca sonhou que aquele aparelhinho pudesse fazer ou guardar.
Se realmente uma nova e modificada geração de humanos está chegando, isso me parece uma excelente notícia, pois serão eles os herdeiros deste mundo. Herdeiros mais bem equipados para resolver tantas trapalhadas e limpar os ranços que as gerações anteriores (inclusive a minha) acumularam ao longo dos séculos. Boas vindas, então!
Minha amiga relatou-me o caso de um menino que não se interessa em absoluto por nada que a escola lhe proporciona. Seu único e exclusivo interesse é por Biologia. Segundo ela, ele devora livros de biologia, suas figuras e principalmente tudo sobre animais.
Encaminhado à sala de informática, o aluno, por indicação da professora, foi apresentado a sítios os mais diferentes que tratam da vida animal. A professora contou que o menino é capaz de falar longamente sobre animais de todo o mundo. Conhece seus nomes, seus hábitos, seus habitats. É o único tema que o faz falar, que o mobiliza, permitindo-lhe mostrar que tem boa memória e boa capacidade de apreender conhecimento. Mas desde que seja o conhecimento que lhe interessa. Os demais ele dispensa.
Qualquer outra atividade da escola o deixa alheio, completamente. Exceto por eventualmente jogar futebol, e mesmo assim sem grandes interações com os demais meninos.
O texto do blog SÍNTESE tem o título "Uma nova 'casta' de humanos: o que esperar das crianças encarnando agora", e pode ser acessado clicando-se aqui.
Na verdade estamos, muitos de nós, adultos, estranhando as posturas de muitos dos atuais adolescentes. Sua capacidade de uso e interação com as novas tecnologias é fantástica. Sinto-me, muitas vezes, irremediavelmente ultrapassado quando me "bato" com os novos celulares, ipods, ipads etc. Há um intervalo ou uma barreira que não ultrapassarei no trato com esses equipamentos. Já para os jovens é um zás-trás. Em poucos segundos um adolescente vasculha seu celular e você acaba descobrindo coisas que nunca sonhou que aquele aparelhinho pudesse fazer ou guardar.
Se realmente uma nova e modificada geração de humanos está chegando, isso me parece uma excelente notícia, pois serão eles os herdeiros deste mundo. Herdeiros mais bem equipados para resolver tantas trapalhadas e limpar os ranços que as gerações anteriores (inclusive a minha) acumularam ao longo dos séculos. Boas vindas, então!
Os coices e relinchos de Nelson Motta
(8fev2013)
(8fev2013)
Por Altamiro Borges, em seu blog
Quando escreve nos jornalões ou fala na tevê sobre cultura e arte, Nelson Motta é uma pessoa civilizada e até dá boas contribuições. Já quando se mete na política, o serviçal da famiglia Marinho adora dar “coices” e “relinchar” – para utilizar duas expressões recentes dele próprio para desqualificar os que não comungam das suas ideias. Hoje, no jornal O Globo, ele abusou da manipulação para atacar os que lutam pelo fim do monopólio privado dos meios de comunicação no Brasil. Parece até preocupado com o seu emprego!
No artigo intitulado “Piadas no salão”, ele cita uma frase do ex-ministro José Dirceu num ato em Brasília – “não podemos permitir que nossa palavra seja cerceada por aqueles que têm o monopólio da comunicação” – para garantir que não há concentração de mídia no Brasil. “Que monopólio de araque é esse com tantas empresas competindo num dos maiores mercados publicitários do mundo? Hoje no Brasil a coisa mais fácil é criar um jornal, site ou revista que apoie o governo incondicionalmente e o PT preferencialmente”.
Sete famílias dominam a mídia no país e embolsam mais de R$ 16 bilhões anuais em publicidade e Nelson Motta, “o ingênuo”, garante que não existem monopólios no país! Até a insuspeita organização não governamental Repórteres Sem Fronteira divulgou recentemente um relatório criticando os “Berlusconis” nativos – mas a mídia monopolizada, que sempre prestigiou a ONG, não deu qualquer destaque para a grave denúncia. Será que o folião da Rede Globo teve acesso ao relatório ou teve tempo para lê-lo?
Mentiroso, Nelson Motta também afirma que “a coisa mais fácil” é criar um jornal ou sítio “que apoie o governo incondicionalmente”. Na verdade, os veículos que se opõem à máfia midiática passam hoje por enormes dificuldades, mendigando publicidade, exatamente porque o governo federal prefere alimentar cobra e concentrar as verbas nos monopólios. A grana das estatais e dos órgãos públicos, mais de R$ 1,5 bilhão por ano, ajuda pagar os régios salários de alguns “calunistas” da mídia – inclusive o de Nelson Motta!
O serviçal da Globo garante que a “imprensa independente” – aquela composta pelos “imparciais” Marinho, Frias, Civita e outros – “não depende de favores do governo e vive de anunciantes privados”. Seja consequente, então! Peça para o governo suspender os bilionários anúncios publicitários nestes veículos “independentes”. Para ele, “um dos relinchos mais estridentes nos blogs políticos é exigir que Dilma corte toda a publicidade estatal da TV Globo”. Repetindo: até parece que ele está com medo de perder seu emprego!
A única coisa aproveitável do “relincho” de Nelson Motta é a marchinha carnavalesca que ele publica no final do seu artigo. “É ou não é piada de salão. Se acha que não é então não conte não”. Serve perfeitamente para o seu patético artigo!
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Autonomia universitária em risco pelas interferências judiciais e pela criminalização de movimentos estudantis
(7fev2013)
(7fev2013)
Vivemos dias esquisitos, para dizer o mínimo! Nossa sociedade parece estar macaqueando a sociedade estadunidense em seus aspectos menos interessantes (deve haver alguns interessantes, provavelmente). Tudo lá é motivo de processo na justiça. Cada estadunidense é doidinho para arrancar uns dólares de seus semelhantes a qualquer custo.
Por aqui, a Justiça é utilizada mais para intimidar e tentar calar os movimentos sociais, estudantis, blogueiros etc. etc. É incrível que a Justiça aceite processos contra as universidades ou as comunidades universitárias, rompendo com o princípio constitucional da autonomia universitária. Qualquer problema interno da Universidade pode ser resolvido no âmbito dos regimentos internos da instituição, com processos administrativos ou disciplinares onde as partes têm amplo espaço para apresentarem suas respectivas posições. No entanto, os Colegiados são cada vez mais cerceados em suas prerrogativas na medida em que o Poder Judiciário acata processos que envolvem questões absolutamente acadêmicas.
Se um professor, técnico ou estudante ofende colegas, por exemplo, um processo disciplinar interno vai colher os depoimentos das partes envolvidas e, em se comprovando que o acusado realmente infringiu as normas acadêmicas ou o código disciplinar da instituição, a Comissão encarregada da realização do processo disciplinar pode indicar à administração superior a punição cabível ao caso.
Colocando toda a situação de ponta-cabeça, o acusado e punido pode processar os depoentes do processo, que relataram as suas atitudes academicamente inadequadas, por perdas e danos morais. E, pior, há juízes que acatam tal tipo de processo. Com isso, rompe-se o tecido da ordem acadêmica, bem como a autoridade e a autonomia da universidade no estabelecimento de um sadio ambiente de vivência dentro da academia. Qual membro da comunidade acadêmica, diante disso, denunciará ou coibirá um ato de desrespeito a que tenha presenciado? Uma vez que o ataque judicial é contra sua pessoa e não contra a instituição, pergunto: quem, na comunidade acadêmica, tem disponibilidade financeira para bancar sua defesa?
Diferentemente do exemplo hipotético acima citado, mas caminhando no mesmo sentido de interferência na autonomia universitária, vemos a judicialização e criminalização dos movimentos sociais construídos pelos segmentos que compõem a comunidade universitária. Greves, passeatas e fundadas atitudes de protesto são mais e mais tratadas como casos de polícia e de processos judiciais, como forma de intimidar a sociedade, de calar aspirações e demandas. Para tanto, contribuem em muito alguns regimentos internos desatualizados de diversas universidades. Tais regimentos clamam por revisões (ou pelo seu abandono) por parte dos conselhos superiores dessas instituições. Muitas dessas normas foram criadas à sombra e sob a inspiração das leis de exceção impostas pela ditadura civil-militar iniciada em 1964. Há normas anacrônicas e em completo descompasso com o atual processo político vivido em nosso país. Ou não?
Com regulamentos internos que afrontam a prática da cidadania por parte dos estudantes, eventuais administrações de perfil conservador e repressivo terão a faca e o queijo na mão para desarticular dissidências e para desestimular o aprendizado do fazer político que seria intrínseco do viver acadêmico. A universidade é um dos berços privilegiados para o pensamento político e local para politização mais acurada de nossa juventude. No entanto, o que se vê, majoritariamente em cursos de áreas ditas técnicas, são estudantes indiferentes à política mas nem um pouco indiferentes às "dicas" para se darem bem na vida profissional. Estudantes que se vêem como mercadoria a ser elaborada e ofertada pela universidade ao mercado de trabalho. Estudantes que não se vêem como cidadãos que terão participação por vezes radical na transformação de espaços e do cotidiano da população em geral. Participação que dificilmente terá o viés do interesse coletivo, social, mas sim o daqueles que pagam pelo "serviço". E muitos se esquecem de que quem paga pela sua formação é essa mesma população que poderá ser prejudicada por seus "pareceres técnicos e imparciais".
Já os poucos grupos que ousam levantar a cabeça para debater, questionar e pensar sobre política, esses não têm muita guarida mesmo no campo institucional. Eles são incômodos. Eles perturbam. Eles precisam ser pressionados a abandonar tais posturas, exceto quando suas demandas "coincidirem" com interesses políticos da administração da universidade.
O quadro é mesmo estranho. Quem não tem noção do que seja o decoro acadêmico não pode ser processado porque a Justiça acatará suas queixas e dará andamento a processos contra as testemunhas formais de suas mazelas. Quem ousa contestar politicamente as posturas da academia, exigindo melhorias, é processado na mesma Justiça que acoitou aquele que, de fato, desrespeitou o ambiente acadêmico.
Qual é o recado? Cala-se a formação integral que uma universidade deveria prover aos seus estudantes. Primeiro, dando-se cobertura judicial a quem não descobriu que a vivência social e o ambiente acadêmico requerem uma noção de limite; a noção de que sua liberdade termina onde começam os direitos dos outros. Segundo, dando-se cobertura a administrações que se valem de regulamentos autoritários para cortar pela raiz a possibilidade do aprendizado do exercício da cidadania.
De minha parte, passo a esperar com certa sofreguidão que meu tempo para aposentadoria se complete (e torcer para que as regras não sejam mudadas mais uma vez), para que eu não tenha que conviver, num futuro breve, com uma universidade que cada vez reconheço menos, com a qual cada vez menos me identifico. Será muito doloroso ver a universidade brasileira completamente encilhada e amordaçada, destituída de sua autonomia. Será triste ver a universidade como uma fábrica de bonequinhos de ventríloquo, formados com dinheiro público mas tendo como único horizonte seus interesses pessoais (vide, como exemplo, a maioria dos melhores médicos é formada em escolas públicas e foge de trabalhar com a saúde pública, preferindo se instalar em sofisticados e caros consultórios particulares).
A ideia de universidade, tão bem construída ao longo dos séculos, voltada para pensar as necessidades e os novos caminhos para o crescimento da humanidade, está se desvanecendo. As nossas universidades, no passo atual, vão se parecendo mais e mais com colégios de educação básica. Ou talvez estejam ficando aquém desses colégios. Dá-se um diploma ao indivíduo e ele que vá aprender da vida no famoso e ansiado (pelos estudantes) mercado de trabalho. Perdem-se os conceitos de ética, ao mesmo tempo em que crescem os valores de uma moralidade tacanha e egoísta.
Uma amostra do quadro atual está explicitado nas notas que transcrevo abaixo, relativas às atitudes autoritárias e judicializantes da administração da Universidade de São Paulo (com destaques meus), em consonância com as políticas públicas do governo do Estado de São Paulo. Aliás, nada pode ser mais identificado com uma elite arcaica e anacrônica do que o poder judiciário no Estado de São Paulo. O que reforça minha visão de que os melhores advogados (que passam em concursos para o Poder Judiciário) são formados nas melhores escolas públicas do país. No entanto, são provenientes de uma classe social distanciada da realidade vivida pela maioria da população brasileira. Eles vêem o mundo pela ótica do grupo social elitista em que foram criados. E é por esta ótica que eles se permitem desprezar ou simplesmente sentirem ojeriza pelos movimentos sociais. Nunca lhes foi necessário lutar por nada. Nunca precisaram conquistar nada em termos de seus direitos sociais, pois a eles nada foi negado e seus direitos nunca foram sequer ameaçados. É claro que para toda regra há exceções, as quais somente servem para confirmar a regra.
No dia 31 de janeiro de 2013, a reitoria da USP finalizou o andamento de processos administrativos contra estudantes e funcionários tendo por fundamento o decreto n°52.906/1972, conhecido como regime disciplinar da USP, editado em consonância com o Ato Institucional n°5. As punições compreendem de 5 a 15 dias de suspensão para 72 estudantes e funcionários da USP por participarem do movimento político que ocupou o prédio da reitoria em novembro de 2011, na luta contra a militarização da Universidade e a violência policial.
Menos de uma semana após a determinação das punições administrativas, no dia 5 de fevereiro, o Ministério Público Estadual (MPE) denuncia os 72 estudantes, funcionários e manifestantes por formação de quadrilha, posse de explosivos, danos ao patrimônio público, desobediência e crime ambiental por pichação, que indicam o mínimo de 8 anos de prisão.
A criminalização do movimento político na universidade, além de ser confirmada com as punições aparentemente leves (suspensões de até 15 dias), previstas em regime disciplinar, tem nova faceta na investigação criminal do movimento político no Ministério Público Estadual e escancara a evidente criminalização dos movimentos sociais e políticos, fora e dentro da Universidade.
As punições referentes aos processos administrativos consolidam o fato de que a reitoria da USP, amparada pelo regimento disciplinar, segue empreendendo o acordo com a Polícia Militar, com a evidência, hoje, de que não há por parte da reitoria, qualquer tipo de política de “segurança” que não seja a presença da PM. Nada foi realizado no campus em relação à melhor iluminação das vias, por exemplo. Nesse sentido, a ameaça de prisão vem se constituir em mais uma medida de judicialização da política, que coíbe o debate, a participação e a manifestação de ideias.
Nesse sentido, se faz necessário somar esforços em defesa dos estudantes e funcionários punidos administrativamente e, desde o dia 5 de fevereiro, denunciados pelo Ministério Público Estadual, exigindo a imediata revogação dos processos e a imediata anulação da denúncia.
Fórum Aberto Pela Democratização da USP
Adusp, Sintusp, DCE, APG, CAHIS, Guima, CEUPES, CAF, CEPEGE
Levante Popular da Juventude, Juntos, Ler-QI, Rompendo Amarras, Para Além dos Muros, Partido Operário Revolucionário, Consulta Popular
O DCE-Livre da USP e abaixo-assinados exigem a retirada imediata da denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça no dia 5 de fevereiro, que acusa 72 estudantes da universidade, detidos durante a violenta reintegração de posse do prédio da reitoria em 2011 por parte da Tropa de Choque da Polícia Militar, por danos ao patrimônio público, pichação, desobediência judicial e formação de quadrilha. Além disso, também repudiam as declarações da promotora Eliana Passarelli, autora da denúncia, à imprensa que chama os estudantes de bandidos e criminosos. Na nossa opinião, a intenção de criminalizar esses estudantes é um ataque ao movimento estudantil e aos movimentos sociais de conjunto, em todo Brasil, que possuem o direito democrático de livre expressão, manifestação e organização política e ideológica. Lutar por democracia na universidade não é crime.
Para apoiar a petição, clique aqui.
