Reproduzo resenha publicada no New York Revieu of Books que mostra a diferença total entre a educação finlandesa e aquela pregada pelas grandes corporações e grandes nações. Enquanto na Finlândia cuida-se do prazer de se estar na escola, tanto para professores quanto para alunos, estabelecendo-se também intenso investimento numa exigente formação qualificada e na respeitabilidade do professor, nos demais países a ideia vigente é a da competitividade consequente de avaliações padronizadas, com políticas meritocráticas aplicadas aos professores. A escola finlandesa privilegia a educação para todos com base em princípios cooperativos, com estímulos à curiosidade e criatividade, e, fundamentalmente, com a confiança nos critérios dos professores.
O texto, apesar de um pouco longo para os padrões de um blog, é imperdível para todos que tenham algum interesse em políticas educacionais ou pela educação de um modo geral. Não é texto voltado somente a educadores, mas para cidadãos que se preocupam com o futuro e o destino das novas gerações.
Se você clicar no "continua", verá uma fotografia que dá uma boa noção de como deve ser agradável para as crianças finlandesas frequentar a escola e nela permanecer.
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Escolas que podemos invejar
Por Diane Ravitch | New York Review of Books, 8/3/2012
Tradução Viomundo
[Resenha do livro Lições Finlandesas: O que o mundo pode aprender com as mudanças educacionais na Finlândia?, de Pasi Sahlberg, Teachers College Press, 167 páginas, U$34.95]
Em anos recentes autoridades eleitas e formuladores de políticas públicas como o ex-presidente George W. Bush, o ex-chanceler educacional de Nova York, Joel Klein; a ex-chanceler educacional de Washington DC, Michelle Rhee e a secretária de Educação [equivale ao ministro, nos Estados Unidos] Arne Duncan concordaram que não deve haver “desculpas” para a existência de escolas com notas baixas em testes de múltipla escolha. Os reformistas do “sem desculpas” acreditam que todas as crianças podem atingir determinada proficiência acadêmica independentemente de pobreza, problemas de aprendizagem ou outras condições, e que alguém deve ser responsabilizado se os alunos não conseguirem. Este alguém é invariavelmente o professor.
[Nota do Viomundo: Na lista acima podemos incluir um sem número de 'especialistas' e políticos brasileiros que bebem na matriz neoconservadora]
Nada é dito sobre cobrar responsabilidade dos líderes municipais ou de autoridades eleitas que decidem questões cruciais como financiamento, tamanho da classe e distribuição de recursos. Os reformistas dizem que nossa economia corre risco, não por causa da crescente pobreza ou desigualdade de renda ou da exportação de empregos, mas por causa de professores ruins. Estes professores ruins devem ser identificados e jogados fora. Qualquer lei, regulamentação ou contrato que proteja estes malfeitores pedagógicos precisa ser eliminada para que eles sejam rapidamente removidos sem considerar experiência, senioridade ou processo legal.
A crença de que as escolas, em si, podem superar os efeitos da pobreza teve origem décadas atrás, mas sua mais recente manifestação está num livro curto, publicado em 2000 pela conservadora Fundação Heritage, de Washington DC, intitulado Sem Desculpas [No Excuses]. No livro, Samuel Casey Carter identificou vinte e uma escolas em regiões de alto índice de pobreza com bons resultados nos testes. Na última década, figuras influentes na vida pública decretaram que a reforma escolar é chave para sanar a pobreza. Bill Gates declarou à National Urban League, “vamos acabar com o mito de que podemos acabar com a pobreza antes de melhorar a educação. Eu diria que é ao contrário: melhorar a educação é a melhor forma de resolver a pobreza”. Gates nunca explicou porque uma sociedade rica e poderosa como a nossa não pode enfrentar a pobreza e a melhoria da educação ao mesmo tempo.
