Próximo capítulo do livro
“Brasil, Terra de Promissão” (na íntegra em pdf AQUI), publicado em 1969,
ditado pelo espírito de Ramatis e psicografado por América Paoliello Marques.
O sumário do livro é
apresentado a seguir, com os links referentes às partes já postadas neste blog:
Prefácio de Ramatis (ver
AQUI)
I – PREPARAÇÃO
PSICOLÓGICA
1. Origens étnicas (ver AQUI)
2. Desenvolvimento histórico (ver AQUI)
3. Características coletivas (ver AQUI)
4. Composição espiritual (ver AQUI)
5. Lutas de formação (ver AQUI)
6. Amálgama espiritual (ver AQUI)
II – REALIZACÃO
1. Herança espiritual (ver AQUI)
2. Liderança (ver AQUI)
3. Consolidação (ver AQUI)
4. Obstáculos (ver AQUI)
5. Realização (ver AQUI)
6. Harmonia (ver AQUI)
III - CONSEQÜÊNCIAS PARA
A HUMANIDADE
1. Virtude e cristianização (postagem de hoje)
2. Abertura dos canais espirituais
3. Tradição e fraternidade
4. Paraíso terrestre
5. Trampolim espiritual
6. Desligamento gradativo
IV – CONCLUSÃO
1. Testemunhos valiosos
2. Mensagem de esperança
3. Exortação
4. A Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz (FTRC) e seu Trabalho na Terra
III – Consequências para a humanidade
1 – Virtude e cristianização
PERGUNTA —
Examinando as consequências que surgirão, para a Humanidade, da missão
reservada ao Brasil, que comentários desejaríeis tecer neste capítulo
intitulado "Virtude e cristianização"?
RAMATIS —
Consideramos que esses serão os alvos supremos da nova era que surgirá do caos
preparado com esmero pela atual civilização, enceguecida quanto aos valores da
Espiritualidade.
A virtude
constituirá o aperitivo necessário, para ser tomado em doses frequentes e sistematizadas,
com o cuidado hoje dispensado à preparação dos grandes banquetes. Estabelecida,
por unanimidade, a necessidade absoluta do crescimento dos valores espirituais,
o homem começará a agir, como o indivíduo cujo organismo, atingido por uma
inapetência desastrosa, procura estimular-se para a participação no grande
banquete da fraternidade.
Iniciará por
ingerir estimulantes do apetite, capazes de fazer funcionar suas glândulas endócrinas,
adormecidas pela viciação do paladar na ingestão de substâncias tóxicas. Na realidade,
um período intermediário de jejum será a primeira providência para obrigar o organismo
à reação sadia de purificar-se e, em seguida, entrar na corrente da
normalidade.
PERGUNTA — Por
que sugeristes o título "Virtude e cristianização"? Por acaso a busca
da virtude já não representa o processo de cristianização?
RAMATIS —
Enquanto a virtude está sendo buscada como um alvo, o processo de cristianização
consolida-se gradativamente. Desejamos fortalecer a relação indispensável entre
o meio, representado pelo exercício consciente da virtude, e o fim objetivado,
ou seja, a cristianização. Sem esta relação, firmemente estabelecida, uma nova
farsa estaria em andamento, na qual os homens representariam, no palco da vida
social, a triste situação que até hoje os tem infelicitado — pregando o
Cristianismo sem desejar realmente cumpri-lo.
PERGUNTA — Que
espécie de virtude surgirá como a mais necessária ao processo da
cristianização?
RAMATIS — Na
sociedade tecnicista do século XX a palavra virtude perdeu grande parte de seu
valor. Até um pouco antes do surto da tecnologia ela representava um acervo de normas
rígidas de conduta, impostas pela maioria convicta da necessidade social de cultivar
os valores apregoados como indispensáveis ao bem-estar geral.
Não passando,
de modo geral, de uma atitude externa, foi fácil a transição que a classificou
como coisa desprovida de conteúdo. Portanto, sua desvalorização como palavra não
implica na consequente desvalia do conteúdo, pois este, na realidade, não
estava em jogo.
A capacidade
de análise destemerosa característica da era do cientificismo soube identificar
o fenômeno do "esvaziamento" da palavra, porém, ainda, não conseguiu restabelecer-lhe
o conteúdo.
Entretanto, os
valores representados, originariamente, pela palavra virtude, continuam a ser
insubstituíveis para o bem-estar geral e, assim, tornou-se necessário obter nomenclatura
especial para designá-los. Surgiram, então, novas designações para antigas necessidades
do homem — autocrítica, ajustamento, introversão, catarse, autoanalise, substituindo,
respectivamente — contrição, humildade,
meditação, confissão, sendo esta última equivalente à identificação da própria
condição (catarse) e à análise que se segue.