Por aqui, a Justiça é utilizada mais para intimidar e tentar calar os movimentos sociais, estudantis, blogueiros etc. etc. É incrível que a Justiça aceite processos contra as universidades ou as comunidades universitárias, rompendo com o princípio constitucional da autonomia universitária. Qualquer problema interno da Universidade pode ser resolvido no âmbito dos regimentos internos da instituição, com processos administrativos ou disciplinares onde as partes têm amplo espaço para apresentarem suas respectivas posições. No entanto, os Colegiados são cada vez mais cerceados em suas prerrogativas na medida em que o Poder Judiciário acata processos que envolvem questões absolutamente acadêmicas.
Se um professor, técnico ou estudante ofende colegas, por exemplo, um processo disciplinar interno vai colher os depoimentos das partes envolvidas e, em se comprovando que o acusado realmente infringiu as normas acadêmicas ou o código disciplinar da instituição, a Comissão encarregada da realização do processo disciplinar pode indicar à administração superior a punição cabível ao caso.
Colocando toda a situação de ponta-cabeça, o acusado e punido pode processar os depoentes do processo, que relataram as suas atitudes academicamente inadequadas, por perdas e danos morais. E, pior, há juízes que acatam tal tipo de processo. Com isso, rompe-se o tecido da ordem acadêmica, bem como a autoridade e a autonomia da universidade no estabelecimento de um sadio ambiente de vivência dentro da academia. Qual membro da comunidade acadêmica, diante disso, denunciará ou coibirá um ato de desrespeito a que tenha presenciado? Uma vez que o ataque judicial é contra sua pessoa e não contra a instituição, pergunto: quem, na comunidade acadêmica, tem disponibilidade financeira para bancar sua defesa?
Diferentemente do exemplo hipotético acima citado, mas caminhando no mesmo sentido de interferência na autonomia universitária, vemos a judicialização e criminalização dos movimentos sociais construídos pelos segmentos que compõem a comunidade universitária. Greves, passeatas e fundadas atitudes de protesto são mais e mais tratadas como casos de polícia e de processos judiciais, como forma de intimidar a sociedade, de calar aspirações e demandas. Para tanto, contribuem em muito alguns regimentos internos desatualizados de diversas universidades. Tais regimentos clamam por revisões (ou pelo seu abandono) por parte dos conselhos superiores dessas instituições. Muitas dessas normas foram criadas à sombra e sob a inspiração das leis de exceção impostas pela ditadura civil-militar iniciada em 1964. Há normas anacrônicas e em completo descompasso com o atual processo político vivido em nosso país. Ou não?
Com regulamentos internos que afrontam a prática da cidadania por parte dos estudantes, eventuais administrações de perfil conservador e repressivo terão a faca e o queijo na mão para desarticular dissidências e para desestimular o aprendizado do fazer político que seria intrínseco do viver acadêmico. A universidade é um dos berços privilegiados para o pensamento político e local para politização mais acurada de nossa juventude. No entanto, o que se vê, majoritariamente em cursos de áreas ditas técnicas, são estudantes indiferentes à política mas nem um pouco indiferentes às "dicas" para se darem bem na vida profissional. Estudantes que se vêem como mercadoria a ser elaborada e ofertada pela universidade ao mercado de trabalho. Estudantes que não se vêem como cidadãos que terão participação por vezes radical na transformação de espaços e do cotidiano da população em geral. Participação que dificilmente terá o viés do interesse coletivo, social, mas sim o daqueles que pagam pelo "serviço". E muitos se esquecem de que quem paga pela sua formação é essa mesma população que poderá ser prejudicada por seus "pareceres técnicos e imparciais".
Já os poucos grupos que ousam levantar a cabeça para debater, questionar e pensar sobre política, esses não têm muita guarida mesmo no campo institucional. Eles são incômodos. Eles perturbam. Eles precisam ser pressionados a abandonar tais posturas, exceto quando suas demandas "coincidirem" com interesses políticos da administração da universidade.
O quadro é mesmo estranho. Quem não tem noção do que seja o decoro acadêmico não pode ser processado porque a Justiça acatará suas queixas e dará andamento a processos contra as testemunhas formais de suas mazelas. Quem ousa contestar politicamente as posturas da academia, exigindo melhorias, é processado na mesma Justiça que acoitou aquele que, de fato, desrespeitou o ambiente acadêmico.
Qual é o recado? Cala-se a formação integral que uma universidade deveria prover aos seus estudantes. Primeiro, dando-se cobertura judicial a quem não descobriu que a vivência social e o ambiente acadêmico requerem uma noção de limite; a noção de que sua liberdade termina onde começam os direitos dos outros. Segundo, dando-se cobertura a administrações que se valem de regulamentos autoritários para cortar pela raiz a possibilidade do aprendizado do exercício da cidadania.
De minha parte, passo a esperar com certa sofreguidão que meu tempo para aposentadoria se complete (e torcer para que as regras não sejam mudadas mais uma vez), para que eu não tenha que conviver, num futuro breve, com uma universidade que cada vez reconheço menos, com a qual cada vez menos me identifico. Será muito doloroso ver a universidade brasileira completamente encilhada e amordaçada, destituída de sua autonomia. Será triste ver a universidade como uma fábrica de bonequinhos de ventríloquo, formados com dinheiro público mas tendo como único horizonte seus interesses pessoais (vide, como exemplo, a maioria dos melhores médicos é formada em escolas públicas e foge de trabalhar com a saúde pública, preferindo se instalar em sofisticados e caros consultórios particulares).
