Os banqueiros até agora não engoliram a investida do governo federal para reduzir as taxas de juros e para enfrentar a “lógica perversa” da agiotagem financeira, como afirmou a presidente Dilma Rousseff na véspera das comemorações do 1º de Maio. No início desta semana, a prepotente Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) divulgou um relatório com ares de pura provocação.
O relatório, assinado pelo economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg, questionava a eficácia das medidas do governo para reduzir os juros e elevar o crédito. Num dos trechos, ele era irônico e desafiava: “Você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não pode obrigá-lo a beber água”, deixando explícito que os banqueiros não se curvariam diante das pressões do governo federal.
"Cavalo pode morrer de sede"
Segundo o noticiário, Dilma Rousseff não gostou nem um pouco do teor arrogante do documento. “Um interlocutor próximo da presidente rebateu a declaração de Sardenberg, dizendo que ‘o cavalo poderia morrer de sede’”, informou o jornal O Globo. Diante desta ameaça nada velada, a Febraban recuou rapidinho e desautorizou o seu próprio relatório. Ainda segundo o jornal rentista:
“O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, telefonou para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentando contornar a reação negativa que o relatório provocara e reafirmou a disposição de colaborar no esforço para a ampliação do crédito e o crescimento econômico... Diante da irritação de Dilma e seguindo sua orientação, Mantega avisou ao banqueiro que a retratação teria de ser pública, assim como foi a divulgação do relatório, e deu um prazo até o fim da tarde para a Febraban manifestar-se”.
O desgaste dos agiotas
No final da tarde de ontem (8), a entidade colocou o rabinho entre as pernas e divulgou nota oficial desautorizando o relatório. Segundo ela, os dados e análises apresentados no documento “não podem ser interpretados como um posicionamento oficial da entidade ou de seus associados”. Este foi o segundo recuo explícito dos banqueiros, que temem o desgaste junto à sociedade.
Logo que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal cortaram as suas taxas de juros, o presidente da Febraban, Murilo Portugal, saiu atirando no governo federal. Mas ele teve que engolir a língua e foi afastado das negociações. Agora, um relatório oficial é jogando na lata de lixo. Não dá mesmo para passar a mão na cabeça dos banqueiros, que se consideram deuses e adoram relinchar.
Mídia associada aos banqueiros
Nesta batalha titânica, a presidenta Dilma conta com o apoio dos trabalhadores e dos setores produtivos, aviltados pela roubalheira dos banqueiros no Brasil. Ela não conta, óbvio, com o respaldo dos bancos, que serão obrigados a conter a sua gula. Além disso, ela é obrigada a enfrentar as manipulações dos monopólios midiáticos, associados à ditadura da capital financeiro.
Em sua coluna ontem, a “urubóloga” Míriam Leitão até tentou defender a Febraban. “Reduzir o custo do crédito bancário é bom; as pessoas, no entanto, não podem se endividar mais apenas porque o ministro da Fazenda quer isso”. Desavisada, ela saudou o relatório, afirmando que ele “faz sentido”. Pouco depois, a própria entidade recuou e deixou a colunista pendurada na brocha.
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