O artigo é de 2007 e traz questões atualíssimas particularmente para nós, brasileiros, que vemos o agronegócio dominar a cena nacional em seus avanços territoriais poluentes e, muitas vezes, devastadores, bem como em seus "avanços" no cenário político (recuos institucionais, na verdade) buscando a desregulamentação, seja ambiental, seja dos direitos trabalhistas, seja em qualquer setor de obrigações dos amigos da bancada ruralista. Por vezes nem sei se têm, eles, ideia de onde estão se metendo ao apoiarem os grupos multinacionais dos transgênicos e companhia. Os latifundiários locais são pinto pequeno perto dessas grandes empresas. Quando chegar a hora (e vai chegar) de a onça beber água, eles serão engolidos fácil e rapidamente. Perante o deus mercado, para o qual eles rezam, eles são o lado mais fraco da corda. Como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco...
Ousei fazer essa tradução do italiano, mas estou pronto a corrigir o que for necessário caso alguém que conheça melhor a língua venha a sugerir. Utilizei o Google tradutor e tanto bom senso quanto possível para apresentar o que de fato interessa: o conteúdo da matéria. Fico antecipadamente grato por qualquer eventual sugestão.
Por Maurizio Blondet (06/12/2007), no sítio Desinformazione
Trabalhos da escavação de granito na Seed Vault Doomsday
Na ilha gelada de Spitsbergen, arquipélago desolado de Svalbard (Mar de Barents, a mil quilômetros do Polo) está em andamento o febril acabamento do superbanco de sementes, destinado a conter as sementes de três milhões de variedades de plantas de todo o mundo.
Um "banco" esculpido em granito, ladeado por duas portas à prova de bomba com sensores, detectores de movimento, saídas de ar especiais, paredes de concreto armado de um metro de espessura.
A fortificação está localizada no pequeno aglomerado de Longyearbyen, onde cada forasteiro que chega é imediatamente percebido; de resto, a ilha é quase deserta.
Servirá, diz o governo norueguês, proprietário do arquipélago, para "preservar a biodiversidade agrícola para o futuro".
Para a publicidade, é o empreendimento "a arca do Apocalipse”.
O fato é que o principal patrocinador desta arca da semente é a Fundação Rockefeller, em conjunto com a Monsanto e a Syngenta (os dois gigantes do geneticamente modificado), a Pioneer Hi-Bred que estuda OGM [organismos geneticamente modificados = transgênicos] para a empresa química multinacional DuPont; grupo interessante ao qual juntou-se recentemente Bill Gates, o homem mais rico da história do mundo, através de sua fundação de caridade Bill & Melinda Gates Foundation.
Esta dá ao projeto US $ 30 milhões por ano.
É o que nos informa o excelente William Engdahl, que raciocina assim: aquelas pessoas não jogam dinheiro em pura utopia humanitária.
Qual o futuro é esperado para se criar um banco de sementes desse tipo?
Há pelo menos mil bancos de sementes pelas universidades de todo o mundo: que futuro eles vão ter?
A Fundação Rockefeller, nos lembra Engdahl, é a mesma que nos anos 70 financiou com US $ 100 milhões na época a primeira ideia de "revolução genética na agricultura".
Foi um grande trabalho que começou com a criação do Conselho de Desenvolvimento da Agricultura (emanação da Fundação Rockefeller) e depois do Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz (IRRI), nas Filipinas (que contou com a presença da Fundação Ford).
Em 1991, este centro de estudos sobre o arroz é conjugado com o mexicano (mas sempre dos Rockefeller) International Maize and Wheat Improvement Center (Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo), em seguida, com um centro semelhante para Agricultura Tropical (IITA sede na Nigéria, dólares de Rockefeller).
Estes acabaram formando o CGIAR, Grupo Consultivo sobre Pesquisa Internacional em Agricultura (Consultive Group on International Agriculture Research).
Em várias reuniões internacionais de especialistas e políticos realizadas no centro de conferências da Fundação Rockefeller em Bellagio, o CGIAR providenciou para atrair para seu jogo a FAO (agência da ONU para alimentação e agricultura), o Banco Mundial (então dirigido por Robert McNamara ) e o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas.
O CGIAR convidou, hospedou e ensinou gerações de cientistas agrícolas, especialmente no Terceiro Mundo, sobre as maravilhas do moderno agronegócio e da indústria nascente de sementes geneticamente modificadas.
Estes levaram a palavra para seus países, criando uma rede de influência extraordinária para a penetração do agronegócio Monsanto.
"Com um efeito de alavanca prudente dos recursos inicialmente investidos", escreve Engdahl,"na década de 70, a Fundação Rockefeller colocou-se na posição de moldar a política agrícola mundial. E, de fato, plasmou-a".
Tudo em nome do cientificismo humanitário ("a fome no mundo") e de uma nova agricultura adaptada ao mercado livre global.
O projeto de escavação do Banco de Sementes
A genética é uma velha fixação dos Rockefeller: ao final dos anos 1930, quando se chamava "eugenia", e foi muito estudada em laboratórios alemães como pesquisa sobre a pureza racial.