A ideia de universidade, tão bem construída ao longo dos séculos, voltada para pensar as necessidades e os novos caminhos para o crescimento da humanidade, está se desvanecendo. As nossas universidades, no passo atual, vão se parecendo mais e mais com colégios de educação básica. Ou talvez estejam ficando aquém desses colégios. Dá-se um diploma ao indivíduo e ele que vá aprender da vida no famoso e ansiado (pelos estudantes) mercado de trabalho. Perdem-se os conceitos de ética, ao mesmo tempo em que crescem os valores de uma moralidade tacanha e egoísta.
Uma amostra do quadro atual está explicitado nas notas que transcrevo abaixo, relativas às atitudes autoritárias e judicializantes da administração da Universidade de São Paulo (com destaques meus), em consonância com as políticas públicas do governo do Estado de São Paulo. Aliás, nada pode ser mais identificado com uma elite arcaica e anacrônica do que o poder judiciário no Estado de São Paulo. O que reforça minha visão de que os melhores advogados (que passam em concursos para o Poder Judiciário) são formados nas melhores escolas públicas do país. No entanto, são provenientes de uma classe social distanciada da realidade vivida pela maioria da população brasileira. Eles vêem o mundo pela ótica do grupo social elitista em que foram criados. E é por esta ótica que eles se permitem desprezar ou simplesmente sentirem ojeriza pelos movimentos sociais. Nunca lhes foi necessário lutar por nada. Nunca precisaram conquistar nada em termos de seus direitos sociais, pois a eles nada foi negado e seus direitos nunca foram sequer ameaçados. É claro que para toda regra há exceções, as quais somente servem para confirmar a regra.
Nota do Fórum Aberto pela Democratização da USP
No dia 31 de janeiro de 2013, a reitoria da USP finalizou o andamento de processos administrativos contra estudantes e funcionários tendo por fundamento o decreto n°52.906/1972, conhecido como regime disciplinar da USP, editado em consonância com o Ato Institucional n°5. As punições compreendem de 5 a 15 dias de suspensão para 72 estudantes e funcionários da USP por participarem do movimento político que ocupou o prédio da reitoria em novembro de 2011, na luta contra a militarização da Universidade e a violência policial.
Menos de uma semana após a determinação das punições administrativas, no dia 5 de fevereiro, o Ministério Público Estadual (MPE) denuncia os 72 estudantes, funcionários e manifestantes por formação de quadrilha, posse de explosivos, danos ao patrimônio público, desobediência e crime ambiental por pichação, que indicam o mínimo de 8 anos de prisão.
A criminalização do movimento político na universidade, além de ser confirmada com as punições aparentemente leves (suspensões de até 15 dias), previstas em regime disciplinar, tem nova faceta na investigação criminal do movimento político no Ministério Público Estadual e escancara a evidente criminalização dos movimentos sociais e políticos, fora e dentro da Universidade.
As punições referentes aos processos administrativos consolidam o fato de que a reitoria da USP, amparada pelo regimento disciplinar, segue empreendendo o acordo com a Polícia Militar, com a evidência, hoje, de que não há por parte da reitoria, qualquer tipo de política de “segurança” que não seja a presença da PM. Nada foi realizado no campus em relação à melhor iluminação das vias, por exemplo. Nesse sentido, a ameaça de prisão vem se constituir em mais uma medida de judicialização da política, que coíbe o debate, a participação e a manifestação de ideias.
Nesse sentido, se faz necessário somar esforços em defesa dos estudantes e funcionários punidos administrativamente e, desde o dia 5 de fevereiro, denunciados pelo Ministério Público Estadual, exigindo a imediata revogação dos processos e a imediata anulação da denúncia.
Fórum Aberto Pela Democratização da USP
Adusp, Sintusp, DCE, APG, CAHIS, Guima, CEUPES, CAF, CEPEGE
Levante Popular da Juventude, Juntos, Ler-QI, Rompendo Amarras, Para Além dos Muros, Partido Operário Revolucionário, Consulta Popular
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Petição do DCE Livre da USP ao Ministério Público de São Paulo
O DCE-Livre da USP e abaixo-assinados exigem a retirada imediata da denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça no dia 5 de fevereiro, que acusa 72 estudantes da universidade, detidos durante a violenta reintegração de posse do prédio da reitoria em 2011 por parte da Tropa de Choque da Polícia Militar, por danos ao patrimônio público, pichação, desobediência judicial e formação de quadrilha. Além disso, também repudiam as declarações da promotora Eliana Passarelli, autora da denúncia, à imprensa que chama os estudantes de bandidos e criminosos. Na nossa opinião, a intenção de criminalizar esses estudantes é um ataque ao movimento estudantil e aos movimentos sociais de conjunto, em todo Brasil, que possuem o direito democrático de livre expressão, manifestação e organização política e ideológica. Lutar por democracia na universidade não é crime.
Para apoiar a petição, clique aqui.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Uma verdade incômoda
(6fev2013)
(6fev2013)
Por Willian Novaes, da Geração Editorial, no sítio Viomundo
Neste livro corajoso, A Outra História do Mensalão – As contradições de um julgamento político (R$ 34,90, pag. 352), independente e honesto, o jornalista Paulo Moreira Leite, que foi diretor de Época e redator-chefe de Veja, entre outras publicações, ousa afirmar que o julgamento do chamado mensalão foi contraditório, político e injusto, por ter feito condenações sem provas consistentes e sem obedecer a regra elementar do Direito segundo a qual todos são inocentes até que se prove o contrário.