Por um período, a Fundação Gates imaginou que escolas menores eram a resposta, mas Gates agora acredita que a avaliação dos professores é o ingrediente primário da reforma escolar. A Fundação Gates dá centenas de milhões de dólares a distritos escolares para desenvolver novos métodos de avaliação. Em 2009, a principal reformista, secretária da Educação Arne Duncan, lançou um programa competitivo de U$ 4,35 bilhões chamado Corrida ao Topo, que exige que os estados avaliem os professores baseados nos resultados de testes e que removam os limites existentes sobre as escolas charter gerenciadas privadamente [escolas que recebem financiamento público e privado, mas que não se submetem a todas as regras impostas pelo estado; em vez disso, se comprometem a atingir determinados parâmetros definidos numa declaração de princípios, o charter].
O principal mecanismo da reforma escolar de hoje é identificar professores capazes de melhorar os resultados dos testes dos alunos ano após ano. Se os resultados melhorarem, dizem os reformistas, então os estudantes vão seguir na escola até a faculdade e a pobreza eventualmente vai desaparecer. Isso vai acontecer, acreditam os reformistas, se houver um “grande professor” em toda classe e se um número maior de escolas for entregue a gerentes privados, ou mesmo a corporações com fins lucrativos.
Os reformistas não se importam se os testes padronizados são vulneráveis a erros de medição, de amostragem ou outros erros estatísticos. Eles não parecem se importar se especialistas como Robert L. Linn da Universidade do Colorado, Linda Darling-Hammond de Stanford e Helen F. Ladd de Duke, assim como a comissão formada pelo National Research Council, já alertaram sobre o mau uso dos testes-padrão como forma de dar recompensas ou sanções a professores, individualmente. Nem enxergam o absurdo de avaliar a qualidade de cada professor a partir de testes de múltipla escolha a que estudantes são submetidos uma vez por ano.
Os testes podem revelar informações úteis, mostrando a alunos e professores o que está sendo ou não aprendido; os resultados podem ser utilizados para diagnosticar problemas de aprendizagem. Mas coisas ruins acontecem quando o resultado de testes passa a ter grande consequência para estudantes, professores e escolas, como a redução do currículo para incluir só o que é testável ou cola ou diminuir o padrão de ensino para inflar os resultados. Em resposta à pressão federal e estadual para melhorar o resultado dos testes, distritos escolares de todo o país têm reduzido o tempo para o ensino de artes, educação física, História, civismo e outras matérias não-testáveis. Isso não vai melhorar a qualidade da educação e com certeza vai prejudicá-la.
Nenhuma nação do mundo eliminou a pobreza demitindo professores ou entregando escolas a gerentes privados; não há estudos que apoiem qualquer destas estratégias. Mas estes fatos inconvenientes não reduzem o zelo dos reformistas. A nova turma de reformistas da educação é formada principalmente por gerentes de fundos hedge de Wall Street, integrantes de fundações, executivos de corporações, empreendedores e formuladores de políticas públicas, mas poucos educadores experientes. A desconexão dos reformistas do dia-a-dia da educação e a indiferença em relação a estudos acadêmicos sobre o assunto permitem aos reformistas ignorar a importância das famílias e da pobreza na educação.
As escolas podem fazer milagres, os reformistas dizem, ao se basear em competição, desregulamentação e gerenciamento pelos números — estratégias similares às que produziram o crash econômico de 2008. Em vista da queda dos reformistas por estas estratégias, os educadores tendem a chamá-los de “reformistas corporativos”, para distinguí-los daqueles que entendem as complexidades da melhoria do sistema de ensino.
A bem financiada campanha de relações públicas dos reformistas corporativos foi bem sucedida ao persuadir autoridades eleitas e o público norte-americano de que a educação pública precisa de uma terapia de choque. Uma pessoa tende a se esquecer de que os Estados Unidos têm a maior e uma das mais bem sucedidas economias do mundo e que parte deste sucesso pode ser atribuído a instituições que educaram 90% das pessoas desta nação.
Diante de uma incansável campanha contra os professores e a educação pública, os educadores têm buscado uma narrativa diferente, livre da estigmatização dos resultados de testes de múltipla escolha e das punições previstas pelos reformistas corporativos. Encontraram isso na Finlândia. Mesmo os reformistas corporativos admiram a Finlândia, aparentemente não reconhecendo que a Finlândia desprova todas as suas diretrizes.