A Fundação Rockefeller financiou generosamente aqueles cientistas, muitos dos quais, após a queda de Hitler, foram trazidos para os EUA, onde continuaram a estudar e experimentar.
O mapeamento do gene, a sequência do genoma humano, a engenharia genética da qual Pannella e seus coristas esperam curas surpreendentes para os males humanos – em conjunto com os OGM patenteados pela Monsanto, Syngenta e outras gigantes – são os resultados dessas pesquisas e experiências.
Em 1946, por outro lado, Nelson Rockefeller lançou a palavra de ordem da propagandística "Revolução Verde" do México, uma viagem em que o acompanhou Henry Wallace, que tinha sido ministro da Agricultura no governo de Roosevelt, e se preparava para estabelecer a já referida Pioneer Hi-Bred Seed Company.
Norman Borlaug, o cientista agrícola aclamado pai da Revolução Verde, com um Prêmio Nobel da Paz, trabalhava para os Rockefeller.
O objetivo proclamado: superar a fome no mundo, na Índia, no México.
Mas Rockefeller gasta realmente dinheiro para o sofrimento da humanidade?
A chave está na frase que Henry Kissinger pronunciou na década de 1970, quando nascia o CGIAR: "Quem controla o petróleo controla o país, quem controla alimentos controla a população".
O Petróleo, os Rockefeller já controlavam com a Standard Oil, líder do cartel mundial de petróleo.
Hoje sabemos que a Revolução Verde foi o sinônimo publicitário para os OGM, e o seu verdadeiro êxito tem sido o de soterrar a produção da agricultura familiar e submetendo os agricultores, especialmente no Terceiro Mundo, aos interesses de três ou quatro gigantes do agronegócio euro-americano.
Na prática, isso foi feito através da recomendação e difusão de novo “híbrido-milagre" que dava colheitas “fabulosas”, preparada nos laboratórios de gigantes multinacionais.
As sementes híbridas têm um caráter comercialmente interessante para o negócio: não se reproduzem ou se reproduzem pouco, forçando os agricultores a comprar novas sementes a cada ano, em vez de usar (como o fez por milhares de anos) parte de sua colheita para o replantio.
Essas sementes foram patenteadas, e custam muito.
Eles são praticamente um monopólio da Dekalb (Monsanto) e Pioneer Hi-Bred (DuPont), as mesmas empresas na vanguarda dos OGM.
As relativas autossuficiência e sustentabilidade da autoalimentação da agricultura tradicional estavam acabadas.
Às sementes híbridas seguiram as "necessárias" tecnologias agrícolas americanas com alto investimento de capital, os indispensáveis fertilizantes químicos Monsanto e DuPont, e com a chegada dos OGM, os absolutamente necessários pesticidas e herbicidas estudadas e recomendadas para aquela semente OGM específica.
Tudo patenteado, tudo caro.
Os camponeses que haviam cultivado durante séculos para seu próprio consumo e do mercado local, pouco importando e pouco exportando, não têm tanto dinheiro.
Aqui está a solução pronta: lançar-se na agricultura "orientada para os mercados globais", a produção de produtos não para o consumo, mas para a venda, cash-crop, especificamente para fazer o caixa (levantar dinheiro).
Adeus autossuficiência e autoconsumo, adeus à proibição de importações desnecessárias.
Os agricultores podem vender ao exterior, sim, sob o controle de seis intermediários globais, gigantes e titãs como a Cargill, a Bunge y Born, a Louis Dreyfus...
O Banco Mundial de McNamara socorria, fornecia aos regimes subdesenvolvidos créditos para criar canais de irrigação modernos e represas; e o Chase Manhattan Bank, dos Rockefeller, oferecia-se – visto que os agricultores não produziam o suficiente para pagar suas dívidas, para comprar agrotóxicos, transgênicos e sementes híbridas patenteadas – para endividar os agricultores em regime privatista.
Mas isso é para os grandes agricultores com latifúndios.
Os pequenos agricultores, para as sementes-milagre, os herbicidas e os fertilizantes científicos, tiveram que pedir emprestado “no mercado", ou seja, com agiotas.
As taxas de juros sequestraram a colheita-milagre; para muitos, também devoraram a terra.
Os agricultores, especialmente na Índia, tiveram que trabalhar numa terra que não mais lhes pertencia para pagarem as dívidas.
A mesma revolução está ocorrendo na África.
Quilômetros de monoculturas de algodão geneticamente modificado, sementes estéreis para comprar a cada ano.
E o melhor ainda está por vir.
Desde 2007, a Monsanto, junto com o governo dos EUA, patenteou em todo o mundo a semente “Terminator”, ou seja, que comete suicídio após a colheita: uma descoberta que, sem escrúpulos, chamaram Tecnologia de Restrição de Uso Genético (“Genetic Use Restriction Technology”), ou seja, para reduzir a utilização de sementes não patenteadas.
A extensão de sementes geneticamente modificadas – ou seja, clones com características genéticas idênticas – é, obviamente, um perigo para a boca humana: uma doença destrói todos os clones, e é a fome.
Precisamos da biodiversidade, de que falam ambientalistas radicais e verdes.
