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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Golpe de Estado no Paraguai - Rito sumário para impedimento do Presidente Lugo
(22jun2012)

Começa a emergir a reação à democratização na América Latina. O Presidente Lugo, do Paraguai, presidente eleito em 2008, vai ser julgado pelos parlamentares num processo de três dias de duração.
Ao que parece, há forte influência dos latifundiários, com amplo apoio da grande mídia do país. Provavelmente latifundiários brasileiros com propriedades no Paraguai também estejam envolvidos nesse jogo golpista.

Lideranças de movimentos populares afirmam que a pressa em depor o presidente, deposição maquiada com ares de legalidade, se dá para evitar que a população tenha tempo de reagir e ocupar a capital em apoio a Lugo.

Mesmo assim, na quinta-feira, quando do início do processo, havia já cerca de duas mil pessoas postadas em frente à Câmara dos Deputados em Assunção, e consta que muitos apoiadores do presidente estão se deslocando de várias partes do interior rumo à capital.

Até o momento, as informações que circulam na internet não relatam a presença de tanques na rua, mas há um contingente bastante grande de militares principalmente defronte à Câmara.

Para quem não acredita em golpes de estado fica aqui um alerta: quando estamos desagradando os Estados Unidos e os donos do poder financeiro, somos automaticamente alvos de golpes de estado, que podem se dar de diversas maneiras, desde a descarada e violenta (como se deu no Chile de Allende) até as maquiadas de legalidade (como ocorreu em Honduras - francamente ilegal mas apoiada imediatamente pelos EUA - e ocorre agora com Lugo, no Paraguai). Nada me convence que a CIA não esteja envolvida nisso tudo.

O interessante é constatar em todos os casos o papel de sabujo da grande mídia em cada país, buscando criar condições psicológicas para o golpe ao atacar de forma virulenta os chefes de estado a serem depostos.

No Brasil temos vivido numa corda bamba, pois a mídia quase conseguiu derrubar Lula em 2005, com o escândalo fabricado a partir de material conseguido por Cachoeira que recebeu a alcunha de "mensalão", e também com o grampo sem áudio do Gilmar Mendes. Tudo isso foi fortemente repercutido pela mídia. No entanto, a escandalosa privatização ocorrida no governo FHC nunca foram tema de notícia. Da mesma forma, qualquer irregularidade que envolva o PSDB e partidos a ele aliados, quando vira notícia, é cuidadosamente apresentada de modo a não se citar os políticos ou as instituições envolvidas. Veja-se o caso de Aref, em São Paulo, que comprou mais de cem apartamentos em sete anos de trabalho na Prefeitura de São Paulo. Em nenhum momento a mídia cita Kassab, Serra ou qualquer outro político envolvido na nomeação de Aref na Prefeitura de São Paulo.

Por seu caráter oposicionista e pelo papel de ventríloquo do capital que exerce, foi cunhada a expressão PiG (Partido da imprensa Golpista) para se referir à grande mídia brasileira.

Outros sintomas latino-americanos preocupantes são o movimento para redenção de Pinochet, no Chile, e o surgimento de correntes na internet, no Brasil, chamando a população para recompor algo com uma denominação que lembra muito aquela marcha da família com Deus pela liberdade. Foi essa marcha das senhoras católicas e ricas de São Paulo um dos detonadores da armação contra o então presidente eleito João Goulart.

Portanto, olhos e ouvidos atentos são importantes para garantirmos a manutenção do estado de direito democrático. Nada estará garantido se a população não estiver em alerta e, principalmente, se continuar a ter a grande mídia como formadora de suas opiniões.


Atualização às 17h16min, horário de Cuiabá:

Remeto à leitura de:

Paraguai: o elo mais fraco?, do jornalista Rodrigo Vianna

Unasul afirma apoio a Lugo e ameaça romper com Paraguai em caso de impeachment, do sítio Sul 21

O primeiro teste da Unasul, de Eduardo Guimarães

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