Não é estranho os Estados Unidos usarem outra nação como modelo para a reforma da educação. Na metade do século 19, os líderes da educação dos Estados Unidos elogiavam o sistema prussiano por seu profissionalismo e estrutura. Nos anos 60, os norte-americanos correram para o Reino Unido para se maravilhar com as escolas progressistas. Nos anos 80 os norte-americanos atribuiram o sucesso econômico do Japão ao sistema educacional do país. Agora a nação mais favorecida é a Finlândia e por quatro boas razões.
Primeiro, a Finlândia tem o sistema com melhor performance do mundo, medida pelo Programme for International Student Assessment (PISA), que avalia leitura, conhecimento matemático e científico para estudantes de 15 anos de idade da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD), inclusive os Estados Unidos. Contrariamente a nossos testes, não há consequências práticas nos testes aplicados pelo PISA. Nenhum indivíduo ou escola fica sabendo de seus resultados. Ninguém é recompensado ou punido por causa dos resultados dos testes. Ninguém se prepara para os testes, nem existe incentivo para distorcer o resultado.
Segundo, de uma perspectiva norte-americana, a Finlândia é um universo alternativo. Rejeita todas as “reformas” atualmente populares nos Estados Unidos, como a aplicação de testes, escolas charter, pagamento dos professores por mérito, competição ou avaliação dos professores baseada nos resultados de testes aplicados a estudantes.
Terceiro, entre as nações da OECD, as escolas finlandesas têm a menor variação em qualidade, significando que chegam perto de atingir uma oportunidade educacional igualitária — um ideal norte-americano.
Quarto, a Finlândia emprestou muitas das ideias que valoriza dos Estados Unidos, como a igualdade de oportunidades educacional, instrução individualizada, avaliação de portfolio e aprendizagem cooperativa. Muitos destes empréstimos derivam do trabalho do filósofo John Dewey.
Em Lições Finlandesas: O que o mundo pode aprender com as mudanças educacionais na Finlândia?, Pasi Sahlberg explica como as escolas do país se tornaram bem sucedidas. Autoridade de governo, pesquisador e ex-professor de matemática e de Ciências, Sahlberg atribui a melhoria das escolas finlandesas a decisões ousadas tomadas nos anos 60 e 70. A história da Finlândia é importante, ele escreve, “porque traz esperança àqueles que estão perdendo a fé na educação pública”.
Detratores dizem que a Finlândia tem boa performance acadêmica porque é etnicamente homogênea, mas Sahlberg responde que “o mesmo vale para o Japão, Xangai ou Coreia”, que são admiradas pelos reformistas corporativos por sua ênfase nos testes de múltipla escolha. Para os detratores que dizem que a Finlândia, com sua população de 5,5 milhões, é muito pequena para servir de modelo, Sahlberg responde que “cerca de 30 estados dos Estados Unidos têm uma população parecida ou menor que a da Finlândia”.
Sahlberg fala diretamente sobre a sensação de crise educacional que existe nos Estados Unidos e em outras nações. Os formuladores de políticas dos Estados Unidos procuram soluções baseadas no mercado, propondo “competição mais dura, obtenção de mais dados, abolição dos sindicatos de professores, criação de mais escolas charter ou adoção de modelos de gerenciamento do mundo corporativo”.
Em contraste, a Finlândia gastou os últimos quarenta anos desenvolvendo um sistema educacional diferente, focado em melhorar a qualidade dos professores, limitar os testes a um mínimo necessário, colocar responsabilidade e confiança antes de cobranças e entregar a liderança das escolas e dos distritos escolares a profissionais da educação.
Para um observador norte-americano, o fato mais marcante da educação finlandesa é que os estudantes não fazem testes-padrão até o fim da escola secundária. Eles fazem exames, mas os exames são desenvolvidos pelos próprios professores, não por uma corporação multinacional de ensino. A escola básica finlandesa de nove anos é uma “zona livre de testes-padrão”, onde as crianças são encorajadas a “saber, criar e sustentar sua curiosidade natural”.