Como vemos,
tratou-se da substituição de um vocábulo desgastado pela ação inadequada de
seus usuários.
PERGUNTA —
Parece-nos um pouco problemática a obtenção de reações adequadas após as
grandes experiências do final do século. Nossas dúvidas baseiam-se no fato de
muitas provações já terem sido vividas sem chegarmos a resultados positivos.
Conseguirá o homem a reação necessária?
RAMATIS — A
instabilidade humana vem se acentuando. A cada nova crise desencadeada corroem-se
os alicerces da segurança fictícia que generosamente o homem se propiciou no
plano material. Como a criança, incapaz de sentir suas necessidades mais profundas,
cercou-se de conforto, como símbolo do bem-estar almejado. A instintiva necessidade
de segurança interior objetivou-se na busca externa de estabilidade. Invertidos
os pontos de vista, concretizou seu sonho de felicidade nas garantias de
sobrevivência do corpo físico. Pôs-se a girar em torno de sua segurança, em vez
de fazê-la girar em torno de si.
RAMATIS — A
segurança tem a função específica de proteger alguma coisa de especial valor.
Justifica-se como um conjunto de precauções tomadas com o objetivo de preservar
o centro vital de uma situação, como meio de levar avante um objetivo visado. O
homem, como indivíduo, deveria ser o centro dessas precauções e seu
desenvolvimento harmonioso o fim a ser alcançado. Tudo deveria girar, num
esquema de segurança bem planejado, em torno do problema de proporcionar a cada
indivíduo o desabrochar de suas melhores potencialidades.
Ao contrário
do que se poderia supor, providências foram tomadas, de forma insofismável, no
sentido de fazer do homem um escravo e suas próprias cadeias tornaram-se a preocupação
capital. Condenou-se, como um feitor iracundo, à tarefa escravizante de forjar
e zelar permanentemente pelos próprios grilhões que deve refazer e fixar com a
maior firmeza possível.
Tornou-se,
então, escravo de sua segurança física, impossibilitado de maiores movimentos,
obrigado a ser o zelador dos próprios grilhões.
PERGUNTA — Por
que sucedeu tal fenômeno?
RAMATIS — A
ausência de amadurecimento espiritual, o desprezo pelas recomendações feitas.
Procederam como a criança caprichosa que se nega a atender às recomendações
recebidas e prefere brincar indefinidamente sem se importar com as necessidades
de submissão às disciplinas educativas.
PERGUNTA —
Qual a finalidade de analisarmos esse procedimento desastroso na presente obra?
RAMATIS — Se
cuidamos de examinar as consequências, para a Humanidade, de todos os fatos em
que o Brasil participa, precisamos conhecer com detalhe o panorama a ser influenciado,
assim como a forma de melhor executar a função que lhe cabe.
O que a Terra
da Promissão deverá oferecer ao homem colhido nas malhas das provações
apocalípticas será a inversão do centro sobre o qual seu desejo de segurança
tem girado. Ficará comprovado quão precária é a segurança material à qual se
tem escravizado. A vida, como mãe generosa, acolherá no seu regaço o pequeno
ser desarvorado e infeliz, que só após o desastre se compenetrará da
necessidade de imprimir novos rumos ao seu proceder caprichoso.
PERGUNTA—
Perdoe-nos a insistência, porém, permanecemos em dúvida quanto às reações do
homem diante dos eventos apocalípticos. Diante das catástrofes do plano físico,
seu desejo de segurança material não será intensificado? De que forma será
possível inverter o centro de gravidade de seu anseio de segurança?
RAMATIS —
Perdoar-vos não seria necessário. As dúvidas que vos ocorrem assaltarão a
coletividade brasileira quando tomar consciência de sua missão. Sem o
necessário preparo espiritual, o brasileiro do futuro buscará avidamente os
meios de socorrer, visto que permanecerá como a tábua de salvação para onde os
náufragos se dirigirão.
Desse modo,
desempenhais, ao nos interrogar, a função preciosa de repórter a colher impressões
do plano espiritual com o objetivo de informar a coletividade brasileira atual
e futura. Nossas sugestões permanecerão como um tema para meditação. Aos que
nos ouvirem a tempo será possível consolidar atitudes benfeitoras para a
colaboração no presente, tendo em vista as situações futuras. Esta seria a
forma de atenuar e mesmo evitar catástrofes, caso o homem não estivesse
irremediavelmente atrelado à roda implacável de seu carma.
Futuramente,
porém, será maior o número dos que rejeitarão como inoportuna a literatura
produzida pelo tédio em que o homem moderno mergulha, como num banho capaz de
produzir efeitos semelhantes aos de mumificação cadavérica. Nossas palavras
então surgirão como um eco longínquo capaz de despertar a alma humana semianestesiada
para os novos rumos espirituais.
