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Geólogo e professor aposentado, trabalho este espaço como se participasse da confecção de um imenso tapete persa. Cada blogueiro e cada sitiante vai fazendo o seu pedaço. A minha parte vai contando de mim e de como vejo as coisas. Quando me afasto para ver em perspectiva, aprendo mais de mim, com todas as partes juntas. Cada detalhe é parte de um todo que se reconstitui e se metamorfoseia a cada momento do fazer. Ver, rever, refletir, fazer, pensar, mudar, fazer diferente... Não necessariamente melhor, mas diferente, para refazer e rever e refletir e... Ninguém sabe para onde isso leva, mas sei que não estou parado e que não tenho medo de colaborar com umas quadrículas na tecedura desse multifacetado tapete de incontáveis parceiros tapeceiros mundo afora.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Infinite Solidarité com a Greve infinita!
(14jun2012)

Li postagem de hoje no sítio Occupy Wall Street com o título acima e considerei interessante traduzi-la e apresentá-la aqui. O que vemos em boa parte do mundo são jovens envolvidos de modo crescente com os destinos políticos e econômicos de suas nações. No Brasil, com todo o enxovalhamento que a grande mídia tem aprontado sobre as instituições democráticas e sobre as reputações e a dignidade das pessoas, desinformando e tentando confundir boa parcela da população, além de atuações pífias e altamente criticáveis de autoridades e "eminências pardas" das mais diversas esferas e setores do poder tanto no âmbito público quanto no privado, não se vê os jovens, os estudantes, reagindo a nada disso.

Os universitários e os secundaristas, que, de uma forma ou outra, herdarão este país e terão que mantê-lo funcionando um dia, parecem alheios a tudo e a todos. O mundo desaba à sua volta enquanto a maioria deles está "enfiada" em seus celulares ou em redes sociais tratando principalmente de trivialidades, tais como "vamos beber hoje?", "onde é a festa?", e outras coisas do gênero. É isso que ficou "urgente" para muitos jovens: estar antenado! Saber de tudo o que os amigos estão fazendo ou deixando de fazer. Parece que a preocupação com o futuro foi delegada aos mais velhos, aos "coroas" e "dinossauros" com visões chatas, enfadonhas, sobre a imensa mudança que o mundo vive e que eles não conseguem enxergar. No futuro alguns dirão: "Pôxa! Mas eu tinha 18 anos naquela época e como é que não percebi nada disso?" Outros tantos não chegarão tão longe, mergulhados em suas individualidades, no individualismo cego.

O que será preciso acontecer para que os jovens se deem conta de tudo o que vem se passando no Brasil e no mundo? Estamos a viver, nos últimos anos, momentos riquíssimos de transformações, em que cabe aos homens tomarem as rédeas do destino coletivo, de seus próprios destinos, ou entregá-las à sanha dos grupos seletos que acham melhor que os pobres desapareçam (quer dizer, que morram) para que eles possam desfrutar de seu poder à vontade, sem contestações. Os sobreviventes, na visão desses pequenos grupos, deverão ser subservientes em qualquer situação. Caso contrário, vão instaurando leis para reprimir e abater os descontentes, que ousam expor sua opinião contrária à definida por eles como sendo a certa (e única possível).

Nossa grande mídia já cumpre exemplarmente esse papel, tentando, com sua sabujice, "ficar bem na fita" frente aos financeiramente poderosos do exterior e do próprio Brasil (são poucos). Tudo que agrade a "eles" é defendido com sofreguidão, mesmo que a realidade lhes respingue na cara que não é por aí que as coisas funcionam. A grande mídia está se lixando para o povo. Ou, como dizia um personagem de Chico Anísio, quer que o povo se lixe.

O Brasil, celeiro de recursos naturais altamente atraente para qualquer potência mundial, começa a ser cercado. Bases estadunidenses estão instaladas, e se instalando, no Paraguai, na Colômbia, no Chile, na Amazônia (espero que não em território brasileiro). Os Estados Unidos, juntamente com a falimentar Espanha, estão estimulando a criação de uma comunidade dos países do Pacífico (o Oceano). Aí me pergunto o que é que a Espanha tem a ver com o Pacífico. De fato, ela se acha, ainda, a sede de suas ex-colônias da América Latina. O rei Juan Carlos, matador de elefantes na África, tem participado das reuniões de cúpula dessa organização. E o Brasil é expressamente citado como perigoso por sua ascensão econômica e apontado como imperialista, buscando hegemonia sobre os demais países latino-americanos.

No Chile, um movimento absurdo busca restaurar o extinto partido político do General Pinochet. Restaurar não somente o partido, mas também a veneração àquela abjeta criatura. Ou seja, a direita está se armando para grandes botes. O Brasil tem uma banca de produtos altamente desejáveis no mundo todo, que vai da biodiversidade de cerrados e florestas aos depósitos petrolíferos do pré-sal. Como vamos defender nosso direito sobre nosso patrimônio se sequer sabemos batalhar por outros direitos mais triviais e próximos de nosso cotidiano?

Enfim, foi pensando em tudo isso que traduzi o texto a seguir. Boa leitura.

Infinite Solidarité with Infinite Strike!



Do sítio Occupy Wall Street


Mapa mostrando as localizações dos panelaços em apoio a Quebec

Na noite passada, milhares de pessoas em centenas de cidades uma vez mais se reuniram em solidariedade com a greve dos estudantes de Quebec durante a terceira onda de demonstrações com Panelaços no Canadá (e no mundo). Por todo o globo, marchamos num esforço mútuo não somente em apoio à greve dos estudantes, mas opondo-nos à austeridade e repressão em todos os países e a favor da educação gratuita para todos. O movimento Occypy/15M continua a se solidarizar com a "grève généralle illimitée". A próxima onda de demonstrações está marcada para a próxima semana.

#ggi  #gginyc  #manifencours  #casserolesencours

via NYCGA.net



Continua a solidariedade à greve dos estudantes de Quebec


Infinita solidariedade com a greve geral infinita

O dia 22 de maio marcou o centésimo dia da greve dos estudantes de Québec, uma das maiores mobilizações da história. Manifestações contra o maciço aumento de taxas das universidades (que aumentaria as taxas de matrícula em 60% em cinco anos) ocorreram diariamente em Quebec, com mais de 160.000 estudantes em "greve infinita".  O governo de Quebec promulgou uma lei draconiana (Bill 78) com o intuito de quebrar a greve.  A legislação em vigor proíbe assembleias públicas, impõe multas severas para atividades de greve e criminaliza os protestos, enquanto que a luta está ganhando apoio popular e alcançando níveis surpreendentes. Vários questionamentos quanto à constitucionalidade da lei estão sendo apresentados.

Resumo da lei (Bill 78)
Multas de $1.000 a $5.000 para qualquer indivíduo que impeça alguém de entrar em uma instituição educacional
As multas são maiores para os líderes estudantis (mais de $35.000) e para os diretórios ou federações de estudantes (mais de $125.000)
Multa duplicada para os casos de reincidência
As autoridades devem ser notificadas com pelo menos 8 horas de antecedência a respeito de demonstrações públicas envolvendo mais do que 10 pessoas
Os organizadores devem fornecer informação sobre a hora de início e sobre a duração da demonstração, assim como os percursos de quaisquer passeatas
Nenhum protesto dentro dos campi. Os protestos fora das universidades devem guardar a distância mínima de 15 pés [cerca de 5 metros] dos acessos às mesmas.
O encorajamento, explícito ou tácito, a que alguém proteste em uma escola é sujeito a punição


Fim da "boa fé"

O governo de Québec reconheceu o poder dos estudantes ao suspender o corrente semestre letivo, enquanto que o ministro da educação foi forçado a renunciar em meio à crise. O Premier de Quebec, Jean Charest, afirma que o governo tem negociado de "boa fé", mas as entidades dos estudantes dizem que o governo recusou-se a ceder na questão central: OS AUMENTOS DA TAXA DE MATRÍCULA.  Os estudantes estão lutando para manter educação superior a preços acessíveis para toda a população de Quebec. A crise põe em questão o futuro político do Premiê do Partido Liberal, além de sua própria carreira. As liberdades civis estão sendo fundamentalmente comprometidas em Quebec. A "boa fé" é cada vez menor entre o povo e o governo.


