Meus poucos, queridos e
valorosos leitores habituais hão de estranhar esta postagem, mas não tenho o
menor problema em me afirmar cristão e espiritualista. Muitos dirão que há
incongruência entre o fato de eu ser um estudioso das Geociências, das ciências
naturais, e me ater ao que, com um forte desdém, denominam de crendices. Mas
tenho em mim algo mais do que uma visão armada apenas com óculos para as coisas
materiais. Eu busco e sempre busquei saber mais sobre o que não pode ser
pesado, não pode ser medido, não pode ser encaixado nos paradigmas vigentes da
ciência oficial. Há intuições, sonhos, visões, percepções outras que não serão,
tão cedo, medidas, pesadas ou enquadradas em teorias que nós, homens curiosos
quanto ao equacionamento do universo, produzimos e aperfeiçoamos cotidianamente.
Assim, permito-me reproduzir aqui um texto ditado por um espírito. Em
sua última encarnação, no século X, Ramatis "foi instrutor em um dos
muitos santuários iniciáticos na Índia. Era muito inteligente e desencarnou
bastante moço. Já se havia distinguido no século IV, tendo participado do ciclo
ariano, nos acontecimentos que inspiraram o famoso poema hindu 'Ramaiana'
(neste poema há um casal, Rama e Sita, que é símbolo iniciático de princípios
masculino e feminino; unindo-se Rama e atis, Sita ao inverso, resulta Ramatis,
como realmente se pronuncia em indochinês), um épico que contém todas as
informações dos Vedas, que juntamente com os Upanishades foram as primeiras
vozes da filosofia e da religião do mundo terrestre, informa Ramatis que após
certa disciplina iniciática a que se submetera na China, fundou um pequeno
templo nas terras sagradas da Índia onde os antigos Mahatmas criaram um
ambiente de tamanha grandeza espiritual para seu povo, que ainda hoje nenhum
estrangeiro visita aquelas terras sem de lá trazer as mais profundas impressões
acerca de sua atmosfera psíquica.”
O livro “Brasil, Terra da Promissão” foi publicado em 1969, quando o
país vivia o recrudescimento do autoritarismo e da violência da ditadura militar
que nos foi imposta pelo golpe civil-militar de 1964.
Li esse livro há muitos anos e identifiquei-me com suas ideias, por eu ver
nesse nosso país um potencial imenso de apresentar ao mundo uma nova concepção
de vivência social. Um país explorado, espezinhado e maltratado pelas potências
mundiais em toda a sua ainda curta história após a chegada dos europeus,
possui, a despeito de tudo, um povo sempre pronto à solidariedade, que se
admira das “maravilhas” que os estrangeiros produzem mas que, ao mesmo tempo
sabe viver as alegrias das coisas comezinhas, do cotidiano familiar, das
amizades, dos grupos. Nossos esportes preferidos são os que devem ser jogados
coletivamente, por equipes. O brasileiro sabe sorrir como ninguém, mesmo que
muitas das vezes não possa ilustrar esse sorriso com todos os dentes que um dia
estiveram em suas bocas. Há muito que se pode dizer sobre alguma diferenciação
entre o brasileiro e os demais povos do
mundo. Mas pretendo publicar uma série de postagens com os conceitos emitidos
por Ramatis. Procurarei atualizar a linguagem, principalmente a escrita dentro
das novas normas ortográficas. O livro, em pdf, eu o encontrei e pode ser
acessado (junto com diversos outros do gênero) no sítio Escola da Luz.
Se a política e a atualidade me interessam deveras, sinto-me também
impelido a apresentar leituras e contextualizações outras que não somente as
produzidas por jornalistas e estudiosos especializados. Quero crer que há algo
mais além das meras aparências em tudo o que temos vivido. E esse algo mais que
vem ao encontro da lógica com que vejo o mundo ao meu redor eu encontrei em
boas doses nas obras de Ramatis. Trata-se de um autor espiritual que afirma
duramente nossas mazelas e nossas possibilidades, sem apelos meramente
emocionais, mas sim com base um lógicas às quais nos são mais habituais –
basicamente a lógica de ação e reação. Não há um Deus personalista ou passional
regendo o universo. Há um conjunto de leis que iremos aprendendo à medida em
que experimentamos o viver. Aprendemos com as respostas da vida aos nossos atos
e pensamentos.