Encontrei Pasi Sahlberg em dezembro de 2010. Eu fazia parte da dezena de educadores convidados para visitar a casa do cônsul finlandês em Nova York para saber mais sobre o sistema educacional do país um dia depois do anúncio dos resultados de testes internacionais. De novo, a Finlândia estava no topo das nações, como tem estado na última década. Sahlberg assegurou aos convidados que os educadores finlandeses não se preocupavam com os resultados dos testes-padrão e davam boas vindas aos resultados internacionais apenas porque estes resultados protegiam as escolas finlandesas contra os conservadores que exigem testes e resultados.
Os professores finlandeses, disse Sahlberg, são bem educados, bem preparados e altamente respeitados. Recebem o mesmo que os professores dos Estados Unidos em relação a outros profissionais com diplomas universitários, mas professores finlandeses com quinze anos de experiência em sala de aula recebem mais que seus colegas norte-americanos. Perguntei a Sahlberg como era possível cobrar resultado de professores e escolas se não havia testes padronizados. Ele respondeu que os educadores finlandeses preferem falar em responsabilidade, não em obrigações. Ele disse, “nossos professores são muito responsáveis; são profissionais”. Quando perguntado sobre o que acontece com professores incompetentes, Sahlberg insistiu que eles nunca conseguiriam emprego; uma vez professores qualificados conseguem o emprego, é muito difícil demití-los. Quando perguntado como seria a reação de professores finlandeses se fossem julgados a partir do resultado dos testes aplicados em seus estudantes, ele respondeu “deixariam as escolas e não voltariam ao trabalho enquanto as autoridades não abandonassem essa ideia maluca”.
Sahlberg me convidou para ir à Finlândia e visitar várias escolas, o que eu eventualmente fiz em setembro de 2011. Com Sahlberg como meu guia, eu visitei escolas bem iluminadas e alegres, onde estudantes estavam engajados na aprendizagem de música, teatro, drama e estudos acadêmicos, com intervalos de 15 minutos entre as aulas. Conversei longamente com professores e diretores em saguões amplos e confortáveis. Livres da obsessão com os testes que agora consome a maior parte do dia nas escolas norte-americanas, a equipe tem tempo para discutir e planejar o programa educacional.
Antes que eu deixasse a Finlândia, Sahlberg me deu o livro chamado A melhor escola do mundo: Sete exemplos finlandeses para o século 21 [The Best School in the World: Seven Finnish Examples from the 21st Century], sobre a arquitetura de escolas finlandesas. O livro é baseado em uma exposição apresentada na Bienal de Veneza de Arquitetura de 2010. Quando visitamos uma das escolas que aparecem no livro, eu pensei, como é gostoso descobrir uma nação que se preocupa apaixonadamente com o ambiente físico no qual as crianças aprendem e os adultos trabalham.
Nisso, a Finlândia é uma nação distinta. As escolas são cuidadosamente desenhadas para considerar as necessidades acadêmicas, sociais, emocionais e físicas das crianças, começando bem cedo. Os programas pré-escolares não são obrigatórios, mas abrigam 98% das crianças do país. A educação obrigatória começa aos 7 anos de idade. Os educadores finlandeses cuidam para não deixar as crianças para trás e evitam rotulá-las como repetentes, já que estas ações provocam fracasso, diminuem a motivação e aumentam a desigualdade social. Depois de nove anos de um currículo amplo, nos quais não há julgamento por habilidade, os estudantes finlandeses escolhem se querem uma escola secundária acadêmica ou vocacional. Cerca de 42% escolhem a segunda opção. A taxa de conclusão é de 93%, comparada com cerca de 80% nos Estados Unidos.
O programa de preparação de professores da Finlândia está no centro da estratégia de reforma do sistema escolar. Somente oito universidades podem formar professores e a entrada nos programas de elite da formação de professores é altamente competitivo: só um em dez candidatos é aceito. Não há formas alternativas de receber uma licença para lecionar. Os aceitos obrigatoriamente passaram por treinamento em física, química, filosofia, música e pelo menos dois idiomas durante sua vida escolar. Os futuros professores passam por três anos de educação acadêmica e em seguida fazem um programa de mestrado de dois anos. Os professores de determinadas disciplinas precisam fazer mestrado naquelas disciplinas que vão lecionar, não — como acontece nos Estados Unidos — em pedagogia ou em escolas especiais que ensinam a lecionar. Todo candidato se prepara para ensinar a todos os tipos de estudantes, inclusive com necessidades especiais e outras. Todo professor precisa ter as duas formações, os três anos de faculdade e os dois de mestrado.