PERGUNTA — De
que forma os brasileiros poderão utilizar as advertências que vêm sendo feitas?
RAMATIS — A
nós não cabe traçar roteiros. Por mais que amemos a Humanidade, nosso trabalho
se resume em tecer comentários, que seriam desnecessários caso o homem estivesse
realmente empenhado em buscar-se a si mesmo, como já recomendava a sabedoria grega,
há milênios.
Se tantos
milênios de recomendações proveitosas não afastaram o homem do labirinto da
dor, não seriam nossas palavras ou mesmo todo o Amor que pudéssemos verter
sobre as criaturas que os demoveriam de suas incongruências.
Entretanto, no
caos que se formou, e que se agravará, a virtude para uns significará o trabalho
aparentemente inútil de pregar aos sonâmbulos que passam em atitudes semiconscientes,
desvairados pela dor e pelo desânimo. Os
revoltosos tentarão destruir o pequeno patrimônio obtido com sacrifícios
inauditos pelo punhado de servos fiéis ao Senhor. Estes, por sua vez, serão
tentados a se deixar arrastar pela voragem do desencanto ao tentarem, sem
remédio, deter a onda avassaladora da dor sem limites. O caos será soberano no plano
material. Não vos iludais para que estejais preparados. Só uma força de fé
proporcional ao desequilíbrio geral será capaz de permanecer como virtude
sustentadora do espírito humano.
Habituai-vos a
exercitar a virtude positiva da fé como contraposição normal ao império
aparente do erro. Exercitai a visão espiritual de tal forma que na derrocada do
plano físico possais identificar as construções do espírito. Só aqueles que
souberem ver com "olhos de ver" conseguirão manter-se à tona, sobrepairando
os abismos de dor.
A mente e o
coração equilibrados sustentarão o homem na grande transição. Notai bem que
dizemos a mente e o coração, pois a simples capacidade de sentir a dor do
próximo não será suficiente se a fé não sustentar, com a compreensão
necessária, o desejo fraterno de servir.
Armazenai fé e
confiança. Buscai na razão dos fatos desencadeados a compreensão dos meios de
sobreposição. Jesus, como o Guia da Humanidade, precisará de servos capazes de
permanecer de pé sem desfalecimentos, quando a maioria tombar vencida. Na Terra
e no Espaço coortes de almas rijas executarão os serviços de enfermagem
indiscriminada. Para isso, no entanto, precisarão sentir, em toda a sua
extensão, as razões justas dos males que acometem a Humanidade, para saber de
que forma socorrer, sem mergulhar no oceano avassalador do dilúvio
apocalíptico.
Os servos
avisados agirão desta forma. Que virtudes, porém, recomendar para os que tiverem
permanecido anestesiados diante de seus deveres morais? Sabemos que buscarão em
todas as fontes o socorro necessário e não poderíamos deixar de endereçar-lhes
palavras encorajadoras que os auxiliem, oportunamente, a iniciar a reação tão
retardada!
Bênçãos do
Senhor estarão por toda parte. Porém, que fazer se permaneceram, inadvertidamente,
a cuidar das coisas perecíveis? Seu esforço para "ouvir" precisará
ser proporcional à "surdez" que alimentaram voluntariamente. Precisarão, em primeiro lugar, reconhecer a
responsabilidade que terão nos fatos desencadeados. Se ainda tentarem permanecer
como cegos, a acusar o destino, nenhuma solução positiva poderão alcançar.
Só aqueles que
despertarem em si a virtude da Humanidade, mesmo que tardia, conseguirão
sustentar-se na grande transição. A "revolta dos anjos" deve ter um
fim, para conseguirem a misericórdia que necessitam. Em lugar de sentirem em
tal fato a humilhação, sintoma de orgulho em franca proliferação, precisarão
analisar, com isenção de ânimo, a contribuição que seus atos representaram na
determinação das causas desencadeadas. Pesquisando com imparcialidade os
fundamentos da destruição aparente, poderão sentir o ressurgimento do espírito
imortal, pairando sobre o pedestal onde haviam entronizado a imagem caricatural
do "eu" desvirtuado. Substituído o ídolo de barro pela imagem
fulgurante do espírito eterno, não lhes será difícil compreender de que forma
conduzir os acontecimentos.
A virtude
será, pois, em ambos os casos — para as almas despertas e as anestesiadas —
proporcional à capacidade que desenvolveram, de se ajustarem à realidade, ou
seja, às possibilidades que desenvolverem de serem humildes diante de Deus e do
Universo.
Dessa forma
serão engrandecidas pelas verdades eternas, mesmo quando a destruição imperar
em torno. Nela verão a força renovadora da Providência que tudo transforma para
a necessária evolução.
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