O que é uma Greve Geral Infinita?

A greve infinita é uma cessação voluntária e coletiva de atividades com o intuito de fazer emergirem reivindicações as quais, sem a greve, não seriam consideradas. A palavra "infinita" aponta para uma postura de confronto com o governo. Não significa que a greve seja ilimitada, mas que sua duração não pode ser determinada com antecedência. Isso significa que a greve vai até que as demandas sejam atendidas ou até que o conjunto decida parar a greve [obs. do tradutor: no Brasil, chamamos normalmente de "greve por tempo indeterminado", como a que ocorre agora nas universidades federais]. O sistema educacional é uma parte crucial da economia, e esta requer capital humano para se manter funcionando. Somente através de uma greve é possível criar-se um congestionamento institucional gerado por uma coorte inteira de estudantes que não se graduará. É por isso que uma greve geral por tempo indeterminado é uma arma tão poderosa.


Por que a greve dos estudantes de Quebec interessa a Nova York?

Estamos todos no Vermelho!


Os grevistas, manifestantes e simpatizantes de Quebec têm demonstrado sua solidariedade por meio do emblema de um quadrado vermelho, significando um estado de "estar no vermelho financeiro" - dívida estudantil insustentável.  Nos Estados Unidos, o Federal Reserve divulgou recentemente que a dívida estudantil atingiu 870 bilhões de dólares, enquanto que o Escritório de Proteção Financeira do Consumidor (uma nova agência governamental que regula os empréstimos privados de estudantes) estimou que esse total já passou de 1 trilhão de dólares. Na medida em que mais e mais estudantes se mobilizam e se organizam contra a escalada exorbitante das matrículas e das dívidas, mais e mais leis draconianas têm sido aprovadas nos Estados Unidos. Níveis de brutalidade policial sem precedentes têm sido perpetrados contra manifestações estudantis em na cidade de Nova York - no Baruch College, no Brooklyn College e na New School, só para citar alguns. O Estado busca silenciar esses alunos, muitos dos quais têm sido presos sob acusações falsas que cheiram a uma intimidação tendenciosa.

Parece que nós estamos também no vermelho, tanto financeira quanto politicamente. Isso é insustentável. É tempo de nos solidarizarmos com os estudantes em Quebec e em todo o mundo para lutarmos por nosso direito à educação gratuita.

Nossa demonstração de solidariedade com os estudantes de Quebec é também a defesa do nosso direito de nos reunirmos e de protestarmos. Um aumento dos poderes da polícia e do Estado em qualquer lugar é um ataque a todos nós em todos os lugares. A repressão pelo Estado está posta em nível global e ela é injustificável. Nós não vamos ficar parados e assistindo nossas já limitadas vozes serem silenciadas ainda mais. Os avisos e temores que exalam das novas leis sobre protestos em vigor em Frankfurt, Chicago e Montreal não nos deterão. As novas leis somente provam que nossas mobilizações maciças são uma ameaça para os poderes constituídos. Seremos ouvidos. Vamos participar de nossas próprias vidas e não ser peões do capitalismo. Nossos direitos não nos são dados pelo governo, mas são, sim, estabelecidos por nós.

Nossas vidas não são negociáveis!


Chamado aos estudantes, trabalhadores e endividados de Nova York

Chamado aos estudantes, trabalhadores e endividados de todas as esferas da vida para permanecerem conosco em nosso direito de reunião e discordância sobre o que nos pertence, contra a brutalidade e intimidação da polícia. Nada há, nisso, para  se temer ou se envergonhar. Há somente força e solidariedade para nós ao encontrarmos um ao outro. Na medida em que apoiamos os estudantes de Quebec, nós reconhecemos suas queixas e juntamos seu coro com nosso próprio coro. Quebec não esmorecerá, e nem Nova York. Não estamos com medo, e não vemos limite no horizonte.

Tudo o que vemos é vermelho!

Estamos todos no vermelho!

Postado por OccupyWallSt (acesse o original em inglês clicando aqui) | Tradução: Aquiles Lazzarotto

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