Como a admissão é difícil e o treinamento é rigoroso, lecionar é uma profissão de respeito e prestígio na Finlândia. O processo é tão seletivo e exigente que virtualmente todos os professores são bem preparados. Sahlberg escreveu que os professores abraçam a profissão com um sentido de missão e as únicas razões pelas quais abandonariam a carreira é “se perderem sua autonomia profissional” ou se “pagamento baseado numa política de mérito [ligado a resultados de testes] fosse imposto”. Enquanto isso, os Estados Unidos agora fazem aos professores do país o que os professores finlandeses achariam profissionalmente repreensível: julgar o valor dos professores pelos resultados de testes aplicados em estudantes.
O currículo nacional da Finlândia em artes e ciências descreve o que deve ser apreendido mas não prescreve detalhes sobre o que exatamente o professor deve ensinar, nem como. O currículo requer o ensino de um idioma nacional (finlandês ou sueco), matemática, idiomas estrangeiros, história, biologia, ciência ambiental, religião, ética, geografia, química, física, música, artes visuais, artesanato, educação física, saúde e outros estudos.
Os professores têm grande liberdade em cada escola para decidir o que ensinar, como ensinar e como avaliar o progresso dos pupilos. Os educadores finlandeses concordam que “toda criança tem o direito de receber apoio personalizado dado desde cedo por profissionais treinados, como parte de sua educação”. Sahlberg estima que 50% dos estudantes recebem algum tipo de atenção de especialistas nos primeiros anos de escola. Os professores e diretores frequentemente discutem juntos as necessidades dos estudantes e da escola. Como resultado desta política, Sahlberg escreve, “a maioria dos visitantes à Finlândia descobre prédios elegantes repletos de crianças calmas e de professores altamente preparados. Também reconhecem a grande autonomia de cada escola: pouca interferência da administração central da educação no dia-a-dia da escola, métodos sistemáticos para enfrentar os problemas do dia-a-dia dos estudantes e ajuda profissional focada nos que precisam dela”.
As crianças da Finlândia têm importantes vantagens sobre as crianças norte-americanas. A nação tem uma forte rede de seguridade social, paga com altos impostos. Mais de 20% de nossas crianças vivem na pobreza, enquanto menos de 4% das crianças finlandesas enfrentam o mesmo problema. Muitas crianças nos Estados Unidos não têm acesso a cuidados médicos regulares, mas todas as crianças finlandesas recebem serviços médicos completos e almoço grátis todos os dois. As universidades finlandesas são gratuitas.
Sahlberg reconhece que a Finlândia ficou de fora do que ele designou como “Movimento Global para a Reforma da Educação”, que ele definiu com propriedade usando a sigla GERM [de Global Education Reform Movement, germe em inglês]. O GERM, ele nota, é um vírus que infectou não apenas os Estados Unidos, mas o Reino Unido, Austrália e muitas outras nações. O programa No Child Left Behind do presidente George W. Bush e o programa Race to the Top, do presidente Barack Obama, são exemplos do movimento de reforma global. Ambos promovem testes-padrão como a medida mais adequada para avaliar o sucesso de estudantes, professores e escolas; privatização, na forma de transferência de escolas para gerenciamento privado; currículos-padrão; e cobrança baseada em resultados de testes, com o pagamento por mérito de professores, fechamento de escolas com resultados ruins e demissão de educadores cujos alunos tiverem notas baixas.
Em contraste, o objetivo central da educação finlandesa é o desenvolvimento de cada criança como uma pessoa pensante, ativa e criativa não obrigada a atingir resultados altos nos testes; a estratégia primária da educação finlandesa é a cooperação, não a competição. Vou avaliar a organização Teach for America — que aparece no livro A Chance to Make History, de Wendy Kopp — em comparação com o modelo finlandês em um segundo artigo.
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