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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Os Judeus que lutam por uma Palestina Livre
(22nov2012)

Ontem, em uma reunião de comemoração do aniversário de um amigo, conheci uma senhora que conheci ali, e ela comentou que seu filho tornara-se judeu ortodoxo aos 17 anos e que atualmente, com curso de doutorado, vive com sua esposa - também ortodoxa, a quem conheceu no campus da USP, onde ambos estudavam - em Tel Aviv, onde o casal constituiu família.

Quando ela me falou no filho judeu ortodoxo veio-me à mente a figura de um fanático religioso a apoiar as atrocidades que Israel promove contra os palestinos. Esa imagem me irritou por si só, e deu uma piorada quando ela disse que ele sentia-se mais seguro lá do que em São Paulo. Ou seja, que corria lá menos riscos com a violência do que correria se morasse em São Paulo. Eu, para não ser muito indelicado, comentei que realmente seria para se preocupar mais se ele morasse na Faixa de Gaza. Em seguida fui ao lavabo e não retomei o diálogo com a senhora.


Depois disso, e até hoje pela manhã, fiquei pensando que minha atitude foi a de prejulgar, de preconceber o que seria um judeu ortodoxo. Isso me levou a ter uma vontade enorme de me desculpar com aquela senhora pelo fato de eu ter sido preconceituoso em meus pensamentos, mais do que em minhas palavras, que foram ditas em tom cordial.


Na verdade, acabei por imaginar que um judeu ortodoxo brasileiro vivendo lá pode ser o portador de novos ares e novos pensares embasados na experiência vivida no Brasil, onde árabes e israelenses têm convivência harmônica, bem como cristãos, judeus, muçulmanos e tantas outras vertentes religiosas a têm.


Por fim, lamentei ter me deixado levar pela minha tola e preconceituosa irritação inicial e não ter podido saber como o filho da minha conhecida vê essa relação entre Israel e a Palestina. Mas hoje encontrei esta postagem no sítio do Luís Nassif que mostra exatamente a existência de judeus ortodoxos defendendo inclusive a extinção do Estado de Israel. São judeus que viveram na Palestina nos tempos anteriores à criação de Israel pela ONU e que conviviam em total harmonia com os habitantes locais, os palestinos.


Se bem que já tivesse lido sobre israelenses que são contrários à política genocida do Estado de Israel, em algum lugar de minha cabeça instalou-se a ideia sem fundamento de que essa política genocida era apoiada com fervor por todos os grupos ortodoxos. Um preconceito que, felizmente, tenho a oportunidade de desfazer com a leitura da matéria que reproduzo a seguir.


Os Judeus que lutam por uma Palestina Livre

Por Lilian Milena, do Brasilianas.org, publicado no sítio de Luis Nassif

Movimento judeu criado na década de 1930, em Jerusalém, e hoje espalhado no mundo inteiro, contraria visão religiosa que teria determinado criação do Estado de Israel


Fonte:Nkusa

Em 1947, durante uma reunião realizada na Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir a criação de um plano de partilha da Palestina entre judeus e árabes, o rabino Yosef Tzvi Dushinsku declarou a toda assembleia que o sionismo - movimento político ideológico criado no início do século passado que defende a existência de um Estado judaico - não representava os seguidores do judaísmo, portanto não concordavam com a criação de um Estado-nação para si.

Dushinsku, judeu de origem húngara, vivia na Palestina com sua família desde 1930 e foi considerado um dos mais proeminentes rabinos ortodoxos da região. Ele veio a falecer logo após a fundação do Estado de Israel, que ocorreu em 14 de maio de 1948.

Desde a segunda semana de novembro os conflitos entre Israel e Palestina se intensificaram após um ataque surpresa do exército israelense que culminou na morte de Ezzedin al Qasam, um dos líderes militares do Hamas, partido que governa a Faixa de Gaza, um dos poucos territórios que sobraram para os palestinos, desde a criação do Estado de Israel.


Segundo informações da ONU, até a última quinta-feira (21), a ofensiva aérea de Israel contra a Faixa de Gaza tinha sido responsável pela morte de 140 pessoas, além de 950 feridos, na maioria civis. Já o número de mortes no lado israelense, atacado por foguetes lançados contra os judeus, somava 13.

