Os próximos dias serão de intensa difusão de vapor ortodoxo. Turbinada pela caldeira midiática, a pressão buscará acionar a manivela de mais uma alta nas taxas de juros. O Copom reúne-se na quarta-feira, dia 20.
Para legitimar um novo giro na rosca do juro mais alto do mundo mobilizam-se energias equivalentes às de um terceiro turno eleitoral. E, justiça seja feita, o dispositivo midiático, seu jogral de consultores e ventríloquos dos mercados, bem como seus aliados dentro do governo, sabem como manipular as expectativas econômicas para criar um clima de 'terrorismo inflacionário' praticamente colocando o Estado brasileiro nas cordas.
O governo e as forças progressistas balbuciam contra-argumentos. Nem de longe com a disciplina e sobretudo, a coesão em torno de uma mesma agenda como acontece no campo rentista. Há um ponto a partir do qual as expectativas dirigem o processo econômico. Ainda que as premissas sejam falsas - como falsas são as afirmações alarmistas de que o país cresce de forma descontrolada e muito acima do pleno emprego de sua capacidade produtiva - elas se impõem pela disseminação do medo.
As expectativas acabam servindo de gatilho para disparar aumentos generalizados, configurando-se um caso típico de profecia auto-realizável. A lição é muito clara: o contrafogo à guerra das expectativas - que será intensa contra este governo que não dispõe de um líder de massa à frente, como foi Lula - não pode limitar-se ao arsenal acadêmico e analítico.
Por mais corretas e serenas que sejam as ponderações que afrontam o rentismo engajado, seu poder de irradiação nasce limitado pelo filtro da mídia conservadora e pela ausência de uma liderança popular contrastante.
Falta um personagem nessa debate: a voz dos movimentos sociais, dos sindicatos e partidos - inclusive e sobretudo a CUT e o PT - que pretendem representar aquele que mais diretamente sofrerá os efeitos do arrocho ortodoxo: o povo brasileiro.
A ver.
Postagem de 17 de abril de 2011 no sítio Carta Maior.
Quem sou eu
- Aquiles Lazzarotto
- Bebedouro, São Paulo, Brazil
- Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário