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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Greve nas universidades federais - O estado da arte
(20jun2012)

Faço esta postagem sobre a greve também pelo fato de ser procurado por estudantes do curso de Geologia para se inteirarem sobre o andamento da greve docente.

Protesto de professores da UnB e dos membros do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN em frente ao Ministério do Planejamento. Fotos: ANDES-SN


Havia uma expectativa quanto a uma reunião que o governo federal havia agendado com os professores em greve para o dia 19 (ontem). A reunião foi suspensa pelo governo.
A leitura que o Comando Nacional de Greve do ANDES-SN (CNG/ANDES-SN) faz do cancelamento é a de que o governo opta pelo embate, pelo enfrentamento, por "medir forças" com o movimento docente. Em seu mais recente comunicado, o CNG/ANDES-SN acrescenta que:
A greve dos(as) docentes das Instituições Federais de Ensino – agora ampliada para uma greve do conjunto do setor de educação federal – está jogando um papel decisivo na conjuntura. Ela se defronta com um momento chave nacional e internacionalmente, um momento limite, cujo pano de fundo é a crise econômica mundial. Trata-se de uma fase em que o governo brasileiro radicaliza preventivamente as políticas de “austeridade”, que transferem recursos públicos para o setor financeiro e (via subsídios para incentivar ao consumo de bens duráveis e exportação de commodities) para o grande capital em geral, ao mesmo tempo em que retiram direitos dos trabalhadores, possibilitando a ampliação da exploração do trabalho pelo capital.
O fato de tantas universidades participarem do mais forte movimento reivindicatório dos últimos dez anos deve levar o governo federal a repensar suas prioridades, uma vez que o papel da educação dentro da própria economia nacional é de fundamental importância. Se há demanda por profissionais e por boa formação, a "fonte" dessa mão-de-obra indispensável para o funcionamento da economia e para o sucesso de investimentos produtivos são as universidades públicas, como o comprovam os Exames Nacionais de Cursos do país. Educação parada significa atraso na formação e disponibilização de profissionais em todas as áreas do conhecimento.

No entanto, como lembra o CNG-ANDES-SN, a greve do setor da educação
também está cumprindo a tarefa fundamental de desmascarar a contradição de um governo que diz que “educação é prioridade”, mas trata docentes e instituições com tamanho descaso. O que fica demonstrado pelo simples exame do Orçamento da União. Em 2011, o governo Dilma destinou nada menos de 45% do orçamento do país (708 bilhões de reais) para o pagamento de juros e amortização da dívida pública, reservando apenas 2,99% para a educação (conforme os dados levantados pela Auditoria Cidadã da Dívida).
De fato, trazer à tona tal percepção de prioridades governamentais que nem sempre "coincidem" com suas promessas e discursos é importante para sensibilizar a opinião pública para que tome em suas mãos a força da cidadania e cobre do seu governo (e isso nas esferas federal, estaduais e municipais) ações concretas e claramente voltadas para a construção do futuro, priorizando os setores de educação e saúde públicas gratuitas e de qualidade. Enquanto encerrarmos nossa participação política ao sairmos das seções eleitorais onde votamos - ao elegermos nossos governantes e representantes no legislativo -, indo depois "viver nossa vidinha" e deixando para os eleitos a tarefa de conduzirem tudo sozinhos, seremos sempre vitimizados pelas forças inauditas exercidas pelo poder do capital sobre políticos em todos os níveis, acuando-os ou, em alguns lamentáveis casos, subornando-os, seja com dinheiro, seja com bajulações midiáticas.


O fato é, em suma, que NADA MUDOU NESTES 34 DIAS DE GREVE QUE PERMITA IMAGINAR UM RECUO DO MOVIMENTO. Pelo contrário, parece que o embate começa a ganhar corpo agora.
Pensando bem, ALGO MUDOU! A disposição inesperada de muitos dos professores até então inertes para reagir ao estado de coisas que vem sendo construído nas duas últimas décadas no seio da educação pública federal.

Só não vai mudar uma coisa, em qualquer tempo deste movimento: a greve não vai aparecer no Jornal Nacional. E, se por um acaso aparecer, será para caracterizá-la como baderna (em algum ato público) ou para mostrar estudantes e pais de alunos chorosos, e escolhidos a dedo, para colocar a população contra esses insolentes que infligem esses sofrimentos aos pobres cidadãos. A Globo é contra a educação pública por princípio. Para a Globo, educação é sinônimo de negócio, espaço para a iniciativa privada se refestelar.

Em tempo: quem quiser ter conhecimento e acompanhar os Comunicados do CNG/ANDES-SN basta clicar AQUI. São esses comunicados que são discutidos e avaliados nas assembleias gerais de todas as universidades cujos docentes são filiados ao ANDES-SN.

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