Mas chega de papo, e vamos à obra. Caso alguém se sinta legalmente prejudicado
ou veja algum impedimento legal na publicação dessa obra em meu blog, peço o
favor de me comunicar. Prontamente retirarei as postagens. Meu intento é
divulgar ideias que possam dar aos leitores novas ou diferentes perspectivas.
Só isso.
Brasil, Terra da Promissão
Prefácio
Paz e Amor!
Quem não se recordará de momentos da infância em que uma
auréola de intensa felicidade se tenha feito sentir pela concretização de um
sonho longamente acalentado? A posse de um objeto ou a realização de um desejo,
naquela fase da vida, podem tomar características de euforia tão intensa que
revelem à alma a plenitude de um prazer jamais igualado. Para o espírito que
ainda não descortina a complexidade da existência terrestre, cujos horizontes
ainda estreitos estão providos de objetivos imediatos, é possível vislumbrar o
êxtase espiritual de uma satisfação completa, mesmo quando retido aos grilhões
da matéria de um mundo de provas e expiações.
Entretanto, logo que o âmbito das cogitações espirituais se
alarga, multiplicam-se os obstáculos à felicidade humana e perde-se a noção do
que seja um sentimento de harmonia desfrutado em todo o seu esplendor.
Limitações de todos os matizes transtornam os desejos de tranquilidade, não
permitindo ao homem a ousadia de ambicionar mais do que uma existência em que
sejam satisfeitas as necessidades básicas de sua subsistência, tanto física
como emocional e psíquica.
Por conseguinte, ao nos reportarmos ao título desta obra,
surge-nos, como termo de comparação para o verdadeiro significado que ele
representa na vida do terreno do futuro, a emoção totalizadora e cabal que se
apossa da alma infantil nos seus momentos de maior júbilo.
Ao terrícola do presente, cuja sensibilidade aguilhoada por
vicissitudes diversas atravessa um período de hipertensão emocional
negativista, só a recordação das mais intensas alegrias da pureza infantil pode
dar uma ligeira impressão da paz espiritual que brindará o espírito da
coletividade terrestre quando forem vencidas as provações dolorosas do final do
ciclo. Somente no futuro poderá avaliar, em toda a sua extensão, a
grandiosidade das bênçãos que o Eterno reserva há milênios aos filhos que se
tornarem dignos de convalescer do grave mal que assola a Humanidade presente, a
descrença em relação ao próprio porvir.
O homem acostuma-se a considerar as promessas de um futuro
de paz como palavras dignas de figurar nos belos contos de fadas e não pretende
se deixar iludir com a mesma facilidade dos espíritos que despertam para a
vida. Só a lógica de uma argumentação segura será capaz de romper as barreiras
formadas pelo ceticismo e não julgamos que as criaturas devam abdicar do
direito de serem esclarecidas satisfatoriamente antes de se conformarem com
esta ou aquela ideia.
Sempre que preciso, devemos lançar mão de forte casuística
para servir às ideias defensoras do Bem sobre a Terra. Longe de reprovarmos tal
proceder nós o louvamos, pois o grau de progresso da mente humana exige que
toda construção se estabeleça sobre os alicerces duradouros da lógica.
Fortes serão aqueles que ornarem a Verdade em suas duas
características: o saber e a bondade, que funcionam, respectivamente, como
armação e argamassa para a construção das colunas de sustentação do templo em
que a Verdade será universalmente venerada, no futuro, por uma Humanidade
esclarecida.
Chegamos à época do Saber, que antecede à da Sabedoria, e
estimulamos a ânsia de conhecimento como instrumento capaz de abrir novos
horizontes na busca da Verdade e do Amor que, conjugados, formam, a Sabedora.
Na era do Mentalismo, quando a Terra já houver ultrapassado suas mais rudes
provas, haverá perfeita fusão entre os objetivos do entendimento e do coração.
A mente humana pode ser comparada a uma semente que traz em potencial os germes
de uma vida poderosa e bela. Como suas congêneres vegetais, porém, precisa do
calor e do aconchego da terra dadivosa para desenvolver-se em toda a plenitude
e só as vibrações do amor cristão podem, proporcionar-lhe ambiente favorável ao
engrandecimento.
A Europa desenvolveu os valores mentais relacionados à vida
prática, à arte e à beleza. Refinou no homem tudo que pudesse elevar seu nível
na Terra como "homo sapiens", distanciando-o o mais possível das
condições rudes de uma civilização primária. O Oriente intensificou as forças
subjetivas da mente, acordando nos indivíduos a consciência da elevação que
podem conquistar como seres viventes na mais alta escala da evolução. Ambos os
aspectos contribuíram para que o homem do século XX esteja preparado para
sentir sua capacidade de elevar-se através dos próprios esforços. Possui
valores inigualáveis na Criação, é o senhor da vida no planeta, com
possibilidades cada vez maiores de aperfeiçoamento.
A civilização americana recolheu esses valores de ambas as procedências
como cotilédones, e, com sua força renovadora e protetora, cobriu-os como a
casca que preserva e sustém o grão.
Atualmente a Humanidade encontra-se na situação do agricultor que armazenou sementes e espera a
época oportuna para a semeadura, enquanto prepara o solo, revolvendo-o, adubando-o
e higienizando-o.
A mente humana permanece ressecada à espera do terreno
fértil em que possa cair e germinar em seus valores, de tal forma que todo o
ser por ela comandado se veja beneficiado pelos germes do saber acumulado
durante milênios. Que falta à coletividade terrena para realizar o seu sonho de
paz e harmonia? É problema de ambiente. Todos já sentiram que os elementos das
forças criadoras do Bem existem em todas as expressões da atual civilização, mas
não conseguem compreender satisfatoriamente a razão pela qual suas sementes não
produzem. A terra está seca e sem adubo. Assim sendo, transformou-se em substância
compacta. Mesmo quando alguém a revolve e semeia, não há produção. A chuva
benfeitora das bênçãos do Alto é repudiada pelo homem e o adubo do amor
fraterno não é utilizado. Assim, as sementes do Bem, mesmo que caiam em terreno
revolvido pela dor, não conseguem resistir à aridez e à pobreza da alma humana
que as recolhe.
Nas grandes provações coletivas que se aproximam o homem
verá ruir o edifício de suas falsas concepções e dos destroços surgirá a
putrefação capaz de enriquecer as qualidades do terreno espiritual, tornando-se
apto a produzir a força impulsionadora de uma seiva poderosa. Simultaneamente,
o desastre a que se verá conduzido por suas deturpações psicológicas fá-lo-á
ansiar por uma renovação de forças que lhe venha como ajuda indispensável à
reconstrução de sua existência e, a essa simples enunciação subjetiva de um desejo
de auxílio, hão de chover sobre seu espírito as bênçãos do Eterno Pai, cheio de
misericórdia para com Seus filhos desajustados, pois terão aberto campo de
sintonia para a harmonização com a Vida.
Não parece absurdo, nem mesmo aos mais céticos, que a
Humanidade terrestre precise de uma renovação total de valores; entretanto, não
houve ainda força que a pudesse deter em seus desvarios. Desligada como se
encontra de toda orientação sadia, não existe mais possibilidade de levá-la à
renovação por meios suasórios. A única força capaz de detê-la em sua marcha
acelerada para a autodestruição é justamente a vitória parcial dos males que
vem alimentando. Então, haverá necessidade de recomeçar em bases inteiramente
novas, pois só o estupor de uma provação apocalíptica terá o condão de alertar
os homens, tirando-os do sono letárgico de sua inconsciência espiritual. No
calor da refrega as sementes do progresso rolarão em busca do ambiente propício
ao seu desenvolvimento e não será onde o fogo e o sangue houverem crestado o
solo que os frutos da paz poderão crescer.
A alma coletiva de um povo traz em si as características
alimentadas em cada um de seus componentes, nos moldes que lhe constituem a
tradição. A força magnética dos ideais do conjunto forma uma aura que
possibilita a germinação dos produtos afins. Assim, a índole pacífica de um
povo não pode ser improvisada por uma questão de conveniência. Se há orgulho de
raça, há amor-próprio e vaidade e, portanto, hostilidade e prepotência. Como evangelizar, de um momento para outro,
espíritos que ainda não sentiram a causa profunda de seus males?
Entretanto, a coletividade que se sentir tão irmã de seus
semelhantes que não se negue a receber, sem, restrições, o refugo humano dos
deserdados da sorte conseguirá formar rico adubo para as sementes do Saber,
valendo-se dos detritos que recolhe dos marginais do preconceito. A injustiça,
a intolerância e todas as limitações interpostas entre o homem e seus sonhos de
progresso fermentam a alma para o maior aproveitamento das energias que se vê impedido
de utilizar na plena realização de seus desejos na vida. Volta-se para as
indagações acerca de suas dificuldades, compreende e tolera as deficiências de
seus irmãos e sabe que há valores ocultos na alma que não dependem
exclusivamente de ser ou não vitoriosa objetivamente.
Quando Jesus afirmou que vinha para os deserdados da sorte,
emitiu grande conceito da Verdade, pois aqueles que se encontram oprimidos
pelas dificuldades externas voltam-se com maior interesse para a busca das
realizações internas e, mesmo quando a revolta lhes assola o íntimo, acham-se
mais aptos a receber os esclarecimentos espirituais do que as almas enfatuadas
em seu orgulho pela conquista dos valores transitórios. Isto não significa que
o progresso material seja inimigo do progresso espiritual, mas, sim, que os
homens invigilantes se absorvem de tal forma em suas conquistas passageiras que
não reservam energias para construir os valores eternos capazes de elevar seus
espíritos ao nível da felicidade sonhada, embora não identificada em suas reais
bases constitutivas.
Somos daqueles que creem na impossibilidade de deter o
progresso, mesmo quando ele exige que lancemos mão de um retrocesso temporário.
A experiência o tem demonstrado e os homens chegarão à aplicação desse
princípio, quando sentirem a necessidade de se darem as mãos reciprocamente,
compreendendo que é impossível avançar deixando para trás quem esteja
mergulhado na dor do separativismo entre os homens.
Só o Cristianismo vivido como norma de lei será capaz de
fundir a Humanidade em uma única vibração da paz e harmonia porque, por seus
postulados, tende a destruir a separação, seja ela qual for, provando que somos
todos originários de um único princípio e, portanto, reduzindo a pó as
divergências como criações temporárias
da incompreensão humana.
Após o advento de Jesus não havia necessidade de ser criada
mais nenhuma norma de vida para a tranquilidade do homem na Terra. Entretanto,
incapaz de desenvolver um esforço sincero de readaptação, a criatura continuou
a criar regras utópicas de felicidade, iludindo-se no anseio de fugir à
obrigação que mais bem-estar lhe trará: amar ao próximo como a si mesmo,
reverenciando o Criador em todos os homens.
Por uma vaidade satânica, no sentido bíblico da palavra,
continua a criar sistemas contraditórios de progresso, falsos em suas bases,
porque distanciados do real proveito coletivo.
Impossível refundir todos os códigos a que os homens se
filiaram, em sua cegueira espiritual. Só se convencerão da inutilidade de seus
esforços egocêntricos quando virem destruídos diante de si os castelos de areia
de uma dominação fictícia sobre o semelhante.
Enquanto isso não sucede, dediquemo-nos a erguer diante de
nossos olhos os planos bem ajustados da Verdade que nos é revelada para que, no
momento que vivemos, já possamos ser colaboradores da concretização desses
projetos. O "amor que cobre a multidão dos pecados" é melhor sentido
entre aqueles que se encontram assediados pelas incompreensões ou erros de
todos. Portanto, não desanimeis quando sentirdes à vossa volta o turbilhão de
enganos em que mergulha a Humanidade. Exercitai o amor que perdoa, tolera e compreende,
e esperai, pois a Verdade não faltará com sua luz a amparar vossos esforços no Bem!
Paz e Amor
Ramatis
0 comentários:
Postar um comentário