Em diversas ocasiões, em alguns sítios que criticavam a possível volta da CPMF para a Saúde, explicitei minha disposição de depositar o que pago mensalmente para um plano particular de saúde em uma conta do SUS. E isso sem requerer qualquer tratamento diferenciado em relação àqueles que não podem contribuir.
Pelo que sei, somos cerca de 65 milhões de brasileiros pagando planos de saúde, os quais vêm prestando serviços péssimos, a ponto de se assemelharem à maltratada e combalida saúde pública. Com a diferença de que embolsam nosso dinheiro. O recurso público é muito mais passível de vigilância e controle social. O recurso em mãos privadas, das "empresas de saúde", esse, com certeza, não sabemos como é gasto nem a quem beneficia.
A questão da corrupção é inerente ao ser humano, e não queiram me fazer crer que seja um fenômeno brasileiro, porque não é.
Charge: Blog do Kayser, 21 de setembro de 2011
A sede do detentores do capital por mais dinheiro e mais lucro é insaciável. Só há corrupção onde há corruptores, e os corruptores são ilibados cidadãos que estão a bradar contra a corrupção "do governo". São verdadeiros selvagens com verniz de civilização, com ternos elegantes, casas luxuosas, cursos no exterior etc.
Sem o corruptor não haverá o corrompido. E, pior, sabe-se de diversos casos de servidores públicos que se recusaram a participar de negociações com os recursos públicos e que, por isso, coincidentemente, morreram de acidente, num "assalto" ou por "causas desconhecidas".
Fazer frente ao poder do capital é tarefa de heróis, que podem se expor ao risco de terem sua morte antecipada em muitos anos.
Os poderosos não podem ficar sob risco de exposição.
Primeiro, taxam exaustivamente os servidores públicos e os políticos (numa generalização inaceitável) como corruptos, afastando deles mesmos os refletores da mídia (que também não tem interesse em focalizá-los - os empresários são seus diletos financiadores). A história mostra que há políticos corruptos, sim, e cabe à sociedade civil organizada acompanhar de perto suas atividades e denunciar todo e qualquer indício de malversação dos recursos públicos.
Caso tenham "aberto o jogo" junto a um servidor público que não aceite suas propostas indecentes, surge a necessidade da queima de aquivos. Simples: providencia-se a morte "acidental" do tal servidor. Morto não fala.
O empresário está se lixando para o fato de que o dinheiro que subtrai do erário público provocará fome, mortes, miséria, violência. Ele se alimenta bem, nos melhores restaurantes do mundo, não tem plano de saúde porque pode pagar por atendimento particular com os melhores médicos do mundo em clínicas com equipamentos de última geração, e, por fim, contam com todo um aparato de segurança, que vai dos carros blindados e das casas fortificadas e vigiadas 24 horas por dia, ao uso de helicópteros para se deslocarem pelas grandes cidades brasileiras, evitando o contato próximo com os simples mortais que nelas trafegam. Isso quando não estão na Europa, na América do Norte ou em paraísos turísticos (podem ser fiscais, também) dirigindo seus negócios à distância. A internet faz milagres. Uma grande empresa pode ser comandada a partir de um iate que se desloca pelo mundo ao bel prazer de seu proprietários.
Enquanto ficarmos nos batendo entre nós mesmos estaremos fazendo o jogo que interessa aos grandes e verdadeiros criminosos: os corruptores. E seu crime é o de lesa humanidade, com suas infames consequências difusas. Essa difusão das consequências alivia a consciência dos criminosos, que preferem não ver conexão entre seu ato de corrupção e as dores de populações inteiras. Afinal, a culpa é dos políticos e dos governos, não é mesmo?
1 comentários:
Aquiles, sempre gosto muito dos seus posts, e quase nunca comento aqui, mais no facebook, onde compartilho tais ideias. Me sinto plenamente contemplado por suas ideias! :) Abração...
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