Os acusados estavam condenados – por aquilo que Moreira Leite chama de opinião publicada, que expressa a visão de quem tem acesso aos meios de comunicação, para distinguir de opinião pública, que pertence a todos — antes do julgamento começar.
Naquele que foi o mais midiático julgamento da história brasileira e, possivelmente, do mundo, os juízes foram vigiados pelo acompanhamento diário, online, de todos os seus atos no tribunal. Na sociedade do espetáculo, os juízes eles se digladiaram, se agrediram, se irritaram e até cochilaram aos olhos da multidão, como num reality show.
Este livro contém os 37 capítulos publicados pelo autor em blog que mantinha em site da revista Época, durante os quatro meses e 53 sessões no STF. A estes artigos Moreira Leite acrescentou uma apresentação e um epílogo, procurando dar uma visão de conjunto dos debates do passado e traçar alguma perspectiva para o futuro.
O prefácio é do reconhecido e premiado jornalista Janio de Freitas, atualmente colunista da Folha de S. Paulo. Esse é o 7° titulo da coleção Historia Agora, lançada pela Geração Editorial, entre os livros desta coleção está o best seller, A Privataria Tucana.
Ler esses textos agora, terminado o julgamento, nos causa uma pavorosa sensação. O Supremo Tribunal Federal Justiça, guardião das leis e da Constituição, cometeu injustiças e este é sem dúvida um fato, mais do que incômodo, aterrador.
Como no inquietante Processo, romance de Franz Kafka, no limite podemos acreditar na possibilidade de sermos acusados e condenados por algo que não fizemos, ou pelo menos não fizemos na forma pela qual somos acusados.
Num gesto impensável num país que em 1988 aprovou uma Constituição chamada cidadã, o STF chegou a ignorar definições explícitas da Lei Maior, como o artigo que assegura ao Congresso a prerrogativa de definir o mandato de parlamentares eleitos.
As acusações, sustenta o autor, foram mais numerosas e mais audaciosas que as provas, que muitas vezes se limitaram a suspeitas e indícios sem apoio em fatos.
A denúncia do “maior escândalo de corrupção da história” relatou desvios de dinheiro público mas não conseguiu encontrar dados oficiais para demonstrar a origem dos recursos. Transformou em crime eleitoral empréstimos bancários que o PT ao fim e ao cabo pagou.
Culpou um acusado porque ele teria obrigação de saber o que seus ex-comandados faziam (fosse o que fosse) e embora tipificasse tais atos como de “corrupção”, ignorou os possíveis corruptores, empresários que, afinal, sempre financiaram campanhas eleitorais de todos, acusados e acusadores.
Afinal, de que os condenados haviam sido acusados? De comprar votos no Congresso com dinheiro público, pagando quantias mensais aos que deveriam votar, políticos do próprio PT – o partido do governo! – e de outros partidos.
Em 1997 um deputado confessou em gravação publicada pelo jornal Folha de S. Paulo que recebera R$ 200 mil para votar em emenda constitucional que daria a possibilidade de o presidente FHC ser reeleito. Mas – ao contrário do que aconteceu agora – o fato foi considerado pouco relevante e não mereceu nenhuma investigação oficial.
Dois pesos, duas medidas. Independentemente do que possamos aceitar, nos limites da lei e de nossa moral, o fato é que, se crimes foram cometidos, os criminosos deveriam ter sido, sim, investigados, identificados, julgados e, se culpados, condenados na forma da lei. Que se repita: na forma da lei.
É ler, refletir e julgar. Há dúvidas – infelizmente muitas – sobre se foi isso o que de fato aconteceu.
Obs. de Aquiles: o livro encontra-se em pré-venda na Livraria Saraiva, por R$27,00.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Doutorando em genética rebate mentiras de Silas Malafaia
(5fev2013)
(5fev2013)
‘Homofobia científica’ do pastor Silas Malafaia foi rebatida por Eli Vieira, jovem biólogo brasileiro, mestre em genética e doutorando em genética na Universidade de Cambridge
Do sítio Pragmatismo Político, Redação
A entrevista de Silas Malafaia no programa da jornalista Marília Gabriela gerou forte repercussão na rede. O pastor evangélico da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo manteve a postura intransigente que lhe é característica, somada a boas doses de espetacularização desenfreada.
Temas como o casamento gay, a despenalização do aborto, a homossexualidade, a corrupção nas igrejas, o divórcio, a fortuna do pastor revelada pela revista Forbes, entre outros, foram tratados em quase uma hora de entrevista.
Para o líder religioso, é impossível uma constituição familiar que não esteja alinhada às suas concepções dogmáticas, ignorando o fato de que o ‘modelo tradicional de família’ já não é maioria no Brasil. Malafaia, que é psicólogo por formação, também não abre mão da ideia de que ser gay é uma doença passível de cura, posição contestada pelos principais nomes da psicologia e da psiquiatria mundial, como Robert L. Spitzer, que tratou do tema recentemente em entrevista ao jornal The New York Times.
Há relatos de barbárie e tortura em diversos casos de jovens homossexuais que foram submetidos a ‘sessões de cura gay’, como ocorreu com Samuel Brinton, que tinha apenas 12 anos quando foi obrigado a enfrentar um ‘ritual de cura gay’ que incluía agulhas enfiadas embaixo de suas unhas, mãos queimadas e sessões de eletrochoque. Após meses de tortura, o jovem considerou o suicídio.