E aqui começamos a perceber por que se está construindo a Arca de Noé de sementes em Svalbard: quando chegar o desastre, as sementes naturais deverão ser controladas pelo grupo do agronegócio, e por mais ninguém.
Os bancos de sementes, de acordo com a FAO, são 1400, na maior parte já nos Estados Unidos.
Os maiores são usados e de propriedade da Monsanto, Syngenta, Dow Chemical, DuPont, que derivam da mudança de marca genética.
Por que eles precisam de uma outra Arca de Noé em Svalbard, com portas blindadas e alarmes contra intrusos, escavada na rocha?
Os outros bancos estão na China, Japão, Coréia do Sul, Alemanha, Canadá, aparentemente nem todos sob o controle direto de grandes grupos.
A tecnologia “Terminator” pode sugerir um fantástico cenário de conspiração: uma doença até então desconhecida que infecta sementes naturais conservadas em bancos fora do controle dos Estados Unidos, obrigando-os a recorrer ao cofre de Svalbard, o único ileso.
É um pensamento que temos que correr para dissipar: quem pode ousar difamar benfeitores da faminta humanidade como Rockefeller, a Monsanto, Bil Gates, Syngenta?
Mas Engdahl recorda as palavras do professor Francis Boyle, o cientista que elaborou o primeiro esboço da lei norte-americana contra o terrorismo biológico (Biological Weapons Anti-Terrorism Act), aprovada pelo Congresso em 1989.
Francis Boyle argumenta que "o Pentágono está se preparando para lutar e vencer a guerra biológica", e que Bush emitiu duas diretivas para este fim, adotadas em 2002 "sem conhecimento do público".
Para Boyle, no biênio 2002-2004, o governo dos EUA já gastou 14,5 bilhões dólares para pesquisas sobre a guerra biológica.
O Instituto Nacional de Saúde (órgão do governo) concedeu 497 bolsas de estudo para a pesquisa sobre germes infecciosos com possibilidades militares.
O bioengenharia é, obviamente, a principal ferramenta nesta pesquisa.
Jonathan King, professor no MIT, sustenta que "os programas bioterroristas representam um perigo crescente para a nossa própria população, esses programas são invariavelmente descritos como ‘defensivos’, mas em matéria de armamento biológico, defensivo e ofensivo igualam-se".
Outras possibilidades estão presentes no ar, e Engdahl lembra algumas delas.
Em 2001, uma pequena empresa de engenharia genética da Califórnia, a Epicyte, anunciou que desenvolveu um milho geneticamente modificado que contém um espermicida: machos alimentados com ele tornaram-se estéreis.
A Epicyte havia criado essa semente milagre com fundos do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o ministério que compartilha com a Monsanto as patentes do Terminator, e naquele tempo, a empresa desenvolvia uma joint venture com a DuPont e a Syngenta.
Mesmo antes, nos anos 1990, a Organização Mundial da Saúde (WHO, ou seja, a ONU) lançou uma ampla campanha para vacinar contra o tétano mulheres das Filipinas, México e Nicarágua, entre 15 e 45 anos.
Por que só as mulheres?
Talvez por que os homens, em países pobres, estão isentos do tétano, e nunca vão se ferir com ferros sujos e enferrujados?
Essa foi a demanda do Comitê Pro Vida, a organização católica mexicana bem ciente das campanhas antinatalidade realizadas na América do Sul pelos Rockefeller.
Ele fez examinar a vacina fornecida gratuitamente e generosamente pela OMS para mulheres em idade fértil: e descobriu que ela continha gonadotrofina coriônica humana, um hormônio natural que, quando ativado pelo germe atenuado do tétano na vacina, estimulava anticorpos especiais que tornava as mulheres incapazes de levar a gravidez a termo.
Na verdade, um abortivo.
Descobriu-se que esta vacina milagre foi o resultado de 20 anos de pesquisa financiada pela Fundação Rockefeller, pelo Population Council (dos Rockefeller), pelo CGIAR (Rockefeller), o Instituto Nacional de Saúde (governo dos EUA)... e também a Noruega tinha contribuído com 41 milhões dólares para o a vacina antitétano-abortiva.
Por acaso, o mesmo estado que hoje participa da Arca de Noé e que a monitorará na sua Svalbard.
Isso traz de volta à mente de Engdahl (não para nós) a antiga fixação dos Rockefeller pela eugenia do Reich: a linha de pesquisa favorita era o que foi chamado de "eugenia negativa", e perseguiu a extinção sistemática das raças indesejadas e de sua composição genética.
Margaret Sanger, a feminista que fundou (com dinheiro dos Rockefeller), a Planned Parenthood International, a ONG mais comprometida com a promoção de contraceptivos no Terceiro Mundo, tinha ideias claras sobre o assunto, quando lançou um programa social em 1939, chamado "The Negro Project".
Como escreveu em uma carta a um amigo de confiança, o extrato do projeto era o seguinte: "Queremos eliminar a população negra".
Ah, perdão, desculpe-me: não se diz "negro", diz-se "preto", "Afroamericano".
É isso o que realmente importa, para os progressistas.
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