A ação do governo de Israel resultou em diversos protestos de judeus, de dentro do próprio país, contrários à ofensiva militar do Estado. Entretanto, chama a atenção da comunidade internacional o número de fotos e vídeos compartilhados nas redes sociais de judeus ortodoxos defendendo o fim do Estado de Israel. O vídeo mais famoso mostra o depoimento do jovem Dovid Weiss membro do grupo Neturei Karta (do aramaico "guardiões da cidade"), criado em 1937, a partir de um racha do grupo Agudas Yisroel, fundado em 1912, com o objetivo de combater o sionismo.

No vídeo Weiss cita frases impensáveis para quem sempre acreditou que o conflito histórico entre judeus e palestinos tivesse bases religiosas.

“Todos os rabinos que viveram no velho Estado de Jerusalém, antes de 1948, podem lhes dizer como viviam e coexistiam pacificamente com seus vizinhos árabes, como tomavam conta das crianças, uns dos outros, durante o Yann Kippur [mês considerado sagrado no calendário judeu]”.

Weiss denuncia também que judeus ortodoxos antissionistas que vivem em Israel sofrem constantemente repreensões ou espancamentos. Eles são chamados por judeus favoráveis a constituição do Estado na Palestina de “antissemitas”. Semita é um termo que, usualmente, refere-se aos judeus, apesar de designar os povos originários de uma mesma língua na região do Oriente Médio, e isso inclui hebreus (judeus) e árabes.

Policial judeu agride manifestante na fronteira com a Faixa de Gaza

A organização Neturei Karta mantem um site (http://www.nkusa.org) onde tenta desmontar a imagem que o mundo tem da criação de Israel como Estado. Segundo a organização, a religião judaica vem sendo deturpada pelo sionismo. Numa carta entregue aos Palestinos da Faixa de Gaza, em julho de 2009, escrita pelo braço norte-americano do movimento, eles lamentam a existência do Estado de Israel.

“Os judeus verdadeiros são contra a desapropriação dos árabes de suas terras e casas. De acordo com a Torá [livro sagrado na religião judaica], a terra deve ser devolvida a vocês [Palestinos]”.

Essa linha religiosa dos Neturei Karta, que diz seguir rigorosamente os ensinamentos do judaísmo, aponta que hoje os judeus não tem direito de ocupar em massa a “Terra Santa”, localizada na Palestina. Isso decorre de uma crença religiosa que os impedem de ter domínio sobre qualquer território, mas que os orientam a viver pacificamente nos países onde tiverem que viver. A criação do Estado de Israel, descrita nos livros sagrados, na verdade, é retratada como um evento divino, e não tem nada a ver com o mundo material, de um Estado criado através das mãos humanas.

“[Os sionistas] têm usado a Torá para legitimar seu roubo, alegando que eles têm direito à terra, mandando para fora os palestinos, enquanto, na verdade, a Torá proíbe explicitamente isso. Ainda mais audazes alegam que [a Palestina] era uma terra sem povo para um povo sem terra. Deveriam parar de dizer isso, porque naqueles dias não existia a cobertura suficiente dos meios de comunicação imparciais, e contavam com o apoio das potências ocidentais”, destacam na carta aberta aos palestinos da Faixa de Gaza.

Segundo Weiss, o Estado de Israel cria inimigos, como o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, para justificar ataques e a criação de exércitos para proteger os judeus em Israel. “Mas nós não queremos inimigos. Sempre vivemos em paz com os muçulmanos”, completou.

Em setembro, uma delegação de rabinos anti-sionistas reuniu-se com o 
presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, durante sua visita a Nova York.

Os judeus ortodoxos defendem o desaparecimento pacífico do Estado de Israel. No vídeo, Weiss pede desculpas aos muçulmanos e afirma que o único modo de repararem o dano de décadas de violência dos sionistas contra os árabes é a partir da criação de um Estado palestino. “Depois disso, haverá a paz e esses 50 anos não passarão de um pesadelo, uma miragem que nada tem a ver com a verdade”.

O movimento Neturei Karta é acusado de ser uma pequena seita extremista e ultra-ortodoxa pelos judeus sionistas, mas eles rebatem dizendo que são milhares espalhados em várias partes do mundo. Aliás, teriam sido dispersados justamente por lutarem pela libertação da Palestina. Só no bairro do Brooklyn, em Nova York, existem três sinagogas ligadas ao Neturei Karta.

O Brasilianas.org está a procura de uma comunidade Neturei Karta no Brasil. Pedimos ajuda aos leitores que puderem colaborar com mais informações sobre o assunto.




Jovem judeu ortodoxo carrega bandeira do Estado Palestino

18 de Novembro, grupo liderado pelo movimento Neturei Karta faz protestos em Nova York

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