A observação dos links anteriormente indicados apenas reforça o que já é de conhecimento de qualquer ser humano dotado de um mínimo de sensatez e racionalidade. Só que um aspecto específico da entrevista despertou especial atenção e mereceu uma resposta minuciosa de Eli Vieira, jovem biólogo brasileiro, mestre em genética e doutorando em genética na Universidade de Cambridge. Malafaia apresentou supostos dados científicos para justificar sua repulsa aos homossexuais. Os argumentos do pastor e a contestação de Eli Vieira você pode assistir no vídeo abaixo:
Críticas ao novo plano de carreira de docentes
(5fev2013)
(5fev2013)
No sítio de Luís Nassif
Novo plano de reestruturação de carreira de docente universitário é um retrocesso para o país, dizem especialistas
Por Viviane Monteiro, Jornal da Ciência
A nova lei desestimula a pós-graduação, as pesquisas universitárias e o interesse de grandes talentos pela profissão
O novo Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal - aprovado pela presidente Dilma Rousseff "no apagar das luzes" de 2012, em 31 de dezembro - representa um retrocesso para o país. A avaliação é de especialistas e acadêmicos que se mostram surpresos com a velocidade "meteórica" com que a matéria tramitou no Congresso Nacional.
Na prática, o Palácio do Planalto sancionou o Projeto de Lei 4368/12, encaminhado pelo Executivo, dando origem à Lei nº 12772/12 que alterou dispositivos da Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987. Tradicionalmente, os projetos de interesse político, como esse, não enfrentam resistência em sua tramitação. O PL foi apresentado em agosto, aprovado pelos deputados em 05 de dezembro e em 21 do mesmo mês pelos senadores.
No entender do cientista Walter Colli, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a nova lei desestimula a pós-graduação, as pesquisas universitárias e o interesse de grandes talentos pela profissão. Isso porque a promoção para a categoria de professor titular "valoriza em demasia a progressão temporal" em detrimento do mérito acadêmico e científico.
Em meio à tramitação do projeto na Câmara e no Senado Federal, a SBPC e ABC encaminharam, no fim de 2012, um manifesto aos parlamentares alertando sobre os riscos que o PL acarretaria à carreira dos professores de universidades públicas federais. Mesmo assim, a tramitação da matéria surpreendeu cientistas que depositavam na presidente Dilma a expectativa de vetá-lo.
"Foram detectados aspectos que poderão trazer graves dificuldades, problemas e, por que não dizer, retrocesso, para as Universidades Federais Brasileiras, principalmente no que tange a qualidade da Pesquisa e do Ensino de Graduação e Pós-Graduação", destaca a nota (disponível em http://www.sbpcnet.org.br/site/busca/mostra.php?id=1800) assinada pela presidente da SBPC, Helena Nader, e pelo presidente da ABC, Jacob Palis.
O Ministério da Educação, por intermédio da assessoria de comunicação, informa que o novo Plano tem por objetivo "buscar a valorização da dedicação exclusiva", igualmente a titulação dos docentes, embora acadêmicos e cientistas afirmem o contrário.
Sem querer entrar nos detalhes da nova lei, a nota do MEC destaca os reajustes salariais assegurados na nova legislação. Nesse caso, cita que o plano prevê aumento mínimo de 25% e máximo de 40%, a ser aplicado em março deste ano 2013. O reajuste será gradual. Isto é, neste ano será concedida metade (50%) do aumento total previsto para 2013. Assim, a média do reajuste salarial previsto para este ano será de 16%.
Já em 2014 o acréscimo será de 30% do total estabelecido, ao passo que em 2015 o reajuste atingirá 20% do total, segundo o ministério. A principal crítica dos cientistas recai, porém, sobre o fato de a carreira de magistério, em qualquer universidade federal, iniciar sempre (sic, Art. 8º, caput) pelo piso da categoria. Ou seja, pela categoria de professor auxiliar, independentemente da titulação.
A lei estabelece cinco etapas na carreira do magistério federal - professor auxiliar, assistente, adjunto, associado e titular - que devem ser conquistadas por concurso público exigindo apenas o diploma de graduação. Hoje para ingressar no magistério da USP (estadual), por exemplo, o professor tem de ser portador do título de doutor. Assim também era para as universidades federais, até a promulgação dessa nova Lei.
"Para exemplificar, no meu caso, cheguei ao cargo de professor titular na USP, mas se quisesse fazer parte do corpo docente regular de uma universidade federal teria de prestar concurso para professor auxiliar, na base do novo sistema e lá ficar por três anos, pelo menos. No entanto, como obtive o título de doutor há mais de 20 anos posso entrar para uma nova categoria denominada com o estranho nome de Cargo Isolado de Professor Titular-Livre do Magistério Superior", analisa o cientista.
Diante do novo modelo, o mesmo resultado não será obtido por um grande cientista que tenha o título de doutor há menos de 20 anos, já que ele terá de recomeçar sua carreira da base.
"Para aspirar subir um pouco mais, ser um professor assistente, ele teria de esperar um intervalo de dois anos", exemplifica Colli, ex-presidente da CTNBio , também atual Segundo Tesoureiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Esse tipo de escalonamento, segundo Colli, afasta os melhores talentos das universidades públicas federais.
Com a mesma opinião, a professora associada do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Debora Foguel, destaca que, no modelo anterior, a posição de professor titular na universidade pública federal era alcançada por um novo concurso, avaliado por uma banca altamente qualificada.
"Somente os professores com grande mérito acadêmico com destacada contribuição na pesquisa alcançavam tal nível diferenciado", lamenta Debora, pro-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da mesma universidade e membro titular da ABC.
