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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Após protestos, estudantes chilenos foram presos em incursões policiais feitas em escolas
(28jun2013)

Aquiles: Nesta postagem eu traduzo uma matéria da BBC News e não viso aproveitar o bonde da atual onda mundial de manifestações. Os protestos no Chile foram objeto de meu interesse desde seu início. Em 2011 eu publicava matéria sobre o Chile maravilha desnudado, sobre 80.000 pessoas em manifestações e sobre manifestações de apoio em aos chilenos em diversos países latino-americanos. 

Os estudantes chilenos, bem como os canadenses, vão à luta por educação pública gratuita e de qualidade. No Chile e no Canadá não há educação superior gratuita. Nesses países, a educação de melhor qualidade é vendida, e não dada. No Canadá, os estudantes de nível superior começaram a se sentir sufocados pelo peso das dívidas crescentes que as elevações de taxas escolares estavam gerando para eles. Protestos justos.

Quanto ao Brasil, também lá atrás eu aspirava por uma reação popular. Eu dizia que o governo somente atuaria para atender a justas reivindicações populares se o povo fosse às ruas. O povo que sofre de fato sob uma injusta distribuição de riquezas - e, por que não?, de direitos civis. E não somente os valorosos jovens que podem ficar dias e dias seguidos subindo e descendo as avenidas das nossas principais cidades. O povo, mesmo, na rua dará sustentação política a governantes bem-intencionados, ajudando a romper a hipócrita e cínica resistência da elite, do empresariado conservador e ganancioso e da grande mídia.

A elite brasileira e os empresários/financistas brasileiros e estrangeiros não suportam a ideia de distribuição de renda e nem de garantia de direitos civis e/ou trabalhistas para o povo. Afinal, são eles quem bancam, em última instância, a eleição de nossos parlamentares (em todos os níveis de governo). Acho que de desinteressados eles não têm nada. Vão exigir o retorno de seus "investimentos" na forma de benefícios e privilégios mil, outorgados a eles via recursos públicos. Ou seja, uma eleição assim sai bem caro para todos nós, pagantes de impostos. E há o agravante de que essa mesma elite e esses mesmos donos do capital são experts em sonegar impostos, mantendo contas em paraísos fiscais e/ou burlando documentações e balanços de empresas. Veja-se, agora, a "triste" situação dos empresários de ônibus, que vêm amargando prejuízos ano após ano. Curioso! Se sofrem tanto, por que não abandonam esse ramo?

A grande mídia brasileira, essa coisa triste, porta-voz servil da elite e dos donos do capital, sempre está pronta para "latir" contra o que quer que seja que possa implicar em real melhoria da vida das pessoas mais pobres. Afinal, elas também são mantidas, bancadas, pelos donos do capital. Ademais, seus donos também fazem parte do seleto grupo de milionários (bilionários, no caso da Globo) da elite brasileira.

O que me admira é que tem quem ainda pague para ver ou para ler todo o pesadelo que essa grande mídia produz cotidianamente para tentar nos convencer de que tudo vai muito mal. E o pior é que essas ideias se disseminam, mesmo que a realidade diante de nossos olhos nos prove, por A+B, que as coisas até que têm melhorado bem - pleno emprego, massa salarial aumentando exponencialmente, comércio vendendo como nunca, agricultura bombando recordes atrás de recordes. Mas muitos ainda preferem acreditar no Jornal Nacional. Fazer o quê?

De minha parte somente posso rezar para que um dia todos acordemos. Se posso ler um bom livro (romance, ficção, drama, etc.), por que cargas d'água vou pagar para ler uma Folha de São Paulo ou uma Veja? Ali eu já sei que o romance é pífio, a ficção é grande, mas de baixíssimo astral, e o drama é forjado para me amedrontar perante a vida. É como se eu pagasse para alguém me fazer cair em um estado depressivo, rancoroso, alimentando ódios e discriminações. Eu, hein! Tô fora! Troco, de bom grado, esses pesadelos por sonhos com um mundo melhor, mais justo, fraterno, igualitário, onde cada pessoa é uma emanação da mesma fonte de onde eu vim. Portanto, cada ser vivente é meu irmão, independentemente de cor, credo, nacionalidade, orientação sexual, nível de estudo, etc. Assim eu vivo bem melhor. E assim foi-se embora minha depressão (mesmo!).

Resumindo: político ruim tem medo de passeatas e de manifestações. O povo na rua pode dar impulso aos políticos bem-intencionados (e eles existem) para romper os bloqueios políticos (bancada ruralista, bancada financista, bancada evangélica, etc.) e midiáticos que atrasam a vida de todo mundo (e adiantam a deles, é claro). Se quisermos um país melhor, é nossa responsabilidade dizermos o que queremos em alto e bom som. Os políticos realmente bons agradecem.

Após os protestos, estudantes chilenos foram presos em incursões feitas em escolas

BBC News (acesse a matéria em inglês e para assistir vídeo)

Os confrontos foram dos piores em Santiago desde 2011 , quando os protestos começaram

A polícia chilena prendeu 122 pessoas, muitas das quais adolescentes, após incursionar por escolas secundárias que tinham sido tomadas por seus estudantes

As escolas devem ser utilizadas como locais de votação no domingo, quando os chilenos escolherão candidatos para a eleição presidencial de novembro.

A ocupação era parte de uma campanha que já dura dois anos em prol de reformas educacionais.

A polícia confrontou-se com estudantes na capital, Santiago, na noite de quarta-feira, após um protesto nacional ocorrido naquele dia.

A violência foi das piores vistas no Chile desde que as demonstrações começaram, em 2011, relata Gideon Long, da BBC de Santiago.

O poderoso movimento estudantil tem organizado grandes demonstrações durante os dois últimos anos exigindo educação gratuita e de qualidade.

Esporádicas tomadas de escolas e universidades têm feito parte da campanha.


'Ordem restaurada'

Na quinta-feira a polícia efetuou incursões na madrugada em mais de 20 escolas por toda a Santiago, onde estudantes tinham estavam entrincheirados em barricadas feitas de mesas e cadeiras. A mídia local apresentou imagens de policiais produzindo estouros dentro dos edifícios.

O Ministro do Interior, Andres Chadwick, disse posteriormente que as forças de segurança havia "restaurado a ordem", acrescentando que as detenções tinham sido pacíficas em sua maioria.

"Uma vez que o diálogo não atingiu os resultados esperados, e dado que estamos a 72 horas de iniciar as primárias, tivemos, como governo, a obrigação de evitar quaisquer perturbações", disse ele.

As invasões policiais ocorreram após uma noite de violência em Santiago.

Mais de 100 pessoas foram presas e 10 policiais foram feridos após a demonstração espalhada por toda a cidade, que reuniu dezenas de milhares de estudantes, professores e sindicalistas.

A violência irrompeu quando jovens mascarados começaram a atirar pedras e coquetéis molotov nas forças de segurança, as quais responderam com gás lacrimogêneo e canhões de água.

Embora o sistema educacional do Chile seja considerado por muitos como um dos melhores da América Latina, os estudantes argumentam que ele é profundamente injusto.

Eles afirmam que estudantes de classe média têm acesso a alguns dos melhores ensinos da região, enquanto que os pobres têm que se contentar com escolas que recebem recursos insuficientes. O país não possui universidades gratuitas.

A campanha por reforma educacional é o maior movimento de protesto que o Chile presencia desde o retorno da democracia em 1990.

Tradução: Aquiles Lazzarotto

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