Quem sou eu
- Aquiles Lazzarotto
- Bebedouro, São Paulo, Brazil
- Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Pensamentos desalinhavados sobre o Império do norte e a retomada da América Latina
(26jun2012)
(26jun2012)
É impressionante como um determinado fato explicita e dá destaque para contextos mais amplos. O golpe "constitucional" de Estado do Paraguai amplifica várias percepções. Há tempos venho afirmando aqui que a América Latina está na mira do grande capital mundial. O Paraguai pode ser uma ponta de lança para a retomada do "quintal" estadunidense. O Paraguai possui uma imensa pista de pouso em concreto em Mariscal Estigarribia, no Chaco. O jornalista Luiz Carlos Azenha lembra bem que a estratégia estadunidense está mudada. Os EUA não querem bases de manutenção custosa. Querem um ponto de apoio para pousos e abastecimentos em ações militares aqui no sul.
Se considerarmos o Paraguai desimportante, deixando-o à própria sorte da sandice de suas elites, estaremos fazendo o jogo do lobo que devorou todo um rebanho de ovelhas ao conseguir convencer as sobreviventes de que esta ou aquela ovelha não era necessária ao rebanho. Conforme analisa Rodrigo Vianna, a direita aprendeu com a histórica luta da esquerda a começar seus ataques no elo mais fraco.
Interessa ao Império o controle da América Latina por razões para lá de óbvias. Recursos naturais e espaço para crescimento do poder de suas empresas que dominam o agronegócio. Daí a reforma agrária e a agricultura familiar serem demonizadas pelos porta-vozes estadunidenses, a grande mídia nacional. Bonito mesmo é o agronegócio, como nos mostram as lindas propagandas sobre o nosso "crescimento". Tudo o que a mídia acha lindo é concentrador de renda e aumenta desigualdades. Os velhos barões e os novos lordes brasileiros são latifundiários. O Congresso Nacional brasileiro pugna por facilitar (mais) a compra de terras por estrangeiros.
Vindo mais para perto da política nacional, vamos observar o clima de Fla-Flu entre o chamado "mensalão" e a CPMI de Cachoeira. Para além do que cada um desses casos pode gerar de consequências há um pano de fundo. Trata-se de os conservadores conseguirem ou não manter seu "tubo de oxigênio" ficando com a governança de São Paulo, cidade e estado. Oxigênio para lideranças esmaecidas do PSDB e para a mídia, que é beneficiária das gestões tucanas (e de seus coligados). A política real tem exigido que muitos sapos sejam engolidos, se o intuito é manter o país no rumo menos complicado do que a mera entrega dos governos significativos a essa oposição tacanha e retrógrada, conforme bem analisa Eduardo Guimarães. A política real tem que estar atenta e voltada também para o que ocorre fora do país e que põe em risco maior nossa soberania nacional.
Esse clima de Fla-Flu deveria, agora, passar para um segundo plano, apesar de não ser importante. O que rola agora é um "campeonato mundial". Precisamos de um time que esteja preparado para enfrentar o time do hemisfério norte. Um time coeso, bem estruturado e bom de dribles e estratégias. Coesão é necessária para rechaçarmos o golpe de Estado paraguaio e mostrar que nossa união existe de fato em torno do respeito ao estado de direito. A estrutura de apoios mútuos entre os países latino-americanos deve visar a que os "do norte" não peguem a bola. Os dribles são importantes para que nenhum de nossos jogadores seja vítima de jogadas brutas dos adversários. Nossas armas não são materiais; não temos armamentos, a bem da verdade. Então nossos dribles têm que se basear na força do apoio popular e no campo da diplomacia. A estratégia estará em estabelecer regras legítimas para o jogo. Regular, e não censurar, a mídia, por exemplo. Enquanto tivermos os meios de comunicação em mãos de um pequeno grupo amante do pessoal "do norte", o apoio popular será podado em sua raiz. Uma população "zumbizada" pelas novelas e reality shows, por informações deturpadas e, ademais, pelo caos urbano nas grandes metrópoles não terá tempo e nem disposição para apreender o que de fato acontece em sua volta. Sem compreender em profundidade o jogo, a "torcida" não comparece. Na verdade, muitas vezes nem se dá conta de que o jogo existe. Enquanto isso... na Sala da Justiça...
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