Colaborador: DaSilvaEdison
O jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo, escreveu recentemente que os gastos com publicidade relativos ao Governo Federal (Administração Direta e Indireta) no último ano de Lula (2010) foram 70% maiores que no último ano de governo FHC (2002). Para chegar aos valores de 956,4 milhões de reais em 2002 e 1,629 Bilhões de reais para 2010, Fernando Rodrigues recorreu apenas aos números oficiais do SECOM, que ele mesmo afirma serem incompletos. Fernando informa que ajustou os valores de 2002 corrigindo pela variação do IGP-M nesse período.
Como se sabe a transparência com os números públicos só se tornou realidade no Governo Lula, e o próprio Fernando Rodrigues afirma não ser possível a verificação dos dados referentes aos demais anos da Gestão FHC. Não seria ingenuidade do jornalista confiar cegamente nos dados fornecidos por um governo que não primou pela transparência? Vamos aos fatos.
Em 2003, quando ainda não tinha preguiça para cruzar informações com os dados do IBOPE, Fernando Rodrigues informou números totalmente diferentes que colocam por terra o artigo dele mesmo em 2011. A inconsistência dos valores chega a quase o dobro do que afirma hoje terem sidos gastos no último ano de governo FHC e inverte o ônus, ou seja, em valores corrigidos FHC gastou em 2002 MAIS do que Lula em 2010.
Antes de entrar na análise dos números que destoam tanto, é preciso entender porque não dá para confiar nos números do SECOM referentes ao governo FHC, e recorro a um artigo de Kennedy Alencar de 2002 que criticava uma manobra do governo FHC em 2001 para ludibriar o limite imposto pelo congresso para gastos em publicidade naquele ano, usando recursos declarados para outros programas, veja aqui.
Compreendendo as manobras usadas pelo governo FHC para gastar mais em propaganda do que podia, fica difícil entender porque Fernando Rodrigues passou a confiar nas informações oficiais daquele período, depois de oito anos a mais de experiência em sua carreira jornalística.
Em 12 de novembro de 2003, Fernando Rodrigues afirmava em sua coluna no UOL que os gastos publicitários da administração direta e indireta do governo FHC em 2002 chegaram a 348,75 milhões de dólares, ou seja, 1,018 bilhões de reais usando o dólar médio de 2002, conta do próprio jornalista à época.
Se jogarmos a correção do IGP-M em cima desse valor, como o próprio Fernado usa em seu recente artigo, chegamos a bagatela de 1,755 bilhões de reais em valores de 2010, ou seja, a verdadeira notícia seria que FHC gastou em 2002, 7,73% a mais do que Lula em 2010. Você pode ver toda a incoerência do Fernando Rodrigues em seus artigos de 2003: Brasil tem outro recorde negativo: é o que mais gasta com publicidade estatal e de 2011: Lula gastou mais que FHC em publicidade no fim de mandato (link do Jusbrasil porque o original da Folha se encontrava na área só para assinantes).
Parece que a velha mídia ainda não se acostumou com a forma com que a internet facilita a busca de informações e expõe contradições de maneira incontestável. Se Fernando Rodrigues tivesse consultado informações que ele mesmo rastreou, evitaria esse constrangimento.
Nota de rodapé:
Esse blogueiro tem o orgulho de ter aqui no PXP, colegas autores de elevada capacidade de escrever artigos inteligentes e objetivos e uma audiência qualificada que quando se expressa costuma manter a discussão em alto nível, mas além deles, temos colaboradores regulares e eventuais que nos ajudam, trazendo informação precisa que serve de combustível para nossos contrapontos.
Posso citar como exemplo o Stanley Burburinho que diariamente envia e-mails com resultados de suas investigações para uma lista de jornalistas e blogueiros, onde com orgulho estou incluído. Outro colaborador que muito nos honra é o DaSilvaEdison, que conheço desde o tempo que freqüentávamos o Blog de Ricardo Noblat. DaSilva é colaborador regular no Luis Nassif Online e de vez em quando nos brinda com suas descobertas. O artigo acima me foi passado com as informações mastigadas por ele, portanto ao ler o autor LEN, entendam DaSilvaEdison.
LEN - Químico, microempresário, libertário de esquerda sem filiação partidária, sem preconceitos, agnóstico, respeito o contraditório, flamenguista, cachorreiro, ultramaníaco e apaixonado há 22 anos pela mesma mulher, Cris, companheira de uma vida.
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