"Certamente quem o redigiu parece desconhecer o ambiente universitário, a pesquisa e a inovação que temos procurado trazer para dentro de nossas universidades", salienta a pesquisadora.
Histórico - O PL havia sido costurado com entidades sindicais em meados do ano passado em troca do fim greve dos professores federais. Aparentemente, lutava-se por um aumento salarial que passará a valer a partir de março, inicio do ano letivo. A nova Lei mostra, porém, que um dos motivos da greve era o de mitigar o rigor na admissão e promoção de professores pela análise do mérito na avaliação da qualidade, analisa Colli.
Impacto nas pesquisas - Para Colli, exigir apenas o título de graduação no inicio da carreira de magistério reduz a importância da pós-graduação no Brasil e, por tabela, as pesquisas universitárias que hoje respondem pela maioria das pesquisas científicas nacionais.
Dessa forma, ele vê necessidade de mudanças na Lei, sobretudo no artigo 8º propondo que o ingresso na carreira do magistério superior seja realizado por concurso público de vários níveis. Isto é, para a categoria de professor auxiliar exigindo diploma de graduação; para a de professor assistente com a exigência de títulos de mestre; e a professores adjunto e associado para pessoas com nível de doutor.
"Assim, seria possível atrair pessoas melhores para os concursos, valorizando a nossa pós-graduação", disse.
Com a nova Lei, Colli acredita que a universidade pública se aproxima das universidades privadas que não exigem, pelo menos a maioria delas, o título de mestre ou de doutor para lecionar, pagando, assim, salários relativamente menores.
Retrocesso no número de doutores - Na avaliação de Débora, o novo plano de carreira do magistério federal tende a retardar a chegada do Brasil no time dos países que apresentam relação de doutores por número de habitantes mais justa.
No Brasil, o número de portadores de títulos de doutorado proporcionalmente ao número de habitantes é um dos mais baixos do mundo. Conforme consta do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) de 2011 a 2020, existem no país 1,4 doutores titulados por cada mil habitantes na faixa etária entre 25 e 64 anos, na frente apenas da Argentina, com 0,2 doutores, na mesma comparação. O número brasileiro fica aquém do observado em países desenvolvidos como Suíça, no topo do ranking, com 23 doutores em um universo de mil habitantes; Alemanha, com 15,4; e Estados Unidos, com 8,4.
Evitando entrar no mérito do novo plano de carreira do magistério, o assessor da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco ) no Brasil, o professor Célio da Cunha, considera baixo o número de doutores no Brasil em relação ao de habitantes. O ideal, analisa, seria o Brasil se aproximar dos Estados Unidos, titulando cinco a seis doutores por mil habitantes.
Inconstitucionalidade - Colli define o novo Plano como "concentrador e paternalista" por atribuir ao Ministério da Educação (MEC) a prerrogativa de avaliar os cursos e os critérios de promoção dos docentes, contrariando o artigo 207 da Constituição Federal que concede autonomia às universidades do ponto de vista didático e administrativo.
"Se diluem todos os ganhos que tivemos até agora com a pós-graduação e com a experiência das universidades no aperfeiçoamento das avaliações de mérito", lamenta Colli.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
O plano de saúde é uma falácia, armadilha para saquear os incautos
(4fev2013)
(4fev2013)
Por Gabriel Novis Neves*, no sítio MidiaNews
Diariamente assistimos pela televisão cenas deprimentes com relação ao atendimento médico do SUS. Ficamos revoltados com a exibição dos atos desumanos praticados contra os fragilizados pacientes que procuram a proteção do Estado, que tem o dever constitucional de fornecer.
O sonho dessa gente sofredora é o de conseguir um plano de saúde, pensando, na doce ilusão, de receber um tratamento, pelo menos, mais humanizado.
Ilusão ou inocência pensar que o que se passa no SUS é privilégio do desprezo do governo para com o ser humano.
Tenho observado que há anos o atendimento médico pelo plano de saúde em pouco difere ao do SUS.
Talvez a parte imobiliária do atendimento privado seja um pouco melhor.
Com relação à recepção do paciente na unidade de atendimento, é simplesmente sofrível, humilhante e devastadora sob o ponto de vista humano.
Gente despreparada, selecionada pelos baixos salários ofertados e sem educação caseira, transforma a chegada do paciente aos locais de socorro médico em centros de tortura mental, agravando e produzindo novas patologias.
Quando a passividade de uma sociedade chega ao ponto de negar solidariedade aos necessitados, é que perdemos totalmente a nossa capacidade de amar ao próximo como a nós mesmos.
Somos uma sociedade “monstra”, construída por seres antissociais, aptos a cometerem todo o tipo de crimes contra o próximo. Dizem que a violência gera violência.
Ficamos consternados quando um trabalhador, pai de família e com representatividade social é vítima de uma violência fatal, mas esquecemos da violência que cometemos diariamente, especialmente
contra os pobres, crianças abandonadas, doentes e idosos fragilizados.
O ser humano está em processo de deterioração, não respeitando, nem mesmo importando-se, com o sofrimento alheio.
Cada vez estamos mais egoístas, individualistas, antissolidários.
O plano de saúde é uma falácia, armadilha para saquear os incautos com o beneplácito e colaboração de grande parte dos profissionais da saúde.
A desumanização do atendimento médico, cujo início está na recepção do paciente na unidade de saúde, foi a última barreira derrubada para a adequação do ser humano descartável.
*Gabriel Novis Neves é médico em Cuiabá, foi reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
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